A Força do Relacionamento para os
reparadores
Por Marcelo Miyashita
29/04/2005
É bom deixar claro: relacionamento é importante para os
negócios
Relacionamento traz entendimento, participação e
envolvimento com o trabalho, faz empresas oferecerem
melhores serviços e condições. Faz clientes sentirem-se
mais acolhidos e atendidos. E claro, o relacionamento se
desenvolve nos contatos entre pessoas dentro da empresa
e nas interações com clientes, fornecedores e
distribuidores.
Um bom líder, um bom gerente, um bom vendedor conhece o
valor de seu relacionamento pessoal. Porém, quando
estamos em uma grande empresa - uma corporação - nem
todos são líderes no mesmo nível, nem todos têm a mesma
capacidade de relacionamento. Isso pode ser um problema,
principalmente quando afeta o nível de satisfação dos
clientes. Satisfação é um sentimento gerado por
expectativas - criadas pelo atendimento, sua
prestatividade e suas soluções.
No caso de micros e pequenas empresas, ou empresas onde
o líder consegue manter contato direto com todos os seus
funcionários e boa parte dos clientes mais importantes,
desenvolver um programa de marketing de relacionamento
pode ser um excesso, até exagero. Isso porque em um
ambiente menor, o líder tem a chance de inspirar e
influenciar cada pessoa através da força de seus
relacionamentos pessoais. Quando estamos em pequenas
estruturas, as relações pessoais - mais do que programas
ou projetos - são fundamentais para o sucesso do
negócio. Por isso, organizações menores, quando
competitivas, são mais ágeis. Não porque são menores e
há menos procedimentos, mas porque há mais
relacionamento e envolvimento entre as pessoas. A
interdependência é maior, pois cada trabalho é mais
evidente e as pessoas não estão apenas fisicamente mais
próximas, elas são mais próximas.
Nesse sentido é fundamental - e com certeza um fator de
sucesso para negócios como as reparadoras de veículos -
trabalhar o relacionamento pessoal interno e externo.
Pode-se imaginar duas oficinas parecidas, na sua
estrutura e formação de equipe, atuantes no mesmo
bairro. Se tiverem níveis de relacionamento diferentes
(uma que consegue manter ótimo relacionamento graças ao
seu empreendedor e outra que não o desenvolve, só o faz
enquanto executa os serviços), com certeza produzirão
resultados financeiros muito diferentes.
Portanto, o negócio de reparação de veículos deve também
ser tratado como negócio de relacionamento. Esse maior
envolvimento com o cliente permitirá ao empreendedor
conhecer melhor as necessidades do proprietário do
veículo, oferecer serviços mais orientados e até criar
adicionais de conveniência, assim como fazem grandes
concessionárias (sistema leva-e-traz, agendamento
programado, acompanhamento do serviço, etc.). Quando o
empreendedor percebe a importância do relacionamento
deixa de, simplesmente, atender o cliente e começa a
buscar uma prestação de serviços mais eficiente.
Melhorar a experiência do cliente com a reparadora só é
possível se houver empatia e proximidade, o que se
consegue com relacionamento. O empreendedor que não se
importa com o cliente, não enxerga suas necessidades,
nem faz esforço para atendê-las, só vende o serviço.
Como sugestão prática, uma grande oficina deve tentar
melhorar o seu gerenciamento de clientes e, a partir
daí, desenvolver mais serviços e comodidades para
conquistá-los e mantê-los. Um cadastramento bem feito
pode apresentar não só dados básicos, mas também o
perfil decada um e o que ele quer em uma oficina. Pode
também revelar demandas futuras por serviços. Se há
muitos casos de clientes que fazem funilaria e depois
viram clientes de mecânica, por que não incentivar esse
movimento natural?
Por exemplo: se a oficina oferece serviços de funilaria,
pintura e mecânica, por que não oferecer ao cliente na
entrega do veículo pronto - com o seu pára-choque
reformado - um diagnóstico da suspensão ou das condições
de câmbio e motor? É apenas um diagnóstico, uma opinião
técnica que não envolve investimento da oficina. Talvez
o cliente não venha a executar um serviço preventivo,
mas certamente lembrará de você quando os problemas
acontecerem. Simplesmente porque você teve a atenção de
apresentar um diagnóstico sem compromisso, e sem ser
solicitado. Quer dizer, não era sua responsabilidade,
mas você fez questão de oferecer.
Pode ser complicado, contudo, o reparador de um pequeno
negócio se estruturar para cadastrar clientes com um
software. Pode gerar mais problemas do que soluções. Por
mais que seja recomendável, não adianta tentar
informatizar um negócio se não houver volume mínimo de
movimento para isso.
Por outro lado, um pequeno reparador tem mais contato
com os clientes. E por isso pode perceber e identificar
oportunidades baseadas no seu relacionamento pessoal com
os clientes. Aí vale a boa e velha caderneta para anotar
detalhes e refrescar a memória. Não tem nada melhor que
o cliente chegar em uma oficina e, sem dizer uma
palavra, ser lembrado pelo reparador, chamado pelo nome,
ouvir comentários sobre o último serviço, perguntas
sobre o filho e como foram as férias. Então, mantenha
sua caderneta em dia.
Afinal, conveniência, segurança, proximidade e atenção
recebida são os fatores que pesam na decisão de um
cliente. Quando há relacionamento, consegue-se tudo
isso. O que não garante que o cliente fechará com a sua
proposta mas, certamente, se dirigirá até você para
ouvi-la. Relacionamento gera preferência, o que, por sua
vez, pode gerar negócios. manterá sólido se, além de
receber oportunidades, você e cada um da rede também
souberem contribuir, doar e ajudar. Network é para
todos!
Marcelo Miyashita é consultor líder e palestrante da
MIYASHITA CONSULTING. É professor de marketing em cursos
de MBA e pós-graduação. Atualmente leciona na Cásper
Líbero, FGV-EAESP GVpec, Trevisan, PUC-SP COGEAE, Madia
Marketing School, IMES e IBModa. Foi colunista do
Comercial & Cia, na rádio BandNews FM. Em 2006 recebeu o
Prêmio Marketing Best e em 2007 o título de Marketing
Expert, concedido pela Editora Referência (Jornal
Prop&Mkt), pela FGV-EAESP e pela MadiaMundoMarketing. É
mestrando em Administração pela PUC-SP, pós-graduado
pela ESPM e publicitário pela Cásper Líbero. Conheça seu
trabalho: www.miyashita.com.br