Gestão em alta performance
Por Marcelo Miyashita
07/04/2006
A competitividade, a necessidade por eficiência ou mesmo por mera
sobrevivência têm aumentado a importância da boa gestão das equipes
de trabalho. Não basta somente administrar com visão de mercado, é
preciso estabelecer constantes diferenciações e vantagens
competitivas como resultado da boa prática de gerenciamento de
pessoas.
Afinal, é comum uma companhia na sua organização de trabalho possuir
infra-estrutura e modelo de gestão similar aos seus concorrentes -
quando há diferenças são em função do capital investido e da
tecnologia utilizada, ou seja, variações relativas ao porte do
negócio. O que significa que se tivermos duas empresas semelhantes e
concorrentes diretas, podemos ter organizações parecidas, porém seus
resultados serão diferentes, pois a balança pende em função das
pessoas e sua gestão. É sabido, não é porque temos duas empresas
iguais em conhecimento, departamentos, tecnologia e processos, que
teremos os mesmos desempenhos e resultados. Aliás, essa divergência
acontece inclusive dentro da própria companhia quando comparamos a
eficiência em equipes. Certamente o modo como as pessoas e seus
trabalhos são gerenciados, estimulados e liderados ocasionam
resultados distintos.
Por essa razão, mais do que nunca, precisamos desenvolver a
competência gerencial. A questão é que nem todo mundo empreende por
ser bom gestor de pessoas. Normalmente, se empreende em função de
características específicas atreladas à realização do negócio. Só
que não serão apenas elas que trarão prosperidade e renda
ascendente. Com a empresa em crescimento, em algum momento será
inevitável gerenciar pessoas e seus processos de trabalho de forma
descentralizada – apesar do olho-do-dono-engordar-o-gado, não é
possível acompanhar “in loco” tudo e todos, sendo necessário à
implementação de cargos intermediários entre direção e operação.
Nesse momento, o empresário começa a exercitar suas habilidades
gerenciais junto às equipes - aí pode estar a crise e o
atravancamento do crescimento. Há o risco iminente do empreendedor,
mesmo sendo um administrador sensato e organizado, transformar-se
num pejorativo “chefe”, ou seja: praticando o modelo simples e
antigo de gerenciar baseado no chamado “comando-controle”, onde a
função da gestão se resume na montagem e planejamento dos processos,
inclusão das pessoas e chefia controlada de suas atividades. O ponto
é que a gestão por “comando-controle” estimula comportamentos
reativos, burocráticos e normativos na equipe. Justamente o que
desencoraja a iniciativa, a inovação e a agilidade, atitudes
importantes para a geração em grupo de idéias em propulsão, novos
processos e propostas de mercado.
Poderia ser diferente. O empreendedor poderia adotar outra
estratégia para efetivamente liderar pessoas e seu desenvolvimento.
O “comando-controle” quando excessivamente trabalhado passa um
recado claro para a equipe “chefiada”. A boa liderança deve
estimular integração entre pessoas, trocas de experiências,
cumplicidade e cooperação pela via da proximidade dos níveis
organizacionais, do relacionamento interno e também pelo
investimento em capacitação e treinamento. Pessoas são produtivas
quando, além de terem suas tarefas e processos bem planejados,
convivem e não apenas trabalham. E pela via da convivência, a troca
é naturalmente maior, o sentimento de pertencimento surge, a
unicidade é criada e com ela algo muito forte: a identidade das
pessoas com a empresa. Esse é o caminho da verdadeira motivação, que
não vem de palestras pontuais ou campanhas de incentivo, vem da
construção de motivos e significados que envolvem pessoas e suas
atividades à missão da empresa.
Profissionais alinhados, treinados, integrados e motivados são
fortes geradores de propostas de mercado. Ao contrário da
argumentação defensiva dos seguidores do modelo tradicional, ao
investir nas pessoas desta forma, com planejamento e, também,
controle – neste caso, controle como meio de mensurabilidade e,
conseqüentemente, base para prática da meritocracia – consegue-se a
criação e a manutenção de alta performance no desempenho da equipe.
Num nível de iniciativa, inovação e agilidade difícil de ser
alcançado e reproduzido em companhias que praticam
“comando-controle”. A atuação superior acontece porque todos
trabalham para todos e a chave para implementá-la vem da prática das
cinco competências de gestão: planejamento, controle, treinamento,
integração e motivação. Realmente exige esforço ensinar, orientar e
servir a equipe. Mas esse é o caminho da liderança.
Marcelo Miyashita é consultor líder e palestrante da MIYASHITA
CONSULTING. É professor de marketing em cursos de MBA e
pós-graduação. Atualmente leciona na Cásper Líbero, FGV-EAESP GVpec,
Trevisan, PUC-SP COGEAE, Madia Marketing School, IMES e IBModa. Foi
colunista do Comercial & Cia, na rádio BandNews FM. Em 2006 recebeu
o Prêmio Marketing Best e em 2007 o título de Marketing Expert,
concedido pela Editora Referência (Jornal Prop&Mkt), pela FGV-EAESP
e pela MadiaMundoMarketing. É mestrando em Administração pela
PUC-SP, pós-graduado pela ESPM e publicitário pela Cásper Líbero.
Conheça seu trabalho: www.miyashita.com.br