Criação de Conceito
Por: Carlos Eduardo Munhoz
28/10/2007
Para que possamos desenvolver qualquer tipo de produto
ou serviço é necessário criarmos um conceito. Segundo o
professor Marcos Cobra, mais importante do que termos um
produto ou serviço é termos um conceito. Mas afinal, o
que é um conceito? Conceito é o portador de um
significado, de algo abstrato, mas que pode servir
universalmente para designar um produto, serviço ou
profissional. Diante de um conceito, podemos nos
posicionar na mente de nossos consumidores ou público
alvo, a fim de preenchermos uma lacuna faltante ou
criarmos uma até então inexistente que venha de encontro
às necessidades ou desejos destes clientes.
Os conceitos podem nascer de diversas formas. Alguns
acadêmicos dizem que o nascimento de um conceito surge
quando o contexto histórico é apropriado. Esta visão
conhecida como Contextualista, parte das concepções ou
enunciados conceituais que somente com cenários sociais
ou históricos adequados novos conceitos poderão ser
elaborados, divulgados ou aceitos. Segundo esta visão os
conceitos surgem e consolidam-se como conseqüência de
fatores circunstanciais, ou seja, para ser adotado um
conceito são necessários circunstancias favoráveis para
isso. Todavia, esta visão deixa um espaço para outro
tipo de conceito, ou das idéias fora de época ou à
frente de seu tempo. Para isso existe uma visão oposta
chamada de Idealista, que afirma que o mundo só cresce,
evolui ou se desenvolve de verdade quando seres humanos
criativos ou idealistas concebem, inventam, criam algo
novo. É na visão Idealista que, segundo Platão, existe
uma dicotomia entre o mundo real imperfeito e mundo das
idéias, que é o único mundo perfeito. Desta forma a
criação de um conceito não necessita ou depende de um
contexto para ser aceito, pelo contrário ele surge
antecipando os contextos futuros que se formarão.
Conceitos são promotores de mudanças que podem promover
transformações sociais (conceitos transformadores) ou
até impedi-las (conceitos conformadores). Um exemplo
clássico é o sistema geocêntrico criado por Ptolomeu,
que afirmava ser a Terra o centro do Universo. Este
conceito foi aceito por mais de 1.700 anos quando surgem
as idéias de Copérnico, que elaborava um novo conceito
dizendo que o Sol era o Centro do Universo e que a Terra
era apenas um dos planetas. Esta idéia foi reelaborada
por Galileu que chamou de heliocentrismo. A igreja
católica não aceitava este novo conceito e foi vigorosa
no seu combate fazendo com que Galileu negasse
publicamente para livrar-se da fogueira.
Esta história serve para exemplificar que mudanças
criadas através de novos conceitos podem ser vistas de
diversas formas, positiva ou negativamente.
Precisamos analisar qualquer conceito de forma critica e
adotá-lo de modo que ele sirva aos propósitos
corporativos ou pessoais.
Promover mudanças, quebrar paradigmas são necessidades
cada vez mais constantes no dia-a-dia da sociedade e do
mundo corporativo, precisamos lançar um olhar sobre o
novo sem perder as referências existentes. Como disse
Aristóteles, nenhum vento é bom quando não sabemos a
direção.
Carlos Eduardo Munhoz, administrador de empresas, MBA
pela Fundação Getulio Vargas e professor universitário.