Atividades presenciais no
processo de seleção por
competências
Por Maria Rita Gramigna
30/03/2002
.Os processos de seleção que
envolvem a verificação de perfis
de competências vêm ganhando
especo no mercado. Ao optar por
uma das modalidades disponíveis
é importante analisar o contexto
e analisá-la em função:
- Do número de candidatos
- Da urgência ou não do tempo
- Do perfil do cargo
- Da disponibilidade financeira
- Da estrutura da empresa
selecionadora
- Da capacidade técnica do
avaliador
Os métodos variam de empresa
para empresa, porém a tendência
é incluir uma combinação de
ferramentas que proporcione aos
candidatos:
- Espaço para auto-avaliação
- Disponibilização de
informações através de
inventários e instrumentos que
indicam tendências e
habilidades.
- Participação de entrevistas de
sondagem de potencial
- Participação de atividade
presenciais
Cada uma das estratégias
sugeridas apresenta
características específicas a
saber:
- Auto-avaliação: Através de
instrumento específico, as
pessoas participam de uma
auto-avaliação, indicando as
experiências e as habilidades
que acumularam em sua trajetória
profissional. Tal ação resulta
em:
Rapidez de resposta
Custo baixo
Em contrapartida, a
auto-avaliação traz a
desvantagem de permitir a
subjetividade e o resultado
traduzir somente a percepção do
candidato.
- Inventários de mapeamento de
potencial: Os inventários
permitem identificar tendências
pessoais e apresentam um grau
razoável de confiabilidade,
quando validados por pesquisa em
amostra significativa. Pontos
favoráveis:
A avaliação realizada por
pessoas treinadas para tal
O processo é em tempo
relativamente curto
O uso de inventários exige um
maior investimento financeiro.
Os mesmos são adquiridos no
mercado e envolvem direitos
autorais, impossibilitando
reprodução sem o aval da empresa
ou do profissional que os criou
e os registrou.
Outro fator restrito é a
impossibilidade de observar a
pessoa em ação e podem se
manipulados pelo avaliado, com o
objetivo de esconder algo que
julgue negativo.
- Entrevistas individuais:
consiste em uma avaliação de
perfil, realizada por
especialista, com o objetivo de
mapear potenciais. Através de
roteiros pré-estabelecidos, o
selecionador traça o mapa de
competências do candidato.
As vantagens da entrevista
incluem:
Resultado confiável, se
desenvolvido por especialistas
preparados para identificar
evidências de presença e
aus6encia de indicadores de
competência, através da análise
do histórico de vida do
candidato e de sua trajetória
profissional.
Ajuda o avaliador a compreender
como as pessoas reagem em
situações específicas. As
entrevistas podem ser
direcionadas de acordo com a
necessidade da empresa.
Como desvantagens, apontamos:
Demanda de um tempo razoável de
dedicação a cada candidato,
impossibilitando seu uso em
processos com uma grande demanda
de participantes. O resultado
depende da imparcialidade, da
experiências e da maturidade do
avaliador.
Avaliação presencial, através de
simulações da realidade
A estratégia presencial é uma
das mais eficazes nos processos
seletivos. Através de um cenário
simulado, que reproduz processos
semelhantes aos existentes na
empresa, os candidatos montam
seus modelos de tomada de
decisão e enfrentam os desafios
propostos. As atividades são
selecionadas em função dos
perfis de competências e
permitem vivenciar uma série de
situações.
As vantagens das atividades
presenciais:
Definição das vivências de
acordo coma s competências
definidas no perfil do cargo.
Flexibilidade para adaptar as
atividade à cultura e ao
contexto da empresa.
Possibilidade de observar as
pessoas em ação, favorecendo a
objetividade na avaliação.
Os fatores desfavoráveis:
Custo relativamente alto
Exige especialistas em
facilitação de grupos
Exige infra-estrutura para o
desenvolvimento das ações
Considerações sobre a estratégia
presencial em seleção
Quando bem escolhidas, as
atividades presenciais facilitam
a observação objetiva de
diversos recursos cognitivos e
habilidades:
Capacidade dos candidatos para
estabelecer hipóteses,
extrapolar, analisar, sintetizar
e concluir.
Exercício do planejamento e da
tomada de decisões.
Estratégias diversificadas para
resolver problemas e enfrentar
desafios.
Liderança e demonstração de
habilidades em geral.
A definição das atividades
determina a qualidade do
resultado de avaliação. Durante
o processo, o selecionador
deverá oferecer a oportunidade
aos avaliados para demonstrar os
conhecimentos, as habilidades e
as atitudes que compõem o perfil
de competências exigido pela
empresa.
Tomemos como exemplo um processo
de seleção para vendedores, onde
a competência PLANEJAR seja
essencial para sua função. Antes
de escolher a atividade mais
pertinente à situação, faz-se
necessário definir as
habilidades, os conhecimentos e
as atitudes que servirão como
ponto de referência para a
avaliação.
A seguir, componente da
metodologia desenvolvida pelo
Dr. Herbert Kellner, do
Institute of Training and
Development, que apresenta uma
competência desdobrada, a título
de ilustração (Instrumento STAR
– AVALIAÇÃO DE TALENTOS EM
VENDAS).
Competência Planejar
Habilidades - esta competência
inclui habilidades como:
* Estabelecer metas atingíveis e
mensuráveis.
* Estabelecer padrões pessoais
(critérios de desempenho).
* Especificar prioridades e
utilizar o “horário nobre”.
Conhecimentos - esta competência
inclui conhecimentos como:
* Distinguir entre intenções e
metas.
* Identificar os componentes das
prioridades (urgência e
importância).
* Reconhecer os fatores mais
importantes da administração do
tempo.
Atitudes - esta competência
inclui atitudes como:
* Acreditar firmemente nos
benefícios do planejamento.
* Comprometer-se com as metas
(pessoais e da empresa).
* Aceitar a importância das
estratégias individualizadas.
(Metodologia disponível no
Brasil através da MRG)
No exemplo citado, as atividades
escolhidas devem oferecer aos
avaliados a oportunidade de
exercer a competência
planejamento. O avaliador
observa o desempenho das pessoas
e identifica os pontos de
excelência e insuficiência, de
acordo com comportamento
apresentado.
O desempenho insuficiente é
demonstrado quando o avaliado
evita planejar, define metas sem
critérios e desenvolve planos de
ação com base em suposições,
afetando de forma negativa o
resultado esperado.
Ao contrário, aqueles que
planejam, preparam-se e ensaiam,
usam de fatos e lógica para
definir metas e elaboram seus
planos com base em metas
tangíveis e mensuráveis estão, a
princípio, demonstrando uma
tendência no domínio desta
competência.
Uso da curva normal na seleção
por competências
O selecionador deverá
estabelecer parâmetros que
permitam medir o nível de
domínio nas competências do
perfil. Uma das formas é usar a
curva normal.
Através da descrição de ações,
comportamentos e atitudes
relativas à árvore de cada
competência, o selecionador
posiciona cada pessoa em um
ponto da curva. Tal procedimento
permite visualizar as posições
de cada participante.
Há aqueles que se situam na área
crítica (abaixo do esperado), os
que ficam nas médias inferiores
e superiores e aqueles que se
destacam. Vale dizer que é raro
um candidato ficar em um mesmo
quadrante em todas as
competências. As atividades
presenciais no processo seletivo
já dominam o mercado e precisam
ser discutidas, analisadas e
testadas, de forma a trazer os
resultados esperados.
Maria Rita Gramigna é Mestre em
Criatividade Total Aplicada pela
Universidade de Santiago de
Compostela (Espanha). Graduada
em Pedagogia pela Universidade
Federal de Minas Gerais e
pós-graduada em Administração de
Recursos Humanos pela UNA –
União de Negócios e
Administração (MG). Atua no
Mapeamento de Competências,
contatos estratégicos com
clientes, capacitação gerencial
e treinamento da equipe de
consultores da MRG Consultoria e
Treinamento Empresarial.