Clientes: Lobos ou Cordeiros?
Por Paulo Angelim
11/11/2007
Tenho ouvido, hoje, muita gente questionar sobre qual seja o melhor
setor, ou, que setor tem obtido melhor performance na nova aldeia
global. Sinceramente, não penso que este é o ponto crucial.
Do meu ponto de vista, na bola de cristal dos novos negócios,
devemos, sim, identificar as semelhanças que aproximam as diversas
empresas bem sucedidas, independentemente do setor a que elas
pertençam. É obvio que alguns segmentos específicos, como os de
máquinas de escrever ou de carburadores estão desaparecendo. Mas,
todos os outros, como os de postos de gasolina e supermercados,
apenas para exemplificar, estão passando por grandes transformações.
É aí que está o cerne da questão. Todos os setores sobreviventes, e
seus respectivos segmentos, estão passando por transformações
radicais, que vão das novas alternativas de recursos e insumos na
entrega do produto ou serviço ao mercado, aos novos hábitos do
consumidor mutante do final do século. O que muda é, somente, a
velocidade com que esses setores são forçados a se reinventarem.
Alguns, como o de hardware, reinventam-se a cada 3 meses. Outros,
como o de software, a cada 12 ou 18 meses.
E então? Como já dizia Michal Hammer, pai da reengenharia, eu
respondo: “O segredo do sucesso não é prever o futuro, mas criar uma
empresa que prosperará em um futuro que não pode ser previsto.”
A semelhança entre as empresas bem sucedidas está na sua capacidade
de inovar, de estar a frente, de surpreender, de guerrilhar, e de
muitas outras coisas. Só que tudo isso requer um componente
imprescindível: a criatividade. O grande negócio, hoje, independente
do setor, é ser criativo, em um tempo de mudanças tão rápidas. Isso
sim é estabelecer um diferencial competitivo marcante para sua
empresa.
O mercado não agüenta mais trivialidade. Só a Globo, ainda aguenta
pagar ao Pelé e ao Romário para profetizarem o óbvio. Impossível,
dentro das novas condições de mercado, o empresário moderno se
deitar em berço esplêndido, e ficar contando os lindos e gordos
carneirinhos que pulam para dentro de seu curral. Isto é sonho.
Ou ele se reinventa, ou vem o concorrente e faz um curral com comida
mais saborosa do seu lado. Isso quando não se usa táticas de
derrubar a cerca do vizinho. Além disso, o novo consumidor deixou, a
muito, de ser encarado como um lindo cordeirinho. Tá muito mais pra
lobo. E lobo, que é lobo, procura sempre uma nova caça, e um jeito
novo de conquistá-la.