Construindo o sucesso
Por Fábio Luciano Violin
23/03/2004
O que é destino?
Destino significa uma direção, um caminho, mas não
significa necessariamente uma rota fixa e inalterada
como muitos julgam.Deste modo sorte ou azar representam
uma conseqüência das nossas decisões, nossos atos,
pensamentos e ações e não meramente influências
“ocultas”.
Se você planta milho, não há como colher soja. Se você
permite que o tempo lhe governe, não há como atingir
objetivos, mesmo que você seja um expert.
Porém existem aqueles que reclamam de tudo ou se sentem
injustiçados com a falta de “sorte”, no entanto,
transferir a responsabilidade ou culpa para outros ao
acreditar que há algo ou alguém influenciando nossa vida
além de cômodo é muito conveniente.
Sorte ou azar simplesmente não existem. Representam, sim
uma conseqüência de nossos atos passados em direção a
algum lugar (bom ou ruim). O quanto de stress, dinheiro,
qualidade de vida entre muitos outros fatores são
resultantes de nossas ações anteriores (ou pela falta
deles).
Mas, então o que significa aquilo que chamamos de sorte
ou azar (resultados positivos ou negativos)?
Basicamente se pode dizer que o que acontece em nossas
vidas tem haver com a combinação de alguns elementos,
que são basicamente os seguintes:
CONHECIMENTO TÉCNICO:
É a junção do quanto nos dedicamos a acrescer nosso
currículo e nossas mentes com conhecimentos
interessantes aos olhos do mercado e do ponto de vista
de nossa satisfação pessoal. É imprescindível buscarmos
a educação formal com cursos de graduação,
pós-graduação, cursos de extensão, línguas, informática
e assim por diante. Porém, existem pessoas que fazem mil
e um cursos e, no entanto, pode-se dizer que seria
melhor se estivessem ficado em casa dormindo.
Estas pessoas esquecem que cada um é uma empresa, é uma
carreira a ser gerida e pensada e que assim como os
negócios: precisa ser planejado. Existem pessoas que
fazem o curso de estatística, se especializam em
Marketing e concluem mestrado em Turismo Internacional.
Qual o problema?
Simples. Não há foco. A pessoa não é especializada o
suficiente para nenhuma das áreas se quiser dar aulas na
graduação ou na pós-graduação, por exemplo.
Outros fazem cursos de todos os tipos e não se
especializam em nada. Ou seja, fazem tudo e não são bons
em nada. Apenas vão fazendo o que aparece na expectativa
de estar bem, de ganhar mais ou qualquer outro motivo.
Assim, têm certificados de atendente de telemarketing,
reciclagem de papel, organização de almoxarife, redação
comercial, etc, etc, etc. Não tem foco.
Desta forma, gerencie-se como uma empresa, ou se veja
como alguém que tem uma carreira a estruturar. Com foco,
com objetivo, com percepção de mercado.
Planeje seu currículo, planeje os cursos, eventos a
participar, seja parte do dia-a-dia da sua faculdade
sendo monitor, encampando projetos e pesquisas, enfim,
construa sua educação formal.
EXPERIÊNCIAS – Muitos se vêem como profissionais
experientes, atualizados e de bem com a profissão.
Quando perdem o emprego é que se dão conta das agruras
de procurar outra ocupação que em geral paga menos ou
valoriza menos do que realmente se está qualificado.
Tudo isto fruto da própria animosidade frente a
atualização.
Esta atualização, tão necessária passa por alguns
caminhos, como por exemplo: conversa com outros
profissionais; visita a outras empresas concorrentes ou
não para captar novos meios de fazer algo, novas formas
de abordagem e comportamento, revisão de erros e acertos
e medidas de melhoria; participação em cursos, eventos,
workshops entre outros da própria área e de áreas afim,
e assim por diante. Este item é similar ao anterior e
consiste em gerenciar as experiências profissionais que
podem ser úteis no presente e no futuro.
Algumas dicas úteis: assine revistas especializadas (não
somente de sua área); visite periodicamente outras
empresas e aprenda com os acertos e erros alheios. Teste
sua habilidade, troque informações. Aqui cabe aquela
famosa parábola: "existiam duas pessoas na estrada, cada
uma com um pão debaixo do braço. Quando se encontram,
cada uma deu seu pão para o outro e foram embora, cada
um com um pão debaixo do braço. Outras duas pessoas,
numa outra estrada, tinham cada uma, uma idéia na
cabeça. Quando se encontraram, um contou para o outro
sua idéia. Ao irem embora, cada uma tinha não mais uma
idéia, mas sim duas".
TEMPO – para tudo existe tempo. Existe tempo para
nascer, para viver, para morrer. Existe o tempo certo
para atacar, para recuar. Existe tempo de crescer e
tempo de aproveitar o crescimento. Existe tempo de
espera e tempo de “correr atrás”.
O tempo é um bem finito e aproveitá-lo é uma questão de
necessidade e urgência. Nosso tempo (profissional) não é
medido em horas nem em dias e sim em momentos. Existe o
momento certo para mudar de emprego, ascender,
estabilizar e assim por diante. É preciso entender como
utilizar este tempo. Por exemplo, a oportunidade ideal
pode surgir, porém não se tem a experiência ou currículo
necessário no momento. Podemos, ter o currículo ideal, a
experiência necessária, porém não se ter como mudar de
emprego no momento, pois será preciso esperar 30 dias de
aviso prévio e o cargo não pode esperar. E assim por
diante, existe tempo e momento. Conciliar tudo é um
desafio e tanto.
Comece atacando os seus desperdiçadores de tempo.
Organize seus documentos, contas, encontros, horários.
Como dizia o comandante Rolim “A melhor maneira de
ganhar dinheiro é parar de perdê-lo” de forma análoga a
“melhor maneira de ganhar tempo é parando de
desperdiçá-lo”.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA – Conheço casos de pessoas que
possuem muita experiência, um currículo invejável e
passam seus dias em sub-empregos. Profissionais
especializados que não conseguem uma colocação no
mercado. Um dos motivos pode ser a localização
geográfica. Isto mesmo.
Imagine quantos graduados, experientes, com visão e
capacidade residem em locais como, por exemplo, São
Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre entre
outras cidades com uma grande população e já bastante
desenvolvidas, algumas até já saturadas, não estou
dizendo que sejam ruins, mas sim que vigora a velha lei
da procura e da oferta. Assim, pode-se estar em um local
que já não comporta mais profissionais, partindo desta
perspectiva muitos se obrigam a aceitar o que aparece e
não questionam a possibilidade de estarem procurando
novos locais.
Muitos ficam presos aos bens imóveis, e se esquecem que
é possível vendê-los, outros sentem medo por estarem
arriscando e esquecem que dependendo a situação as
perdas não seriam tão grandes, outros não se programam
para viajarem nas férias procurando novos locais ou
ramos de atividade e assim por diante. Enfim, as
variações são as mais diversas possíveis. Porém, o fato
é que é preciso coragem e visão para estar buscando
novos locais.
REDE DE RELACIONAMENTOS – quem você conhece e quem
conhece você? Eis uma questão chave atualmente.
Manter uma rede de relacionamentos é imprescindível,
pois, oportunidades podem surgir deste contato. Não se
esta pregando necessariamente um novo emprego ou ramo de
atividade, mas sim busca de idéias de melhorias,
informações que estando sozinho jamais ficaríamos
sabendo. Assim, nossa rede de contatos define em parte
nossa possibilidade de ascensão.
Para finalizar preste atenção nesta estória de autor
anônimo que creio ser muito interessante para
exemplificar:
Conta-se que dois irmãos decidiram cavar um buraco bem
profundo atrás de sua casa.
Enquanto estavam trabalhando, dois outros meninos
pararam por perto para observar.
- O que vocês estão fazendo? - perguntou um dos garotos.
- Nós estamos cavando um buraco para sair do outro lado
da terra! - um dos irmãos respondeu entusiasmado.
Os outros meninos começaram a rir, dizendo aos irmãos
que cavar um buraco que atravessasse toda a terra era
impossível.
Após um longo silêncio, um dos escavadores pegou um
frasco completamente cheio de pequenos insetos e pedras
“valiosas”. Ele removeu a tampa e mostrou o maravilhoso
conteúdo aos visitantes gozadores. Então ele disse
confiante,
- Mesmo que nós não cavemos por completo a terra, olha o
que nós encontramos ao longo do caminho!
Seu objetivo era por demais ambicioso, mas fez com que
escavassem. E é para isso que servem os objetivos: fazer
com que nos movamos em direção de nossas escolhas, ou
seja começarmos a escavar!
Mas nem todo objetivo será alcançado inteiramente. Nem
todo trabalho terminará com sucesso. Nem todo
relacionamento resistirá. Nem todo amor durará. Nem todo
esforço será completo. Nem todo sonho será realizado.
Mas quando você não atingir o seu alvo, talvez você
possa dizer:
- Sim, mas vejam o que eu encontrei ao longo do caminho!
Vejam as coisas maravilhosas que surgiram em minha vida
porque eu tentei fazer algo!
É no trabalho de escavar que a vida é vivida.
E, afinal, é a alegria da viagem que realmente importa!
Esqueça a sorte e o azar, aprenda a usufruir da “viagem”
FÁBIO LUCIANO VIOLIN
Mestre em Estratégias e Organizações _ UFPR
Especialista em Planejamento e Gerenciamento Estratégico
– PUC-PR
Professor universitário, palestrante e consultor de
empresas.