Os 3 horizontes do crescimento
Por Raúl Candeloro
18/12/2008
Um livro que todo empresário deveria ler é A Alquimia do
Crescimento, publicado no Brasil pela Editora Record. Nele, Mehrdad
Baghai e seus colegas da McKinsey defendem que uma empresa, para
crescer, precisa administrar projetos em três horizontes diferentes.
Horizonte 1 – É o presente, os projetos ligados ao dia-a-dia, a
busca de metas estabelecidas. O perfil do profissional de sucesso
nesse horizonte busca a maximização do lucro através da excelência
na execução.
Horizonte 2 – Novidades e lançamentos. São os novos produtos e
serviços lançados por empresas para completar seu mix, entrar em
novos mercados, contra-atacar a concorrência, etc. O perfil do
profissional de sucesso aqui são empreendedores que aceitam o
desafio de desbravar novas fronteiras.
Horizonte 3 – É o que chamaríamos de “laboratório”. É onde novas
idéias e conceitos são testados – se forem aprovados e tiverem
viabilidade comercial, passam para a fase 2. Nesse estágio,
precisamos de visionários e planejadores estratégicos.
Da mesma forma que qualquer expert no mercado de ações recomenda que
se tenha um portfólio de empresas na sua carteira de investimentos,
os autores também defendem que a empresa precisa ser uma máquina
constante de lançamentos e inovações. A questão toda é saber quais
são exatamente os projetos que deveriam ser estimulados e como isso
deveria ser feito. A idéia é se criar um funil de projetos sendo
desenvolvidos (“stairways” ou escadarias), que permitam à empresa se
adaptar ao meio ambiente, sempre em mutação, e ir “subindo” pela
nova escadaria em busca de um futuro promissor sustentável. Daí a
necessidade de administrar os três horizontes.
Isso é claramente difícil e complicado, pois as exigências de cada
uma das fases são obviamente diferentes umas das outras. E as
empresas que desenvolvem uma competência raramente conseguem
administrar bem as outras duas – até mesmo por causa de atritos
internos constantes.
Por exemplo: quando mal planejados, os projetos do Horizonte 2
também são maltratados e, com isso, minam o crescimento das
empresas. É comum um novo produto ou serviço ser lançado com
expectativas altíssimas, pressão sobre equipes de vendas, campanhas
de lançamento, etc. e, depois, deixado de lado porque atrás dele vem
um outro lançamento que precisa de atenção.
Mesmo sabendo que um novo produto ou serviço leva tempo para se
estabelecer e atingir seu pleno potencial, a correria é tanta que
não se consegue dar a eles a atenção necessária. É mais ou menos
como fazer um suco de laranja, tendo apenas um segundo para
espremê-la. Metade do suco fica na fruta, não sendo aproveitado por
causa da pressa. É a mesma sensação que me dá em muitas empresas que
visito. As pessoas claramente ficam frustradas com isso, mas não
sabem o que fazer e continuam lançando novidades mesmo assim.
O segredo todo está no equilíbrio. Escolher e planejar bem os
projetos nos quais vai se investir (Horizonte 3), testá-los e
desenvolvê-los com paciência, permitindo que realmente cresçam e
alcancem todo o seu potencial (Horizonte 2) e, depois, foco total na
disciplina e excelência operacional (Horizonte 1).
O interessante é que a mesma lógica pode ser aplicada para projetos
pessoais. Assim como as empresas, qualquer pessoa de sucesso estará
sempre administrando esses três horizontes – curto, médio e longo
prazo. É isso que evita a acomodação e nos faz crescer. E você –
como tem tratado seus horizontes? Quanto suco tem tirado das suas
laranjas?
Raúl Candeloro (raul@vendamais.com.br) é palestrante e editor das
revistas VendaMais®, Motivação® e Liderança®, além de autor dos
livros Venda Mais, Correndo Pro Abraço e Criatividade em Vendas.
Formado em Administração de Empresas e mestre em empreendedorismo
pelo Babson College, é responsável pelo portal www.vendamais.com.br.