Os 6 maiores erros das empresas que buscam vantagens competitivas
através de estratégias de diferenciação
Por Raúl Candeloro
20/04/2009
O objetivo de toda e qualquer empresa é alcançar a lucratividade
máxima. Segundo Michael Porter, uma das maiores autoridades mundiais
em estratégia competitiva, existem somente duas maneiras de se obter
vantagem competitiva: custos baixos e diferenciação.
Esses dois conceitos formam a base de toda a estratégia face à
concorrência, mas a lucratividade de uma empresa não depende somente
do seu posicionamento em relação aos concorrentes: depende também da
estrutura do setor em que atua. Por isso é tão importante que os
líderes conheçam perfeitamente o setor em que competem. Porter
acredita que a rentabilidade das empresas depende de determinadas
forças competitivas básicas como:
- Rivalidade em relação aos concorrentes existentes.
- Ameaça de produtos ou serviços substitutos.
- Ameaça de novos concorrentes.
- Poder dos clientes.
- Poder de negociação dos fornecedores.
Segundo o autor, existem seis erros básicos cometidos freqüentemente
por empresas quando tentam desenvolver uma estratégia de
diferenciação. Vejamos quais são e como evitá-los:
1 - Ofertar um produto ou serviço que, apesar de contribuir com um
valor maior para a empresa, não é visto como tal pelos clientes e
consumidores: Existe um ditado famoso usado com freqüência em
Marketing (e também na política): Perception is reality. Ou seja,
percepção é realidade. Se os clientes não o percebem como alguém que
agrega valor aos seus negócios, você não agrega valor e ponto. Para
evitar isso, é necessário um esforço da empresa na educação dos seus
clientes, mostrando claramente os benefícios conseguidos através do
trabalho conjunto. Embora, como nação, sejamos pouco chegados a
estatísticas, está na hora do empresário brasileiro passar a se
aprimorar nesse aspecto, procurando provar cientificamente que seus
produtos e serviços “valem o quanto pesam”. Além disso, nosso
mercado é totalmente anêmico na hora de conseguir testemunhais de
sucesso, outra forma eficaz de tornar públicos os resultados
positivos de um determinado produto ou serviço.
2 - Exceder as necessidades dos compradores: No afã de encantar seus
clientes, muitas empresas acabam introduzindo novidades totalmente
desnecessárias e supérfluas. Mesmo que isso não altere muito o preço
final, é claro que sem esses ‘badulaques’ o produto ou serviço
poderia ter um custo mais baixo. É importante encantar os clientes,
mas é mais importante ainda encantá-los com o que eles acham
importante. O que agrega valor, o que é apenas esteticamente
agradável, o que é supérfluo? Como isso influencia a reação dos
clientes na hora de fechar negócios? Descubra o que seus clientes
valorizam e use isso como arma para encantá-los. O resto é
desperdício.
3 - Fixar preços muito altos: Existem duas maneiras de ganhar
dinheiro - preços altos e volume alto. O sonho de todo empresário é
ter as duas coisas, mas sabemos que isso raramente acontece. O preço
alto tem algumas vantagens: margens gordas (que ajudam na
comercialização, pois podem ser distribuídas através de comissões),
elitização, status, mais dinheiro para marketing e propaganda, etc.
Mas isso tem um limite. O essencial é descobrir qual é o preço que
otimizará a lucratividade de uma empresa. De qualquer maneira,
devemos pensar sempre em termos de rentabilidade, e não apenas de
vendas ou faturamento. Existe um preço ideal (em termos de
lucratividade) para cada tipo de produto ou serviço, e a única forma
de descobri-lo é testando.
4 - Não compreender os custos envolvidos na diferenciação: Pode
parecer redundante dizer isso, mas a diferenciação que traz mais
custos do que vantagens é prejudicial à empresa. Os clientes podem
adorar, mas do que adianta se a empresa está perdendo dinheiro?
5 - Não reconhecer segmentos de mercado: Muitas oportunidades são
perdidas porque as empresas não reconhecem pequenos nichos nos quais
poderiam ser líderes sem grandes esforços. Basta adaptar o que já
tem à realidade e exigências do público nesses nichos. Essa
adaptação e agilidade são compensadas com altos níveis de
lucratividade, já que pessoas e empresas geralmente estão dispostas
a pagar um pouco mais por produtos ou serviços que sejam específicos
para sua realidade.
6 - Criar uma diferenciação que os concorrentes consigam imitar
facilmente: Vantagem competitiva verdadeira é aquela exclusiva da
sua empresa. Isso pode ser feito trabalhando a imagem (como cigarros
e cervejas), investindo dinheiro (em fábricas, imóveis, patentes,
etc.) ou, melhor ainda, através do estímulo na criatividade dos
funcionários da empresa. Idéias que levam a constantes ações
inovadoras são o maior diferencial que sua empresa pode ter.
Como podemos ver, não basta apenas tentar diferenciar-se de qualquer
maneira da concorrência. Existem ações que a princípio podem parecer
benéficas, mas que na verdade são prejudiciais à saúde financeira da
empresa. E as regras que todos devem respeitar são essas:
- Percepção é realidade.
- Não ofereça mais do que o necessário.
- Trabalhe com preços que maximizem sua lucratividade.
- Compreenda todos os custos envolvidos.
- Diferencie-se também trabalhando com nichos de mercado.
- Finalmente: faça coisas que sejam difíceis de imitar.
Raúl Candeloro (raul@vendamais.com.br) é palestrante e editor das
revistas VendaMais®, Motivação® e Liderança®, além de autor dos
livros Venda Mais, Correndo Pro Abraço e Criatividade em Vendas.
Formado em Administração de Empresas e mestre em empreendedorismo
pelo Babson College, é responsável pelo portal www.vendamais.com.br.