Bons resultados x Liderança
autoritária
Por Sonia Jordão
20/03/2010
Uma empresa, necessitando obter
bons resultados, contrata um
líder que demonstra ter
conseguido bons resultados em
outra organização. No início do
trabalho, todos ficam
satisfeitos, mas, com o passar
do tempo, os resultados
alcançados vão ficando cada vez
mais distantes das metas.
Tentando entender porque esses
líderes não conseguem mais os
bons resultados, algumas vezes,
nós verificamos que eles ainda
lideram na base do ‘comando e
controle’, além de serem
explosivos na sua forma de agir.
Acreditam que para se atingir as
metas é preciso impor sua
vontade, mandar as pessoas
fazerem algo. Quando os
resultados não são aqueles
esperados, são demitidos e ficam
sem entender o que aconteceu.
Em função de seu temperamento
explosivo, quando alguém na sua
equipe erra, ele grita, trata o
outro de forma autoritária. Às
vezes, suas atitudes estão tão
enraizadas, que ele age de forma
automática, até sem notar. Mas,
independentemente de ter ou não
razão em relação ao erro do
outro, de ser ou não superior
hierarquicamente, eles não podem
tratar ninguém dessa forma.
Ao analisar suas atitudes,
percebemos que acabam explodindo
quando acontece algum problema
mais sério, ou quando se
encontram sob grande pressão.
Quando fica nervoso, ele grita
e, outras pessoas presenciam o
que acontece. Isso acaba por
deixar a pessoa repreendida com
a auto-estima baixa, já que
ninguém gosta de ter seus erros
mostrados na frente de outras
pessoas. A conseqüência disso
pode ser a diminuição da
motivação. Uma máxima da
liderança é: “elogie em público
e critique em particular”.
Outras vezes, o líder até
consegue bons resultados, mas
com uma rotatividade muito
grande. Isso porque em curto
prazo o autoritarismo funciona.
Só que, na primeira
oportunidade, aquele que se
considera subjugado, busca outra
organização para trabalhar.
Buscando por soluções,
descobrimos que em um ramo da
psicologia se classifica as
pessoas em função de seu
temperamento. Normalmente, todos
nós temos características de
quatro elementos: colérico,
sanguíneos, fleumáticos e
melancólicos. É isso que nos faz
agir de uma forma ou de outra,
na maioria das situações e,
geralmente, há a tendência de um
deles predominar na
personalidade. Líderes
explosivos possuem como
temperamento predominante o tipo
colérico.
Para entender os temperamentos
veja, por exemplo, a forma como
reagimos quando vemos o caminho
bloqueado por uma pedra: As
pessoas chamadas “coléricas” se
lançam contra a pedra para
esmurrá-la. Enquanto que os
“sanguíneos” pulam o obstáculo,
como se ele não existisse. Já os
“fleumáticos”, param, sentam e
ficam analisando a decisão a
tomar. E, por fim, os chamados
“melancólicos” não se contêm,
apenas choram e lamentam a
situação.
As pessoas de temperamento
colérico se destacam por ser
aquelas de emoções fortes.
Geralmente, são explosivas,
impacientes, agressivas,
orgulhosas, auto-suficientes e
autoritárias. Olhando o lado
positivo do temperamento vemos
que, também são ousadas,
dinâmicas, autoconfiantes,
práticas, decididas, otimistas
e, na maioria das vezes, não se
amedrontam diante das
adversidades e consideram os
problemas como desafios. Quando
não têm o que fazer, inventam.
Esse costuma ser o temperamento
dos revolucionários e de grandes
empreendedores. Possuem paixão
pelo desconhecido, gostam de
estar em ação e normalmente não
se cansam facilmente. E, em
muitos casos, tornam-se grandes
líderes.
Se você é do tipo colérico,
quando sentir muita raiva, é bom
primeiro pensar porque o outro
disse algo ou agiu assim e fazer
o possível para não se deixar
dominar pela raiva. Sabemos que
é possível mudar o comportamento
de uma pessoa. Basta que ela
queira. A primeira providência a
ser tomada é tomar consciência
da necessidade de mudança em
suas atitudes, enxergar que está
agindo de forma errônea.
Claro que não é fácil. A mudança
precisa começar dentro de si
mesmo. Isso, certamente, levará
a equipe a conseguir melhores
resultados. Muitos profissionais
não mudam porque não sabem que
precisam mudar.
É bom seguir o conselho de
Sócrates: “Conheça a ti mesmo”.
Assim é possível descobrir quais
são suas características e, com
isso, saber quais são suas
principais virtudes e defeitos.
Compreender as atitudes dos
jovens de hoje também é
fundamental ¯ eles não estão
acostumados a serem “mandados”,
querem entender o que deve ser
feito e não simplesmente fazer
porque alguém determina. Os
jovens dessa nova geração querem
ser participativos, se sentir
úteis e responsáveis. É preciso
aprender a canalizar a
agressividade para o bem.
Sonia Jordão é especialista em
liderança, palestrante,
consultora empresarial e
escritora. Autora do livro “A
Arte de liderar – Vivenciando
mudanças num mundo globalizado”,
e dos livros de bolso “E agora,
Venceslau? Como deixar de ser um
líder explosivo” e “E agora,
Lívia? – Desafios da liderança”.
e-mail: tecer@soniajordao.com.br
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