Equipes de Alto Nível
Por Jerônimo Mendes
20/04/2009
Há muito tempo desejava escrever um artigo sobre equipes
de alto nível ou de alta performance, como se diz no
ambiente corporativo, carregado de estrangeirismos e
outras denominações que mais dificultam o entendimento
do que simplificam. O fato é que as equipes, quando bem
construídas, bem gerenciadas e monitoradas são
fundamentais para o sucesso das empresas.
Antes, porém, quero lembrar que as pessoas são
determinantes para se atingir objetivos em qualquer
organização do mundo. Obviamente, as empresas precisam
de estratégias, de ótimos produtos e, principalmente, de
resultados positivos, entretanto, são as pessoas que
continuam fazendo as coisas acontecerem em todas as
áreas da nossa sociedade.
De acordo com o Professor Dante Quadros, especialista em
liderança e comportamento organizacional, existem quatro
tipos de agrupamento no mundo corporativo:
1) Bando: cada um por si, Deus por todos; ninguém se
entende, cada qual faz o que pensa e as coisas
simplesmente vão acontecendo da pior maneira possível.
Consequências: falta de sinergia, confusão total,
desalinhamento estratégico, desordem, falta de
consciência em relação à visão, à missão e aos valores
da empresa.
2) Grupos: diz respeito aos grupos de coalização, mais
conhecidos como panelinhas, conchavos, organização
informal etc. Exemplo: o grupo do RH, o grupo do
Financeiro, o grupo de MKT, o grupo da Produção e assim
por diante.
3) Equipes: um grupo de pessoas relativamente
organizadas, de forma a trabalhar em conjunto, que
executa tarefas semelhantes e se reporta a uma mesma
pessoa; em algumas situações, pode ser uma equipe
autogerenciável;
4) Times: equipes de desempenho elevado, formada por
pessoas com habilidades complementares que trabalham de
maneira sinérgica e se responsabilizam coletivamente
para atingir objetivos comuns como, por exemplo, a
equipe da seleção brasileira, dirigida pelo técnico
Felipão em 2002, na Coréia do Sul.
Apesar de conhecer a fundo os quatro tipos de
agrupamento, vamos nos concentrar no principal: times ou
equipes de desempenho elevado, cuja formação deveria ser
o sonho de consumo de todo profissional que aspira
manter o cargo de liderança e obter sucesso no mundo dos
negócios. Em primeiro lugar, faz-se necessário lembrar
que o comportamento da equipe é o retrato do líder, ou
seja, se o líder for eficaz, a equipe, seguramente, será
eficaz e os resultados acontecerão de forma natural. Por
outro lado, se o líder for mediano ou medíocre, os
resultados serão alcançados na mesma proporção.
Times são relativamente difíceis de serem formados; mais
difícil ainda é mantê-los no mesmo ritmo, coesos, sem
que, dentro deles, aflorem a inveja e uma vontade
incontrolável de se destacar dentre os demais. Quando
times de verdade se destacam, entra em cena o eterno
espírito de competição do ser humano e se a liderança
não atuar com firmeza, os objetivos comuns tomam o lugar
dos objetivos pessoais, o que, certamente, destruirá o
espírito de equipe.
Quer se tornar um líder eficaz e montar uma equipe de
alto nível? Não é necessário reinventar a roda. O
sistema VOICE, que em português significa “voz”,
desenvolvido por David Ulrich e outros pesquisadores de
Harvard, quando aplicado na íntegra, facilita o caminho
e estimula maior envolvimento dos funcionários na
organização. Veja os fatores:
1) Visão: as pessoas querem encontrar um sentido ou um
objetivo no trabalho que executam; portanto, compartilhe
a visão, a missão e os valores da empresa.
2) Oportunidade: todos querem uma chance para aprender,
crescer, avançar e melhorar naquilo que fazem; portanto,
delegue atribuições e cobre responsabilidades.
3) Incentivos: o dinheiro pode ser um bom fator de
motivação se vier em quantidade significativa e se seu
ganho estiver associado a objetivos específicos; desse
simples fato nasceram organizações como a Apple,
Microsoft e outras se tornaram maiores ainda, como a GE,
a Sony e a Honda.
4) Impacto: as pessoas querem fazer seu trabalho quando
visualizam o impacto dos seus esforços; sentir-se
importante, ser reconhecido e ser valorizado são os três
princípios da natureza humana.
5) Comunidade: os funcionários se envolvem mais quando
se sentem parte de uma equipe; além do mais, não basta
fazer parte da equipe, é preciso ter espírito de equipe.
6) Comunicação: as pessoas têm mais motivação quando
sabem o que está acontecendo; nesse sentido, a
transparência, em todos os níveis da organização, tem um
valor considerável.
7) Empreendedorismo: cresce o envolvimento das pessoas
quando elas têm a oportunidade de controlar como e onde
o trabalho será feito; elas devem participar do sonho e
não apenas da burocracia.
Acima de tudo, a formação de equipes ou times de alto
nível requer sabedoria, determinação e comprometimento
com a liderança. De acordo com Franklin Delano
Roosevelt, ex-presidente norte-americano, “agindo em
conjunto, com um grupo, as pessoas conseguem realizar
coisas que nenhum indivíduo sozinho jamais poderia
esperar realizar.” Pense nisso e seja feliz!
Jerônimo Mendes é Administrador, Consultor e Palestrante
Autor de Oh, Mundo Cãoporativo! (Qualitymark) e Benditas
Muletas (Vozes)
Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela
UNIFAE