Sistemas de atendimento ao
consumidor
por Daniel Portillo Serrano
06/04/2010
Desde os departamentos de
atendimento ao consumidor de
uma década atrás, na sua
grande maioria, passivos,
que se resumiam a um número
“0800”, disponibilizado nas
embalagens ou manuais, até
os dias atuais, muita coisa
mudou, tanto na tecnologia
utilizada como no
comportamento das empresas
frente ao seu cliente. Os
mais recentes sistemas de
relacionamento incluem
softwares específicos com
reconhecimento de voz e
operadores de call centers
que “percebem” as emoções do
cliente e mudam o script
conforme os ânimos do
consumidor, passando pelo
uso da rede mundial de
computadores, com a
utilização de blogs, Fóruns
de discussão, chats e ajuda
online.
Mesmo com toda a ajuda que a
tecnologia da informação vem
disponibilizando a quem
deseja um verdadeiro e
franco relacionamento com os
seus clientes, as empresas,
no Brasil, ainda de forma
acanhada, vêm utilizando o
email como principal canal
com seu público consumidor.
Seja em um processo passivo,
para ouvir o consumidor, ou
ativo, para oferecer novos
produtos ou agregar serviços
aos usuários atuais.
Sistemas de atendimento ao
vivo, como chats e
telefones, estão passando
para segundo plano. E,
quando utilizados, deixam
bem claro que aquela
conversa está sendo gravada,
como se de certa forma
pudesse ser usado qualquer
pedido do consumidor contra
ele mesmo.
Ao enviar um email, que em
muitos casos é o único canal
que a pessoa tem disponível
para contatar uma empresa, o
consumidor fica incerto
quanto ao efetivo
recebimento de sua mensagem.
Mesmo uma resposta
automática, que envia textos
ao cliente confirmando o
recebimento, é vaga e afirma
apenas que “recebemos sua
mensagem e responderemos em
breve”, o que também não dá
a certeza e a tranqüilidade
que o usuário precisa pelo
menos para saber se a
solicitação foi enviada ao
departamento correto
Outros Canais de Atendimento
ao consumidor
Formulários do tipo “Fale
conosco” ou “contato” são
cada vez mais freqüentes em
sites de fabricantes. Muitos
deles, no entanto, exigem do
consumidor um longo cadastro
antes de utilizar o
formulário, o que acaba
fazendo com que o cliente
deixe de efetuar a sua
pergunta, que, em muitos
casos, seria apenas a
necessidade de saber onde se
pode comprar um produto da
empresa. O mesmo caso ocorre
em chamadas telefônicas. Ao
ligar para saber, por
exemplo, apenas o preço de
um determinado serviço, a
interlocutora solicita uma
série de informações ao
consumidor antes de dar a
tão esperada resposta. Os
sistemas que as empresas
estão usando como motivo de
“um melhor atendimento ao
consumidor” ainda não foram
testados o suficiente para
se definir a real eficácia
do sistema. Não há nada mais
irritante para uma pessoa,
que após ter comprado um par
de meias de 15 Reais em uma
loja, tenha que preencher, a
pedido da balconista, um
cadastro “para que possa
receber ofertas em sua
residência”. O mesmo ocorre
nos formulários via
Internet, onde normalmente,
ao preencher uma
solicitação, a opção “desejo
receber emails com ofertas”
já vem acionada. O cliente,
na maioria das vezes só nota
o que autorizou quando o seu
email passa a fazer parte de
listas de distribuição de
mensagens.
Outra forma que as empresas
vêm adotando para atender
aos seus consumidores são os
fóruns na Internet. Notam-se
cada vez mais “fóruns
oficiais”, que não tem a
participação de funcionários
da empresa, mas que
“participantes mais
experientes” ajudam seus
colegas a resolver seus
problemas. Dessa forma, a
empresa disponibiliza apenas
um lugar onde seus clientes
possam trocar experiências,
e resolver os problemas
entre eles. Nada mais
prático, econômico e
evasivo. Os próprios
consumidores passam a
resolver seus próprios
problemas e acabam criando
um grande banco de dados de
resolução de problemas que
os consumidores com o mesmo
problema podem acessar.
O tratamento diferenciado
para novos consumidores
Um fator que vem afastando o
consumidor brasileiro de
algumas empresas é a
diferença de tratamento no
atendimento antes da compra
e em uma situação posterior,
quando precise de alguma
informação complementar ou
algum serviço. As empresas
costumam disponibilizar dois
canais distintos: um para
novos clientes e outro para
atendimento ou resolução de
problemas dos atuais.
Geralmente, o canal para
novos clientes é mais rápido
e eficaz do que o que atende
a carteira de clientes já
existentes. Um número de
telefone disponibilizado
para atendimento a clientes
de, por exemplo, uma
operadora de TV por
assinatura ou uma empresa de
telefonia celular, poderá
deixar o assinante na espera
por diversos minutos antes
de o assinante ter a chance
de falar com uma pessoa da
empresa. Já os números
disponibilizados para novas
assinaturas não chegam a
tocar 3 ou 4 vezes antes que
um solícito funcionário
atenda a ligação.
Outra forma que as empresas
estão utilizando para obter
novos cadastros de
consumidores, ou atualização
dos atuais são as chamadas
“caixas de sugestões”.
Criadas originalmente para
oferecer um canal direto com
a empresa para reclamações
sobre serviços ou sugestões
de melhorias acabaram se
transformando em um meio de
obter informações adicionais
sobre os clientes. Ao
preencher uma ficha do tipo
“dê a sua opinião. Ela é
muito importante para nós”,
o cliente está preenchendo
um cadastro com todas as
suas informações, que em
outro momento, provavelmente
não forneceria. Geralmente,
nestes casos, a ficha é
enviada a um setor de
“relacionamento”, onde a
reclamação do cliente não é
lida, mas os dados
cadastrais são rapidamente
inseridos em um programa que
sugerirá formas de trazer o
consumidor de volta ao
estabelecimento. E, em
muitos casos, trazer o
consumidor de volta se
resume a bombardeá-lo com
mensagens de email, no
endereço que ele colocou
para ter uma resposta à sua
solicitação.
Neste tipo de
estabelecimento também é
comum o acesso direto ao
cliente enquanto ele está no
local. Por algum motivo,
talvez aprendido em algum
livro de CRM, o gerente do
restaurante se apresenta aos
comensais e pergunta se está
tudo bem, se a carne veio no
ponto certo e se a
temperatura da sopa está
apropriada. O consumidor
responde positivamente ou
não. Mas nada fica
registrado e o contato e as
valiosas informações obtidas
naquele momento, em uma
conversa frente a frente com
o consumidor, são esquecidos
em alguns minutos.