Cartilha do Líder
Por Maria Rita Gramigna
07/08/2007
“Odeio quando vai chegando o domingo. Lembro que na segunda -feira é
dia de trabalho".
“O melhor dia da semana? Sexta-feira!”.
“Estão chegando minhas férias. Ficarei livre do trabalho um mês!”.
“Se eu pudesse, escolheria outro trabalho! Mas, o mercado está em
baixa!”.
“Aqui, quem manda é o diretor. Nós não temos vez!”.
“Não adianta sugerir. Eles fazem o que acham certo!”.
(frases soltas, ditas por profissionais, em seminários e workshop de
desenvolvimento).
Nos vários anos de convívio com profissionais de diversas empresas e
funções, os comentários que retratam insatisfação no trabalho têm
sido uma constante.
Sempre paro para pensar quais os motivos que levam as pessoas a
criar um ambiente pouco feliz, pouco motivador.
Há poucos dias, tomei contato com um texto muito interessante que me
fez refletir sobre crenças e valores pessoais e o quanto eles afetam
nossa forma de ver o mundo e as pessoas que nos rodeiam.
Nesta semana, inspirada na leitura em referência, resolvi lançar as
seguintes questões:
Como você enxerga sua equipe? Que idéias você tem de seus colegas de
trabalho? Você os vê como iguais? Ou usa de dois pesos e duas
medidas?
Existe uma cartilha na qual rezam muitos profissionais: a cartilha
da infalibilidade pessoal, que apresenta algumas lições específicas:
1. Se chego atrasado, tive um contratempo. Se o outro se atrasa é um
irresponsável.
2. Se cometo um ato agressivo, estou com problemas pessoais. Se o
outro agride é um descontrolado.
3. Se erro, enganei-me. Se o erro é do outro, ele é incompetente.
4. Se estou desmotivado, preciso de estímulo. A desmotivação do
outro é preguiça.
5. Se não entendi um assunto, a comunicação não foi adequada. Quando
o outro não entende, é tolo.
6. Se não atinjo metas, estou sobrecarregado. Metas não atingidas
pelo outro indicam falta de comprometimento com resultados.
7. Meu mau humor é justificável. O do outro é incompreensível.
8. Se não cumprimento minha equipe com um “Bom Dia”, é porque estou
distraído. Se não recebo “Bom Dia” dos outros, eles não têm
educação.
9. Se falo uma tolice numa reunião, sou excêntrico. Se o outro se
expõe, é ridículo.
10. Se demoro a dar uma resposta, sou tranqüilo. O outro é lento.
11. Se aproveito uma idéia de alguém e falo que é minha, estou
agregando valor ao meu trabalho. O outro é espião.
12. Se os preços praticados por minha empresa são altos,
justificam-se pela qualidade. Os preços de meus fornecedores estão
fora da realidade.
Quem reza nesta cartilha, tende a adotar comportamentos pouco
efetivos no dia a dia de trabalho. Não conseguem enxergar mérito nos
colaboradores, adotam posturas de arrogância, apresentam
inflexibilidade e, conseqüentemente têm poucas chances de obter a
adesão das pessoas aos seus projetos.
Enxergar o próprio mundo com lentes cor de rosa e o dos outros com
lentes cinza, torna as relações interpessoais caóticas e o trabalho
um verdadeiro martírio.
Estamos na era da valorização das pessoas. Os discursos que
reverenciam talentos, potenciais e competências se repetem. Uma nova
cartilha está sendo delineada e sua página principal, traz um novo
apelo.
PRECISA-SE:
• De pessoas que acreditem em seu próprio potencial e que vejam nos
outros aquilo que têm de bom em si.
• Que reconheçam o valor de suas equipes e fiquem satisfeitas quando
brilham.
• Pessoas que sejam humildes em seus atos e aprendam a aprender.
• Pessoas que formem um time, tão unido e forte, que nenhum outro o
vença em sua competitividade.
• Pessoas que ajudem a elevar a auto-estima dos que estão ao seu
redor.
• Pessoas promovam desafios e incentivem os outros a descobrir seus
próprios dons.
• Precisa-se de gente que saiba lidar com a diversidade.
• Pessoas que sejam justas, éticas e coerentes em seus discursos e
ações.
Se começarmos a refletir sobre a qualidade de vida que podemos
ajudar construir no trabalho, certamente rezaremos pela cartilha da
nova ordem.
Afinal de contas, passamos mais da metade de nosso tempo útil nas
organizações!
Maria Rita Gramigna é Mestre em Criatividade Total Aplicada pela
Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). Graduada em
Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais e pós-graduada
em Administração de Recursos Humanos pela UNA – União de Negócios e
Administração (MG). Atua no Mapeamento de Competências, contatos
estratégicos com clientes, capacitação gerencial e treinamento da
equipe de consultores da MRG Consultoria e Treinamento Empresarial.