Pressão e opressão – O que mudou no dia-a-dia das empresas
Por Gisela Kassoy
20/10/2007
Qual a diferença entre pressão e opressão? Parece a mesma coisa, mas
não é. Chamemos de opressão o desrespeito a uma pessoa, a vontade de
diminuí-la, seja por disputa de poder, maldade ou simplesmente pela
falta de outros modelos de comportamento. Como exemplos de opressão
temos o assédio moral e sexual, as puxadas de tapete, as intrigas.
Chamemos de pressão a busca desenfreada por resultados, a falta de
tempo, os desafios que a concorrência provoca e todas as agruras da
pós-modernidade.
Felizmente, já não se fazem mais chefes como os de antigamente.
Oprimir não pega bem, não contribui para a carreira de ninguém, não
traz resultados para a empresa. Infelizmente as pressões de nossos
tempos são cada vez maiores. Assim, podemos dizer que sofremos de
uma forma diferente, mas continuamos sofrendo...
E quais são as diferenças do ponto de vista dos resultados? A
opressão sempre foi um forte aliado da manutenção do poder vigente.
Ao minar a auto-estima dos indivíduos, a opressão dificulta o
surgimento de novas alternativas, não há espaço para a divergência.
Um indivíduo oprimido pode até cumprir tarefas braçais ou
burocráticas, mas não trará inovações à empresa. A pressão, por sua
vez, até um determinado ponto, pode ser produtiva: não são poucos os
exemplos de soluções inesperadas, criadas justamente em função da
pressão - como o caso de intervenções cirúrgicas emergenciais
realizadas com talheres - ou até de invenções, como as que sugiram
durante as guerras.
Há pessoas que, consciente ou inconscientemente, geram formas de se
pressionarem para trabalhar melhor. Pensemos por exemplo, nos que
deixam suas principais tarefas para a última hora. Há os que adiam
seus deveres para ter uma boa desculpa para si ou para os outros
casos eles não se saiam assim tão bem. Mas há também as pessoas que
genuinamente só conseguem fazer as coisas na última hora. E
fazem-nas bem, pois a pressão do tempo atua a seu favor.
E as metas, para que servem? Não são elas instrumentos de pressão?
Contribuem ou não para a produtividade? Acredito que as metas
contribuem pouco quando são de fácil realização. Quando muito
difíceis, podem se tornar opressoras, e o tiro sai pela culatra. Mas
são perfeitas quando possuem aquela dose de desafio que alimenta a
autoconfiança antes e a auto-estima depois.
E como pressionar sem oprimir? Como absorver as pressões do
dia-a-dia de forma prazerosa e desafiadora? Como transformar pressão
em motivação? Se a opressão tem um percurso linear e que, na medida
em que aumenta, diminui a pessoa e sua produtividade, a pressão
mereceria um gráfico na forma de sino, no qual a produtividade e o
prazer chegariam até um determinado patamar para depois iniciar uma
curva descendente.
A questão principal é que as pessoas são diferentes entre si. Isto
significa que cada um tem o seu limite. Tipos de pressões também
afetam de formas diferentes: alguns suportam bem a pressão do tempo,
mas se intimidam quando, por exemplo, são pressionados a sair de
suas zonas de conforto.
Quanto mais conhecermos nossa forma e a forma de nossos colegas de
administrar a pressão, mais preparados estaremos para lidar com ela.
E se, ao menos, respeitarmos aos demais e nós mesmos, já estaremos
fazendo muito pela nossa produtividade e felicidade no trabalho.
Gisela Kassoy - Consultoria em Criatividade -
www.giselakassoy.com.br