Como se desenvolver profissionalmente sem perder a cabeça
Por Gisela Kassoy
20/10/2007
Vendedores se transformaram em consultores de vendas. Auditores são
hoje professores. Chefes viraram líderes. A intenção não é apenas
mudar o nome. Existe uma mudança (ou um desejo de mudança) nas
empresas que é muito mais profundo.
E como se livrar do velho jeitão de ser? Será que é preciso mesmo
desaprender? Não se pode aproveitar nada?
Talvez a primeira mudança devesse ser na forma como entendemos
desempenho.
Observe os novos paradigmas que influenciam nossas carreiras:
Não existe chegar lá - Nosso know-how precisa estar em evolução
constante, clientes demandam tratamento personalizado, as
circunstâncias externas variam e são muitas vezes imprevisíveis. Não
se pode portanto achar que temos o domínio total sobre nossa
capacidade de realizar determinadas tarefas. Precisamos analisar
nossa carreira como um processo em evolução contínua.
Não é preciso ser bom em tudo - Pelo contrário. Uma autocrítica
brincalhona ajuda o ambiente e estimula a participação dos demais.
Se fôssemos bons em tudo não necessitaríamos trabalhar em equipe.
Um profissional maduro entende que existem algumas competências que
ele domina, outras não. Ele não teme, mas respeita quem tem as
competências que lhe faltam.
Sinergia - Não podemos mais lidar separadamente com cada tarefa e
cada habilidade. Em vez de sofrer com a falta de tempo, podemos
optar pela sinergia entre executar e aprender, executar e delegar e
até entre várias tarefas, inclusive as sociais e familiares.
O paradoxo autoridade/fragilidade - Segundo a linguísta Deborah
Tannen, especializada nos modelos masculinos e femininos de
expressão, o comportamento dos homens é baseado na autoridade, ou
seja, busca fazer-se respeitar, exalar poder.
As mulheres, por sua vez, buscam ser queridas, sendo simpáticas,
ouvindo seus interlocutores. Não é difícil ver uma mulher
confidenciando suas inseguranças ou sendo modesta, ou seja, exibindo
sua fragilidade.
Não é à toa que:
1. As mulheres tiveram grande dificuldade de ascensão, pois eram tão
gentis com todos que ninguém as imaginaria como chefes.
2. As mulheres hoje são cada vez mais disputadas no mercado de
trabalho, inclusive para cargos de poder.
A postura ideal hoje harmoniza autoridade e fragilidade. Saber usar
esses paradoxos ampara o trabalho em equipe, desenvolve liderados e
gera profissionais confiáveis.
Baseado nesses paradigmas, segue um instrumento que pode ajudá-lo a
evoluir profissionalmente:
O Diagrama das Zonas de Competência®
Para perceber melhor a gama de habilidades que você possui, preencha
o diagrama abaixo e reflita sobre a conduta recomendável para cada
quadrante:
Observe com cada Zona merece um tratamento diferenciado:
Fácil e Imprescindível - Zona de Brilho - Seja bom e mostre que é
bom .Nada de humildade aqui. Afinal, não é devido a essas
habilidades que você foi contratado? Mesmo no trabalho em equipe,
numa crise você tem mais autoridade do que os demais no que for sua
Zona de Brilho. Não deixe de ouvi-los, mas permita com que sua
opinião valha mais.
Difícil e Imprescindível - Zona de Empenho - Esqueça as
justificativas. Jamais alegue que estas competências não são
necessárias. Tampouco finja que sabe o que não sabe. Nada mais
desastroso do que um vendedor se comportar como se soubesse as
necessidades do seu cliente. Outro exemplo: nada de dizer para as
chefias que "se vira" no inglês. Volte ao curso.
Fácil e Delegável - Zona de Conforto - Esta aqui é perigosa. A não
delegação das tarefas que você domina podem dificultar sua ascensão.
Não fique refazendo relatórios só para não ter tempo para se
preparar para a apresentação.
Difícil e Delegável - Zona de Indulgência - Sua atitude aqui é "Não
sei nem quero saber". Mas não tenha raiva de quem sabe. Pelo
contrário, valorize e esteja próximo de quem sabe. Enquanto líder,
delegue por exemplo, "À fulana, que é tão boa em computação gráfica"
em vez de dizer que não tem tempo para ficar escolhendo figurinhas.
Cuidado com o que você coloca na Zona de Indulgência, pois com
certeza nesta competência você será cada vez pior.
Fácil e Complementar - Zona de Familiaridade - Aqui vale tudo o que
você faz - ou fez - fora do trabalho. Digamos que você joga futebol.
E daí? Daí que você desenvolveu sua visão periférica - o que o
permite olhar diretamente para alguém e ao mesmo tempo perceber o
que se passa a sua volta, treinou espírito de equipe, não se
intimida com a concorrência. Aproveite essas habilidades. Outras
fontes importantes de aprendizados transferíveis são: as artes, o
trabalho voluntário e a própria vida em família.
Difícil e Complementar - Zona de Curiosidade - Infelizmente
menosprezada, mas não menos importante: todo mundo deve, de vez em
quando, fazer algo completamente fora de sua rotina. Visitar
galerias de arte, ir a uma sessão de macumba, fazer turismo em
países exóticos. A Zona de Curiosidade estimula a criatividade e
abertura para o diferente, coloca-nos na postura de aprender a
aprender, revitaliza. Jamais despreze as idéias que você teve fora
do ambiente de trabalho. Elas tendem a ser as melhores.
O preenchimento deste diagrama requer muita frieza: é muito fácil
perceber como importantes apenas as habilidades que você domina. O
ideal seria elencar as competências junto a seu chefe, sua equipe ou
seus clientes.
Preenchido o diagrama, você pode fazer um plano de desenvolvimento
para si ou para sua equipe. Só não deixe de executá-lo.
Se quiser utilizar o Diagrama das Zonas de Competência em sua
empresa, faça sua solicitação para gisela@giselakassoy.com.br
Gisela Kassoy - Consultoria em Criatividade -
www.giselakassoy.com.br