Escola Estratégica Cultural
Por Wagner Herrera
23/05/2007
“A corporação não tem uma cultura, ela é uma
cultura”.
Na Escola Cultural, a oitava das Escolas do
Pensamento Estratégico, os processos de formação da
estratégia nascem em função da estrutura, do
estágio, da força e do contexto cultural da
organização.
A cultura organizacional, ao contrário do poder que
fragmenta uma coletividade e serve à interesses
individuais; assume o papel integrador e aponta para
os interesses coletivos tentando preservar a
estabilidade estratégica, quando não resistindo
ativamente às mudanças.
Vendo a cultura de fora da organização, ela pode
assumir uma posição objetiva sobre as razões pelas
quais as pessoas se comportam e assumem um caráter
único nos relacionamentos sociais e econômicos,
enquanto que, vista de dentro o processo é visto
como subjetivo e interpretativo baseado numa lógica
abstrata.
O estudo da dimensão cultural nas organizações
começou nos anos 70 no trabalho pioneiro de
estudiosos suecos, porém sem grande repercussão. A
percepção da cultura como a “mente” das
organizações, aconteceu nos anos 80 com o sucesso
das corporações japonesas, pois uma cultura rica,
com um forte conjunto de crenças compartilhadas
apaixonadamente por seus membros distingue a
organização de todas as outras.
Cultura e estratégia
As posturas administrativas derivadas da cultura
influenciam a estratégia nos aspectos de:
1. Estilo de tomada de decisões: atuando como filtro
ou lente que alteram as percepções e estabelecem
premissas nas decisões dos tomadores de decisão.
2. Resistência a mudanças estratégicas: o
compromisso comum com as crenças encoraja a
consistência no comportamento da empresa,
desencorajando mudanças.
3. Superação da resistência: a consciência das
cresças enraizadas que provoquem impedimentos deve
empreender revisões e orientar os dirigentes a
desenvolver um consenso de busca da flexibilidade e
inovação.
4. Valores dominantes: empresas bem-sucedidas são
norteadas por valores-chave (atendimento, qualidade,
flexibilidade) que provêem a vantagem competitiva.
5. Cultura material: crenças e valores criam objetos
e estes moldam a cultura; os recursos tangíveis e
intangíveis interagem com os membros da organização
na produção da cultura material.
6. Cultura como recurso-chave: a empresa não deve
ser vista como a soma de ativos tangíveis e sim como
sua cultura desenvolveu os ativos intangíveis - seu
capital de conhecimentos - que lhe dá a vantagem
competitiva sustentada.
7. A formação da estratégia é visto como um processo
coletivo.
Premissas
A formulação de estratégias obedece à premissas
orientadas pelo contexto cultural da organização:
1. A formação da estratégia é um processo de
interação social baseada nas crenças e modelos
comuns aos membros da organização.
2. O individuo adquire essas crenças num processo de
aculturação ou socialização de forma tácita e por
vezes reforçada por doutrinação.
3. Os membros da organização reconhecem parcialmente
crenças que sustentam a cultura sendo que suas
origens e explicações permanecem obscuras.
4. A estratégia pode ser entendida como deliberada
na forma de perspectiva enraizada em intenções
coletivas e refletidas nos padrões de recursos e
capacidades responsáveis pela sua vantagem
competitiva.
5. A cultura desencoraja estratégias emergentes e
defende a manutenção da estratégia deliberada
vigente aceitando quando muito, mudanças de posição
dentro da perspectiva global da organização.
6. Estratégias de origem prescritivas ou descritivas
são igualmente aceita desde que não confrontem sua
cultura.
Considerações
A Escola favorece o desenvolvimento de estratégias
fundamentadas em suas crenças e valores, isto é,
estratégias orientadas pela cultura almejam o
interesse coletivo consistente com a cultura
instalada e o status quo.
Aqui, a formulação de estratégias passa
necessariamente pelos objetivos permanentes da
empresa (missão), pelos objetivos situacionais
(visão) e pelos valores da organização (crenças)
proporcionando uma orientação coesa com sua cultura.
Wagner Herrera é Graduado em Ciência da Computação e
Engenharia de Producao na Universidade Mackenzie
(SP) e pós-graduação em Administração Estratégica no
IESC- Instituto de Ensino Superior Camões (Ctba-PR)