Pobreza e Riqueza: Um estado de Espírito
Por Jerônimo Mendes
10/11/2008
Uma das afirmativas mais infelizes que você vai ouvir durante toda a
sua vida é a famigerada “sou pobre, mas sou feliz”. Em diferentes
lugares, por diversas razões, algumas explicáveis, outras não, há
sempre um inconformado pronunciando esse ditado, ainda que o faça em
tom de brincadeira. Entretanto, poucos imaginam o estrago que isso
pode provocar na vida das pessoas. Afirmações dessa natureza, quando
repetitivas, são absorvidas rapidamente pelo subconsciente, tornando
a condição de pobreza sua fiel companheira até o dia em que a
própria pessoa decida mudar a linguagem para quebrar o “feitiço” das
palavras.
Obviamente, esse jargão tem um cunho de verdade, considerando que a
felicidade é um estado de espírito e não depende, necessariamente,
de dinheiro; porém, não há como negar, um saldo bancário confortável
ajuda a aproximar essa tal felicidade, desde que haja bom senso e
equilíbrio quanto ao uso do dinheiro e este, por sua vez, não torne
as pessoas medíocres nem avarentas.
Há dois extremos possíveis, ambos totalmente prejudiciais: pobre e
infeliz, rico e avarento. Contudo, não existe pobreza maior do que a
pobreza de espírito. Afirmações do tipo “sou pobre, mas sou feliz”,
“sou pobre, mas sou honesto” ou ainda “sou pobre, mas não sou
ladrão” tendem a levar as pessoas do nada para lugar nenhum. Como
diz a máxima judaica, a única pobreza possível é a ignorância,
portanto, nesse sentido, ninguém precisa afirmar aos quatro ventos
sua condição de honestidade para ser reconhecido na sociedade.
Quando uma pessoa é íntegra, honesta e ética, por assim dizer, o
fato de ela ser menos abastada não faz a menor diferença, pois o que
conta é o caráter.
Por outro lado, de acordo com Alfred Whitehead, filósofo e
matemático inglês radicado nos Estados Unidos, “uma das grandes
falácias do modo americano de pensar é a de que o valor humano se
constitui de um conjunto particular de atributos que conduzem ao
avanço econômico. Isso está longe de ser verdadeiro”, portanto, as
razões de muitas fortunas são inexplicáveis.
Para Whitehead, “dois terços das pessoas que conseguem ganhar
(muito) dinheiro são medíocres, e pelo menos metade delas se
encontra moralmente em baixo nível.” No seu conjunto, elas são
vastamente inferiores a outros tipos que não se animam por conta de
motivos econômicos, assim como artistas, professores e outros
profissionais que realizam trabalhos dos quais gostam por si mesmos
e ganham apenas o suficiente para prosseguir.
Quer você seja rico, quer você seja pobre, o seu modo de pensar,
agir e falar influencia diretamente a sua maneira de ver o mundo, de
beneficiar-se dele e também de ser julgado por ele. Tal como as
palavras, os pensamentos e as ações são determinantes na atração ou
na repulsão da pobreza e da riqueza; a escolha é meramente pessoal;
as conseqüências são inevitáveis.
Nesse sentido, tenho procurado fazer a minha parte e tentado, de
todas as formas, elevar o espírito das pessoas que me escrevem
diariamente, contando suas histórias de vida. Riqueza e pobreza são
estados de espírito. Ambos podem ser alterados de acordo pela
convicção.
Penso que não há nenhuma virtude na pobreza. Pergunte a um amigo o
que ele mais deseja na vida e as respostas invariavelmente serão:
estudar, crescer profissionalmente, ganhar mais, ser feliz,
trabalhar por contra própria. Ninguém nasceu para viver num casebre,
vestir-se mal ou passar fome. Estamos aqui para progredir,
prosperar, contribuir e ser feliz.
A melhor maneira de promover o próprio bem-estar e elevar o
espírito, independentemente da sua condição financeira, é adotar um
discurso mais alegre e otimista. Pense no poder das palavras, seja
menos amargo, equilibre-se na balança da vida. Você não precisa ser
rico para ser feliz nem infeliz para ser rico; portanto, mude seu
discurso e sua vida mudará radicalmente. Pense nisso e seja feliz!
Jerônimo Mendes é Administrador, Consultor e Palestrante
Autor de Oh, Mundo Cãoporativo! (Qualitymark) e Benditas Muletas
(Vozes)
Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE