Auto
Satisfação
Por Fábio Luciano Violin
25/05/2003
As pessoas interpretam, em
geral, o mundo sob sua própria
ótica. Durante o dia recebemos
dezenas, centenas, milhares de
estímulos que nos levam a
conceituar, classificar, julgar,
avaliar, validar ou não uma
situação de acordo com aquilo
que acreditamos ser verdade, ou
seja, vemos o mundo segundo
nossa percepção do que é
verdade, do que é certo. Vemos o
mundo segundo nossa própria
“lente”.
Tendemos a condenar, repelir,
repudiar tudo aquilo que
acreditamos ser uma ameaça a
nós, a nossa empresa, a nossa
vida em comunidade ou ainda
nossa vida profissional. A
princípio parece que o ser
humano tem uma tendência forte a
autopreservação, uma tendência a
estar defendendo com unhas e
dentes aquilo que lhe é de
interesse, seja sua família,
seus amigos, seu emprego, seus
produtos, sua empresa.
Até este ponto parece ser
relativamente fácil concordar
com as afirmações acima.
No entanto, surge um
questionamento: se temos todo
este ímpeto para defender nossos
interesses, qual o motivo de
passarmos as vezes 8, 10, 12
horas trabalhando, longe das
nossas famílias, ou ainda,
realizando tarefas, convivendo
com pessoas ou enfrentando
situações que muitas vezes não
gostamos ou nos deixam
desmotivados, insatisfeitos, nos
forçando a realizar nosso
trabalho apenas por pura e
simples obrigação, para cumprir
“tabela” como se diz no futebol
?
Será que compensa passa a vida
reclamando, criticando outras
pessoas (colegas, clientes,
chefes, o bispo)?
Até que ponto cuidamos da nossa
própria satisfação?
Quanto tempo dedicamos a nossa
realização pessoal e
profissional?
Quantos de nós para cinco
minutos por semana para pensar
no rumo a ser seguido na vida?
Alguns podem achar que isto é
utópico, pura fantasia,
irrealista. Porem observe as
pessoas de sucesso, cada uma
trilhou um caminho diferente,
mas todas têm em comum ao menos
um ponto: um forte desejo ou
aspiração ou ainda traçaram um
rumo para a própria vida. Isto
é, são apaixonadas pelo que
fazem e buscam sempre serem
melhores.
Porque seguir as pegadas
deixadas por outras pessoas?
Porque seguir o caminho que foi
imposto pelas condições da vida?
Porque aceitar isto?
Quantas pessoas sonharam ser
Técnicos de não sei o que.
Assistente de sabe se lá o que.
Quantos fizeram cursos
superiores em áreas que não
tinham afinidade, e justificam
com a seguinte frase: “não era
bem o que eu queria, mas um dia
ainda faço aquele que quero”
Até onde me consta não existe
uma lei ou regra que diga que
devemos viver fazendo coisas das
quais não teremos orgulho mais
tarde? É possível sim fazer o
próprio caminho. Se ele não
existe, o que o impede de
cria-lo?
Ah sim...A vida não é bem assim
não é?
Somente posso argumentar que é
lamentável, tem uma frase de
Leon Tolstoi, que diz o
seguinte: "Há quem passe pelo
bosque e só veja lenha para a
fogueira.” E para complementar
uma frase de Constantin Bracusi
que diz que "As coisas não são
difíceis de fazer, o difícil é
nos dispormos a fazê-las."
Esqueça esta postura, para quem
quer desculpas não vão faltar.
Portanto, se você vê a vida com
a lente dos derrotados,
desanimados, daqueles que acham
tudo tão difícil...Comece a se
preocupar, afinal vivemos do
passado, ou seja, o que vivemos
hoje em geral é conseqüência do
que fizemos anteriormente.
Você conhece alguém que
conseguiu sucesso -e não estou
falhando necessariamente de
dinheiro – reclamando, achando
tudo difícil, criticando os
outros?
Pois bem, ser ou levar uma vida
medíocre é uma questão de opção.
No entanto, só pode se lamentar
aquele que tentou de verdade,
até o fim, aquele que deu o seu
melhor. Não tenha a ilusão de
ser perfeito, nunca atingiremos
este status, no entanto, isto
não deve lhe impedir de buscar
ser perfeito.
Você quer o que da sua vida?
Como pretende ser lembrando?
Uma coisa é certa: você pode
passar a vida chorando, ou pode
passar a vida vendendo lenços.
A escolha é sua e de mais
ninguém.
FÁBIO LUCIANO VIOLIN
Mestre em Estratégias e
Organizações _ UFPR
Especialista em Planejamento e
Gerenciamento Estratégico –
PUC-PR
Professor universitário,
palestrante e consultor de
empresas.