Comportamento do Consumidor em um
Mundo Sustentável
por Daniel Portillo Serrano
04/08/2011
O estudo do comportamento do indivíduo perante situações
de consumo é relativamente antigo. Diversas disciplinas
têm obtido êxito em descrever o comportamento e as
atitudes do ser humano frente aos seus momentos de
compra. Associá-lo, no entanto a uma sociedade
preocupada com o meio ambiente e sustentabilidade é um
campo relativamente novo, principalmente no Brasil.
Muitas teorias e modelos conceituais descrevem com
maestria as atitudes, a percepção e o comportamento do
indivíduo. Várias delas foram desenvolvidas há mais de
um século atrás. Entender se essas teorias são válidas
em um mundo preocupado com o meio ambiente e que procura
se transformar em auto sustentável é o objetivo deste
capítulo.
Psicologia, Marketing, Administração, Direito e
Sociologia são as principais disciplinas que discorreram
sobre o assunto com uma naturalidade impressionante. O
consumidor é definido, estudado, analisado como um tubo
de ensaio nas mãos de um químico. O resultado, no
entanto, não é, muitas vezes, conclusivo. Se, para a
Administração, por exemplo, o consumidor é um dos
fatores necessários no ciclo de compra e venda, para o
Marketing, a empresa moderna é aquela “que não visa o
lucro, mas a satisfação dos consumidores”. Uma definição
perfeita para os estudantes de cursos de comunicação e
Marketing, mas como explicar aos acionistas de uma
organização que “a empresa não está dando lucro, mas os
consumidores estão satisfeitíssimos com a nossa
organização?”. E cada vez mais, como explicar ao
presidente que a empresa não dá mais lucro, mas está
compensando a emissão de Carbono, plantando árvores na
serra do mar?
A Psicologia é uma das ciências que mais se aprofunda no
assunto. Se as teorias comportamentais existem, por que
não utilizá-las para prever o comportamento do
consumidor? E de que forma isso se adapta ao mundo
atual, preocupado com o verde? Talvez porque o
comportamento do homem não seja tão previsível quanto
imaginamos ou aprendamos nos livros. Uma empresa de
sucesso pode ver seus consumidores desaparecendo sem ao
menos saber por que.
Um novo estilo de vida está regendo o comportamento das
pessoas, e, empresas que a isso não se aperceberem
estarão fadadas a desaparecer do mercado.
Instrumentos de venda, técnicas de persuasão, estudos
motivacionais, entre outros, são constantemente
desenvolvidos com o objetivo de entender o consumidor na
sua própria lógica do consumo. Com meios cada vez mais
desenvolvidos e refinados e com a ajuda de diversas
ciências (psicologia, sociologia, estatística,
psiquiatria, semiologia, lingüística, etc.), o estudioso
procura conhecer os desejos mais profundos dos
consumidores no sentido de persuadi-los, manipulá-los, a
consumir cada vez mais. As estratégias para convencer o
consumidor são conhecidas. As atitudes do consumidor que
se referem ao processo de tomada de decisão e ao seu
comportamento de compra podem ser controladas e
analisadas. Isto significa que, para compreender o
comportamento do homem e, portanto, a natureza efetiva
do seu desejo por consumo, deve-se prestar atenção a
esses hábitos, atitudes e estímulos.
Para prever e influenciar um comportamento de mercado
deve-se desenvolver uma visão razoavelmente acurada de
como as pessoas se comportam, como elas percebem,
avaliam e respondem às ofertas que lhes são
apresentadas.
Motivação e Personalidade
O primeiro ponto que há de se discutir e tentar entender
em relação ao consumidor é a motivação do indivíduo.
Geralmente, um ser humano não consumirá nada se não
estiver motivado a comprar ou se não houver um fator
suficiente que o impulsione a isso.
A motivação humana envolve atividades que nos levam a
alcançar um determinado objetivo ou efetuar um
determinado ato. O ser humano pode se tornar motivado ou
estimulado por meio de necessidades internas ou
externas. Estes estímulos poderão ser de caráter
fisiológico ou psicológico, gerando necessidades em
diferentes níveis.
O meio ambiente e a preocupação com o futuro do planeta
e de que forma o deixaremos para nossos filhos e netos é
um dos novos pontos que tem passado a levar o consumidor
a agir de determinada forma, visando o seu objetivo, que
neste caso, é a preservação da Terra.
Se por algum motivo, ficarmos sem tomar água por algum
tempo, o nosso organismo reagirá de uma forma tal que
constantemente nos sentiremos compelidos a buscar nosso
objetivo, ou seja, saciar a sede. O comportamento
motivado tenderá a prosseguir até que nosso objetivo
seja alcançado, de forma a reduzir a tensão que estamos
sentindo. Muitas vezes conseguimos driblar a necessidade
com outro aspecto. Se estivermos com sono, por exemplo,
todo o nosso comportamento se voltará a perseguir o
objetivo de acabar com o sono, ou seja, dormir. Se, no
entanto alguma outra coisa nos motivar, um filme na
televisão, por exemplo, ou uma reunião de amigos, o
nosso comportamento fará com que os sintomas de sono
sejam temporariamente esquecidos.
A estimulação interna, no entanto, pode não ser de ordem
fisiológica, remetendo o indivíduo à fantasia. Mesmo sem
estar com sede, ao imaginar uma garrafa gelada de
determinado refrigerante, pode me fazer sentir todos os
sintomas da sede, desta vez não porque o meu organismo
necessita de água, mas porque a minha imaginação pôs em
funcionamento os mecanismos do corpo que me fariam
sentir a mesma sede.
Da mesma forma, um estímulo externo, como a visão de um
grupo de amigos tomando uma cerveja, pode ocasionar os
mesmos sintomas.
Nos três casos sempre haverá uma espécie de aprendizado
adequado à satisfação de saciar a sede. Haverá então uma
vontade que se manifestará de forma física, o que nos
fará ir ao bar ou supermercado mais próximo e comprar um
refrigerante ou cerveja. Estes exemplos se baseiam em
impulsos que se manifestam de forma fisiológica. Grande
parte dos nossos impulsos nos remete, na sua origem, a
saciar as necessidades básicas, como a sede, sono, fome,
proteção do corpo contra frio, calor e outros.
Cuidar do planeta e da sua natureza, tornando-a
sustentável ainda não implica em uma resposta do ser
humano a agir de forma a protegê-la.
Poucos estudos se fizeram em relação ao indivíduo sobre
estas necessidades, que são consideradas básicas.
Sabe-se muito sobre as necessidades de comer, beber,
dormir, mas, na realidade não interessa à sociedade de
consumo que um ser humano tem que comer, beber ou vestir
algo. O que interessa, na realidade, às empresas é o
estudo do que comer, do que vestir e do que beber. Ou,
na melhor das hipóteses, quando uma pessoa escolhe
determinado alimento ou bebida para saciar a sua fome e
sede, procurar entender quais foram os motivos que
levaram a pessoa àquela escolha. Estas são as
necessidades secundárias, que englobam hábitos
alimentares orientados por normas, princípios e valores
de uma determinada sociedade ou grupo social, que podem
ser uma família, um grupo de amigos, uma sala de aula ou
uma empresa.
Estas necessidades têm uma origem biológica ou social.
Sentir sede, por exemplo, é uma necessidade biológica, é
uma necessidade básica. Não tomar refrigerantes para
poder emagrecer, no entanto, é uma necessidade de cunho
social.
Cuidar do planeta seria uma necessidade tanto biológica
como social, mas, forças de consumo em níveis superiores
das necessidades do ser humano ainda não são
suficientemente explícitas para mudar a atitude de
alguém para tentar salvar o seu planeta
Usar um casaco no frio é necessidade básica. Usar um
casaco de determinada grife a um preço 10 vezes maior
para ostentar poder ou riqueza, é uma necessidade de
aceitação social, ou secundária.
Um fato interessante é que as necessidades primárias não
interferem na escolha ou determinação de um produto. As
secundárias, sim. Todos sabem que antes de morrer de
fome, um ser humano se submete a comer coisas que não
comeria em sua sã consciência, quando houvesse outras
opções. No dia a dia, entretanto as necessidades
secundárias agem de forma inesperada no indivíduo
fazendo escolher determinada marca de alimento, bebida
ou roupa, sem ao menos a pessoa saber por quê.
Precisaríamos chegar a um ponto de destruição de nosso
próprio ambiente, ou ao menos chegar próximo a isso
antes que a necessidade de fazer algo nos impelisse a
fazer algo a respeito.
A Hierarquia das necessidades humanas
Um dos teóricos que mais estudo as necessidades humanas
foi Abraham Harold Maslow. Para ele, o comportamento
motivacional é explicado pelas necessidades humanas.
Entende-se que a motivação é o resultado dos estímulos
que agem com força sobre os indivíduos, levando-os a
ação. Para que haja ação ou reação é preciso que um
estímulo seja implementado, seja decorrente de coisa
externa ou proveniente do próprio organismo. Esta teoria
nos dá idéia de um ciclo motivacional
Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a
frustração do indivíduo que poderá assumir várias
atitudes:
- Comportamento ilógico ou sem normalidade;
- Agressividade por não poder dar vazão à insatisfação
contida;
- Nervosismo, insônia, distúrbios
circulatório-digestivos;
- Falta de interesse pelas tarefas ou objetivos;
- Passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo,
resistência às modificações, insegurança, não
colaboração, etc.
Quando a necessidade não é satisfeita e não sobrevindo
as situações anteriormente mencionadas, não significa
que o indivíduo permanecerá eternamente frustrado. De
alguma maneira, segundo Maslow, a necessidade será
transferida ou compensada. Daí percebe-se que a
motivação é um estado cíclico e constante na vida
pessoal.
A teoria de Maslow é conhecida como uma das mais
importantes teorias de motivação. Para ele, as
necessidades dos seres humanos obedecem a uma
hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem
transpostos. Isto significa que no momento em que o
indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu
lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para
satisfazê-la. Poucas pessoas procurarão reconhecimento
pessoal e status se suas necessidades básicas estiverem
insatisfeitas.
O comportamento humano, neste contexto, foi objeto de
análise pelo próprio Taylor, quando enunciava os
princípios da Administração Científica. A diferença
entre Taylor e Maslow é que o primeiro somente enxergou
as necessidades básicas como elemento motivacional,
enquanto o segundo percebeu que o indivíduo não sente
única e exclusivamente necessidade financeira.
Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a
qual as necessidades humanas estão organizadas e
dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de
influência, numa pirâmide, em cuja base estão as
necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e
no topo, as necessidades mais elevadas (as necessidades
de auto realização)
De acordo com Maslow, as necessidades fisiológicas
constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação
da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo, etc. As
necessidades de segurança constituem a busca de proteção
contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo. As
necessidades sociais incluem a necessidade de
associação, de participação, de aceitação por parte dos
companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. A
necessidade de estima envolvem a auto apreciação, a
autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de
respeito, de status, prestígio e consideração, além de
desejo de força e de adequação, de confiança perante o
mundo, independência e autonomia. As necessidades de
auto realização são as mais elevadas, de cada pessoa
realizar o seu próprio potencial e de auto
desenvolver-se continuamente.
Freud
Enquanto a teoria de Maslow relaciona-se com a
motivação, a teoria de Sigmund Freud, um dos principais
responsáveis pelo estágio onde a psicologia se encontra
atualmente, estabelece que as motivações são
responsáveis pela aceitação ou rejeição de determinados
produtos ou serviços.
Este fato pode ser mais bem compreendido analisando-se
as três instâncias psíquicas responsáveis pelo
comportamento descritas por Freud: o id, fonte da
energia psíquica dos impulsos primitivos, o ego,
regulador dos impulsos selvagens do id ligado ao
princípio da realidade, e o superego, a quem cabe a
representação interna das proibições sociais.
Tendo vivido entre 1856-1939, Freud se tornou um marco
no século XX, sendo refletido desde nas artes até na
literatura e nas idéias desde então. Apesar de, hoje em
dia, não mais se aceitarem suas idéias completamente,
pois são questionadas por outros pensadores desde meados
do século passado, Freud, representou um novo marco nos
estudos da psicologia e comportamentos humanos.
Para Freud, sempre haverá um conflito entre o id e o
superego. Enquanto o primeiro é fundamentado no prazer,
e, os atos do indivíduo serão regidos visando a
recompensa prazerosa, o superego será sempre proibitivo,
impedindo as ações impulsivas e irresponsáveis. Para
resolver esse eterno conflito entre id e superego, o ego
se fará presente quando solicitado. Devido a diferenças
entre a estrutura psíquica nos diferentes indivíduos, a
aceitação de um produto ou uma idéia, ocorrerá de forma
diferente em diferentes pessoas, não sendo, portanto,
tão fácil, prever o comportamento.
A Teoria de Herzberg
Ao contrário de outros pensadores, que tentavam explicar
as necessidades humanas em diversos ambientes, a Teoria
de Frederick Herzberg foi, desde o início, baseada no
estudo das atitudes e motivações dos funcionários dentro
de uma empresa.
Herzberg desenvolveu um estudo para tentar entender os
fatores que causariam insatisfação e aqueles que seriam
os responsáveis pela satisfação no ambiente de trabalho.
O resultado destes estudos foi pela primeira vez
publicado em 1959, sob o título "a motivação para
trabalhar - The Motivation to Work"
Os estudos incluíram pesquisas, onde os trabalhadores de
diversas empresas eram estimulados a explicitar quais
seriam os fatores que os desagradavam, assim como os que
os agradavam na empresa. Os fatores que agradavam ao
funcionário foram chamados de Motivadores. Aqueles que
desagradavam levaram o nome de fatores de Higiene. Por
isso, a teoria é mais conhecida como "a Teoria dos dois
fatores de Herzberg: Motivação - Higiene".
Os fatores de Higiene São aqueles que são necessários
para evitar a insatisfação no ambiente de trabalho, mas
por outro lado não são suficientes para provocar
satisfação
Para motivar um funcionário, não basta, para Herzberg,
que os fatores de insatisfação estejam ausentes. Pelo
contrário, os fatores de satisfação devem estar bem
presentes.
Fatores que levam à insatisfação |
Fatores que levam à satisfação |
Política da Empresa |
Crescimento |
Condições do ambiente de Trabalho |
Desenvolvimento |
Relacionamento com outros funcionários |
Responsabilidade |
Segurança |
Reconhecimento |
Salário |
Realização |
Diversos funcionários na atualidade tem se sentido
melhor ou pior nas empresas em que trabalham pelo
simples fato de que estas estão preocupadas em fornecer
uma qualidade de vida melhor a si mesmo e a seus
familiares. E, a pergunta que fica é: se Herzberg
tivesse publicado seu estudo hoje, em que ponto a
sustentabilidade seria um fator que levasse à
satisfação? Ou de que forma a não reciclagem de
materiais da empresa seria um fator que levaria à
insatisfação?
Mc Gregor
A teoria de Mc Gregor é na verdade um conjunto de dois
extremos opostos de suposições. Estes conjuntos foram
denominados “X” e “Y”. Por esse motivo, também é
conhecida pelo nome de “Teorias X e Y”.
Para Mc Gregor, se aceitarmos a teoria “X”, e nos
comportarmos de acordo com ela, as pessoas se mostrarão
preguiçosas e desmotivadas. Já se aceitarmos a teoria
“Y”, as pessoas com quem interagimos se mostrarão
motivadas.
TEORIA X O homem médio não gosta do trabalho e o evita; Ele precisa ser forçado, controlado e dirigido; O homem prefere ser dirigido e tem pouca ambição; Ele busca apenas a segurança. |
TEORIA Y O dispêndio de esforço no trabalho é algo natural; O controle externo e a ameaça não são meios adequados de se obter trabalho; O homem exercerá autocontrole e auto-direção, se suas necessidades forem satisfeitas; A pessoa média busca a responsabilidade; O empregado exercerá e usará sua engenhosidade, quando lhe permitirem auto-direção e autocontrole. |
McGregor concebeu seus dois conjuntos de suposições não
como categorias exclusivas, mas como os pontos extremos
de um continuum, ao longo do qual qualquer indivíduo
pode localizar-se, num dado momento. Assim, McGregor não
disse que, "se você não for Teoria X, será Teoria Y." O
que ele deixa implícito em sua teoria é que, na medida
em que alguém adote e pratique as suposições da Teoria
Y, as pessoas com quem ele interage exibirão
comportamento mais motivado. Seria esta a forma correta
de motivar as pessoas visando um mundo melhor? Até que
ponto o indivíduo se motivaria a fim de separar e
reciclar todo o seu lixo?
A Teoria de Jung
Para Carl Gustav Jung, Psicólogo que rompeu com Freud e
criou seus próprios conceitos, o que culminou na
Psicologia Analítica, cada indivíduo pode ser
caracterizado como sendo primeiramente orientado para
seu interior ou para o exterior. Para dentro ou para
fora de si mesmo. O que classificou como indivíduos
introvertidos e indivíduos extrovertidos. Na verdade, o
indivíduo não pode ser considerado totalmente
introvertido ou extrovertido. Algumas vezes a
introversão é mais evidente, em outras ocasiões a
extroversão é mais adequada, mas, as duas atitudes se
excluem mutuamente, de forma que não se podem manter
ambas ao mesmo tempo. Jung Também deixava claro que
nenhuma é melhor que a outra, citando que o mundo
precisa dos dois tipos de indivíduos
As pessoas introvertidas concentram-se em suas próprias
idéias, tendo uma forte tendência à introspecção. Esse
tipo de pessoa imerge de forma muito acentuada em seu
mundo interior, perdendo ou tornando muito distante o
contato com o ambiente externo e com os estímulos do
mundo exterior. Uma pessoa distraída é um exemplo claro
deste tipo. Normalmente permanece absorta em suas
reflexões. Um indivíduo introvertido cuidaria de seu
planeta, reciclaria seu lixo, plantaria árvores e
reduziria a emissão de Carbono na atmosfera, mas
dificilmente sairia em passeata carregando faixas a
respeito.
Já os extrovertidos se envolvem com o mundo externo com
as pessoas e com as coisas. Eles tem uma tendência a se
transformar em mais comunicativos, mais sociais e mais
conscientes do que acontece à sua volta. Tem uma
necessidade de evitar que sejam dominados por outras
pessoas mas são muito mais facilmente convencidos pelos
outros. Assim, no aconchego do seu lar, provavelmente
não reciclariam os seus resíduos, mas aceitariam sair em
movimentos ativistas a favor das baleias ou dos
golfinhos, desde que estivessem acompanhados de outras
pessoas com o mesmo intuito. Normalmente acabam não
demonstrando suas próprias opiniões.
As Funções Psíquicas
Jung apresentou quatro tipos psicológicos que chamou de
fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e
intuição. Cada um desses tipos poderia, ainda, ser
introvertido ou extrovertido.
O indivíduo com a função predominante de pensamento está
envolta com a verdade e com a justiça. Normalmente se
refere a indivíduos racionais com julgamentos lógicos,
matemáticos e objetivos. Utiliza a impessoalidade. A
este tipo de pessoa Jung costumava chamar de reflexiva,
por se basear, praticamente no planejamento e pensar
muito antes de tomar uma iniciativa qualquer. Os
indivíduos desta categoria não largam facilmente suas
teorias, ainda que sejam confrontados ou que demonstrem
contradições.
Já os tipos voltados para a função sentimento se voltam
para o aspecto emocional de seus atos. Este tipo de
pessoa estará sempre envolvido em emoções intensas.
Mesmo que estas emoções tragam resultados negativos.
Este tipo de pessoa toma as suas decisões de acordo com
os o julgamento de seus princípios e valores e não
analisa as conseqüências de forma lógica e reflexiva,
como faria alguém com a função pensamento mais aparente.
O indivíduo cuja função predominante é a Sensação, acaba
agindo por uma resposta às suas próprias experiências,
Ele tem que ver, sentir, tocar, ouvir e perceber. Uma
experiência direta acaba prevalecendo, neste tipo de
pessoa sobre uma discussão uma teoria ou uma análise.
A pessoa intuitiva, por outro lado, utiliza o passado
para chegar às suas próprias conclusões. Experiências
passadas são fundamentais para se chegar a uma conclusão
sobre um problema atual. Este tipo de pessoa pensa
rápido, decodificam informações imediatamente e
processam as decisões de forma quase automática,
relacionando as experiências passadas com as
experiências atualmente em curso.
A Percepção
A percepção nada mais é do que um processo que nos
permita decodificar os estímulos e mensagens externas
que recebemos a cada segundo. Se as necessidades e
motivações de um indivíduo, analisadas anteriormente, se
concretizam, por vezes, na compra e no consumo ou em
qualquer outro ato, não deveríamos chegar à conclusão,
precipitadamente, que o interior do ser humano é o
suficiente para explicar todos os seus atos,
comportamento e atitudes. Além de suas necessidades
básicas, psicológicas ou biológicas, o que um consumidor
compra depende, também, do que há disponível no meio que
o rodeia.
De certa forma, podemos descrever percepção como a forma
que enxergamos o que há ao nosso redor.
Em termos gerais, a percepção pode ser descrita como a
forma como vemos o mundo à nossa volta e o modo segundo
o qual construímos a representação a respeito do
conhecimento que temos a respeito dos objetos e do
ambiente, o que muitas vezes acaba induzindo a erro.
Perceber é o ato de captar o através dos sentidos e
fixar essa imagem na mente.
As relações entre o indivíduo e o mundo que o rodeia são
assim regidas pelo mecanismo perceptivo e todo o
conhecimento é necessariamente adquirido através da
percepção.
Duas pessoas da mesma idade, do mesmo sexo e da mesma
classe social, expostas ao mesmo estímulo podem captá-lo
e organizá-lo de forma diferenciada de acordo com as
suas necessidades individuais. E as suas expectativas.
Por esse motivo, se torna primordial tentar entender o
processo que rege essas diferenças e de que forma a
captação de um estímulo e a sua interpretação acabam
diferindo de uma pessoa a outra.
A percepção tem início quando, através dos sentidos, a
pessoa recebe um estímulo que o envia ao cérebro.
Podemos dizer que a percepção nada mais é do que a
recepção de um estímulo no cérebro, ou ainda de que
forma os estímulos externos são selecionados,
organizados e interpretados pelo indivíduo.
O processo é dividido em duas partes. A sensação em si,
ou seja, o mecanismo físico no qual os órgãos sensoriais
como ouvidos, olhos e nariz registram e enviam os
estímulos ao cérebro e a interpretação do processo, que
tem a função de fornecer à pessoa um significado sobre o
estímulo recebido.
A sensação é uma resposta imediata dos órgãos sensoriais
a um estímulo recebido do exterior como a luz, a cor, o
som, uma música, um diálogo ou o cheiro de um perfume. A
sensibilidade da pessoa a este estímulo externo pode
variar de acordo com a saúde de seus próprios órgãos (um
deficiente audito não terá a mesma percepção de um som
que uma pessoa com audição normal) e a o volume, a
intensidade e a quantidade de estímulos emitidos em
nossa direção. Quando um dos sentidos enfraquece, os
demais são fortalecidos. Um deficiente visual acaba
desenvolvendo a audição e o tato a níveis maiores dos
que os de uma pessoa que enxergue bem.
A Sensação ocorre de forma diferencial, ou seja, as
pessoas só reparam naquilo que se distingue do geral,
naquilo que é diferente, nos desvios, nas
irregularidades, nas coisas diferentes. Naquilo que não
é normal. À medida que o nível de estímulos sensoriais
diminui, a capacidade de perceber as diferenças dos
estímulos é ampliada sobremaneira. Passamos a notar
melhor os estímulos que nos são expostos. Quanto menores
as condições de estimulação, tanto maior será a
sensibilidade. É por este motivo que a atenção aumenta,
por exemplo quando vemos uma pessoa sozinha e não junto
a uma multidão. Ou quando vemos um carro vermelho junto
a dezenas de outros, por exemplo, na cor prata.
A sensação oferece uma diferenciação de diversas
amplitudes, cuja interpretação aparece de diversas
formas, seja por diferenças de tamanho, cor, brilho ou
forma.
A percepção depende também da relação do estímulo com o
meio ambiente e com as condições do indivíduo.
A mesma imagem pode ser percebida diferentemente por
dois indivíduos. Uma pessoa falando alto pode dar a
idéia para alguns de que está de mau humor e para outros
que está querendo ser entendido. As pessoas podem
entender de forma completamente diferente uma mensagem
que está se tentando passar devido às diferenças em
percepção. Esse processo ocorre devido a tres fatores
que nos fazem apresentar comportamentos diferenciados em
di diversas situações: a atenção seletiva, a distorção
seletiva e retenção seletiva.
Atenção Seletiva
Recebemos diariamente milhões de estímulos. Com certeza
ninguém atende a todos os estímulos que recebe. Podemos
citar alguns exemplos:
É mais provável que as pessoas percebam os estímulos
relacionados a uma necessidade atual. Se desejarmos
comprar um automóvel, provavelmente prestaremos atenção
nos carros da rua, anúncios e reportagens sobre
automóveis.
Da mesma forma prestaremos mais atenção em conversas
sobre automóveis do que conversas sobre a atual situação
política.
Outra constatação é que as pessoas irão perceber mais os
estímulos cujos desvios sejam maiores em relação a um
estímulo normal. Provavelmente prestaremos mais atenção
em um anúncio que oferece condições especiais de
financiamento para a compra de um carro que um anúncio
oferecendo três desodorantes ao preço de dois.
Distorção Seletiva
Nem sempre os estímulos ocorrem da maneira prevista por
seus criadores. A distorção seletiva é a tendência de as
pessoas interpretarem as informações de acordo com os
seus desejos particulares. Dessa forma, o indivíduo
reforça os seus preconceitos em vez de contrariá-los. No
caso do automóvel, se alguém nos falar bem ou mal de uma
determinada marca que estamos dispostos a comprar,
provavelmente reforçaremos o que já tínhamos de positivo
e não reteremos o que nos foi falado de negativo.
Retenção Seletiva
As pessoas têm uma tendência a esquecer muito mais
informações do que aprendem, mas existe uma tendência de
guardar aquelas informações que interessam no momento,
ou que reforçam suas atitudes e crenças. No caso do
automóvel, é provável que nos lembremos sempre dos
pontos positivos da marca que queremos comprar e
acabemos nos esquecendo de informações positivas sobre
outras marcas.
A Segmentação do consumidor
Diversos modelos e instrumentos falharam ao tentar
agrupar os indivíduos em grupo e determinar
características semelhantes a esses mesmos grupos.
É comum, em pesquisa de mercado descrever “pessoas do
sexo masculino de 19 a 24 anos”. Da mesma forma, quando
se desenvolve uma campanha ou um novo produto está se
tornando cada vez mais constante o uso de objetivos como
“homens e mulheres, das classes A e B, de 25 a 45 anos”.
Apesar de ser a forma mais comum de classificar as
pessoas, a segmentação por sexo, faixa etária ou classe
social não representa uma divisão ideal.
Uma determinada empresa pode lançar um produto para
determinada classe social, com determinada idade e
depois de alguns meses constatar que a venda foi um
fracasso.
Um item primordial é sempre esquecido neste tipo de
classificação. Duas pessoas “iguais”, ou seja, do mesmo
sexo, com a mesma idade, que moram no mesmo bairro e são
pertencentes à mesma classe social, podem ter
comportamentos, gostos e atitudes completamente
diferentes. Uma gosta de rock, outra de música
sertaneja. Um adora viajar e outro permanece em casa nos
fins de semana. Um experimenta novidades, outro é
conservador. Um recicla o lixo, outro não.
Assim, fica fácil entender para quem oferecer um disco
de rock, uma viagem internacional ou uma campanha pelo
meio ambiente.
Este tipo de classificação, que leva em conta o estilo
de vida e os gostos dos indivíduos leva o nome de
“psicográfica”. Inúmeras tentativas de classificar o ser
humano pelas suas “qualidades” e “estilos” foram
tentadas, mas dois prevaleceram com o passar do tempo: o
modelo VALS 2 e o AIO.
O Modelo VALS 2
Disponível no mercado desde 1978. o modelo VAL 2 foi
desenvolvido pela SRI International e tem sido utilizado
de forma a melhor aproveitar as diferentes
características dos indivíduos em relação ao seu estilo
de vida. Para isso foram previstos os valores,
princípios e atitudes de cada um.
Apesar de não ser baseado em todos os povos (o modelo
foi baseado no cidadão norte-americano), este
instrumento tem servido, em outros países, de uma forma
bem melhor do que a simples classificação por idade ou
sexo.
O modelo classifica as pessoas, através de um
questionário de 35 perguntas em 8 grupos diferentes. São
eles:
Atualizados: são indivíduos que se deram bem na vida.
São normalmente responsáveis, preocupados com a família.
Tem o gosto refinado.
Satisfeitos: São pessoas realizadas, satisfeitas e de
bem com a vida. Gostam de viver com conforto. Dão valor
às coisas funcionais e duráveis.
Realizadores: São, também, bem sucedidos. Tem
preocupação com a carreira e o emprego. Gostam de
produto que dão prestígio.
Experimentadores: São os indivíduos mais jovens,
impulsivos e não conformados com a sociedade em que
vivem. Gastam as suas economias em roupas, lanches,
música e cinema.
Religiosos: São aqueles mais tradicionais e
conservadores. Do tipo convencional. Não gostam de
experimentar. Preferem manter-se fieis às suas marcas e
produtos já conhecidos e utilizados.
Lutadores: São as pessoas inseguras que não tem certeza
absoluta de nada. São hesitantes. Compram produtos que
se parecem com marcas mais caras ou que imitam produtos
de classes sociais mais altos.
Fazedores: São os indivíduos preocupados com a família.
Vivem em função dela. Preferem comprar produtos que
possam utilizar em prol dos parentes: ferramentas
utensílios domésticos.
Esforçados: São os consumidores leais às marcas
favoritas. Trata-se, normalmente, de pessoas mais velhas
com recursos financeiros limitados. Pensam e analisam
muito antes de comprar, mas no fim permanecem fieis aos
produtos já conhecidos.
O Modelo AIO
Abreviação de Activities, Interests and Opinions este
modelo classifica as pessoas de acordo com as respostas
a um longo questionário que separa o indivíduo em
diversas dimensões de acordo com as suas atividades,
interesses ou opiniões.
Os principais fatores que são levados em conta na
segmentação são:
Atividades: Onde trabalha, o que gosta de fazer, o que
faz nas férias, quais os passatempos preferidos,
esportes, compras, que programas gosta de assistir,
tipos de música, eventos sociais, etc.
Interesses: Que tipo de roupa usa, o que come, o que
bebe, quais as realizações, como é o comportamento em
relação à família, a grupos sociais, na comunidade, no
clube, no trabalho, na escola, etc.
Opiniões: O que o entrevistado pensa em relação à
sociedade, ao futuro, à cultura, negócios, economia,
política, etc.
O Modelo AIO acrescenta, ainda uma série de fatores
demográficos à classificação, entre eles: Faixa etária,
Nível escolar, Ocupação, local onde mora, tamanho da
cidade, tamanho da famíla, etc.
O Modelo AIDA
AIDA é um modelo que tenta explicar como funciona o
comportamento humano em relação à aquisição de um
produto ou serviço. O modelo, AIDA, determinou uma série
de passos que descrevem o processo que um comprador de
um determinado produto passa antes de fechar a venda.
Apesar de diversos estudiosos darem o crédito do Modelo
AIDA a E.K.Strong por tê-lo publicado por primeira vez
em sua obra "Theories of Selling" (Teorias de vendas) em
1925, O criador foi ST. Elmo Lewis, em 1898. Fato
confirmado pelo próprio Strong em sua obra.
Os estágios, Atenção, Interesse, Desejo e Ação, formam
uma hierarquia linear que os consumidores passam no
processo de compra.
Dessa forma, para adquirir um produto ou serviço, o
consumidor deve, obrigatoriamente:
a) Saber da existência do produto ou serviço. (Atenção)
b) Estar interessado o suficiente para prestar atenção
nas características, especificações e benefícios do
produto. (Interesse)
c) Ter um desejo de obter os benefícios que o produto
oferece. (Desejo)
d) Comprar o produto. (Ação)
É interessante notar, que Lewis ao criar a sua teoria,
estava interessado não no comportamento do consumidor em
si, mas no comportamento do vendedor, e de que forma ele
poderia “guiar” o comprador para efetuar uma venda.
Nos anos pós Lewis, inúmeras teorias foram desenvolvidas
com base no modelo AIDA para tentar explicar os passos
que levam o consumidor a consumir um produto. Mas todas
elas têm a venda como o objetivo final.
Teorias mais recentes, no entanto, assumem que a venda
não é o ponto final para a venda, mas sim a satisfação
do consumidor, o que faria que o consumidor voltasse a
comprar o produto que o satisfez. Assim, muitos
especialistas, principalmente de empresas japonesas como
a Panasonic, passaram a acrescentar o “S” de satisfação,
modificando a nomenclatura AIDA para AIDAS (Atenção,
Interesse, Desejo, Ação e Satisfação).
O Modelo DAGMAR
Em 1961, Russel Colley apresentou um artigo para a
Association of National Advertisers intitulado “Defining
Advertising Goals for Measured Advertising Results ".
Neste artigo, Colley oferecia uma nova escala
hierárquica, com os passos que o consumidor passaria
antes da ação. Diferente da “atenção, interesse, desejo
e ação" de Lewis, Colley utilizou o "Conhecimento,
Compreensão e Convicção", ou seja, o modelo "ACCA" (do
inglês Awareness, Comprehension, Conviction e Action).
Este modelo previa para o processo de compra:
a) o prévio conhecimento do produto (Awareness);
b) a compreensão do produto e de suas características e
qualidades;
c) a convicção sobre os reais benefícios do produto, e
d) a ação, ou compra efetiva do produto.
Conclusão
Apesar de tantos estudos e teorias sobre motivação e
comportamento do consumidor, amplamente testadas e
aprovadas, as empresas acabam se esquecendo de utilizar
técnicas que possam reforçar a convicção ou desejo de
uma pessoa de comprar determinado produto por ele
contribuir para um mundo sustentável, ou não.
Infelizmente, o que mais se ouve nas empresas
brasileiras são aspectos relacionados a lucro e margem.
Muitas áreas da companhia são relegadas ao plano de
simplesmente prever números de venda e mercado, deixando
as verdadeiras responsabilidades de convencimento ao
consumidor à equipe de vendas, que muitas vezes utiliza
como armas uma lista de preços e um mostruário.
Se não conseguirmos convencer o comprador que o produto
que estamos oferecendo é o melhor para ele, deveríamos
então estudar o consumidor para saber o que realmente
ele quer e só então passar a produzir, comercializar e
anunciar o produto certo.
Outra linha tradicional de contribuição em estudos de
psicologia do consumidor tem a ver com os trabalhos da
escola gestaltista, que ainda é utilizada por
profissionais de publicidade e marketing, para, através
da organização, categorização e inferências, traçarem
suas estratégias de marketing, tais como decisões de
produto, localização, preço e propaganda. Acham-se, no
entanto, ausentes nessa literatura muitos dos mais
significativos desenvolvimentos do conhecimento
psicológico nas últimas décadas, que se inserem numa
visão contemporânea da psicologia.
Apesar da existência de tantos estudos e teorias sobre
Marketing, amplamente testadas e aprovadas, as empresas
acabam se esquecendo de utilizar técnicas que possam
reforçar a convicção ou desejo de uma pessoa de comprar
determinado produto.
Infelizmente, o que mais se ouve nas empresas
brasileiras são aspectos relacionados a lucro e margem.
Muitas áreas de Marketing são relegadas ao plano de
simplesmente prever números de venda e mercado e
deixando as verdadeiras responsabilidades de
convencimento ao consumidor aos vendedores brilhantes da
empresas, que muitas vezes utilizam como armas de vendas
uma lista de preços e um mostruário.
Psicologia e Marketing deveriam se dar as mãos para
fazer o que realmente deve ser feito. Se não conseguir
convencer o consumidor que o produto que estamos
oferecendo é o melhor para ele, então passar a estudar o
consumidor para saber o que realmente ele quer e só
então passar a produzir, comercializar e anunciar o
produto certo.
De acordo com Veiga Neto[1], muitas universidades
norte-americanas vêm oferecendo programas de
doutoramento em Psicologia do Consumidor, sendo o campo
de contribuição desses profissionais muito amplo.
Segundo ele, um dos fatores que estariam colocando o
Brasil em uma posição de atraso nessa área da psicologia
seria devido, basicamente, à pouca flexibilidade dos
currículos e ao desconhecimento dos recentes avanços no
campo de atuação da psicologia, como a Psicologia do
Consumidor, ou mesmo a Psicologia econômica, não
obstante a importância destas nas áreas de consumo, bem
estar e qualidade de vida.
Outra linha tradicional de contribuição em estudos de
psicologia do consumidor tem a ver com os trabalhos da
escola gestaltista, que ainda é utilizada por
profissionais de publicidade e marketing, para, através
da organização, categorização e inferências, traçarem
suas estratégias de marketing, tais como decisões de
produto, localização, preço e propaganda (Palmer, 1984;
Mowen, 1987). Acham-se, no entanto, ausentes nessa
literatura muitos dos mais significativos
desenvolvimentos do conhecimento psicológico nas últimas
décadas, que se inserem numa visão contemporânea da
psicologia.
Do ponto de vista ético[2], nem sempre os conhecimentos
sobre o comportamento do consumidor são utilizados pelos
que deles se valem com uma clara consciência do seu
alcance, limitações, problemas de natureza ética e senso
de responsabilidade social. Há até casos extremos em que
empresas parecem não levar em conta que o lançamento de
um novo produto pode ser seguido de sentimentos de
decepção, frustração e incapacidade nas pessoas. Parte
do problema parece originar-se de uma hipertrofia da
necessidade de vender a todo custo, não importa o quê,
numa versão perversa da noção segundo a qual o que
importa é como se podem utilizar determinados
comportamentos psicológicos para aumentar as vendas,
pois "posicionar um produto significa associá-lo a uma
série de atributos (qualidade, vantagens, forma de uso,
apresentação, preço, imagem publicitária) que façam com
que os consumidores percebam esse produto como o mais
indicado para atender às suas necessidades" (Gracioso,
1990; p.91)
Levitt (1986) afirma que a "imaginação de marketing"
distingue-se das outras formas de imaginação pela
capacidade especial que tem de entender clientes e seus
problemas, e pelos meios de empolgar sua atenção e seus
hábitos. Essa "imaginação de marketing" pode, no
entanto, assumir características desastrosas para o
indivíduo e a sociedade se não for fundamentada num alto
senso ético e de respeito ao ser humano, aos seus
direitos e à sua dignidade.
Qualquer teoria, no entanto que não se atualize e passe
a considerar aspectos inexistentes décadas atrás, como o
buraco da camada de Ozônio, o desmatamento e a emissão
de Carbono na atmosfera, pode assumir características
desastrosas para o indivíduo e a sociedade. Estas
teorias deverão ser fundamentadas num alto senso ético e
de respeito ao ser humano, aos seus direitos e à sua
dignidade.
[1] Veiga Neto, Alipio Ramos. "Atitudes de consumidores
frente a novas tecnologias (Tecnofobia)". Dissertação de
Mestrado. PUCCAMP, Campinas, dezembro/1998
[2] Idem, op. cit
Nota do Autor: Este texto é uma atualização do texto
original que escrevi em 2003, que pode ser acessado
aqui, em sua íntegra: - Comportamento do Consumidor -
Que por sua vez já apresentava adaptações e atualizações
desde os idos anos 80.
Daniel Portillo Serrano é Palestrante, Consultor e Professor. Bacharel em Comunicação Social com ênfase em Marketing Pela Universidade Anhembi Morumbi, e pós graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Ibero-Americano - Unibero, Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Paulista - UNIP. É consultor de Marketing e Comportamento do Consumidor e editor dos sites Portal do Marketing e Portal da Psique . Tem atuado como principal executivo de Vendas e Marketing em diversas empresas do ramo Eletroeletrônico, Telecomunicações e Informática. É professor de Marketing, Administração, Estratégia, Comportamento do Consumidor e Planejamento em cursos universitários de graduação e pós-graduação. Contato: daniel@portaldomarketing.com.br .