A Arte de Planejar o Futuro
Por Jerônimo Mendes
18/05/2009
Fico feliz e um tanto
decepcionado quando algumas
pessoas me olham com cara de
desdém toda vez que eu enfatizo
a importância de planejar o
futuro. Feliz pelo fato de saber
que, apesar de a maioria ignorar
o futuro, ainda existe uma parte
preocupada com ele.
Estatisticamente comprovado,
menos de 3% das pessoas
conseguem atingir suas metas e
objetivos ao longo de uma vida
inteira, quer seja, apenas
aquelas que planejam e registram
seus objetivos ou desejos mais
profundos no papel. Quando digo
isso, o semblante das pessoas
muda visivelmente embora algumas
ainda permaneçam céticas.
De fato, pouquíssimas pessoas
mantêm o hábito de pensar e
planejar o futuro, de forma
estruturada. No mundo
essencialmente dominado pela
satisfação imediata das
necessidades e pelo
empobrecimento do afeto, viver o
hoje sem a preocupação do amanhã
parece absolutamente normal.
Dessa forma, não é de se
estranhar que mais de 60% dos
brasileiros em idade
economicamente ativa apostam
regularmente em jogos de azar
oficiais e extra-oficiais na
esperança de reverter o quadro
financeiro desfavorável em que
se encontram.
Você pode afirmar assertivamente
que “o futuro a Deus pertence”,
mas isso apenas justifica um
hábito terrível que fragiliza o
desenvolvimento pessoal e
profissional de qualquer pessoa
na face da Terra: o da
procrastinação. Quando esse
hábito é dominante no ser
humano, o futuro fica
comprometido, pois todas as
iniciativas morrem perante o
menor sinal de dificuldade.
Planejar o futuro é uma arte ao
alcance de todos embora uma
minoria consiga dominá-la na
prática. Aspirar a um futuro
promissor, feliz e saudável
exige boa dose de disciplina e
domínio absoluto de um princípio
explorado e defendido por
Napoleon Hill em seu fantástico
livro A Lei do Triunfo, o
“hábito de caminhar um
quilômetro extra”, ou seja,
fazer, praticar, pensar e se
dedicar um pouco mais do que o
seu salário promete remunerar.
Naturalmente, a idéia do
planejamento não é nova. O
conceito existe desde os antigos
povos sumérios, resistiu ao
Império Babilônico, aos egípcios
e os efeitos da sua ausência
foram experimentados na prática
pelos líderes do antigo Império
Romano e por Napoleão Bonaparte
quando tentou invadir a Rússia.
O planejamento pessoal é mais
antigo do que se imagina. Diz
respeito ao fato de se saber
viver alegremente com aquilo que
se ganha e ainda de se ter a
habilidade de guardar uma parte
para as dificuldades advindas no
período da velhice. Obviamente,
você precisa de um pouco de
ambição atrelada a metas e
objetivos consistentes, além de
ter claro em mente a resposta
para as seguintes questões:
* Qual é a sua missão de vida?
* Qual é a sua visão de futuro
da sociedade e de si mesmo?
* Quais são os seus valores e
virtudes mais importantes?
* Quais são os seus sonhos e
como poderá realizá-los?
* O que é importante na sua vida
e na sua carreira?
* O que você precisa fazer na
vida para se considerar
realizado?
* Você tem potencial
empreendedor?
* O que é mais importante para
você: dinheiro ou qualidade de
vida
A missão diz respeito à sua
vocação – o que você realmente
gosta de fazer; a visão diz
respeito ao seu futuro – o que
você vai ser quando crescer,
qual será o seu legado; os
valores dizem respeito à
formação do seu caráter.
Como eu já disse anteriormente
em outro artigo, todos os seres
humanos possuem características
singulares e virtudes que outras
pessoas nem imaginam, cada qual
com seu talento e habilidades
inconfundíveis. Entretanto, nada
disso garante o bem-estar no
futuro se não for utilizado com
base em planos consistentes que
transformem os seus desejos mais
profundos em realidade.
Minha maior aspiração é me
tornar uma referência em
desenvolvimento de seres
humanos, porém o simples desejo
é apenas um insight. Transformar
esse desejo em planos, metas e
objetivos de curto, médio e
longo prazo é o único caminho
para alcançá-la na prática.
Futuro e felicidade estão
intimamente ligados e são
conquistados aos poucos, meta
por meta, objetivo por objetivo.
Ao final, o que conta mesmo é o
peso das coisas positivas
realizadas na balança da vida.
Foram necessários 40 anos de
vida e uma demissão para eu
descobrir a verdadeira vocação.
Isso me ajudou a construir uma
visão e uma missão capaz de me
permitir conciliar os interesses
pessoais e profissionais, além
da contribuição para o
desenvolvimento da humanidade.
Como acontece em todo processo
de construção, as duas deverão
sofrer evoluções ao longo da
jornada, mas agora fazem mais
sentido e me estimulam a cumprir
a parte que me cabe na
sociedade, além de projetar um
futuro mais feliz e promissor.
A arte de planejar o futuro é
algo que se aprende com a
prática. Assim, o primeiro passo
é eliminar definitivamente o
hábito da procrastinação e parar
de entregar a responsabilidade a
Deus como se isso eliminasse a
sua responsabilidade de melhorar
a cada dia. O segundo passo é
descobrir o que realmente te
empurra para frente e, a partir
daí, elaborar um plano efetivo
de metas que deverão ser
atingidas aos poucos em direção
a um objetivo maior. O terceiro
passo é entrar em ação e, de
posse do plano, trabalhar
arduamente para a sua
realização. Lembre-se: “a sorte
favorece os que são
persistentes”.
Com relação ao futuro, lembre-se
da máxima indiana: “O que for a
profundeza do teu ser, assim
será teu desejo. O que for o teu
desejo, assim será tua vontade.
O que for a tua vontade, assim
serão teus atos. O que forem
teus atos, assim será teu
destino.” Pense nisso e seja
feliz!
Jerônimo Mendes é Administrador,
Consultor e Palestrante
Autor de Oh, Mundo Cãoporativo!
(Qualitymark) e Benditas Muletas
(Vozes)
Mestre em Organizações e
Desenvolvimento Local pela
UNIFAE