Escola Estratégica do Poder
Por Wagner Herrera
23/05/2007
A sétima Escola do Pensamento Estratégico - a Escola
do Poder pertence ao grupo das Escolas
Configuracionais, definida como escolas alicerçadas
em processos de caráter conjuntural decorrentes de
interesses, coalizões e negociações de forças
ambientais internas e/ou externas da organização.
Nesta escola, o poder é tido como decorrente da
hierarquia - o poder legitimado e do poder derivado
da credibilidade - o poder conquistado, baseado em
políticas que constituem o centro de interesses na
formação de estratégias como um processo aberto de
influência para a negociação das estratégias
favoráveis a esses interesses. Conceitua-se política
aqui, como sinônimo de exploração do poder de
maneira que não seja puramente econômica, sendo
entendida com a manipulação hábil e consciente de
forças internas e externas à organização buscando os
interesses e os limites para a ação, como também, o
resultado natural e espontâneo de demandas
concorrentes, de dentro e de fora das organizações,
sobra a alocação de seus recursos...
Poder e política são inerentes à condição humana, à
sociedade, às organizações, estando sempre presentes
no processo de formulação de estratégias, o que é
corroborado pelos trabalhos MacMillan, Strategy
Formulations: Political Concepts (1978); Sarrazin,
sobre o lado político do planejamento; Pettigrew
(1977) e Bower e Davis (1979), sobre formulação de
estratégias como processo político.
Mintzberg vê, nas organizações, duas formas de
poder: a) o poder micro – decorrente de interesses
de forças internas nos processos de negociação e
concessões entre indivíduos, grupos e coalizões
enfim - o jogo político. b) O poder macro -
caracterizado pela interdependência da organização
com os atores do ambiente externo.
A formulação de estratégias como um processo
político é resultante do papel de indivíduos
organizados e refletirão os interesses dos grupos
mais poderosos da organização, pois novas
estratégias pretendidas podem também sinalizar
mudança em relação ao poder, porém se elas surgem
fora do poder central tendem a ser mais emergentes
que deliberadas.
Instrumentos políticos clássicos
Objetividade: atingir os resultados com sucesso é
mais importante que o método para atingi-lo.
Satisfação: atingir resultados satisfatórios é
melhor que fracassar na tentativa de atingir
resultados ótimos por uma estratégia impopular.
Generalização: mudança de foco de questões
específicas para outra mais gerais (ex. aumento de
produtividade ao invés de redução de custos).
Relevância: interesses de curto prazo trocados
pelos de longo prazo mais importantes.
Análise de comportamento: atentar para o fato que
estratégias impopulares geram resistências e induzem
a formação de grupos oponentes.
Administração das realidades políticas: a formação
de grupos (processos de coalizão) executam uma
função necessária e influenciam os resultados, cabe
à diretoria reconhecer, compreender e aprender a
gerenciá-los.
Premissas
As orientações básicas desta escola baseiam-se que:
1. A formação de estratégias é um processo de
negociação.
2. A formação de estratégias é moldada por poder e
política nos processos de coalizões internas e
negociações frente ao ambiente externo.
3. As estratégias resultantes desse processo tendem
a ser emergentes refletindo mais as posições que as
perspectivas.
4. O poder micro vê a formação de estratégias como
interações por meio de persuasão e barganhas
resultante de interesses e coalizões.
5. O poder macro vê a organização como promotora de
seus interesses no controle ou cooperação com outras
organizações.
Considerações
O foco desta Escola está menos nas formações de
estratégias do que nos processos que as originam, no
jogo de interesses, na disputa de poder, no papel
das forças integradoras, enfim no processo que
antecede à formação da estratégia – a definição dos
objetivos ensejados e os resultados que beneficiam
os grupos de interesse que atuam no processo
político de condução da organização.
A grande contribuição desta Escola deu-se pela
introdução de novos conceitos na administração
estratégica como ‘coalizão’, ‘jogos políticos’,
‘estratégia coletiva’, ‘redes de relacionamentos’,
‘alianças’, ‘terceirização estratégica’, ‘análise de
interessados’, enfatizando prioritariamente a
análise de conflitos e forças decorrentes da luta
pelo poder interno e externo nas organizações.
Wagner Herrera é Graduado em Ciência da Computação e
Engenharia de Producao na Universidade Mackenzie
(SP) e pós-graduação em Administração Estratégica no
IESC- Instituto de Ensino Superior Camões (Ctba-PR)