Por que as empresas preferem os otimistas
Por Gisela Kassoy
20/10/2007
Já houve um tempo em que criticar gerava status. Frases como "não
vai dar certo", acompanhadas de um nariz empinado, geravam respeito
a quem as proferia e aliviava muitos, afinal, tudo poderia continuar
do jeito que estava. Mas hoje, é possível não mudar? Pense bem:
quando um produto tem sucesso, a concorrência copia, adapta, melhora
ou vende mais barato. Assim sendo, temos que estar sempre inovando.
Além disso, consumidores e clientes estão sempre atrás de novidades.
Precisamos, portanto, criá-las. Pode acontecer ainda que nossa forma
de atuar seja destruída do dia para a noite por uma nova tecnologia.
Isto sem falar nos imprevistos que revolucionam nosso planos, que
vão desde as crises mundiais até o sucesso de um concorrente.
Assim, as empresas são forçadas a viver em mutação constante.
Mais do que isso, não existe mais uma mudança de "A" para "B", mas
sim uma mudança de "A" para alguma coisa que se assemelha a um "B",
mas que ninguém sabe ao certo o que será. Já que temos que inovar
sempre, não podemos mais eliminar os riscos, precisamos lidar com
eles, monitorá-los, administrá-los.
Pois bem, o melhor uso que se pode fazer do pessimismo é usá-lo para
evitar o risco, e é por isso que ele foi aceito e valorizado por
tanto tempo.
Mas, para administrar o risco, precisamos de um desejo, uma visão,
um objetivo e muita garra para chegarmos lá, aconteça o que
acontecer (e dá-lhe imprevistos...). É aí que entra o otimismo.
É este estado de espírito - chamado de fé pelos mais místicos - que
nos dá garra, ajuda a geração de idéias, nos torna agradável aos
olhos dos outros.
Mas falemos sobre o otimismo de uma forma mais terrena: o economista
Eduardo Giannetti, em seu livro Auto-Engano, dá o exemplo da pessoa
que adianta seu relógio para não se atrasar. Ela sabe que o relógio
está adiantado. Mas finge que não sabe toda vez que lhe é
conveniente. Da mesma forma, nunca sabemos no que vai dar um novo
projeto, mas imaginarmos que ele vai dar certo influenciará sem
dúvida os resultados.
É por isso que hoje, sobrou para o pessimismo o que ele tem de pior:
pessimista virou sinônimo de derrotado, a pessoa que não quer tentar
pois não confia em sua capacidade, e que torce pelo fracasso dos
outros para poder justificar os seus.
Evidentemente, o otimista delirante, que teima em não enxergar os
fatos, corre mais riscos do que precisaria, o que a empresa também
não quer.
Gisela Kassoy - Consultoria em Criatividade -
www.giselakassoy.com.br