Pesquisa de Satisfação é Perda de Tempo?
Por Carlos Alberto de Faria
18/06/2007
"Gosto não se discute, gosto se pesquisa!"
Autor desconhecido
Sim! Pesquisas de satisfação são perda de tempo!
As pesquisas de satisfação podem ser consideradas perda de tempo e
de dinheiro para a nossa empresa, seja ela qual for.
Mataremos a cobra e mostraremos o pau! Diremos os por quês desta
nossa afirmação e apresentaremos duas opções de pesquisa: uma
referenciada neste boletim e outra no próximo Boletim Semanal.
Esclarecendo, entendemos por pesquisas de satisfação aquelas que
perguntam para um atributo qualquer (a característica YKZ"):
Qual a sua satisfação com relação à "característica YKZ" oferecida
pela empresa XPTO?
( ) Muito satisfeito
( ) Satisfeito
( ) Nem satisfeito, nem insatisfeito
( ) Insatisfeito
( ) Muito insatisfeito
Normalmente as nossas pesquisas de satisfação envolvem um tempo
considerável em sua preparação, aplicação e consolidação dos dados,
sem falar nos custos envolvidos nesta operação toda. Mas a pergunta
que fica, após o comentado até aqui, é:
- "As pesquisas de satisfação são efetivas?"
A principal razão que indica a possível inadequação das pesquisas de
satisfação é que elas não favorecem a ação, não propõem algo que se
faça de efetivo para agregar valor ao conjunto de pessoas, objeto da
pesquisa:
- Se clientes, para que eles comprem e repitam compras, para
fidelizá-los.
- Se empregados, para que estes aumentem a sua produtividade na
empresa.
Outras três fortes razões para não se fazer pesquisas de satisfação
na nossa empresa são:
- A satisfação do cliente não é condição para a fidelização.
- A satisfação não garante participação de mercado.
- A pesquisa de satisfação não diz nada sobre sua posição
competitiva no mercado.
Vamos analisar com um pouco mais de profundidade cada um destes três
itens.
Primeiramente na satisfação, pura e simples, não é encontrada
nenhuma correlação com fidelização, aliás pesquisas mostram que pelo
menos 86% dos clientes que mudaram de fornecedor estavam satisfeitos
com o fornecedor anterior!
Em segundo, a pesquisa PIMS (Profit Impact of Market Strategy),
realizada por Bradley Gale, e difundida pelo seu livro "Gerenciando
O Valor Para O Cliente", publicado pela Pioneira Editora, mostra e
demonstra que o valor percebido pelo cliente, e comparado com os
valores de todas as empresas concorrentes, é que garante a
participação no mercado.
Por último, nós sabermos que o nosso cliente está muito satisfeito,
ou mesmo pouco satisfeito, não diz nada sobre a nossa posição
competitiva no mercado:
- Se o nosso cliente está muito satisfeito com a nossa empresa, em
um atributo qualquer, isto não quer dizer que os clientes do nosso
concorrente não estejam mais satisfeitos do que os nossos. E este
desconhecimento pode ser o dreno que faz com que nós estejamos
perdendo participação no mercado, com a convicção de que os nossos
clientes estão muito satisfeitos. Os clientes do concorrente estão
excepcionalmente satisfeitos e esta condição permite ao nosso
concorrente roubar uma fatia do nosso mercado de clientes muito
satisfeitos.
- Se o nosso cliente está pouco satisfeito com um atributo qualquer
da nossa pesquisa de satisfação, isto faz com que coloquemos nossos
esforços financeiros, humanos e materiais, na direção de aumentar a
satisfação dos nossos clientes. Esta nossa atitude pode não ter os
resultados esperados caso os nossos mais diretos concorrentes tenham
ainda uma nota inferior à nossa, neste atributo.
Eu sei que você vai me cobrar que não adianta só criticar e achar
defeitos, é necessário apresentar opções. É o que apresentamos a
seguir.
A proposta de Bradley Gale é altamente recomendada, não apresenta
nenhum dos inconvenientes e fraquezas das pesquisas de satisfação.
Ela só tem um defeito: é mais cara. Por esta pesquisa ser mais
complexa e fugir ao escopo deste artigo, para os interessados em
saber mais sobre esta pesquisa recomendamos a consulta ao livro e ao
artigo supra citados.
Convém ressaltar que a proposta de Bradley Gale, a pesquisa
comparativa de valor frente à concorrência é completa, sob o ponto
de vista de quem trabalhava com pesquisas de satisfação, mas também
mais trabalhosa.
Carlos Alberto de Faria é sócio diretor da Merkatus - Fonte:
Merkatus