A Atenção e o Marketing
Por Carlos Alberto de Faria
14/08/2007
Há uma verdadeira avalanche de
informações, de anúncios, de
propagandas, de sinais, de
vozes, de músicas, de sons e de
imagens bombardeando a cada um
de nós, diariamente.
Quando você sair de casa, tente
observar quantas placas de
sinalização de trânsito existem
no seu caminho, por quantas
placas com anúncios você passa,
quantas propagandas você escuta
no rádio. Conte cada uma delas,
em viagens separadas, porque
senão você não vai andar.
Quando você chega em casa,
assistindo televisão, quantas
propagandas você assiste?
Quantas vezes sua mulher, ou seu
esposo pede por sua atenção?
Quantas vezes sua atenção é
solicitada para algo, no seu
trabalho? E os seus filhos? E os
seus familiares? E as suas
atividades comunitárias?
Ainda bem que, aparentemente,
chamar a atenção não nos cansa.
Mas só aparentemente. Veja o
nosso artigo "A Escolha E A Sua
Mensagem", na página dos
Artigos, no sítio da Merkatus.
Nestes novos tempos, nesta
sociedade do conhecimento, tão
rica e abundante em informação,
há um insumo raro, frente a
tanta informação: a atenção.
Há muita informação disponível,
muita oferta de informação, para
pouca atenção disponível.
Cogita-se até que possa haver,
num futuro próximo, um mercado
de atenção, embora esta atenção
seja, até o momento, um
substantivo abstrato.
Há alguns princípios, já
conhecidos, dessa nova era da
informação abundante e atenção
escassa.
O Primeiro Princípio
O primeiro princípio, que
ressaltamos, é do retorno
crescente da atenção.
A pessoa, ou o assunto, que
recebe mais atenção, tem mais
facilidade de receber mais
atenção. Aqueles, que já são
ricos em atenção, ficam ainda
mais ricos em atenção. Esta é a
razão pela qual os assuntos de
campanhas políticas, artigos de
fundo das revistas semanais,
títulos de jornais convergem,
bem como as pessoas famosas são
cada vez mais citadas, pois são
mais capazes de exercer fascínio
sobre o público.
Aliás, exercer fascínio sobre o
público quer dizer chamar a
atenção.
O Segundo Princípio
O segundo princípio diz que
todo, e qualquer relacionamento,
é um relacionamento movido a
atenção.
Estamos falando de
relacionamentos pessoais,
amorosos, afetivos, corporativos
ou comerciais.
A atenção move os
relacionamentos.
A falta de atenção acaba com
eles.
Um conceito de marketing deriva,
diretamente, deste princípio:
como os relacionamentos são
movidos por atenção, para você
chamar a atenção do seu cliente,
você precisa, primeiro, prestar
atenção no seu cliente.
Chamar a atenção diz respeito
também ao lugar que você, e a
sua empresa querem ocupar na
percepção do seu cliente, o
local da mente do cliente que
você vai ocupar - ou não!
Para ocupar um lugar de
destaque, a maneira mais fácil é
ser o primeiro. Você se lembra
do primeiro beijo, da primeira
namorada, da primeira transa.
Estes acontecimentos chamaram a
sua atenção, e ficaram gravados
na sua memória para sempre.
Nem todos podem ser o primeiro.
Neste caso você precisa
encontrar um meio, uma forma, um
jeito de chamar a atenção, ser
ouvido e percebido, dentro do
tiroteio e gritaria que batalham
pela atenção dos seus clientes
potenciais, e que, infelizmente,
chegaram na sua frente.
Como entrar nessa disputa pela
atenção do seu cliente
potencial?
Você precisa falar, escrever,
colocar o cliente potencial para
experimentar algo que se encaixe
dentro daquilo que o filtro da
mente dele faz com que ele
altere o seu estado de
consciência, e dirija o foco dos
seus sentidos e percepções, para
a sua mensagem.
Note: o que capta a atenção do
seu cliente não tem nada a ver
com o que você faz. Tem a ver
com o benefício, com a
satisfação da sua necessidade
(do cliente), que o cliente
percebe pela possibilidade da
fruição do que você produz, ou
se propõe a entregar.
O cliente não compra o produto
"geladeira", o cliente compra,
necessita, deseja, almeja, quer
conservação de alimentos.
O cliente não quer um consultor
de marketing, o cliente quer
mais clientes, o cliente quer
negócios, mais negócios e
melhores negócios. No caso
específico da minha área de
atuação, se eu me apresento como
consultor de marketing, o
cliente me vê como um consumidor
de recursos, alguma coisa como:
- "Lá vem esse cara querer me
vender algo, lá vem esse cara em
busca do meu suado dinheirinho."
No entanto, se eu me aproximo
dele, não como um sumidouro de
recursos, mas como uma fonte de
soluções, uma fonte de
benefícios, a atenção pode ser
capturada.
Estas são algumas das razões
porque a atenção é tão
importante em marketing. Para
capturar a atenção do seu
cliente potencial você tem que
proporcionar gatilhos externos
que detonem a mudança do estado
de consciência interna dele, o
seu cliente potencial. O
gatilho, raramente, muito
raramente, é o que você faz, o
gatilho está nos desejos e
interesses do seu cliente
potencial.
O gatilho é, quase sempre, algo
que o cliente quer, deseja,
necessita, busca, almeja. E essa
necessidade, enraizada no
subconsciente do cliente, quando
houve algo que a satisfaz,
altera o seu estado de
consciência, chama a sua
atenção.
O gatilho sempre é o beneficio
que ele procura. E chamar a
atenção, pela primeira vez, é o
início da construção de um
relacionamento.
Lembrando:
1. O cliente não compra
geladeiras, ele compra o serviço
de conservação de alimentos.
2. O áudio-cartão é essencial
para você capturar a atenção dos
seus clientes potenciais,
despertar o interesse deles para
a sua empresa, no primeiro
contato.
Como você capta a atenção do seu
parceiro, ou seu (sua) namorado
(a), na sua vida afetiva?
E você, qual é o benefício que
os seus clientes potenciais
querem?
Como sua empresa busca capturar
a atenção dos seus clientes
potenciais?
O seu cliente é atraído por
aquilo que ele necessita, quer
ou deseja, pelo universo de suas
necessidades. Raramente, muito
raramente, pelo que você faz ou
produz.
O que chama a atenção do seu
cliente é a possibilidade de
satisfação de uma necessidade
dele, do cliente potencial.
O objetivo inicial do marketing
é ser ouvido na sua proposta de
satisfação de uma necessidade
relevante para o mercado alvo.
Ser ouvido é chamar a atenção,
capturar a atenção.
Mas, afinal de contas, o que é
atenção?
Atenção é o envolvimento interno
e individual de uma pessoa, em
resposta a uma informação. Essa
informação chega através dos
nossos sentidos, e pelo 6º
sentido também, afinal, quando
cismamos com algo, esse algo
está chamando a nossa atenção.
Como ocorre a atenção?
A cada instante presente somos
bombardeados por inúmeras
informações. Algumas delas,
nossos "filtros" internos
selecionam e mudam nosso estado
de consciência na direção ou
conteúdo da informação.
Quando ocorre a atenção?
A atenção ocorre no intervalo
entre a mudança da consciência e
a tomada de decisão da ação, ou
da falta de ação.
Uma figura mental
Vamos imaginar uma figura
mental:
1. O presente é uma membrana
muito fina que separa o passado
do futuro.
2. Esta membrana, em cada um de
nós, recebe um fluxo de
informações que são traduzidos
pelos nossos sentidos - e pelo
6º sentido - como um fluxo de
percepções.
3. Este fluxo de percepções
passa pela membrana a uma
velocidade de 60 segundos por
minuto, nos levando através do
presente, para o futuro,
deixando para trás o passado.
4. Cada uma destas percepções é
filtrada - analisada de forma
inconsciente - pelo nosso
cérebro.
5. Algumas destas percepções -
aquelas que fazem uma ligação
interna em nosso cérebro -
alteram o nosso estado de
consciência.
6. A esta alteração do estado de
consciência dá-se o nome de
atenção.
É este o mecanismo que todas as
propagandas querem captar, que
toda os bilhões de informações
disponibilizadas, inclusive na
Internet, querem captar: a sua
atenção!
Por que será que, nestes tempos
da era da informação, se começa
a falar, repetidamente, em
atenção?
A razão básica é que na era da
informação, nesta etapa onde o
capital do conhecimento
prevalece, o conhecimento e a
informação estão disponíveis em
níveis muito maiores do que o
ser humano pode absorver.
A maior biblioteca da Europa, no
século XVI, tinha 166 livros.
O conteúdo da INTERNET dobra a
cada 15 dias!
A informação é passiva, e
consome o insumo raro e
intangível da atenção; a atenção
de quem pode se interessar por
essa informação.
O problema que existe é a
atenção ser um bem muito
procurado e raro.
Ser ouvido, obter a atenção, num
mundo repleto de informações, no
qual todos nós somos
constantemente bombardeados com
informações, que disputam nossa
atenção, é o objetivo inicial de
qualquer ação de marketing.
É a atenção que inicia o
conhecimento de algo, seja lá o
que for esse algo.
O conhecimento, quer seja da sua
empresa, quer seja dos seus
serviços, é disparado
inicialmente pela obtenção da
atenção de cada um dos seus
clientes potenciais.
Você e sua empresa são
extremamente dependentes da sua
capacidade de chamar a atenção
do seu cliente potencial.
A mensagem que você tenta passar
ao seu cliente potencial está
programada para mudar o estado
de consciência interno dele?
A sua mensagem fala dos
benefícios que ele pode obter
com os seus serviços?
Carlos Alberto de Faria é sócio
diretor da Merkatus - Fonte:
Merkatus