A Necessidade de Consumo e a Busca da Satisfação
Por Marcos Ferasso e Jorge Alberto Velloso Saldanha
12/04/2005
Considerando-se que o processo decisório decorre da constatação de
uma necessidade, que pode ser acionada por diversas variáveis que a
influencia, uma necessidade decorre de um processo psicológico de
percepção, resultante da comparação do estado atual e a situação
desejada. Estas variáveis podem ser consideradas as mudanças em
determinadas circunstâncias que desencadeiam o surgimento de novas
necessidades.
Para reconhecer uma necessidade, é necessário que o indivíduo
perceba a diferença entre a situação real e a situação desejada.
Caso esta percepção não ocorra, o reconhecimento da necessidade não
ocorrerá. Para reconhecer esta necessidade, ela deve ser percebida
como importante pelo indivíduo. Assim, como decorrência deste
processo, os consumidores acreditam que a solução àquele problema
esteja ao seu redor.
Assim como as variáveis, os profissionais de marketing também podem
influenciar no aumento da probabilidade de ocorrência de
determinadas necessidades através de propagandas e inovações.
Ativada a necessidade, ocorrerá um processo de busca para a
satisfação da necessidade constatada. A ativação de necessidades
podem decorrer da passagem do tempo, da mudança de circunstâncias, a
aquisição de produtos adicionais, o consumo em si e diferenças
individuais. Esta busca ocorre, inicialmente, no interior do
indivíduo (em sua mente) que pode fornecer soluções satisfatórias
para o atendimento da necessidade surgida e, caso não as encontra, o
indivíduo passará a procurar no ambiente as soluções adequadas. A
busca interna leva em consideração soluções anteriores que são
lembradas e implementadas. Esta busca interna depende da adequação
ou da qualidade de seu conhecimento existente, do seu envolvimento,
das suas crenças e atitudes, além de características demográficas.
Compradores de primeira vez podem ser inexperientes ao passo que
consumidores experientes podem estar “desatualizados”. Mesmo
ocorrendo a busca interna como estágio “inicial”, algumas pesquisas
exteriores também são efetuadas. Estas variáveis (busca de
satisfação das necessidades, buscas internas e externas) podem
oscilar de acordo com os consumidores, além de estar atreladas à
características situacionais, mercado e dos próprios consumidores.
Porém, as buscas externas não se classificam exclusivamente com o
caráter de compra imediata. Podem surgir casos em que consumidores
entram em uma fase de busca contínua face ao seu apego a determinado
produto, o que os fazem estar constantemente em contato com aquele
produto. O grau de busca está relacionado ao tipo de processo
decisório. A quantidade de busca externa pode variar de indivíduo
para indivíduo.
Tão importante quanto entender quanto os consumidores procuram é o
entendimento da direção da busca. Saber quais marcas os consumidores
têm como ideais durante o processo decisório facilita o entendimento
da visão do consumidor a respeito do conjunto competitivo da
organização.
Neste sentido, os profissionais de marketing devem estar atentos a
períodos em que o consumidor identifica determinada necessidade e
pode ser vulnerável através de uma propaganda. Além disso, muitas
decisões de compra são tomadas no ponto-de-venda, onde as
informações (tanto dos rótulos como dos vendedores) são cruciais. A
venda pessoal torna-se vital em um processo decisório pois em muitos
casos o consumidor confia nas opiniões de vendedores. Soma-se a isto
a mídia de massa, os contatos sociais (amigos e família que são
fontes de informação), a seqüência de busca (marca, atributo).
Logo, compreender o processo de busca do consumidor pode indicar,
aos profissionais de marketing, onde algumas estratégias
mercadológicas podem voltar e intensificar seus esforços. Uma vez
que se sabe quanto os consumidores estão dispostos a procurar e
quais são as fontes consultadas que balizam a referida busca,
pode-se, a partir disso, direcionar estratégias de preço, promoção e
distribuição de uma empresa de forma mais eficaz.
Adm. Jorge Alberto Velloso Saldanha
Administrador, Professor, Mestre em Administração pela UFSC.
Adm. Marcos Ferasso
Administrador, Especialista em Gestão Empresarial pela UNOESC.
[1] Artigo baseado na obra de Engel, Blackwell e Miniard:
Comportamento do Consumidor, de 2000.