Design é mais que Desenho - é
Conceito
Por Luiz Renato Roble
12/06/2007
Os avanços tecnológicos, mais especificamente a
informática, trouxeram, trazem e trarão progressos para
nossa vida. Todos esses avanços possibilitam grandes e
pequenas conquistas, impossíveis de serem imaginadas há
algumas décadas. Essas conquistas, por estarem tão
presentes no nosso dia-a-dia, fazem com que muitas vezes
não percebamos a sua importância e nem a sua
onipresença.
Você já imaginou o inferno que seria trafegar pelas ruas
de qualquer cidade, passando por tantos faróis,
semáforos ou sinaleiros (como preferir), se não
existisse um sistema informatizado garantindo a
sincronia do seu funcionamento? Pior, quem teria coragem
de pousar em um aeroporto como o de Congonhas, por
exemplo, sem que houvesse um moderno e complexo conjunto
de computadores na torre de comando, auxiliando os
orientadores de vôo? É difícil de imaginar, mesmo
porque, não só os aviões, mas até os automóveis, são,
cada vez mais, construídos e movidos por meio do intenso
uso de computadores.
Se por um lado a tecnologia dos computadores melhora
nossas vidas, por outro lado sua presença maciça vem nos
transformando a ponto de já não sermos mais os mesmos
que costumávamos ser quando eles não existiam. Não
enviamos mais cartas de amor, manuscritas com ardor,
capricho e borrões; mandamos sim, mensagens eletrônicas
frias, objetivas e automaticamente corrigidas. Também
não conseguimos mais desejar um sonoro e sincero “bom
dia” à telefonista de uma empresa, agora somos atendidos
por uma gravação automática. Logo estaremos digitando 1
para bom dia, 2 para boa tarde e 3 para até logo.
A verdade é que a mesma tecnologia que proporciona
coisas boas também é responsável por aspectos negativos
em áreas muito dependentes do computador no dia-a-dia. O
design, por exemplo, com o advento dos computadores
passou por uma verdadeira revolução. Atividades e
possibilidades que anteriormente eram difíceis,
demoradas e, portanto, caras para serem executadas, são
agora facilmente realizadas com o auxílio do computador.
A popularização dos programas gráficos, contudo, nivelou
os profissionais do design por baixo, possibilitando a
qualquer um hoje em dia, tornar-se, ou pelo menos,
considerar-se, um designer da noite para o dia em poucos
cliques. É raro encontrar novos profissionais que saibam
desenhar utilizando lápis, papel e criatividade.
Ter dedos ágeis no teclado e no mouse é importante, mas
é apenas uma habilidade com uma das ferramentas de
trabalho, que é o computador, e não o fundamental. Os
efeitos especiais que os novos programas oferecem fazem
com que as pessoas se esqueçam ou realmente não saibam
que para ser um bom designer é preciso talento, estudo,
capacidade, informação e, acima de tudo, conteúdo.
Cada vez mais vemos trabalhos de design para pequenas e
médias empresas com soluções pasteurizadas e
banalizadas. Para que isto não ocorra, é necessário
buscar profissionais que saibam trabalhar o conceito de
uma marca ou de um produto. Que saibam estudar o
mercado, o público-alvo, e encontrar as soluções
corretas que venderão a imagem a ser comunicada com
força e competitividade.
Não basta apenas fazer uso dos fantásticos recursos da
computação gráfica para intitular-se designer.
Limitar-se a isso é fazer parte de uma farsa, que engana
a poucos e por pouco tempo. Na verdade, um bom designer
existe com ou sem computador, ou seja, um verdadeiro
profissional de design sabe conceituar. É aquele que
continua trabalhando normalmente, mesmo quando a luz no
escritório acaba e o computador tem de ficar
temporariamente desligado.
Luiz Renato Roble criacao@datamaker.com.br
Designer e Diretor de Criação da Datamaker Designers
www.datamaker.com.br
Fonte: Datamaker