Pensando a Estrutura Organizacional
Por Wagner Herrera
24/05/2007
Introdução
A palavra organização, do grego ‘organon’, significa algo como
“reunião de meios para atingir um fim”. A partir do séc XIX, ela
adquiriu vida própria, passando também a representar uma “reunião de
meios” específica, juridicamente determinada, da qual as empresas
são as representantes maiores.
É a composição, estrutura, inter-relacionamento regular das partes
que constituem um ser vivo’. (Dic. Houaiss)
A Organização, no sentido jurídico, é uma reunião de pessoas e bens
com o objetivo de produzir determinado produto ou prestar
determinado serviço. Ela reúne elementos tangíveis, como prédios,
móveis, equipamentos, veículos etc. e elementos intangíveis, como a
tecnologia ou o sistema operacional adotado durante suas atividades.
Numa visão sistêmica, a organização como um sistema vivo definido
por seu ciclo de vida com perenidade dependente da eficácia de sua
gestão, faz parte de uma cadeia relacional no meio ambiente de
inserção, quer seja, o ambiente empresarial.
Numa visão holística, há que se orientar o estudo do todo (mercado)
para as partes (organização).
Movimentos de Fragmentação
Assim, num primeiro movimento de fragmentação, faríamos a dicotomia
da Organização em Governança e Inteligência, sendo, a primeira, o
núcleo de controle que a empresa tem de si mesma e, a segunda, a
auréola de interação com o ambiente; figurativamente: uma
“nebulosa”.
Num segundo movimento, desmembraremos o ‘núcleo’ baseando-se no
conceito de Mintzberg (1995 p17) que vê a organização como:
1 Cúpula Estratégica:
· administração das condições fronteiriças,
· satisfação à governança (stakeholders),
· desenvolvimento de estratégias.
2 Linha Intermediária:
· cadeia de comando entre a cúpula e o núcleo.
3 Operações Finalísticas:
· núcleo operacional gerador de resultados,
· relação direta com produtos, clientes, fornecedores.
4 Tecnoestrutura:
· planejamento,
· controle
· regulamentação e padronização.
5 Assessoria de Apoio: infra-estrutura de apoio corporativo
(assessorias, relações ...).
Na visão de Mintzberg, observamos um nítido agrupamento das
configurações por natureza de processos, indo de encontro ao
pensamento de Hammer que “a organização é uma estrutura lógica de
processos”,
A ciência clássica da Administração vem nos impondo, desde o século
passado até os dias atuais, uma estrutura baseada em ‘caixotes’
funcionais particionando-a fisicamente em espaços e agrupando
pessoas por funcionalidades, mas Hammer e Champy (1994, p 19) alerta
que “as pessoas envolvidas em um processo olham ‘para dentro’ de
seus departamentos e ‘para cima’ em direção aos seus chefes, mas
nunca ‘para fora’ em direção ao cliente”.
Aqui, faço um parênteses para conceituar o termo ‘cliente’, como
sendo alguém (organização ou indivíduo) para quem produz-se algo
desejado e de valor’, tanto aos clientes internos à empresa (áreas
funcionais ou colaboradores) ou externos - clientes propriamente
ditos, e também, o termo ‘processos como um conjunto de atividades
concatenadas e contínuas para geração de produtos, serviços ou
informações em escala’.
Hammer e Chapy (1994, iii) nos ensina que a Organização é uma
estrutura lógica de processos, cujo o conceito é de um “Conjunto de
atividades que tomadas conjuntamente, produzem um resultado de valor
para o cliente”.
Daí concluirmos que, a Organização é um sistema estruturado em
processos e recursos destinados a produção de bens ou serviços.
No terceiro movimento, fragmentaremos as “configurações básicas de
Mintzberg” em grupamentos menores (áreas funcionais) contendo
processos e especialidades:
1. Diretoria Executiva: processos responsáveis pela condução da
empresa - diretrizes, políticas, estratégias, o capital,
crescimento, sustentabilidade e relacionamentos com as governanças ,
Assessorias Técnicas (Planejamento Estratégico, Jurídica, Fiscal,
Contábil...)
2. Controladoria: processos de regulamentação, padronização,
planejamento e controle dos processos gerenciais, contábeis,
fiscais, operacionais, seguridade patrimonial, sendo incluídos aqui:
Finanças, Fiscal, Contábil, Custos, Orçamento, PCP, Apoio Técnico,
Auditoria, PO, CQ, Métodos, Patrimônio...
3. TI: processos responsáveis pela eficiência e eficácia da
infra-estrutura informacional como sistemas de informação, redes
(Internet, Intranet), Segurança da Informação, Sistemas
transacionais...
4. Relações Institucionais: Relações Públicas, Humanas (RH,
pagamento), Comunicação, Trabalho, Segurança, Aprendizagem,
Treinamento, Call Center, SAC, Responsabilidade Social...
5. Operações: processos geradores de negócios (fullfilment ) que
produzem os resultados essenciais, como comprar, fabricar, vender e
entregar; através das setores de Vendas, Produção, Inspeção,
Logística, Compras, Assist. Técnica...
6. Assessoria de Apoio: Reprografia, Nutrição, Manutenção, Limpeza,
Segurança, Grêmio, Biblioteca,
Aqui, agregamos ao organograma as funcionalidade de Inteligência:
7. Inteligência: processos de conhecimento, análise e entendimento
do comportamento do ambiente externo, pelas áreas de Marketing, P&D
de tecnologias e metodologias; e Inteligências concorrencial, de
mercado, empresarial e ambiental.
Fragmentação por Processos
Resumindo, temos uma estrutura organizacional embasada pela natureza
dos processos que permeiam qualquer organização:
1. Processos de condução (diretivos): Direção Executiva (Alta
Administração)
2. Processos de integração (regulamentação e controle):
Controladoria
3. Processos de tratamento da informação (informacionais):
Tecnologia da Informação
4. Processos de relacionamentos (interação): Relações Industriais
5. Processos operacionais e de negócios: Operações
6. Processos de sustentação: Assessoria de apoio
7. Processos de Inteligência (investigação e entendimento).
Conclusão
Desculpamo-nos pela omissão de alguma função de relevância na
organização, mas cremos que elencamos as principais, pois tomamos
como base o setor da indústria. Para tanto basta aplicar a outros
setores do empresariado o conceito sistêmico de processos para
definir o posicionamento de alguma funcionalidade não descrita no
presente trabalho.
Wagner Herrera é Graduado em Ciência da Computação e Engenharia de
Producao na Universidade Mackenzie (SP) e pós-graduação em
Administração Estratégica no IESC- Instituto de Ensino Superior
Camões (Ctba-PR)