Pare de Pensar como Adulto
Por Paulo Angelim
06/02/2008
Hoje, as empresas e os profissionais estão sendo desafiados, a cada
momento, a serem criativos. O ambiente de negócios está mudando
muito rápido, e as empresas tem que ser ágeis em acompanhar ou se
antecipar às mudanças. Mas não basta mudar. Tem que mudar
inovativamente. É aí que a criatividade é convidada a entrar em
cena. O excesso de raciocínio lógico/cartesiano nas organizações, e
a sisudez conseqüente, tem matado a capacidade criativa das pessoas
que a compõem.
Muitos se desculpam afirmando que nem todo mundo é criativo, ou tem
a capacidade de fazer coisas criativamente. Eu afirmo,
taxativamente: todos, os normais, temos a capacidade de criar.
Alguns, por uma questão comportamental, podem não ter a iniciativa
necessária para dar atividade ao que foi criado(cria + atividade =
criatividade). Isso é outra questão. Mas criar, todos nós podemos; e
é preciso estimulá-la. As empresas precisam estar conscientes em
criar um ambiente propício ao afloramento das idéias imaginativas,
desprendidas da realidade percebida(vigente), enfim, criativas. E
isso é condição imperativa para o sucesso dos profissionais e
empresas no próximo milênio.
Às vezes me pergunto porque a grande maioria das empresas bloqueiam
a criatividade, inibindo a existência de um ambiente divertido,
propício às brincadeiras, ao humor, ingredientes indispensáveis à
imaginação criativa. E o que a brincadeira, diversão, tem a ver com
criatividade? Você tem que, agora, transformar sua organização em um
circo, ou um parque infantil? Não é nada disso. Lembra deste trecho
de um pagode de sucesso, ”Brincadeira de criança, como é bom, como é
bom!”. Se é tão bom, por que adultos param de brincar como crianças?
Lembra quando você era criança, e em sua imaginação, a boneca se
transformava como num passe de mágica em uma rainha? Lembra quando o
carrinho que você puxava era, em sua cabeça(ou coração), um carro de
guerra, prestes à combater o exército inimigo? É esse pensamento
imaginativo, sem fronteiras, sem limites, quase irresponsável, e que
você já teve quando criança, que pode estar lhe fazendo grande falta
em sua atividade de trabalho nos dias de hoje. E é exatamente por
isso que você e sua empresa tem sido vistos como os “eternos
previsíveis”, imutáveis.
Digo-lhe, com todas as letras: em pouco tempo, isso vai matar sua
empregabilidade, ou sua empresa. Vejo que são muitos os casos de
empresas que não estimulam a criatividade. Um exemplo intrigante
para mim, e que me perdoem os amigos publicitários, é o das agências
de propaganda. Não entendo porque em algumas delas, um único
departamento recebe o nome de criativo, se a criação é cerne do
produto de uma agência. Quer dizer que quem tiver fora deste
departamento, finalizadores, atendimentos, mídias, não podem se
considerar como criadores? Posso estar equivocado, mas criatividade
deve ser condição inerente à todo e qualquer colaborador de uma
agência. É uma variável que deve permear toda a organização, e não
intitular um único departamento. Considero isso, além de inibidor e
desestimulante, um contra-senso diante daquela que deve ser a missão
de qualquer agência: agir criativamente. Criar não pode ser encarado
como uma função.
É um atributo, assim como o raciocínio lógico / matemático é em um
banco. Ele deve ser uma condição presente em todos os que fazem uma
organização financeira. Não caberia um departamento que produzisse
isso. Em um planejamento estratégico, definimos o negócio de um
departamento perguntando o que o departamento gera, produz, entrega.
No caso do “departamento de criação” de uma agência a resposta é
peças publicitárias, campanhas criativas. O produto final não é a
criatividade, e sim a peça publicitária ou a campanha, que devem ser
produzidas com criatividade. Saindo do exemplo e finalizando a
reflexão sobre a questão principal do artigo, além do ambiente
propício, agir criativamente exige uma atitude interior por parte do
profissional. Pare de pensar como adulto. Pense como criança.
Aja como adulto. Quando pensar não busque, de imediato, racionalizar
seu pensamento. Racionalize a ação. Ou seja, como uma criança suba
em um muro e pense que é o Super-Homem ou a Mulher Maravilha. Mas,
como adulto, desça logo em seguida. Afinal, você sabe que se pular,
poder nenhum lhe fará sustentar no ar. E terá valido à pena? Sim. De
cima do muro você descortinou um outro horizonte. Talvez a solução
que sua empresa estava precisando. Ah!. Não custa nada pedir à Deus,
o criador, que lhe ilumine. Bom trabalho!.