Planejamento Estratégico: O desafio das micros e pequenas empresas
Por Christina Jacob
28/03/2010
Planejamento Estratégico: O desafio das micros e pequenas empresas.
Há centenas (para não exagerar muito) de informações sobre
Planejamento Estratégico na Internet, através de livros, cursos,
consultorias, workshops e por ai vai...Mas então, se a informação é
tão vasta, por que de fato as empresas de pequeno porte não o
realizam? Será por desconhecimento ou por incredulidade? “Afinal,
por que tenho que gastar tempo e dinheiro com isso se o meu negócio
é tão pequeno e fácil de administrar?” Esse pensamento é
praticamente unânime entre os empresários das micro e pequenas
empresas. Então me pergunto: Haveria uma relação entre esse
pensamento e o fato de que cerca de 70% das empresas fecham no seu
primeiro ano de atividade? Acredito que sim e a questão é que não
houve planejamento prévio para a abertura do negócio e muito menos
definição da sua identidade, público-alvo, ações de comunicação
efetivas, análises financeiras e todas aquelas “coisas chatas” que
os consultores ficam apontando a seus clientes.
Mas por outro lado nós, os consultores, não conseguimos de fato
convencer esses empresários sobre a importância do PLANEJAR. E não é
raro, quando contratados para esse fim, os resultados serem
frustantes para ambos os lados. Ao longo do tempo descobri ( e não
julgo uma grande descoberta, mas uma constatação) que o pequeno
empresário necessita de um Consultor-Psicólogo-Pedagogo. Descobri
também que metodologias “cartesianas” do Planejamento Estratégico,
não se aplicam na integra para esse nicho. E por fim, descobri que
de fato não há tanto tempo e dinheiro para o planejamento e é ai que
o consultor precisa ter muito jogo de cintura para entender a
problemática de seus clientes e propor-lhes uma solução adequada e
de resultados.
Também sou incrédula (e não só em relação as micro e médias
empresas) na eficácia de um planejamento que consome tanto tempo e
recursos e que acaba sendo engavetado com um carimbo vermelho:
INVIÁVEL! Enquanto consultores, acreditamos que somos pagos para
apontar erros e propor as “nossas soluções”. E ai surge o dilema:
“Como podemos apontar os erros a alguém que desconhece as suas
causas”? Ou ainda: “Como podemos propor soluções mágicas que não são
entendidas na prática”? Não quero generalizar, porque também não
tenho massa crítica para tal, mas asseguro que muitos empresários
quiseram me fuzilar (longa e demoradamente, se é que isso é
possível), quando sugeri que desenvolvêssemos um Plano Estratégico
para a Empresa. Alguns jogaram-me (quase na cara, sem
brincadeira...) uma apostila muito bonita, encadernada e cheia de
gráficos coloridos e planilhas “abarrotadas” de números, pelas quais
pagaram uma “fortuna” e que não serviu para nada! Analisei alguns
desses PE´s (Planos Estratégicos) e não posso negar que alguns foram
muito bem feitos, em tese. Só havia um probleminha na maioria deles:
“Não retratava a realidade do cliente”. Aplicá-lo, e ai concordo com
esses empresários, seria inviável e improdutivo. Não tenho por
objetivo e muito menos pretensão apontar “erros” e sim trocar
experiências profissionais.
Em 2009, as micros e pequenas empresas sustentaram a geração de
empregos no Brasil. É triste pensar que boa parte delas estará
fechando suas portas em 2010...Bom, mas outras serão abertas até em
maior proporção, então...Então o estrago está, continuamente, sendo
feito. Trabalhei muito com grandes corporações nacionais e
multinacionais. Muitas planejavam. Tanto até que o “planejamento do
plano do planejamento” demorava quase o ano todo e quando o Plano
Estratégico de fato começava, o ano já tinha acabado e era
necessário dar início a um novo “planejamento do plano do
planejamento”. Exageros a parte, quem, uma vezinha na vida pelo
menos, já não se deparou com isso?
Então, voltando as pequenas e micro empresas, que “vendem no almoço
para pagar o jantar” (e isso é uma realidade), como proceder? A
regra é a de 2 para 1. Para cada atividade do PE, uma parte é
relativa ao planejamento e 2 para a prática. Mas isso não
significaria adotar a política do erro e acerto na casa do cliente?
Na minha visão e na prática dessa regrinha, descobri que não. Que
esse pode ser um caminho para se implementar um PE na base da
pirâmide empresarial de forma segura. Nesse modelo os consultores
precisam estar preparados para colocar a mão na massa juntamente com
o clientes. Ensiná-los sim e testar até mesmo, se aquele modelo
teórico funcionará na prática e ainda de forma rápida (lembrem-se
que os recursos são escassos). Não se trata aqui da idéia de fazer a
parte que cabe ao cliente, mas ensiná-lo, através de “exercícios
práticos” como gerir e administratar sua empresa, com base no
planejamento. Prepará-lo até para que essa prática seja incorporada
ao negócio e que os demais PE´s possam ser feitos por eles próprios.
Talvez se a visão consultiva para micro e pequenas empresas mudar,
essa mesma base da pirâmide torne-se mais crédula quanto a
importância do PLANEJAR e possamos contribuir de forma positiva para
com as estatísticas assustadoras de empresas que cerram suas portas
anualmente.
Christina Jacob – Consultora Sênior em Planejamento Estratégico e
Marketing de CRM - christina@neoaxis.com.br - www.neoaxis.com.br -
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