Um Olhar mais amplo Sobre o Mercado de Premiação e Incentivo
Por Jorge Medauar e Ana Cristina Pereira
07/03/2007
Há algum tempo o mercado de marketing de incentivo vem passando por
uma reacomodação, ou seja, uma revisão em seu modelo, tanto no que
se refere à premiação, quanto ao conteúdo e abordagem das próprias
campanhas e eventos. Isso é uma demonstração de amadurecimento e do
desejo de tornar o mercado muito mais profissionalizado, bem
equipado, e alinhado com as necessidades dos clientes. As campanhas,
por exemplo, deixam de ser apenas uma “carinha bonita” para a
mecânica e a mensuração de desempenhos, para serem, verdadeiramente,
ferramentas gerenciais.
Não basta apenas motivar pessoas, é preciso aparelhá-las para o
cumprimento das metas e desafios. Já foi o tempo em que as campanhas
começavam com uma meta e terminavam com um prêmio. Hoje, é preciso
rechear esses dois pólos com instrumentos que levem os profissionais
ao cumprimento e superação de suas metas. Estamos falando de
informação.
Por outro lado, estamos falando também de tecnologia para a gestão
das campanhas e do desempenho dos profissionais, de modo a orientar
estratégias, peças e ações mais focadas e assertivas. Quer dizer,
estamos trazendo a inteligência dos programas de
loyalty/relacionamento para dentro das campanhas. Assim, reduzimos
custos, focamos o trabalho, falamos de maneira mais dirigida e
personalizada, aperfeiçoamos os processos e ficamos sabendo com
precisão de onde vem o resultado e para onde devemos direcionar os
esforços.
Com isso, as empresas de marketing de incentivo deixam de ser apenas
fornecedores, tornando-se parceiros e consultores de motivação e
desempenho. E, nessa linha, as campanhas também passam a adotar uma
visão estratégica mais ampla, oriunda das ferramentas de RH, de
desenvolvimento de pessoas e de comportamento – visão também
utilizada pelos programas de endomarketing.
Como se pode ver, o marketing de incentivo evolui, inova, cresce com
mais consistência e profissionalismo, agregando valor através desta
visão holística, de 360º, para atender o cliente numa necessidade
mais ampla do que apenas cumprir ou superar metas, até porque, para
atingir seus objetivos através da motivação das pessoas, é
importante olhar para dentro da empresa, conhecer bem seus
processos, produtos, o clima organizacional e, principalmente, a
concorrência, os clientes e o mercado como um todo. Não se pode
olhar apenas para a maneira pela qual as pessoas se motivam a correr
atrás de metas e objetivos.
Pontos positivos e negativos
Enquanto existirem empresas que buscam resultados através da
valorização das pessoas, haverá espaço para o marketing de incentivo
profissional, maduro, parceiro do cliente. Um dos mais importantes
pontos positivos neste aspecto é exatamente como o mercado tem
crescido e aberto espaço para tantas novas empresas e fornecedores
da indústria – palestrantes, empresas de treinamento motivacional,
eventos, espaço em hotéis para o segmento corporativo, viagens,
diversificação nos produtos de premiação.
Hoje, temos representatividade no mercado e nas entidades de classe.
Temos espaço nas mais variadas mídias, incluindo veículos
especializados. O que pode ser mais positivo que o reconhecimento do
mercado, que a abertura do mercado dos clientes já incluindo em seus
budgets anuais ações de incentivo, motivação e desenvolvimento de
pessoas?
Isso leva a um tipo de projeto muito menos “purpurina”, como se
fazia no princípio dos anos 90, e muito mais de conteúdo, focado no
negócio, nas estratégias das empresas, nas competências.
De negativo, falta ainda maior união dos players em torno de causas
mais nobres, porque o incentivo, em sua essência, é uma ferramenta
nobre, atua no âmago das pessoas, mudando atitudes e comportamentos,
gerando resultados elevados.
Faltam, ainda, investimentos maiores em tecnologias de gestão,
atualização, benchmarking e, ao final, a consciência geral de quanto
o incentivo pode contribuir para melhorar as pessoas e as empresas,
através de atitudes e pensamentos positivos, grandiosos, nobres.
O futuro
Dentro das perspectivas de maior interesse dentro do marketing de
incentivo, as ferramentas que têm mais espaço para desenvolver-se e
ganhar ainda mais projeção, são as de premiação, mais
especificamente os cartões, principalmente os de compra. Com a
iminente criação de um marco regulatório para esta modalidade de
incentivo, todo o setor será beneficiado. A premiação através de
cartões será sustentada por uma legislação propulsora deste
desenvolvimento sustentável e as lacunas existentes hoje serão, de
fato, preenchidas pela legitimação de mecanismos de tributação.
A partir daí, teremos, em primeiro lugar, uma depuração do próprio
mercado, onde irão permanecer os mais éticos e profissionais,
aqueles que olham muito mais para o mercado do que apenas para o seu
negócio. Depois, teremos uma aceitação maior por parte dos clientes,
sobretudo daqueles que atuam regidos pelos mesmos princípios e os
mesmos valores, o que levará a um crescimento consistente e
sustentado.
Pensamos também que o mercado vai continuar evoluindo e procurando
novas alternativas mais criativas, tecnológicas e surpreendentes,
pois o marketing de incentivo, como de resto todas as ferramentas de
comunicação, só sobrevive e cresce à medida que evoluem em matéria
de criatividade.
Criatividade e inovação são, ao final, o norte, as palavras de ordem
e os parâmetros de qualidade. Com o marco regulatório e a
conseqüente retomada do crescimento sustentável da premiação o
futuro terá seu foco nos produtos de compras. Dentro destes, vemos o
amadurecimento no negócio de catálogos on-line, em que os premiados
trocam seus pontos acumulados em campanhas por uma variedade de bens
com a comodidade do recebimento em casa.
Também temos mercado para que as empresas estimulem seus
funcionários em temas específicos como saúde e bem estar, ginástica,
construção da casa própria, cultura, entre outros. Para atender a
esta demanda surgem os cartões de compras temáticos, com redes de
compra segmentadas. A segmentação da rede pode ser por uma loja
específica ou ramos de atividades.
No futuro, enfim, a premiação terá a identidade da necessidade do
premiado.
Jorge Medauar é diretor de criação e Ana Cristina Pereira é
coordenadora de produtos de premiação da Incentive House, uma
empresa do grupo Accor