BSC - Balanced Scorecard - O Ovo
de Colombo
Por Wagner Herrera
24/05/2007
O objeto deste artigo é
comunicar a aplicabilidade e
eficácia da metodologia do BSC –
Balanced Scorecard (marcador
balanceado), porém impraticável
seria descrever toda a
metodologia aqui, portanto farei
uma breve apresentação do
método.
Há pouco mais de vinte cinco
anos nasceu o entendimento sobre
os ativos intangíveis, conceito
que encontrou terreno fértil na
península nórdica. Karl Sveiby e
Leif Edvinsson, dois suecos
começaram a desenvolvê-lo, dando
origem ao que conhecemos como
Capital Intelectual e após,
outros mais juntaram-se no
desenvolvimento deste novo
conhecimento da área da
administração.
Já escrevemos, neste sítio sobre
o Capital Intelectual, mas agora
queremos discorrer sobre a
grande prerrogativa deste
capital que é - ‘agregar valor’.
O cliente é o objetivo perene da
organização privada, posto que
lhe confere a sustentabilidade.
Os bens ao serem produzidos
obtêm um valor de mercado
resultado de todo esforço para
produzi-lo, valor este que
denominaríamos de “valor de
prateleira”, ou preço.
Porém o valor que realmente
importa é o valor na percepção
do cliente, pois segundo Shultz
et al. (1994, p. 25) “para o
consumidor, a percepção é a
verdade. A percepção pode não
estar correta, mas é o que ele
conhece, e o que ele conhece é
tudo o que ele precisa
conhecer”. O preço do produto ou
serviço se traduz no custo para
o cliente, sendo via de regra,
imposto pela concorrência do
mercado, daí que a pagar um
preço padronizado ele irá
preferir o bem que tenha maior
valor agregado!
Valor agregado é um atributo que
buscamos na percepção do cliente
e, o Capital Intelectual é o
responsável por este atributo
intangível sobre o “preço de
prateleira”. O valor percebido
ocorre no ato da aquisição do
bem através da disponibilização
segundo interesses do cliente,
da forma de atendimento, das
facilidades ofertadas, do nível
de relacionamento, dos serviços
pós-venda (garantia,
assistência...), enfim, um
conjunto de atitudes e ações que
somente o Capital Intelectual
promove.
Mas, este artigo é sobre o BSC!
O que então os entendimentos de
agregar valor, percepção do
cliente, Capital Intelectual têm
a ver com isso?
Kaplan e Norton nos idos 1990
criaram um sistema de mensuração
ao qual denominaram BSC, que
como tudo nasceu incompleto! Ao
longo da década passada foi
ganhando consistência e
popularizou-se com a publicação
do livro “Organização Orientada
para a Estratégia”.
No título do artigo ‘BSC – O Ovo
de Colombo’, quis enfatizar como
a genialidade dos autores em
reunir componentes do Capital
Intelectual numa metodologia de
arquitetura aberta e simples que
conduz à eficiência e eficácia
da implementação da estratégia.
A premissa básica do BSC está na
proposição da criação de valor
para o cliente. A arquitetura de
construção do modelo fundeia-se
em quatro perspectivas que
norteiam (sem trocadilho com um
dos autores) as orientações
prescritas, sendo que três delas
derivam dos capitais
intelectuais (capital de
clientes, processos e humano) e
uma, do capital financeiro:
- Perspectiva dos
acionistas/proprietários – onde
se perseguem aos resultados
pretendidos (receita, lucro,
sustentabilidade, vantagem
competitiva...) para os
interessados no negócio.
- Perspectiva dos cliente –
atender e satisfazer os clientes
aumentando a percepção que eles
têm da imagem da organização, da
força da marca dos produtos e
serviços produzidos, do
atendimento prestado (vendas),
da disponibilidade dos bens
(logística), dos serviços pós
venda (assistência), etc....
- Perspectiva dos Processos
Internos – processos onde
efetivamente são agregados os
valores que fornecem a
excelência ao que é
disponibilizado pela empresa no
atendimento do cliente e que
alteram sua percepção de valor.
- Perspectiva do Aprendizado e
Crescimento Organizacional –
dimensão onde é efetivamente
estruturado o capital
intelectual com vistas ao
desempenho competente nos
processos críticos citados
acima.
Desta forma, cadeias de causa e
efeito são construídas numa
orientação de cima para baixo,
em respostas as questões:
1. O que fazer para obter
sucesso e garantir a
sustentabilidade, crescimento ou
desenvolvimento da organização
na busca da efetividade?
2. Como buscar a excelência nos
produtos e serviços e encantar
os clientes para que eles sejam
leais, fiéis?
3. Como e quais processos serão
maximizados para conseguirmos os
valores agregados desejados?
4. Que aprendizado devemos
perseguir para sermos eficientes
e eficazes na busca do
desempenho competente que
redundarão em maior valor
agregado?
Assim, numa matriz de quatro
linhas (perspectivas) por duas
colunas sendo uma coluna para
identificação da perspectiva e
outra para as ações, podemos
desenvolver uma metodologia de
implementação de planejamento
estratégico mundialmente
reconhecida e utilizada.
A metodologia deve seguir,
segundo os autores, as
orientações de cinco princípios
para que se obtenha o rendimento
desejado:
1. Traduzir a estratégia em
termos operacionais - isto é,
passível de gerenciamento.
Traduzir e comunicar as
estratégias à organização de
maneira a promover o
entendimento, execução,
acompanhamento e controle do
processo.
2. Alinhamento da organização à
estratégia - as orientações
devem convergir para os
objetivos comuns da estratégia,
aliciando todas as áreas da
empresa responsáveis por agregar
valor aos bens, para a obtenção
da sinergia.
3. Transformar a estratégia em
tarefa de todos – o engajamento
de todas as áreas e
colaboradores deve ser
perseguido e conseguido através
de programas de comunicação que
divulguem as metas e benefícios
pretendidos.
4. Conversão da estratégia em
processo contínuo – o processo
de planejamento estratégico é
por implicação um processo
perene, pois a competição não dá
trégua aos participantes do
mercado concorrencial.
5. Mobilização da mudança
através da liderança executiva –
na implementação do BSC como de
qualquer outro programa que
promova transformação de
consciência, mentalidade e
postura na organização é
necessário forte apadrinhamento
e liderança para o
convencimento, engajamento e
comprometimento dos envolvidos.
Há muito mais a se falar sobre o
BSC, porém num texto de artigo
não há espaço nem condições
suficientes para tanto. Aos
interessados em maior
aprofundamento cederei material
mais abrangente por e-mail.
Wagner Herrera é Graduado em
Ciência da Computação e
Engenharia de Producao na
Universidade Mackenzie (SP) e
pós-graduação em Administração
Estratégica no IESC- Instituto
de Ensino Superior Camões
(Ctba-PR)