CRM - Customer Relationship
Management
Por Thiago Cabrino
14/12/2002
Os novos tempos requerem novas práticas que desenvolvam
ações em torno de objetivos organizacionais e
empresariais. Uma das ações mais discutidas e empregadas
atualmente é a questão do Relacionamento – CRM (Customer
Relationship Management, uma nova face dos negócios, um
conjunto de oportunidades estratégicas, no qual o
consumidor torna-se o centro de toda atenção da
organização em tempo integral).
Muitas empresas estão empregando em sua estrutura
departamentos voltados a questão do relacionamento com
fornecedores e clientes dos mais diversos níveis. A
preocupação na geração desta prática deve-se ao fato de
que o marketing atual está se voltando diretamente a
prestação do serviço com qualidade, profissionalismo,
ética e competência nas mais variadas ações.
Os desenvolvimentos em torno do relacionamento
apresentam ações das mais diversas frentes, visto que,
de acordo com o produto e/ou serviço apresentado e
disponibilizado ao mercado, as ações de CRM terão a sua
importância e posicionamento diante dos objetivos
estabelecidos.
Porém, muitas organizações instituem em sua estrutura a
prática de CRM de forma “amadora”, ou seja, sem muita
base e discernimento daquilo que deverá ser realizado,
de quais as ações mais eficazes e como implementá-las de
forma que estas apresentem um resultado esperado.
Inúmeras são as ações mal sucedidas, sendo que as
empresas demoraram a perceber que ao invés de trazerem
os resultados positivos esperados, estão criando um
desagrado diante do mercado e dos consumidores/clientes
potenciais do produto e/ou serviço.
A seguir, analisaremos alguns pontos diante da situação
apresentada, de forma a levantar os aspectos praticados,
bem como a maneira estes acontecem em meio a um ambiente
altamente competitivo.
Práticas mal realizadas de CRM
Diante deste novo panorama, verificamos o “amadorismo”
de muitas ações de relacionamento praticadas, pois da
forma como são apresentadas ao mercado, não alcançam os
objetivos a que foram propostas, visto que, ao invés de
cativar e serem vistas com bons olhos, acabam se
tornando uma ação analisada de modo negativo,
impositivo. Muitas vezes o material nem é lido pelo
receptor, visto que, o mesmo acaba separando este
material e o jogando fora posteriormente.
Material sem uma elaboração prévia
Quais são os melhores e mais efetivos materiais de CRM?
Esta é uma pergunta difícil de se responder atualmente.
O que se sabe com certeza é que, o material empregado
nas ações muitas vezes não tem uma elaboração prévia,
sem uma estrutura e um objetivo claro a ser alcançado.
São materiais poluídos, com uma produção pobre e pouco
criativa, sem nenhum apelo visual em meio a inúmeras
outros existentes, um conteúdo falho e fraco no
despertar da atenção do receptor, sem a personalização
necessária e uma visão estratégica definida em torno da
ação empregada.
São inúmeras malas-diretas, ligações e spans (mensagens
enviadas através de correios eletrônicos), enviados as
pessoas de forma constante e repetitiva, que desprendem
das empresas responsáveis um investimento alto e com
baixo retorno. Muitas apostam que este trabalho inicial
irá gerar dividendos futuros, porém só as práticas bem
sucedidas e realizadas é que irão colher os devidos
frutos, isso se, as práticas indiscriminadas e mal
realizadas não estragarem o mercado antes.
Exageros e situações desagradáveis
Quantos materiais promocionais você recebe por dia? Com
certeza sua resposta é “já perdi a conta”. São inúmeros,
sendo que o avanço do comércio eletrônico viabilizou a
constância e agilidade deste processo. Por correio e
através de contatos telefônicos, semanalmente a
quantidade de material também é muito grande. (estas são
as ações mais comuns, realizadas pela maioria das
empresa)
Algumas organizações exageram nesta prática, e com a
filosofia de se fazer presente sempre, geram situações
desagradáveis e investimentos grandiosos com baixos
índices de retorno. Esta não é a melhor forma de agir!
Analisar o material e o público à que será dirigida a
ação é um importante passo para que a empresa venha
colher resultados a médio prazo.
Ação Global sem foco
No montante de materiais promocionais que você recebe,
quantos se encaixam no seu perfil e são efetivamente
personalizados, ou seja, direcionados a você? Muito
poucos, não é? Esta é a resposta mais comum no mercado
consumidor. As pessoas se questionam muitas vezes porque
estariam recebendo um material que não está direcionado
a ela, dentro do seu perfil de vida e condição
sócio-econômica.
Verificamos portanto, que a maioria das ações visam não
gerar o relacionamento, mas sim apenas em divulgar e
vender. Muitas não possuem o foco devido, prezando
apenas pelo global, ou seja, atingir o maior número de
pessoas possíveis e deste os resultados esperados.
As ações de relacionamento partem do princípio de
estreitar o contato empresa-cliente e não apenas
divulgar aos sete cantos os produtos e/ou serviços
prestados. O foco nas ações é importante, a
personalização é fundamental!
Ações Invasivas
Em linhas gerais, as ações empregadas pelas organizações
em torno de criar um relacionamento com o mercado e os
clientes potenciais estão gerando aspectos invasivos
diante da percepção do seu público receptor.
Como as práticas não possuem um foco específico e uma
ação previamente analisada e desenhada, o mercado vêm
tornando-se altamente avesso a este tipo de material,
que ao invés de auxiliar e cativar o cliente, está
gerando situações desagradáveis e portanto negativas.
O que tudo isso acaba gerando?
O Desgaste
Este é um dos primeiros pontos a serem analisados diante
destas práticas. Os consumidores estão se desgastando e
não mais darão a necessária valia e atenção aos
materiais a eles enviados. As grandes ações, bem
elaboradas, com focos e objetivos bem definidos, estarão
a mercê de um mercado arredio e contrário a estes
materiais.
Com isso, as ações mal elaboradas de hoje repercutirão
em um futuro próximo, de forma a denegrir a imagem do
Marketing de Relacionamento.
A Recusa
Com as ações invasivas empregadas atualmente, mais os
exageros apresentados ao mercado consumidor, o que
realmente vêm crescendo nas ações de relacionamento não
são os resultados e sim a recusa. As pessoas hoje,
deletam os spans sem ao menos avaliar aquilo que está
sendo enviado. Atualmente, os sites já apresentam
recursos destinados ao bloqueio de mensagens de spans.
As inúmeras correspondências enviadas constantemente,
serão selecionadas e a grande maioria será jogada fora
sem ao menos ser aberta. As ligações, padronizadas e
devidamente decoradas, serão descartadas em primeira
instância, mesmo que o atendente “robô” saia da sua
padronização e tente desesperadamente retomar o contato
inicial.
Percepções Negativas
Hoje, o mercado já se encontra muito avesso as ações de
CRM. Mesmo que o consumidor desconheça esta teoria, a
única coisa sabida dentro de tudo isso, é que ele não
agüenta mais receber inúmeras correspondências e
ligações que na maioria das vezes importunam sua rotina
diária.
Sabe-se que as percepções em torno do relacionamento,
podem ser das mais variadas possíveis. Mesmo as pessoas
que constantemente estão envolvidas com o
desenvolvimento deste processo, não apresentam a
dedicação e o profissionalismo necessários para que tudo
seja realizado de uma forma positiva e construtiva.
Criar, elaborar e colher os resultados é o mais
importante, e isso, infelizmente, na grande maioria dos
casos que se utilizam do CRM atualmente, não se focam,
ao passo que, as percepções negativas em torno dessas
ações crescem em grande escala.
Pessimismo
Aos poucos, em muitas organizações que praticavam,
praticam ou viriam a praticar, vêm se instaurando um
grande ar de pessimismo diante desta ação, sendo que
ela, bem como suas ferramentas, estão sendo analisadas
de forma criteriosa, pois referidas empresas receiam ter
um grande desprendimento de recursos para efetivar tais
ações.
Infelizmente, essa será a tônica pessimista de um
mercado que ainda tem muito a crescer e se desenvolver.
Assim, se as ações em torno dessa prática não forem
mudadas, este mercado, importantíssimo para quaisquer
níveis empresariais, acabará por se tornar um grande
blefe.
Pouco Retorno
Em meio a toda esta situação, o que se verifica com
certeza são os baixos índices de retorno frente aos
investimentos desprendidos para a realização do CRM. Por
muito pouco, não é a situação geral da prática do CRM
atualmente. Com a exceção dos spans, por serem enviados
pela Internet, os demais não estão alcançando os
resultados mínimos esperados e por isso o continuísmo em
muitas organizações, está em jogo.
Desgaste da Propaganda e do Marketing
A falta de profissionalismo e foco junto as ações de CRM
vêm causando o desgaste das ações de propaganda e
marketing em todo o mercado. Estas começam a sentir
diretamente os efeitos dessa prática mal realizada, de
forma a sofrer as sanções do mercado como um todo.
Isso ocorre porque, para o consumidor em geral, não
existe diferença entre marketing e propaganda e as ações
desenvolvidas como um todo. Assim, para a percepção de
muitos, tudo isso faz parte de um único pacote, não que
isto esteja completamente errado, mas tais conceitos são
apenas interligados, não interdependentes.
Fracasso no entregar do valor e confiabilidade
Com o objetivo principal do CRM é criar entre a empresa,
seus clientes e fornecedores um relacionamento cada vez
mais estreito e direto. Com este estreitar de relações,
o que se deve criar é um elo de valor em meio as
negociações realizadas, além disso gerar uma
confiabilidade mútua nos mais diversos níveis de
contato.
Porém, como as práticas atuais em geral não estão
repercutindo de forma esperada e pelo contrário, não
estão gerando uma afinidade e nem sequer o
relacionamento proposto, as organizações não estão
conseguindo entregar o valor e a confiabilidade a seus
prospects. Essa é uma situação muito complicada, visto
que, não se poderá atingir os objetivos empresariais e
nem sequer obter o retorno almejado.
Desta forma, percebemos que o CRM como prática efetiva,
vêm sofrendo junto ao mercado um desgaste precoce em sua
ação, tendo em vista que esta é uma ferramenta de
mercado considerada nova em meios empresariais efetivos,
já que a prática é realizada há muito tempo em menor
escala.
Se as ações não receberem a devida importância junto ao
mercado e não forem efetivadas de forma coerente, o
relacionamento deixará de ser utilizado, pois não
alcançará os resultados propostos e nunca repercutirá
como sendo válida e sim negativa e importuna.