A Responsabilidade do Líder
Por Jerônimo Mendes
01/09/2008
Existe mais de oitenta milhões de links
relacionados à palavra líder na Internet
que alimentam um cabedal de idéias,
concepções, concepções e as mais
variadas opiniões a respeito dessa
personalidade tão requisitada no mundo
dos negócios, pressionada no mundo
político e, por vezes, reverenciada na
sociedade.
Assim, não é necessário tratar do
conceito de líder nem dos seus anseios,
características ou preocupações. Essa
questão está saturada, mais do que
batida, como se diz na gíria. Qualquer
pessoa que tenha o mínimo interesse pelo
assunto sabe as características da boa
liderança na ponta da língua.
Esse artigo trata de uma virtude
indispensável para quem deseja assumir o
desafio da liderança em qualquer
segmento da sociedade e, principalmente,
no mundo dos negócios: a
responsabilidade. Antes de prosseguir,
vale a pena refletir alguns pontos: você
conhece alguém capaz de assumir
publicamente a culpa por um negócio
mal-sucedido, uma transação equivocada,
um resultado não alcançado ou uma falha
grotesca?
O verdadeiro líder assume a
responsabilidade sobre seus atos. Os
demais são esforçados, se dizem líderes,
mas atribuem o péssimo desempenho ao
governo, à economia, ao chefe, aos
subordinados, aos outros, raramente a si
mesmo. Alguns reconhecem o mau
desempenho, porém o orgulho não deixa
que assumam a tal responsabilidade. Eles
não foram treinados para isso. A maioria
é orientada desde cedo para resistir,
negociar, transferir a culpa, mentir, se
necessário. Dificilmente dão o braço a
torcer, ainda que isso lhe custe o cargo
ou a vida.
O líder efetivo vê a liderança como
responsabilidade e não como um cargo ou
privilégio, portanto, se as coisas não
caminham conforme o planejado, o líder
não sai pelos cantos procurando
culpados, segundo James Hunter, autor de
O Monge e o Executivo. Ele simplesmente
assume a culpa e refaz o caminho, porém,
para assumir a culpa e reiniciar a
jornada, a condição de líder pressupõe
outra virtude imprescindível: a
transcendência.
Transcender significa ir além,
colocar-se num nível superior, mover-se
para frente ou para o alto, superar os
próprios limites. De fato, para sair do
lugar, basta dar um passo adiante,
simples assim. A transcendência é o que
diferencia líderes como Silvio Santos,
Jack Welch, John Kennedy, Margareth
Tatcher, Madre Teresa e Mahatma Gandhi,
entre outros, dos demais líderes na face
da Terra. Eles tiveram a capacidade de
mudar a si mesmo primeiro, sempre que
necessário.
Ser despojado, ter a habilidade de olhar
para dentro de si mesmo, estar disposto
a mudar, fazer a diferença no mundo,
crescer com a equipe e defendê-la até o
fim, reconstruí-la, se o mundo assim o
exigir. De uma forma ou de outra, a
solução dos problemas do mundo está nas
mãos dos líderes.
Os líderes têm responsabilidade sobre o
desempenho das empresas, o
desenvolvimento das pessoas, a evolução
da sociedade, a unidade familiar. Acima
de tudo, eles são responsáveis pelo seu
próprio desempenho, por sua situação
real de vida, perante os subordinados e,
principalmente, atos e resultados
derivados desses atos. Se os resultados
acontecem, ou não, a responsabilidade
será sempre do líder. Ela não pode ser
transferida, jamais.
Ao assumir compromissos, os liderem
devem cumpri-los. Isso tem a ver com a
dignidade pessoal, com o respeito por si
mesmo e pelos outros. A liderança passa
a ter sentido apenas quando o líder
reconhece a verdadeira responsabilidade
em termos de liderança. Pense nisso e
seja feliz!
Jerônimo Mendes é Administrador,
Consultor e Palestrante
Autor de Oh, Mundo Cãoporativo!
(Qualitymark) e Benditas Muletas (Vozes)
Mestre em Organizações e Desenvolvimento
Local pela UNIFAE