A Excelência: O Ponto-de-Venda
Por Thiago Cabrino
25/02/2002
Uma das ações mais complexas e mais investigativas, que
podem ser realizadas no marketing, é voltada ao
ponto-de-venda. Inúmeros são os elementos a serem
analisados no momento de empregar projetos de
comunicação em meio a um montante de informações e
elementos contidos em um estabelecimento. Criar
alternativas não é uma tarefa fácil, porém elementos
podem ser desenvolvidos e praticados separadamente para
cada um dos locais em foco.
Sabemos, que nenhuma outra mídia, consegue alcançar de
forma repetitiva a exposição das marcas e produtos como
o PDV. Este aspecto é um grande diferencial, pois
pesquisas mostram que 85% das compras são decididas
dentro da loja, e que o mercado brasileiro apresenta
hábitos de consumo superiores aos índices apresentados e
comparados aos demais países do mundo.
Assim, verificamos que em levantamentos realizados junto
aos pontos-de-venda, o perfil destes
clientes/consumidores são em sua grande maioria formado
por mulheres, casadas, com idade variando entre 30 e 49
anos, de classe sócio-econômica B, esclarecidas (bom
nível escolar), que costumam freqüentar os
estabelecimentos no período da tarde, com listas de
compras e sempre acompanhadas.
Características importantes dos clientes brasileiros,
frente aos dos demais países do mundo, são possuir o
maior número médio de itens comprados, e permanecer no
ponto-de-venda mais do que em qualquer outro lugar,
cerca de 77 minutos em média, sendo portanto, o perfil
de consumidor que mais percorre os corredores e
dependências das lojas.
Por fim, este cliente costuma, em mais de 80% dos casos,
manter a fidelidade ao estabelecimento, sendo que o
fator influenciador na decisão de compra, é o preço, já
que o bolso do consumidor é muito difícil de enganar.
Todos estes elementos tem levado muitas organizações a
redirecionarem seus investimentos para as áreas de
promoção e merchandising no PDV (pois é fundamental um
bom posicionamento do produto nas lojas), para que todo
o esforço e empenho dos projetos elaborados não sejam
perdidos naqueles instantes finais, que cada consumidor
leva para decidir se levará seu produto ou o da
concorrência. Porém, devemos nos atentar que não só as
ações de promoção e merchandising é que influenciarão
estes consumidores, uma vez que elementos como preço
competitivo conjugado com um produto de qualidade é que
servirão para incrementar os aspectos indutivos da
compra.
Relacionado a isto, o ato de comprar está
intrinsecamente relacionado aos fatores emocionais e
sensoriais. Variados são os elementos que poderão
despertar estes fatores, como por exemplo o emprego de
determinado aroma no ponto-de-venda, que poderá
favorecer ou prejudicar as vendas. Existem tipos de
aromas que são influenciadores e perfeitos para cada
tipo e porte de estabelecimento. Assim sendo, podemos
citar aromas como o de maçã verde e pepino, ideais para
pontos-de-venda de pequeno porte, uma vez que possuem
propriedades capazes de reduzir os níveis de stress e
claustrofobia. Já o cheiro de fumaça de churrasco é
indicado para espaços amplos, pois provoca sensação de
aconchego, evitando crises de agorafobia (medo de
lugares públicos e descobertos). O grau de olfato varia
de pessoa a pessoa. As mulheres têm um olfato mais
apurado que os homens, principalmente durante a
ovulação. Os idosos, com mais de 80 anos, apresentam
sensível redução na percepção olfativa, assim como os
fumantes e as pessoas que trabalham ao ar livre.
Como podemos ver, existem inúmeras alternativas para se
trabalhar o PDV e estas poderão ser analisadas em outros
locais que possuam grande circulação de consumidores. Um
exemplo destes locais, são os Shoppings Centers, que
possuem o menor custo por mil (CPM – calculo utilizado
para saber o custo de 1 lote a cada 1000) de todos os
canais de mídia, pois os consumidores encontram-se a
todo momento com propensão a realizar a compra. Assim,
podemos dizer que este tipo de PDV é bastante amplo e
possui diferentes locais para o desenvolvimento de ações
estratégicas, como por exemplo as áreas de
estacionamento, os espaços de lazer e alimentação,
inúmeras vitrines, fachadas dos prédios ou mesmo as
sinalizações internas. Além destes elementos, em um
Shopping Center é possível trabalhar o cliente e
explorar todos os canais diretos, como pesquisas,
levantamento de dados pessoais, características e
costumes, realizar um programa de feedback em tempo
real, entre outros.
Outro exemplo bem atual, são os PDVs Virtuais, onde o
e-business atua em três áreas básicas – serviços
oferecidos aos clientes, o comércio e a colaboração
empresarial (ponto este relacionado aos sistemas de
interface entre os departamentos de uma organização). Ao
contrário dos PDVs convencionais, as lojas virtuais não
precisam necessariamente ser chamativas, mas sim
funcionais e que alcancem a satisfação dos desejos de
cada um dos seus clientes, ou seja, prezar pelo serviço
prestado. Isso acaba acarretando em ações fortes e bem
estruturadas, pois a rede é muito variada e inúmeros
players estão a todo momento entrando e oferecendo novos
produtos e serviços. Os sites devem buscar sempre um
plus aos serviços tradicionais, seja no campo físico ou
virtual.
Com os exemplos acima, verificamos a amplitude de um
PDV, que mesmo sem um espaço físico delimitado por
paredes e elementos comuns como gôndolas e prateleiras,
pode ser trabalhado de forma mais técnica e aprimorada.
Ações para o PDV
Ao iniciar um projeto de promoção e merchandising para
um ponto-de-venda, deve-se aparar todas as arestas que
possam interferir no processo. Para isso, as
organizações deverão estar muito bem estruturadas para
iniciar as operações, de forma a conseguir monitorar as
informações e as ocorrências de campo, fornecer todo o
material de apoio para o desenvolvimento dos trabalhos
das suas equipes, acompanhar e analisar todos os
relatórios estatísticos e analíticos mensais,
disponibilizar pagers e linhas telefônicas (DDG 0800)
exclusivas para as equipes, manter promotores SOS para
eventualidades, orientar corretamente a equipe quanto à
exposição dos produtos/materiais promocionais, bem como
providenciar depósitos para estocagem de todo material
promocional envolvido no projeto. Além destes pontos,
outro aspecto importante que deverá ser observado de
forma criteriosa, é os profissionais que estarão
envolvidos neste processo, no caso, especificamente, os
promotores. À estes profissionais cabe: verificar os
estoques, acompanhar a falta dos produtos no PDV, manter
e ampliar os espaços dos produtos nas gôndolas,
confeccionar pilhas e ilhas, fazer pesquisas de preços e
ações dos concorrentes, observar o fluxo da loja e
aplicar o material de merchandising.
Com as informações nas mãos, o departamento de
marketing/merchandising das organizações poderão estar
constantemente monitorando o desempenho das ações e
principalmente, estar controlando os índices de
resultados ao passo que estes vão se concretizando,
podendo então decidir pela continuação ou a interrupção
do programa em questão.
Analisar, avaliar, adaptar e monitorar são elementos
essenciais para a concepção de um projeto de sucesso!