Como Destruir Idéias, Acabar com a Iniciativa e Frustrar Pessoas
Por Gisela Kassoy
20/10/2007
Qualquer pessoa que tentou inovar deve ter ouvido alguma frase
assassina, daquelas que destroem uma idéia ou opinião. “Não vai dar
certo“ é sem dúvida a mais célebre, mas um sonoro “Você está
louco?”, se não é a pergunta mais freqüente, está entre as mais
destruidoras.
Porque as pessoas tendem a rejeitar coisas novas? Segundo os
neurocientistas, todos os seres humanos possuem o chamado “cérebro
reptiliano”, que, igualzinho aos répteis e demais seres irracionais,
diante do desconhecido, ataca ou foge.
Raramente alguém ataca ou foge de uma idéia tal qual os animais, mas
aquele risinho complacente não seria uma forma de ataque? E quando
alguém diz algo do tipo “Aqui essas coisas não funcionam” ou aponta
rapidamente os riscos da idéia, como se eles não pudessem ser
contornados, não está atacando?
Há também formas humanas de fugir da inovação: vai desde um “Depois
a gente conversa” até um “Vamos focar no que está dando certo”. Quem
nunca ouviu algo assim?
Ainda bem que o cérebro humano não é apenas reptiliano. Além do
mais, evoluímos: não há mais lugar para o destrutivismo pessimista.
“Não vai dar certo”, sem boas justificativas, hoje em dia pega mal.
Também não é mais aceitável culpar outras pessoas ou situações com
frases como “A chefia não vai aceitar” ou “O mercado não está
preparado”, afinal somos responsáveis pela venda e implementação de
nossas idéias, independentemente das circunstâncias.
“Fica difícil” ou “É complicado” nem pensar: a má vontade fica
estampada.
Infelizmente, há versões mais sutis e sofisticadas de se podar novas
idéias, como o terrível “Esta é a única alternativa”. Ora, se só há
uma alternativa é por que as outras ainda não foram criadas, o que
não significa que elas não possam vir a existir. “Das duas uma”
ainda é melhorzinho, mas não seria melhor abrir a mente para mais de
duas possibilidades?
“Estou certo ou estou errado?” também é uma expressão que inibe o
raciocínio: a maioria dos fatos é complexa demais para alguém estar
totalmente certo ou errado.
“Você não entendeu” é cruel: pode significar que quem emitiu esta
frase considera que está tão certo que a pessoa, ao entendê-lo, só
pode concordar.
Finalmente, há a pior de todas, talvez a mais traiçoeira: é a tal da
“É igual a...” e suas variantes do tipo “Já foi tentado”. Ora, o que
foi tentado – e não funcionou antes – justamente por causa disso
pode funcionar depois! Além do mais, identificar uma idéia com outra
anterior pode impedir a pessoa de ver a sutil diferença que fará
toda a diferença.
Fique atento às frases assassinas. Perceba e corrija sua tendência a
fugir ou atacar. Ela é normal, mas pode ser evitada. E não se deixe
levar pela fuga ou ataque de outros. Suas idéias merecem
consideração.
Gisela Kassoy - Consultoria em Criatividade -
www.giselakassoy.com.br