Marketing e Universo Infantil:
Análise Das Estratégias Utilizadas Pelo Suplemento Infantil “Programinha”, Do Jornal Hoje Em Dia.
Por: Isabela Cardoso Rodrigues E Adélia Barroso Fernandes
16/10/2007
Centro Universitário De Belo Horizonte – Uni-Bh
Pró-Reitoria De Pós-Graduação, Pesquisa E Extensão
Curso De Especialização “Lato Sensu”
Em Marketing E Comunicação
Resumo
As crianças constituem um público insaciável em busca de conhecimento, daí a importância de se estudar os materiais voltados para esse público. Esse artigo ajuda a refletir sobre como o suplemento infantil “Programinha”, do jornal Hoje em Dia, apresenta as realidades para o público infantil, além de demonstrar a relevância de uma análise constante dos produtos midiáticos dirigidos às crianças.
Palavras Chaves: Marketing, Jornalismo infantil, Construção social da realidade.
Abstract:
Children constitute a public that is always in search of new knowledge, so, it is very important to analyze all the products made for them. This article helps to think about how the supplement “Programinha”, from Hoje em Dia’s paper, shows the kids the reality of the world, beyond the importance of a constant study of the media products directed for children
Key-words: Marketing, Children’s Journalism, Social Reality Construction.
1 Introdução
Existem diferentes formas de se perceber a realidade. O jornalismo atribui valores aos acontecimentos, construindo, assim, as realidades de uma forma bastante particular. Neste contexto, o discurso jornalístico apresenta-se como uma forma de construção social da realidade. Atualmente, as editorias dos jornais trabalham na construção de um universo mais próximo e mais interessante ao seu universo de leitores.
O marketing, por sua vez, caracteriza-se por trabalhar com mercados e tentar realizar trocas em potencial para satisfazer às necessidades e os desejos humanos. As estratégias de marketing diferenciam-se de acordo com o público-alvo para garantir a satisfação desse mercado. Existem estratégias relacionadas ao produto, ao preço, à distribuição e à comunicação e propaganda. A presente pesquisa procura identificar quais as estratégias de marketing adotadas pelo suplemento infantil Programinha, do jornal Hoje em Dia, que apóiam o jornalismo na sua tarefa de construir socialmente a realidade para esse determinado público.
2 Marketing
O marketing funciona, para muitos, apenas como estratégia de venda, promoção e divulgação de produtos. Há ainda uma idéia mais restrita que limita o marketing a uma função meramente comercial. Desenvolver estratégias de comunicação de marketing é um dos principais desafios enfrentados por organizações que atuam em um mercado altamente dinâmico.
Boas estratégias de marketing, incluindo o desenvolvimento de produtos atraentes, preços compatíveis, bons pontos de distribuição e uma comunicação eficiente são essenciais para o sucesso de empresas. Além disso, a constante atenção aos mercados concorrentes, à situação econômica da região e outros fatores são importantes porque também afetam o mercado.
William Pride e O. C. Ferrel (2006) definem marketing como o processo de criação, distribuição, promoção e estabelecimento de preço de produtos, serviços e idéias que possam facilitar a satisfação de consumidores. “Consumidores são o foco de todas as atividades de marketing. As organizações devem definir o que produzir visando sempre satisfazer os clientes” (PRIDE; FERREL, 2006: 04), tradução da autora.
A essência do marketing está em desenvolver trocas que satisfaçam tanto as organizações quanto os consumidores. As empresas esperam ganhar algo de valor em retorno ao benefício que promovem aos consumidores, geralmente, o preço cobrado pelos produtos. Já os clientes esperam o suprimento de suas demandas por produtos com preços compatíveis.
As organizações focam seus esforços em um mercado-alvo. Há organizações que focam em vários mercados-alvos paralelamente. Essas empresas definem diferentes estratégias de promoção, produto, preço e distribuição.
Estratégias de marketing envolvem muito mais do que apenas o desenvolvimento de produtos que atendam as necessidades dos consumidores. O marketing ocupa-se de colocar o produto disponível nos lugares adequados a um preço aceitável pelos consumidores. Além disso, a comunicação de informações que ajudarão os consumidores a definir se os produtos atendem realmente suas necessidades faz parte das estratégias de marketing.
Essas atividades referentes ao produto, praça (formas de distribuição), promoção e preço são conhecidas como os quatro P’s do marketing ou como mix de marketing. O objetivo primordial das estratégias de marketing é desenvolver e manter o melhor mix que atenda às necessidades dos consumidores.
William Pride e O.C. Ferrell (2006) destacam que antes das organizações definirem seu mix de marketing é importante que façam pesquisas visando descobrir as reais necessidades dos consumidores. Idade, nível educacional, sexo, renda, além da relação dos clientes com produtos concorrentes devem ser analisadas.
Produtos que se transformam em uma parte do dia-a-dia podem ser considerados esforços de marketing bem sucedidos. “Um produto pode ser um objeto, um serviço ou uma idéia.(...) Ao contrário dos objetos, o serviço é uma aplicação de esforços humanos ou de máquinas que garantem benefícios aos consumidores. Já as idéias incluem conceitos, filosofias e imagens” (PRIDE; FERREL, 2006: 06).
Quando nos referimos a produto como um dos quatro P’s de marketing envolvemos a criação e modificação de nomes de marcas, empacotamento e até mesmo a garantia desses produtos. O desenvolvimento de novos produtos assim como a modificação dos já existentes e a extinção dos que já não satisfazem os clientes é importante para que as estratégias de marketing atinjam seus objetivos.
Para satisfazer aos consumidores, os produtos devem estar disponíveis na hora e nos lugares mais convenientes aos clientes. O transporte dos produtos e os custos de estoque também fazem parte da distribuição, conhecida no mix de marketing como praça. Kotler e Armstrong (1999), afirmam que os sistemas de distribuição de produtos podem ser utilizados para se obter vantagem competitiva.
A promoção envolve toda a divulgação do produto. Ela pode apenas ter o objetivo de aprimorar a idéia que os consumidores têm de um produto ou criar uma idéia para um produto novo no mercado. Atividades de promoção podem também educar consumidores sobre determinados problemas sociais e políticos, como o abuso de drogas e de cigarros.
Raimar Richers (2000) destaca que no Brasil, de todos os instrumentos do mix de marketing, a publicidade é a mais utilizada e a mais popular. Entretanto, o autor enfatiza a necessidade das empresas em saberem o que comunicar ao seu público-alvo e de que maneira. Se a comunicação for feita de forma desestruturada, pode abalar toda a imagem do produto.
Os meios de informação utilizados variam de acordo com o mercado-alvo e com o produto divulgado. Atualmente, muitas empresas utilizam a Internet para comunicar seus produtos aos consumidores, destacam William Pride e O.C. Ferrell (2006). Segundo Richers (2000), “hoje, encaramos a Internet sobretudo como um instrumento para realizar negócios” (RICHERS, 2000: 325).
Louis Boone e David Kurtz (1998) destacam a função do marketing de cultivar a atenção, o interesse e preferências de um determinado público-alvo. Mais importante do que desenvolver produtos de qualidade é essencial a adoção de um programa eficaz de comunicação e promoção. Dessa forma, o marketing é um importante contribuinte do jornalismo na sua tarefa de construção social da realidade.
Um relacionamento duradouro entre cliente e empresa é construído por uma comunicação eficiente. Kotler (1996) enfatiza que a promoção eficiente exige um conceito integrado de comunicação em marketing. As empresas devem estabelecer um relacionamento emocionalmente satisfatório com seus clientes. Segundo Kotler, o comunicador ainda deve atentar-se ao seu público-alvo para determinar as estratégias que serão utilizadas para atrair e manter esse mercado.
A variável preço, dos quatro P’s, relaciona-se às decisões e ações ligadas ao estabelecimento de preços, considerando fatores políticos e econômicos. Preço é geralmente uma ferramenta que garante muita competitividade às organizações porque os consumidores se preocupam muito com o valor que pagam por determinado produto.
A estrutura de fixação de preços pode mudar ao longo do tempo, à medida que os produtos vão se desenvolvendo. “A empresa ajusta os preços dos produtos conforme as variações dos custos e da demanda, levando em conta as variações dos compradores e das situações” (KOTLER, ARMSTRONG, 1999: 254)
O marketing afeta diretamente a sociedade. Segundo Pride e Ferrell (2006), as atividades de marketing são essenciais para produtos satisfatórios aos olhos das empresas e dos consumidores. Obviamente, essas atividades custam dinheiro. “Cerca de 50% do preço pago a um produto são para cobrir custos de marketing”( PRIDE; FERREL, 2006: 17).
O marketing aquece a economia. Lucros gerados a partir de estratégias bem planejadas contribuem para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Pride e Ferrel (2006) enfatizam que as atividades de marketing ajudam a melhorar a qualidade de vida da população. O marketing faz das pessoas melhores consumidores.
As estratégias de marketing consistem basicamente na seleção do mercado-alvo e no desenvolvimento de um mix de marketing capaz de suprir as necessidades desse público. Segundo Pride e Ferrel (2006), é importante que as organizações avaliem suas capacidades internas para maximizar as oportunidades externas. O planejamento dessas estratégias deve ser orientado pela cultura organizacional.
3 Jornalismo e construção social da realidade
3.1 O jornalismo
É por meio das notícias que os acontecimentos e os assuntos passam a ser reconhecidos, comentados e interpretados. Segundo Mário Erbolato (1991), a função dos jornais é comprar e vender informações. Mas, nem tudo que acontece se transforma em notícia. Portanto, é necessário escolher, dentre uma série de fatos, os que têm relevância para se tornar notícia.
Segundo Nilson Lage (1999), linguagem é um sistema de sinais que possui regras que variam de acordo com idiomas. Existem também linguagens particulares a determinados grupos sociais, determinadas profissões etc. O jornalismo também possui uma linguagem própria, visto que é prática social sem fronteiras. Para Lévi-Strauss, citado por Mayra Gomes (2000), a linguagem não nasce de repente. Ela surge e modifica-se progressivamente. A linguagem é usada para criar uma determinada realidade.
Lage destaca que revistas ilustradas e jornais que publicam grandes reportagens costumam variar o desenho das letras usadas nas manchetes e nos títulos principais. Na maioria dos textos, as letras romanas são adotadas porque servem bem à leitura. As cores também são usadas para chamar a atenção para um assunto.
Segundo Lage, o texto jornalístico deve conter informações conceituais e usos lingüísticos sem valores referenciais devem ser evitados. “Sua descrição não se pode limitar ao fornecimento de fórmulas rígidas porque elas não dão conta da variedade de situações encontradas no mundo objetivo e tendem a envelhecer rapidamente” (LAGE, 1999:36).
Lage distingue a linguagem formal da informal. Segundo ele, a linguagem formal é mais durável. Entretanto, a linguagem informal é espontânea e reflete a realidade imediata, comunitária. O jornalismo combina a linguagem formal com a informal a partir de expressões possíveis no registro coloquial e aceitas nos registros formais. O texto jornalístico, por ser referencial, é escrito na terceira pessoa. Existem exceções, como as crônicas e os editoriais.
A ideologia do jornal e da sociedade de um modo geral está presente na linguagem jornalística. Lage explica que não há como separar ideologia do jornalismo, pois este último não se faz fora da sociedade e de seu contexto histórico e cultural. A notícia pode motivar revolta ou conformismo, comover, ou até mesmo, agredir alguém.
Existem normas de redação em veículos impressos que variam de jornal para jornal. Lage destaca que em matérias muito longas de revistas ou suplementos, há frases ou palavras destacadas em uma letra diferente ou com um corpo maior. “O objetivo, ai, é duplamente estético e de motivação da leitura” (LAGE, 1999:52).
Além do texto, as imagens também informam o leitor. As fotografias, ilustrações, desenhos e infográficos são, muitas vezes, fundamentais para que o leitor compreenda melhor uma determinada informação.
Os meios de comunicação de massa têm a função de informar, explicar os fatos detalhadamente, formar e entreter o leitor. Por isso, o jornalismo é freqüentemente dividido em quatro categorias: jornalismo informativo, interpretativo, opinativo e de entretenimento, também, chamado jornalismo diversional. Esta divisão tem como base as quatro funções do jornalismo propostas pelos teóricos da Teoria Funcionalista.
José Marques de Melo (1985) destaca que o jornalismo interpretativo, também conhecido como explicativo, motivacional e jornalismo em profundidade, na medida em que informa os cidadãos, ajuda a criar o acervo de conhecimentos de toda a coletividade. Os acontecimentos são explicados e esclarecidos de forma detalhada.
Os jornais trazem mais detalhes de um acontecimento do que qualquer outro veículo de comunicação de massa. Curtis Mac Dougall, citado por Melo (1985), assegura que o objetivo do jornalismo interpretativo é explicar as causas que levaram a um determinado acontecimento, além de discutir as possíveis conseqüências para o mesmo. No jornalismo interpretativo, o repórter não emite opiniões explícitas.
Segundo José Marques de Melo (1985), o jornalismo opinativo e o informativo predominam sobre as outras categorias jornalísticas. O jornalismo opinativo, diferentemente do interpretativo, apresenta análise e interpretação dos fatos. O jornalismo opinativo encontra-se nas colunas editoriais, incluindo artigos, crônicas, resenhas, entre outros.
O jornalismo opinativo tem a função de influenciar o homem. Essa categoria jornalística promove debates, levanta problemas e participa ativamente do cenário político. O jornalismo informativo apresenta-se como categoria hegemônica no século XIX. Durante esse período, “a imprensa norte-americana acelera seu ritmo produtivo, assumindo feição industrial e convertendo a informação de atualidade em mercadoria” (MELO, 1985: 15).
O jornalismo permite ainda uma forma mais amena e atrativa de escrever. Mário Erbolato classifica esse jornalismo como diversional ou jornalismo de entretenimento. Segundo o autor, o jornalismo diversional combina criatividade e informação. A prática desse jornalismo demanda mais tempo porque não se limita a dados superficiais. “Esse gênero jornalístico é muito usado pelas revistas ilustradas, que devem editar, no final de cada semana, sob ângulos novos e descrições romanceadas, o que os jornalistas mostraram durante vários dias seguidos” (ERBOLATO, 1991:44).
Nelson Traquina (2001) ainda destaca a existência de uma outra categoria jornalística, o jornalismo cívico. Segundo ele, o jornalismo cívico tem a função de informar para formar valores nos cidadãos. “Nalguns casos, os jornalistas tornam-se parceiros ativos na produção de soluções para os problemas da comunidade” (TRAQUINA, 2001: 176).
3.2 A construção social da realidade
Existem diferentes esferas da realidade. Segundo Peter Berger e Thomas Luckmann (1999), existe uma realidade mais efetiva que as outras: a realidade da vida cotidiana. Essa realidade sobressai-se à consciência de uma forma mais intensa, forte e urgente. Berger e Luckmann destacam que a realidade da vida cotidiana é acessível aos membros de uma sociedade pela forma de senso comum. Ela é interpretada pelos homens e é dotada de sentidos subjetivos. Esses sentidos ajudam a tornar o mundo mais coerente. O discurso jornalístico apresenta-se como uma forma de construção social da realidade. Ele transforma a realidade da vida cotidiana e transmite às pessoas visões referenciais de mundo.
Os jornais impressos e os demais veículos de comunicação tentam se integrar e criar uma identificação com seu público. Para isso, constroem realidades diferentes. Hoje, em função principalmente da concorrência cada vez mais acirrada, os meios de comunicação têm procurado novas estratégias de mercado. Uma que se destaca é a crescente segmentação do público, visando atingir setores diferenciados, como os cadernos especializados – feminino, veículos, infantil, entre outros.
4 O Programinha: mídia e universo infantil
A mídia e o marketing colaboram na construção social da realidade. No campo infantil, essa construção pode ter um caráter mais comercial e mercadológico. Por outro lado, a mídia tem potencial para construir a realidade de uma forma mais lúdica, mais voltada para o jornalismo cívico e para a formação de conceitos nas crianças.
Fundado em 1988, o Hoje em Dia passou por várias transformações e formatações até se transformar no periódico que hoje circula por todo o estado. Atualmente, o jornal publica nove cadernos. O Programinha, suplemento voltado para o público infantil, circula aos domingos.
Antes da formatação atual, o Programinha possui outro nome e era um suplemento terceirizado, produzido pela empresa Criar Comunicação Integrada. O Matinê investia muito em entretenimento e ilustrações. Em 1993, o Matinê passou por transformações em sua diagramação e em seu conteúdo, passando a se chamar Programinha. A partir daí, o suplemento deixou de ser terceirizado.
Atualmente, o caderno tem oito páginas. A matéria de capa, geralmente, ocupa duas páginas. O “Roteiro”, que traz dicas de cinema e teatro, vem sempre na página dois, assim como o Clube Mirim, que dá destaque para as promoções. A seção “Quero entender” vem sempre na página três e tem caráter explicativo. As brincadeiras e estórias-em-quadrinhos aparecem na seção “Divirta-se”, sempre na página seis. A última página é destinada às resenhas de livros infantis.
Nas cinco edições do suplemento analisadas (de 29 de julho de 2007 a 26 de agosto de 2007), são encontrados vários critérios de noticiabilidade, que diferem assuntos corriqueiros daqueles que têm potencial para se transformar em matéria jornalística. As matérias do Programinha abordam assuntos e temas recentes e importantes em determinado período. A volta às aulas foi tema da edição do dia 29 de julho. Ainda dentro desse critério, o suplemento busca enfatizar datas comemorativas, como o Folclore (edição de 19 de agosto), o dia do estudante (edição de 12 de agosto) e a comemoração dos cem anos de Oscar Niemeyer, um dos mais importantes arquitetos da história brasileira (edição de 05 de agosto).
Outro critério de noticiabilidade muito presente nas matérias é a proximidade. Os fatos que acontecem próximo aos leitores ganham notoriedade e transformam-se em notícias. É o caso da matéria da edição de 26 de agosto, “Estudante no mundo da Lua”, que traz informações sobre um projeto de uma escola de Belo Horizonte que incentiva os alunos a estudar as estrelas. Outro exemplo é a matéria da edição de 12 de agosto, que aborda outro projeto escolar em que as crianças têm aula de teatro para incentivar a leitura.
O Programinha adota uma linguagem simples, que permite fácil compreensão do leitor. Há uma combinação da linguagem formal com a informal. Os textos têm expressões coloquiais, mas as regras gramaticais não são desprezadas a fim de criar um texto “fácil de se ler”. Nenhuma edição possui glossário para explicação de termos difíceis.
As ilustrações, na maioria das vezes, são bem exploradas pelo suplemento. As fotos e os desenhos têm ligação com o texto, estimulando a leitura das crianças. A própria capa do suplemento se resume a uma grande ilustração e uma frase ou palavra de efeito sobre a matéria principal do caderno. As imagens publicadas no interior do suplemento trazem muitas imagens de crianças, traduzindo uma preocupação em garantir a participação desse público na composição das matérias.
Apesar da conexão entre ilustrações e texto, algumas vezes, o suplemento peca por colocar um texto longo demais, dispersando a atenção e o interesse das crianças. É o caso da matéria “Teatro vira antena para o mundo”, da edição de 12 de agosto.
O Programinha também utiliza gráficos e boxes para chamar a atenção para determinados assuntos. Os gráficos permitem que as crianças compreendam melhor os assuntos e enriqueçam seus conhecimentos.
Todas as páginas do caderno são coloridas e o desenho das letras varia. Nos textos, o tipo da letra permanece sempre o mesmo, não prejudicando a leitura. A diagramação do Programinha não é padronizada. Cada página tem uma diagramação diferente. Apenas a página dois, que tem a seção “Roteiro”, tem sempre o mesmo formato.
Várias categorias do jornalismo são encontradas no suplemento analisado. O jornalismo interpretativo está presente em todas as edições estudadas. Semanalmente, o Programinha publica uma matéria principal, que é a reportagem de capa. Essas matérias são aprofundadas, mostrando as causas e possíveis conseqüências de determinado fato. Na edição de cinco de agosto, por exemplo, o jornal publicou uma grande matéria sobre o livro dos recordes no reino animal e vegetal. Vários boxes explicativos e imagens foram utilizados para explicar melhor o tema. A matéria teve continuação na página sete, citando uma série de exemplos do livro dos recordes. O jornalismo informativo destaca-se, principalmente, na seção “Quero entender”.
O jornalismo opinativo é encontrado na seção “Livro”. Sempre na página oito, a resenha mostra a opinião pessoal da editora do suplemento a respeito de determinados livros. Apesar de usar uma linguagem apropriada e fazer textos criativos, é possível perceber que a editora, em suas resenhas, conta toda a história dos livros, inclusive o final. Isso é negativo porque os textos podem não despertar a curiosidade e o interesse das crianças em ler o livro, afinal, já sabem toda a história.
A página dois do Programinha tem dicas de teatro e o Clube Mirim, que traz lojas conveniadas ao jornal e garantem descontos aos assinantes do Hoje em Dia. Nessa página, em um espaço reservado, há endereço das lojas conveniadas. Em todas edições há anúncios publicitários. A propaganda, algumas vezes, vem acompanhada de informações que podem ser inseridas em um contexto pedagógico. É o caso da edição de 19 de agosto, que aborda um grande aquário chamado Mundo das Águas. A publicidade do local vem acompanhada da importância da responsabilidade social com o meio ambiente.
As publicidades da página dois vêm camufladas sobre o aspecto de textos informativos. Na edição do dia cinco de agosto, por exemplo, o título da propaganda é “Broto Legal”. O pequeno anúncio trata de um salão de beleza para crianças chamado “Salão Mônica Cabeleireiros”. As crianças que forem ao salão mostrando o anúncio até o final do mês de agosto ganhariam 10% de desconto no corte e as crianças que ligassem até o dia 10 do mesmo mês poderiam ganhar cortes de cabelo grátis. Os critérios para ganhar a promoção não são explicados no anúncio.
A página seis do Programinha é sempre destinada à seção “Divirta-se”, que traz estórias-em-quadrinho, chamadas “Mendelévio”. Apesar de estimularem a leitura, as estórias-em-quadrinho apresentadas no jornal não contribuem para o desenvolvimento intelectual das crianças. Os temas abordados nas tirinhas não são adequados para o público infantil. Grande parte dos assuntos limita-se à briga entre irmãos, que mesmo trazendo ironia, correm o risco de não serem compreendidas pelas crianças.
O jornal Hoje em Dia que circula aos domingos custa dois reais. A variável preço definida pelo jornal é bastante competitiva, pois nesse dia, o jornal apresenta diversos cadernos, incluindo o suplemento infantil Programinha. Além disso, poucos jornais de Minas Gerais apresentam um caderno voltado exclusivamente para o público infantil, garantindo um diferencial para o Hoje em Dia. Transformando, assim, o preço em uma variável menos relevante nas estratégias de marketing.
O jornal Hoje em Dia investe pouco em publicidade para o público infantil. As promoções são poucas e a participação do público também é pequena. Não há seção de cartas nem um espaço onde as crianças podem divulgar desenhos e outros tipos de arte. Não há publicidade sobre o caderno infantil em outros suplementos do jornal que circulam durante a semana. Entretanto, periodicamente, o Hoje em Dia realiza, junto às escolas infantis, visitas monitoradas pela redação do jornal. Essa é uma boa forma de atrair o público infantil.
O jornal Hoje em Dia pode ser comprado em bancas em todo o estado de Minas Gerais e em alguns outros estados do país. O jornal também pode ser assinado por consumidores de todo o Brasil. Conhecida como “praça”, no mix de marketing, a distribuição do Hoje em Dia é eficiente e atende seus consumidores adequadamente.
Além da distribuição tradicional, o jornal pode ser lido pela Internet, contendo, inclusive, edições antigas. Para ler as matérias, não é preciso ser assinante do jornal. Apenas um cadastro feito no próprio site garante acessibilidade ao conteúdo.
5 Conclusão
A partir do estudo das edições do suplemento infantil do jornal Hoje em Dia, Programinha, já citadas na análise, percebe-se que o suplemento explora as estratégias de marketing muitas vezes de forma positiva outras vezes, de uma maneira ineficiente. O marketing auxilia o jornalismo na construção social de uma realidade particular e apropriada para o público infantil.
O suplemento, produto final direcionado às crianças, utiliza uma linguagem apropriada para o público infantil. A abordagem da maioria das reportagens também é adequada. Os desenhos e ilustrações têm ligação direta com o texto e atraem a atenção das crianças para as matérias. Entretanto, muitas vezes, os textos são longos demais e acabam, assim, dispersando a atenção das crianças.
As diversas classificações do jornalismo podem ser encontradas no Programinha. O jornalismo interpretativo é bem explorado pelo suplemento, estando presente em todas as edições analisadas. Essa categoria é encontrada nas matérias principais de cada edição, sempre as matérias de capa. O jornalismo informativo também é encontrado em todas as edições analisadas. Já o jornalismo opinativo é encontrado nas resenhas dos livros infantis. As indicações de leitura, apesar de escritas de forma atraente, não cumprem bem seu papel. Os textos trazem todas as informações sobre os livros, inclusive o final, o que pode desestimular a leitura do livro.
A publicidade tem seu espaço reservado no caderno e não é uma grande influência na escolha das pautas das reportagens. Entretanto, as propagandas vêm camufladas sobre o aspecto de texto informativo. Esse aspecto é negativo, pois coloca em dúvida a credibilidade de todas as outras matérias produzidas pelo caderno.
O preço do jornal Hoje em Dia é compatível com o mercado. O jornal pode ser comprado em todo o estado e também em outros estados do país. Além disso, a facilidade de acesso ao conteúdo do jornal pela internet é um ponto positivo que atrai leitores.
Apesar de construir uma realidade apropriada para o público infantil, o Programinha apresenta falhas na exploração do jornalismo e do marketing. Os quadrinhos, por exemplo, tendem a abordar temas pouco apropriados para o público-alvo, contribuindo de forma negativa para o desenvolvimento infantil. O jornal Hoje em Dia também explora pouco a divulgação do próprio suplemento. Além disso, as promoções e a participação do público também são escassas. Não há um espaço de interatividade entre os leitores.
As estratégias de marketing apóiam o jornalismo na construção social da realidade para o público infantil. Entretanto, elas poderiam ser mais exploradas pelo suplemento, garantindo, assim, um número maior de leitores e um produto mais eficaz.
Referências Bibliográficas
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BOONE, Louis & KURTZ, David. Marketing Contemporâneo. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998.
ERBOLATO, Mário. As categorias do jornalismo. In: ERBOLATO, Mário. Técninas de codificação em jornalismo: redação, captação e edição no jornal diário. 5 ed. São Paulo: Ática, 1991. p.26-65.
GOMES, Mayra Rodrigues. Jornalismo e Ciências da Linguagem. São Paulo: Hacker Editores, 2000.
KOTLER, P. Administração de Marketing. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
KOTLER, Philip & ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1999.
LAGE, Nilson. Linguagem Jornalística. 7.ed. São Paulo: Ática, 1999.
MELO, José Marques de. A opinião no Jornalismo Brasileiro.?: 1985. Coleção meios de comunicação social. v.24.
RICHERS, Raimar. Marketing: uma visão brasileira. São Paulo: Negócio Editora, 2000.
RODRIGUES, Adriano Duarte. O acontecimento. In: TRAQUINA, Nelson (org.) Jornalismo: questões, teorias e “estórias”. Lisboa: Veja, 1999. p. 27-53.
TRAQUINA, Nelson. As teorias das notícias: o estudo do jornalismo no século XX. In: TRAQUINA, Nelson. (ed) O estudo do jornalismo no século XX. São Leopoldo: Unisinos, 2001. p. 51-126.
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Análise Das Estratégias Utilizadas Pelo Suplemento Infantil “Programinha”, Do Jornal Hoje Em Dia.
Por: Isabela Cardoso Rodrigues E Adélia Barroso Fernandes
16/10/2007
Centro Universitário De Belo Horizonte – Uni-Bh
Pró-Reitoria De Pós-Graduação, Pesquisa E Extensão
Curso De Especialização “Lato Sensu”
Em Marketing E Comunicação
Resumo
As crianças constituem um público insaciável em busca de conhecimento, daí a importância de se estudar os materiais voltados para esse público. Esse artigo ajuda a refletir sobre como o suplemento infantil “Programinha”, do jornal Hoje em Dia, apresenta as realidades para o público infantil, além de demonstrar a relevância de uma análise constante dos produtos midiáticos dirigidos às crianças.
Palavras Chaves: Marketing, Jornalismo infantil, Construção social da realidade.
Abstract:
Children constitute a public that is always in search of new knowledge, so, it is very important to analyze all the products made for them. This article helps to think about how the supplement “Programinha”, from Hoje em Dia’s paper, shows the kids the reality of the world, beyond the importance of a constant study of the media products directed for children
Key-words: Marketing, Children’s Journalism, Social Reality Construction.
1 Introdução
Existem diferentes formas de se perceber a realidade. O jornalismo atribui valores aos acontecimentos, construindo, assim, as realidades de uma forma bastante particular. Neste contexto, o discurso jornalístico apresenta-se como uma forma de construção social da realidade. Atualmente, as editorias dos jornais trabalham na construção de um universo mais próximo e mais interessante ao seu universo de leitores.
O marketing, por sua vez, caracteriza-se por trabalhar com mercados e tentar realizar trocas em potencial para satisfazer às necessidades e os desejos humanos. As estratégias de marketing diferenciam-se de acordo com o público-alvo para garantir a satisfação desse mercado. Existem estratégias relacionadas ao produto, ao preço, à distribuição e à comunicação e propaganda. A presente pesquisa procura identificar quais as estratégias de marketing adotadas pelo suplemento infantil Programinha, do jornal Hoje em Dia, que apóiam o jornalismo na sua tarefa de construir socialmente a realidade para esse determinado público.
2 Marketing
O marketing funciona, para muitos, apenas como estratégia de venda, promoção e divulgação de produtos. Há ainda uma idéia mais restrita que limita o marketing a uma função meramente comercial. Desenvolver estratégias de comunicação de marketing é um dos principais desafios enfrentados por organizações que atuam em um mercado altamente dinâmico.
Boas estratégias de marketing, incluindo o desenvolvimento de produtos atraentes, preços compatíveis, bons pontos de distribuição e uma comunicação eficiente são essenciais para o sucesso de empresas. Além disso, a constante atenção aos mercados concorrentes, à situação econômica da região e outros fatores são importantes porque também afetam o mercado.
William Pride e O. C. Ferrel (2006) definem marketing como o processo de criação, distribuição, promoção e estabelecimento de preço de produtos, serviços e idéias que possam facilitar a satisfação de consumidores. “Consumidores são o foco de todas as atividades de marketing. As organizações devem definir o que produzir visando sempre satisfazer os clientes” (PRIDE; FERREL, 2006: 04), tradução da autora.
A essência do marketing está em desenvolver trocas que satisfaçam tanto as organizações quanto os consumidores. As empresas esperam ganhar algo de valor em retorno ao benefício que promovem aos consumidores, geralmente, o preço cobrado pelos produtos. Já os clientes esperam o suprimento de suas demandas por produtos com preços compatíveis.
As organizações focam seus esforços em um mercado-alvo. Há organizações que focam em vários mercados-alvos paralelamente. Essas empresas definem diferentes estratégias de promoção, produto, preço e distribuição.
Estratégias de marketing envolvem muito mais do que apenas o desenvolvimento de produtos que atendam as necessidades dos consumidores. O marketing ocupa-se de colocar o produto disponível nos lugares adequados a um preço aceitável pelos consumidores. Além disso, a comunicação de informações que ajudarão os consumidores a definir se os produtos atendem realmente suas necessidades faz parte das estratégias de marketing.
Essas atividades referentes ao produto, praça (formas de distribuição), promoção e preço são conhecidas como os quatro P’s do marketing ou como mix de marketing. O objetivo primordial das estratégias de marketing é desenvolver e manter o melhor mix que atenda às necessidades dos consumidores.
William Pride e O.C. Ferrell (2006) destacam que antes das organizações definirem seu mix de marketing é importante que façam pesquisas visando descobrir as reais necessidades dos consumidores. Idade, nível educacional, sexo, renda, além da relação dos clientes com produtos concorrentes devem ser analisadas.
Produtos que se transformam em uma parte do dia-a-dia podem ser considerados esforços de marketing bem sucedidos. “Um produto pode ser um objeto, um serviço ou uma idéia.(...) Ao contrário dos objetos, o serviço é uma aplicação de esforços humanos ou de máquinas que garantem benefícios aos consumidores. Já as idéias incluem conceitos, filosofias e imagens” (PRIDE; FERREL, 2006: 06).
Quando nos referimos a produto como um dos quatro P’s de marketing envolvemos a criação e modificação de nomes de marcas, empacotamento e até mesmo a garantia desses produtos. O desenvolvimento de novos produtos assim como a modificação dos já existentes e a extinção dos que já não satisfazem os clientes é importante para que as estratégias de marketing atinjam seus objetivos.
Para satisfazer aos consumidores, os produtos devem estar disponíveis na hora e nos lugares mais convenientes aos clientes. O transporte dos produtos e os custos de estoque também fazem parte da distribuição, conhecida no mix de marketing como praça. Kotler e Armstrong (1999), afirmam que os sistemas de distribuição de produtos podem ser utilizados para se obter vantagem competitiva.
A promoção envolve toda a divulgação do produto. Ela pode apenas ter o objetivo de aprimorar a idéia que os consumidores têm de um produto ou criar uma idéia para um produto novo no mercado. Atividades de promoção podem também educar consumidores sobre determinados problemas sociais e políticos, como o abuso de drogas e de cigarros.
Raimar Richers (2000) destaca que no Brasil, de todos os instrumentos do mix de marketing, a publicidade é a mais utilizada e a mais popular. Entretanto, o autor enfatiza a necessidade das empresas em saberem o que comunicar ao seu público-alvo e de que maneira. Se a comunicação for feita de forma desestruturada, pode abalar toda a imagem do produto.
Os meios de informação utilizados variam de acordo com o mercado-alvo e com o produto divulgado. Atualmente, muitas empresas utilizam a Internet para comunicar seus produtos aos consumidores, destacam William Pride e O.C. Ferrell (2006). Segundo Richers (2000), “hoje, encaramos a Internet sobretudo como um instrumento para realizar negócios” (RICHERS, 2000: 325).
Louis Boone e David Kurtz (1998) destacam a função do marketing de cultivar a atenção, o interesse e preferências de um determinado público-alvo. Mais importante do que desenvolver produtos de qualidade é essencial a adoção de um programa eficaz de comunicação e promoção. Dessa forma, o marketing é um importante contribuinte do jornalismo na sua tarefa de construção social da realidade.
Um relacionamento duradouro entre cliente e empresa é construído por uma comunicação eficiente. Kotler (1996) enfatiza que a promoção eficiente exige um conceito integrado de comunicação em marketing. As empresas devem estabelecer um relacionamento emocionalmente satisfatório com seus clientes. Segundo Kotler, o comunicador ainda deve atentar-se ao seu público-alvo para determinar as estratégias que serão utilizadas para atrair e manter esse mercado.
A variável preço, dos quatro P’s, relaciona-se às decisões e ações ligadas ao estabelecimento de preços, considerando fatores políticos e econômicos. Preço é geralmente uma ferramenta que garante muita competitividade às organizações porque os consumidores se preocupam muito com o valor que pagam por determinado produto.
A estrutura de fixação de preços pode mudar ao longo do tempo, à medida que os produtos vão se desenvolvendo. “A empresa ajusta os preços dos produtos conforme as variações dos custos e da demanda, levando em conta as variações dos compradores e das situações” (KOTLER, ARMSTRONG, 1999: 254)
O marketing afeta diretamente a sociedade. Segundo Pride e Ferrell (2006), as atividades de marketing são essenciais para produtos satisfatórios aos olhos das empresas e dos consumidores. Obviamente, essas atividades custam dinheiro. “Cerca de 50% do preço pago a um produto são para cobrir custos de marketing”( PRIDE; FERREL, 2006: 17).
O marketing aquece a economia. Lucros gerados a partir de estratégias bem planejadas contribuem para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Pride e Ferrel (2006) enfatizam que as atividades de marketing ajudam a melhorar a qualidade de vida da população. O marketing faz das pessoas melhores consumidores.
As estratégias de marketing consistem basicamente na seleção do mercado-alvo e no desenvolvimento de um mix de marketing capaz de suprir as necessidades desse público. Segundo Pride e Ferrel (2006), é importante que as organizações avaliem suas capacidades internas para maximizar as oportunidades externas. O planejamento dessas estratégias deve ser orientado pela cultura organizacional.
3 Jornalismo e construção social da realidade
3.1 O jornalismo
É por meio das notícias que os acontecimentos e os assuntos passam a ser reconhecidos, comentados e interpretados. Segundo Mário Erbolato (1991), a função dos jornais é comprar e vender informações. Mas, nem tudo que acontece se transforma em notícia. Portanto, é necessário escolher, dentre uma série de fatos, os que têm relevância para se tornar notícia.
Segundo Nilson Lage (1999), linguagem é um sistema de sinais que possui regras que variam de acordo com idiomas. Existem também linguagens particulares a determinados grupos sociais, determinadas profissões etc. O jornalismo também possui uma linguagem própria, visto que é prática social sem fronteiras. Para Lévi-Strauss, citado por Mayra Gomes (2000), a linguagem não nasce de repente. Ela surge e modifica-se progressivamente. A linguagem é usada para criar uma determinada realidade.
Lage destaca que revistas ilustradas e jornais que publicam grandes reportagens costumam variar o desenho das letras usadas nas manchetes e nos títulos principais. Na maioria dos textos, as letras romanas são adotadas porque servem bem à leitura. As cores também são usadas para chamar a atenção para um assunto.
Segundo Lage, o texto jornalístico deve conter informações conceituais e usos lingüísticos sem valores referenciais devem ser evitados. “Sua descrição não se pode limitar ao fornecimento de fórmulas rígidas porque elas não dão conta da variedade de situações encontradas no mundo objetivo e tendem a envelhecer rapidamente” (LAGE, 1999:36).
Lage distingue a linguagem formal da informal. Segundo ele, a linguagem formal é mais durável. Entretanto, a linguagem informal é espontânea e reflete a realidade imediata, comunitária. O jornalismo combina a linguagem formal com a informal a partir de expressões possíveis no registro coloquial e aceitas nos registros formais. O texto jornalístico, por ser referencial, é escrito na terceira pessoa. Existem exceções, como as crônicas e os editoriais.
A ideologia do jornal e da sociedade de um modo geral está presente na linguagem jornalística. Lage explica que não há como separar ideologia do jornalismo, pois este último não se faz fora da sociedade e de seu contexto histórico e cultural. A notícia pode motivar revolta ou conformismo, comover, ou até mesmo, agredir alguém.
Existem normas de redação em veículos impressos que variam de jornal para jornal. Lage destaca que em matérias muito longas de revistas ou suplementos, há frases ou palavras destacadas em uma letra diferente ou com um corpo maior. “O objetivo, ai, é duplamente estético e de motivação da leitura” (LAGE, 1999:52).
Além do texto, as imagens também informam o leitor. As fotografias, ilustrações, desenhos e infográficos são, muitas vezes, fundamentais para que o leitor compreenda melhor uma determinada informação.
Os meios de comunicação de massa têm a função de informar, explicar os fatos detalhadamente, formar e entreter o leitor. Por isso, o jornalismo é freqüentemente dividido em quatro categorias: jornalismo informativo, interpretativo, opinativo e de entretenimento, também, chamado jornalismo diversional. Esta divisão tem como base as quatro funções do jornalismo propostas pelos teóricos da Teoria Funcionalista.
José Marques de Melo (1985) destaca que o jornalismo interpretativo, também conhecido como explicativo, motivacional e jornalismo em profundidade, na medida em que informa os cidadãos, ajuda a criar o acervo de conhecimentos de toda a coletividade. Os acontecimentos são explicados e esclarecidos de forma detalhada.
Os jornais trazem mais detalhes de um acontecimento do que qualquer outro veículo de comunicação de massa. Curtis Mac Dougall, citado por Melo (1985), assegura que o objetivo do jornalismo interpretativo é explicar as causas que levaram a um determinado acontecimento, além de discutir as possíveis conseqüências para o mesmo. No jornalismo interpretativo, o repórter não emite opiniões explícitas.
Segundo José Marques de Melo (1985), o jornalismo opinativo e o informativo predominam sobre as outras categorias jornalísticas. O jornalismo opinativo, diferentemente do interpretativo, apresenta análise e interpretação dos fatos. O jornalismo opinativo encontra-se nas colunas editoriais, incluindo artigos, crônicas, resenhas, entre outros.
O jornalismo opinativo tem a função de influenciar o homem. Essa categoria jornalística promove debates, levanta problemas e participa ativamente do cenário político. O jornalismo informativo apresenta-se como categoria hegemônica no século XIX. Durante esse período, “a imprensa norte-americana acelera seu ritmo produtivo, assumindo feição industrial e convertendo a informação de atualidade em mercadoria” (MELO, 1985: 15).
O jornalismo permite ainda uma forma mais amena e atrativa de escrever. Mário Erbolato classifica esse jornalismo como diversional ou jornalismo de entretenimento. Segundo o autor, o jornalismo diversional combina criatividade e informação. A prática desse jornalismo demanda mais tempo porque não se limita a dados superficiais. “Esse gênero jornalístico é muito usado pelas revistas ilustradas, que devem editar, no final de cada semana, sob ângulos novos e descrições romanceadas, o que os jornalistas mostraram durante vários dias seguidos” (ERBOLATO, 1991:44).
Nelson Traquina (2001) ainda destaca a existência de uma outra categoria jornalística, o jornalismo cívico. Segundo ele, o jornalismo cívico tem a função de informar para formar valores nos cidadãos. “Nalguns casos, os jornalistas tornam-se parceiros ativos na produção de soluções para os problemas da comunidade” (TRAQUINA, 2001: 176).
3.2 A construção social da realidade
Existem diferentes esferas da realidade. Segundo Peter Berger e Thomas Luckmann (1999), existe uma realidade mais efetiva que as outras: a realidade da vida cotidiana. Essa realidade sobressai-se à consciência de uma forma mais intensa, forte e urgente. Berger e Luckmann destacam que a realidade da vida cotidiana é acessível aos membros de uma sociedade pela forma de senso comum. Ela é interpretada pelos homens e é dotada de sentidos subjetivos. Esses sentidos ajudam a tornar o mundo mais coerente. O discurso jornalístico apresenta-se como uma forma de construção social da realidade. Ele transforma a realidade da vida cotidiana e transmite às pessoas visões referenciais de mundo.
Os jornais impressos e os demais veículos de comunicação tentam se integrar e criar uma identificação com seu público. Para isso, constroem realidades diferentes. Hoje, em função principalmente da concorrência cada vez mais acirrada, os meios de comunicação têm procurado novas estratégias de mercado. Uma que se destaca é a crescente segmentação do público, visando atingir setores diferenciados, como os cadernos especializados – feminino, veículos, infantil, entre outros.
4 O Programinha: mídia e universo infantil
A mídia e o marketing colaboram na construção social da realidade. No campo infantil, essa construção pode ter um caráter mais comercial e mercadológico. Por outro lado, a mídia tem potencial para construir a realidade de uma forma mais lúdica, mais voltada para o jornalismo cívico e para a formação de conceitos nas crianças.
Fundado em 1988, o Hoje em Dia passou por várias transformações e formatações até se transformar no periódico que hoje circula por todo o estado. Atualmente, o jornal publica nove cadernos. O Programinha, suplemento voltado para o público infantil, circula aos domingos.
Antes da formatação atual, o Programinha possui outro nome e era um suplemento terceirizado, produzido pela empresa Criar Comunicação Integrada. O Matinê investia muito em entretenimento e ilustrações. Em 1993, o Matinê passou por transformações em sua diagramação e em seu conteúdo, passando a se chamar Programinha. A partir daí, o suplemento deixou de ser terceirizado.
Atualmente, o caderno tem oito páginas. A matéria de capa, geralmente, ocupa duas páginas. O “Roteiro”, que traz dicas de cinema e teatro, vem sempre na página dois, assim como o Clube Mirim, que dá destaque para as promoções. A seção “Quero entender” vem sempre na página três e tem caráter explicativo. As brincadeiras e estórias-em-quadrinhos aparecem na seção “Divirta-se”, sempre na página seis. A última página é destinada às resenhas de livros infantis.
Nas cinco edições do suplemento analisadas (de 29 de julho de 2007 a 26 de agosto de 2007), são encontrados vários critérios de noticiabilidade, que diferem assuntos corriqueiros daqueles que têm potencial para se transformar em matéria jornalística. As matérias do Programinha abordam assuntos e temas recentes e importantes em determinado período. A volta às aulas foi tema da edição do dia 29 de julho. Ainda dentro desse critério, o suplemento busca enfatizar datas comemorativas, como o Folclore (edição de 19 de agosto), o dia do estudante (edição de 12 de agosto) e a comemoração dos cem anos de Oscar Niemeyer, um dos mais importantes arquitetos da história brasileira (edição de 05 de agosto).
Outro critério de noticiabilidade muito presente nas matérias é a proximidade. Os fatos que acontecem próximo aos leitores ganham notoriedade e transformam-se em notícias. É o caso da matéria da edição de 26 de agosto, “Estudante no mundo da Lua”, que traz informações sobre um projeto de uma escola de Belo Horizonte que incentiva os alunos a estudar as estrelas. Outro exemplo é a matéria da edição de 12 de agosto, que aborda outro projeto escolar em que as crianças têm aula de teatro para incentivar a leitura.
O Programinha adota uma linguagem simples, que permite fácil compreensão do leitor. Há uma combinação da linguagem formal com a informal. Os textos têm expressões coloquiais, mas as regras gramaticais não são desprezadas a fim de criar um texto “fácil de se ler”. Nenhuma edição possui glossário para explicação de termos difíceis.
As ilustrações, na maioria das vezes, são bem exploradas pelo suplemento. As fotos e os desenhos têm ligação com o texto, estimulando a leitura das crianças. A própria capa do suplemento se resume a uma grande ilustração e uma frase ou palavra de efeito sobre a matéria principal do caderno. As imagens publicadas no interior do suplemento trazem muitas imagens de crianças, traduzindo uma preocupação em garantir a participação desse público na composição das matérias.
Apesar da conexão entre ilustrações e texto, algumas vezes, o suplemento peca por colocar um texto longo demais, dispersando a atenção e o interesse das crianças. É o caso da matéria “Teatro vira antena para o mundo”, da edição de 12 de agosto.
O Programinha também utiliza gráficos e boxes para chamar a atenção para determinados assuntos. Os gráficos permitem que as crianças compreendam melhor os assuntos e enriqueçam seus conhecimentos.
Todas as páginas do caderno são coloridas e o desenho das letras varia. Nos textos, o tipo da letra permanece sempre o mesmo, não prejudicando a leitura. A diagramação do Programinha não é padronizada. Cada página tem uma diagramação diferente. Apenas a página dois, que tem a seção “Roteiro”, tem sempre o mesmo formato.
Várias categorias do jornalismo são encontradas no suplemento analisado. O jornalismo interpretativo está presente em todas as edições estudadas. Semanalmente, o Programinha publica uma matéria principal, que é a reportagem de capa. Essas matérias são aprofundadas, mostrando as causas e possíveis conseqüências de determinado fato. Na edição de cinco de agosto, por exemplo, o jornal publicou uma grande matéria sobre o livro dos recordes no reino animal e vegetal. Vários boxes explicativos e imagens foram utilizados para explicar melhor o tema. A matéria teve continuação na página sete, citando uma série de exemplos do livro dos recordes. O jornalismo informativo destaca-se, principalmente, na seção “Quero entender”.
O jornalismo opinativo é encontrado na seção “Livro”. Sempre na página oito, a resenha mostra a opinião pessoal da editora do suplemento a respeito de determinados livros. Apesar de usar uma linguagem apropriada e fazer textos criativos, é possível perceber que a editora, em suas resenhas, conta toda a história dos livros, inclusive o final. Isso é negativo porque os textos podem não despertar a curiosidade e o interesse das crianças em ler o livro, afinal, já sabem toda a história.
A página dois do Programinha tem dicas de teatro e o Clube Mirim, que traz lojas conveniadas ao jornal e garantem descontos aos assinantes do Hoje em Dia. Nessa página, em um espaço reservado, há endereço das lojas conveniadas. Em todas edições há anúncios publicitários. A propaganda, algumas vezes, vem acompanhada de informações que podem ser inseridas em um contexto pedagógico. É o caso da edição de 19 de agosto, que aborda um grande aquário chamado Mundo das Águas. A publicidade do local vem acompanhada da importância da responsabilidade social com o meio ambiente.
As publicidades da página dois vêm camufladas sobre o aspecto de textos informativos. Na edição do dia cinco de agosto, por exemplo, o título da propaganda é “Broto Legal”. O pequeno anúncio trata de um salão de beleza para crianças chamado “Salão Mônica Cabeleireiros”. As crianças que forem ao salão mostrando o anúncio até o final do mês de agosto ganhariam 10% de desconto no corte e as crianças que ligassem até o dia 10 do mesmo mês poderiam ganhar cortes de cabelo grátis. Os critérios para ganhar a promoção não são explicados no anúncio.
A página seis do Programinha é sempre destinada à seção “Divirta-se”, que traz estórias-em-quadrinho, chamadas “Mendelévio”. Apesar de estimularem a leitura, as estórias-em-quadrinho apresentadas no jornal não contribuem para o desenvolvimento intelectual das crianças. Os temas abordados nas tirinhas não são adequados para o público infantil. Grande parte dos assuntos limita-se à briga entre irmãos, que mesmo trazendo ironia, correm o risco de não serem compreendidas pelas crianças.
O jornal Hoje em Dia que circula aos domingos custa dois reais. A variável preço definida pelo jornal é bastante competitiva, pois nesse dia, o jornal apresenta diversos cadernos, incluindo o suplemento infantil Programinha. Além disso, poucos jornais de Minas Gerais apresentam um caderno voltado exclusivamente para o público infantil, garantindo um diferencial para o Hoje em Dia. Transformando, assim, o preço em uma variável menos relevante nas estratégias de marketing.
O jornal Hoje em Dia investe pouco em publicidade para o público infantil. As promoções são poucas e a participação do público também é pequena. Não há seção de cartas nem um espaço onde as crianças podem divulgar desenhos e outros tipos de arte. Não há publicidade sobre o caderno infantil em outros suplementos do jornal que circulam durante a semana. Entretanto, periodicamente, o Hoje em Dia realiza, junto às escolas infantis, visitas monitoradas pela redação do jornal. Essa é uma boa forma de atrair o público infantil.
O jornal Hoje em Dia pode ser comprado em bancas em todo o estado de Minas Gerais e em alguns outros estados do país. O jornal também pode ser assinado por consumidores de todo o Brasil. Conhecida como “praça”, no mix de marketing, a distribuição do Hoje em Dia é eficiente e atende seus consumidores adequadamente.
Além da distribuição tradicional, o jornal pode ser lido pela Internet, contendo, inclusive, edições antigas. Para ler as matérias, não é preciso ser assinante do jornal. Apenas um cadastro feito no próprio site garante acessibilidade ao conteúdo.
5 Conclusão
A partir do estudo das edições do suplemento infantil do jornal Hoje em Dia, Programinha, já citadas na análise, percebe-se que o suplemento explora as estratégias de marketing muitas vezes de forma positiva outras vezes, de uma maneira ineficiente. O marketing auxilia o jornalismo na construção social de uma realidade particular e apropriada para o público infantil.
O suplemento, produto final direcionado às crianças, utiliza uma linguagem apropriada para o público infantil. A abordagem da maioria das reportagens também é adequada. Os desenhos e ilustrações têm ligação direta com o texto e atraem a atenção das crianças para as matérias. Entretanto, muitas vezes, os textos são longos demais e acabam, assim, dispersando a atenção das crianças.
As diversas classificações do jornalismo podem ser encontradas no Programinha. O jornalismo interpretativo é bem explorado pelo suplemento, estando presente em todas as edições analisadas. Essa categoria é encontrada nas matérias principais de cada edição, sempre as matérias de capa. O jornalismo informativo também é encontrado em todas as edições analisadas. Já o jornalismo opinativo é encontrado nas resenhas dos livros infantis. As indicações de leitura, apesar de escritas de forma atraente, não cumprem bem seu papel. Os textos trazem todas as informações sobre os livros, inclusive o final, o que pode desestimular a leitura do livro.
A publicidade tem seu espaço reservado no caderno e não é uma grande influência na escolha das pautas das reportagens. Entretanto, as propagandas vêm camufladas sobre o aspecto de texto informativo. Esse aspecto é negativo, pois coloca em dúvida a credibilidade de todas as outras matérias produzidas pelo caderno.
O preço do jornal Hoje em Dia é compatível com o mercado. O jornal pode ser comprado em todo o estado e também em outros estados do país. Além disso, a facilidade de acesso ao conteúdo do jornal pela internet é um ponto positivo que atrai leitores.
Apesar de construir uma realidade apropriada para o público infantil, o Programinha apresenta falhas na exploração do jornalismo e do marketing. Os quadrinhos, por exemplo, tendem a abordar temas pouco apropriados para o público-alvo, contribuindo de forma negativa para o desenvolvimento infantil. O jornal Hoje em Dia também explora pouco a divulgação do próprio suplemento. Além disso, as promoções e a participação do público também são escassas. Não há um espaço de interatividade entre os leitores.
As estratégias de marketing apóiam o jornalismo na construção social da realidade para o público infantil. Entretanto, elas poderiam ser mais exploradas pelo suplemento, garantindo, assim, um número maior de leitores e um produto mais eficaz.
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