AS RELAÇÕES EMOCIONAIS COMO ELEMENTO
ESTRATÉGICO PARA A CONQUISTA E MANUTENÇÃO DE CLIENTES
Por: Thaís Cordeiro Gomes e Ângela Abi-Sáber
26/09/2008
Resumo
O presente artigo estuda as relações intrapessoais,
interpessoais e o efeito da conexão emocional entre pessoas
que criam produtos ou serviços e pessoas que os consomem.
Essa relação decorre da interação humana e da conotação
emocional que é transmitida em todos os relacionamentos,
indiferentemente nos comerciais. O embasamento teórico das
obras consultadas aponta esse foco emocional como condutor
de oportunidades, tanto para quem vende como para quem
compra. Isso constitui um importante diferencial competitivo
das organizações.
Resumen
El presente artículo estudia las relaciones intrapersonales,
interpersonales y el efecto de la conexión emocional entre
personas que crían productos o servicios y personas que los
consumen. Esa relación resulta de la interacción humana y de
la connotación emocional que es transmitida en todos los
relacionamientos, indistintamente en los comerciales. El
fundamento teórico de las obras consultadas indica ese foco
emocional como conductor de oportunidades, tanto para quien
vende como para el comprador, constituyendose asi de
importante diferencial competitivo de las organizaciones.
Palavras-chave: comunicação, marketing, relacionamento,
emoção.
1 INTRODUÇÃO
O impacto da globalização, as inovações tecnológicas, a
conexão dos mercados e a velocidade com que tudo se
transforma evidenciam os desafios diários das empresas. Tudo
isso, além de mudar os padrões conceituais humanos, provoca
o acirramento da concorrência entre as organizações. Os
produtos ofertados acabam se equiparando em termos de
funcionalidade e qualidade. O foco em preço e produto já não
garante mais a preferência do consumidor e são aspectos
facilmente imitados. Mas se a organização age na esfera da
emoção, o vínculo cliente e empresa se torna único e
legítimo, para isso, basta vontade e flexibilidade.
Essas transformações fazem com que o cliente se torne cada
vez mais exigente. Para satisfazer as necessidades e desejos
dele, é recomendado que as empresas mantenham nele o foco, a
fim de estabelecer uma relação íntima. Relacionar-se
intimamente com o cliente demanda conhecer a forma com que
este lida consigo e com o mundo. Conhecendo profundamente
seu cliente e, conseqüentemente, seu mercado, é que as
empresas poderão adequar suas condutas à essa nova realidade
de maneira eficiente. Seguindo pelo âmbito da razão, os
procedimentos adotados podem ser fácil e rapidamente
seguidos pela concorrência. Desvendar o que há de oculto por
trás das escolhas e das ações de compra de cada cliente é
vital para as empresas. O vínculo emocional está aí para ser
trabalhado, mas antes de avaliar o outro é preciso avaliar a
si mesmo para então compreender o papel e o peso das emoções
na hora da decisão do cliente em optar por esta ou aquela
marca. O criador se relaciona com o cliente através do
produto que concebeu. Daí, nada mais lógico do que se
inspirar no cliente durante a criação do produto. É preciso
entender o cliente e seus motivos. Compreender suas buscas,
suas limitações, sua relação com o produto. Neste artigo,
nos primeiros capítulos, serão abordados alguns aspectos da
comunicação e uma abordagem que define a linguagem como
forma de representação humana, já que a comunicação é
inerente a todo relacionamento. No quarto, entra em cena a
comunicação inter e intrapessoal, que aponta estratégias de
como o indivíduo se comunica consigo e com o outro. No
quinto capítulo, será a vez de relatar a emoção e do que ela
é capaz de fazer entre os relacionamentos de negócios dos
aspectos do marketing. Depois, será apresentado o marketing
sensorial, que é apontado como a terceira onda
mercadológica. E, por último, vem o conceito de fidelização
por meio da emoção.
2 A ESSÊNCIA DA COMUNICAÇÃO
A comunicação e a capacidade de se comunicar estão
relacionadas com a analogia que o sujeito estabelece com os
objetos. Esse objeto é aceito como um meio de proporcionar
satisfação ao sujeito e Laplanche e Pontalis (2001, p.321)
lhe apontam três abordagens principais:
a) Enquanto correlativo da pulsão, ele é aquilo em que e por
que esta procura atingir sua meta, isto é, um certo tipo de
satisfação. Pode tratar-se de uma pessoa ou de um objeto
parcial, de um objeto real ou de um objeto fantasístico. b)
Enquanto correlativo do amor (ou do ódio), trata-se então da
relação da pessoa total, ou da instância do ego, com um
objetivo visando também como totalidade (pessoa, entidade,
ideal, etc.) (o adjetivo correspondente seria “objetal”). c)
No sentido tradicional da filosofia e da psicologia do
conhecimento, enquanto correlativo do sujeito que percebe e
conhece, é aquilo que se oferece com características fixas e
permanentes, reconhecíveis de direito pela universalidade
dos sujeitos, independentemente dos desejos e das opiniões
dos indivíduos (o adjetivo correspondente seria “objetivo”).
As relações objetais são complexas e a capacidade para se
relacionar com o objeto participa do processo de maturação
do sujeito, dependendo também da qualidade favorável do
ambiente onde ele está inserido.
Na primeira fase de desenvolvimento da criança, ela
experimenta a onipotência devido ao fato de receber uma
dedicação praticamente exclusiva da mãe. Nesse ambiente
facilitador, é feita a adaptação à realidade e é
estabelecido o relacionamento com objetos subjetivos. A
partir daí, o infante cria os objetos à sua volta, passando
a percebê-los objetivamente, mediante sua necessidade, mas
desde que estejam prontos para serem encontrados. Essa
necessidade deriva das pulsões, que são pressões ou forças,
que visam suprimir um estado de tensão do sujeito.
Destaca-se aqui que a frustração é mais efetiva do que a
satisfação na mutação de objeto subjetivo para objetivo
(WINNICOTT, 1990).
2.1 Objeto da comunicação
Os propósitos e os meios de comunicação são afetados à
medida que o objeto passa de subjetivo a percebido
objetivamente. Enquanto subjetivo, é desnecessária a
comunicação explícita com o objeto. Quando o objeto é
objetivo, a comunicação com ele passa a ser explícita ou
confusa.
Para Winnicott (1990), considerando como certo o ambiente
facilitador adequado e, em algum aspecto ou grau, essa
facilitação falha, as relações objetais da criança sofrem
uma espécie de lacuna. A partir daí, metade dessa lacuna se
relaciona com o objeto tal como este se apresenta e a outra
metade se comunicará silenciosamente ou secretamente com
objetos subjetivos. Devido à ligação íntima entre as
relações objetais e a comunicação, pressupõe-se que nas
pessoas há uma necessidade de algo que corresponda a essa
lacuna. Há de se pensar inclusive na implicação do silêncio
nos relacionamentos e comunicações significativos e no uso
sadio da não-comunicação.
Ao se observar um artista, percebe-se sua necessidade de se
comunicar e, ao mesmo tempo, de não ser decifrado. Isso
demonstra a existência de um eu privado que não se comunica,
mas ao mesmo tempo quer se comunicar e ser encontrado.
Normalmente, há um núcleo da personalidade, correspondente
ao eu verdadeiro, que não se comunica com o mundo objetivo.
A própria pessoa percebe que este núcleo não deve se
comunicar e nem ser influenciado pela realidade externa. É
como se mesmo quando uma pessoa se comunica, parte dela
permanecesse sem se comunicar, como um indivíduo isolado.
Esse elemento não-comunicável há de ser conservado e
qualquer ameaça a ele desencadeia a organização de defesas
primitivas. É necessário reconhecer a normalidade desse eu
central que não se comunica. De acordo com Winnicott (1990,
p.174), “[...] Aí a comunicação é não-verbal; é como música
das esferas, absolutamente pessoal. Pertence ao estar vivo.
E, normalmente, é daí que se origina a comunicação”.
2.2 Comunicação simbólica
A sublimação é a noção psicanalítica capaz de explicar que
as diversas formas de criação do homem, mesmo que
aparentemente não remetam à sua vida sexual, surgem graças a
uma força sexual, nascida de uma fonte sexual. A sublimação
surge como expressão das pulsões sexuais, que passam a ter
então um caráter aceito socialmente, aliviando e temperando
a intensidade excessiva dessas forças pulsionais.
Processo postulado por Freud para explicar as atividades
humanas sem qualquer relação aparente com a sexualidade, mas
que encontrariam o seu elemento propulsor na força da pulsão
sexual. Freud descreveu como atividades de sublimação
principalmente a atividade artística e a investigação
intelectual. Diz-se que a pulsão sexual é sublimada na
medida em que é derivada para um novo objetivo não sexual e
em que visa objetos socialmente valorizados (LAPLANCHE E
PONTALIS, 2001, p.495).
E, para conter as ansiedades causadas pelas relações que o
indivíduo estabelece com os objetos, são formados os
símbolos. O objeto tido como bom é aquele cujo indivíduo tem
acesso e se relaciona positivamente com ele. O mau objeto é
aquele cujo indivíduo não tem acesso ou teve uma má
experiência com ele. O medo de objetos “maus” e o medo de
perder ou não ter acesso aos objetos “bons” desencadeiam a
ansiedade no indivíduo. Se existem distúrbios na relação do
ego com os objetos, esses serão refletidos na formação dos
símbolos e no objeto simbolizado e, conseqüentemente, no
pensamento.
3 A LINGUAGEM COMO REPRESENTAÇÃO HUMANA
A criação e o uso da linguagem diferem os seres humanos dos
outros animais. Todos os grupos conhecidos de seres humanos
possuem o dom da fala e uma linguagem bem estruturada, mesmo
que haja pessoas de vocabulário limitado e que precisem
utilizar gestos para complementar a comunicação. Assim
sendo, pode se dizer que todas as realizações humanas
envolvem o uso da linguagem. De acordo com Bandler e Grinder
(1977, p. 42-43), esse uso se dá de dois modos:
Usamo-la, antes de tudo, para representar nossa experiência
– chamamos esta atividade de raciocínio, pensamento,
fantasia e narrativa. Quando estamos usando a linguagem como
um sistema representativo, estamos criando um modelo de
nossa experiência. Este modelo do mundo que criamos pelo
nosso uso representativo da linguagem está baseado sobre
nossas percepções do mundo.
A linguagem é usada para comunicar ao outro o modelo ou a
representação de mundo que a pessoa tem. Quando empregada na
comunicação, a linguagem recebe o nome de conversa,
discussão, escrita, preleção e canto. O uso que um homem faz
dela é a apresentação de seu mundo a outro homem.
Quando os humanos se comunicam [...] comumente não estamos
concientes do processo de seleção de palavras para
representar nossa experiência. Quase nunca estamos
conscientes do modo pelo qual ordenamos e estruturamos as
palavras que selecionamos. A linguagem, então, preenche
nosso mundo de tal forma, que nos movimentamos através dela
como um peixe na água (BANDLER & GRINDER, 1977, p.43).
Essa pequena ou ausente consciência do modo pelo qual se
forma a comunicação, não prejudica sua estruturação. Se
comunicação e linguagem são sistemas, elas,
obrigatoriamente, têm estrutura e são governadas por um
conjunto de regras que farão com que a seqüência de palavras
tenha sentido e representem o modelo de experiência da
pessoa. Mas ocorrem limitações nessa representação. É
importante diferenciar a realidade, o mundo em si, da
representação de mundo que cada pessoa tem. O mundo
individual é construído por experiências que a pessoa vive,
que a pessoa interpreta.
Cada ser humano possui um conjunto de experiências que
constituem sua própria história pessoal, e é tão próprio
dele como o são suas impressões digitais. [...] Cada pessoa
tem experiências incomuns de crescimento e vida, e jamais a
história de duas vidas será idêntica (BANDLER & GRINDER,
1977, p.33-34).
Um grupo de teóricos fez da descoberta e da declaração dos
padrões lingüísticos seu objeto de estudo – a gramática
transformacional. Esses gramáticos transformacionais
desenvolveram um modelo explícito do comportamento humano
governado por regras. “A noção de comportamento humano
governado por regras é a chave para a compreensão do modo
pelo qual nós, humanos, usamos a linguagem (BANDLER &
GRINDER, 1977, p. 44). O trabalho dos transformacionalistas
possibilitou o desenvolvimento de um modelo formal que
descreve os padrões regulares pelos quais o homem representa
e comunica seu modelo a respeito de sua experiência.
Usamos a linguagem para representar e comunicar nossa
experiência; a linguagem é um modelo do nosso mundo. O que
os gramáticos transformacionais fizeram foi desenvolver um
modelo formal de nossa linguagem, um modelo de nosso modelo
de nosso mundo, ou simplesmente, um metamodelo (BANDLER &
GRINDER, 1977, p.45).
A linguagem, ao representar as experiências humanas, precisa
ser adequada para preencher sua função de representação de
mundo e deve fornecer um conjunto rico e complexo de
expressões. As regras que determinam as formações dessas
expressões podem ser estudadas independentemente do assunto
em questão.
O modelo que se cria poderá ser diferente da coisa que ele
modela devido a três processos de modelagem da realidade que
são: generalização, eliminação e distorção. Esses três
universais de representação têm capacidade tanto de
enriquecer quanto de empobrecer a linguagem ou a experiência
de mundo que a pessoa tem. No último caso, esse
empobrecimento da experiência de mundo do indivíduo acarreta
nele angústias e outros desconfortos.
O propósito do modelo transformacional de linguagem é
representar os padrões nas intuições que temos sobre nosso
sistema de linguagem. [...] As três principais categorias de
intuições lingüísticas que selecionamos como relevantes são:
Boa-Estruturação, Estrutura Constituinte e Relações
Semânticas Lógicas (BANDLER; GRINDER, 1977, p.47).
As pessoas intuem coerentemente a respeito da língua que
falam. O modelo formal criado pelos gramáticos
transformacionais fornece uma solução quanto a se uma
determinada seqüência de palavras é ou não uma frase e se
está bem estruturada ou não.
Já que o modelo é uma descrição do comportamento humano
governado por regras, o modo pelo qual determinamos se as
regras do modelo se ajustam ou não é experimentando-as em
relação às intuições dos falantes nativos – intuições
acessíveis a todo falante nativo (BANDLER & GRINDER, 1977,
p.46-47).
Essas categorias de intuições que o homem tem da língua são
representadas explicitamente no modelo transformacional (ou
metamodelo). Os falantes nativos de determinada língua são
capazes de intuir e determinar as estruturas constituintes
de uma frase e a integralidade de sua representação lógica.
“Quando os humanos desejam comunicar sua representação, sua
experiência do mundo, formam uma representação lingüística
completa de sua experiência; isto se chama a Estrutura
Profunda” (BANDLER & GRINDER, 1977). Isto é, uma frase com
representação semântica lógica completa, dotada de
significado.
A estrutura de uma frase pode ser vista como o resultado de
uma série de escolhas sintáticas feitas no processo de
geração da mesma. O falante codifica o sentido por escolher
construir a frase com certas características sintáticas,
escolhidas de um conjunto limitado (WINOGRAD apud BANDLER &
GRINDER, 1977, p. 60).
Ao escolher sintaticamente, o falante é regular e
determinado por regras. Suas escolhas dão origem a uma frase
que tem sentido lógico, porém incompleto, e recebe o nome de
“Estrutura Superficial”. Esta última se liga a outras
estruturas semelhantes até se tornar uma completa, até se
tornar uma “Estrutura Profunda”. A ligação dessas duas
estruturas, desses dois níveis, é um processo que consiste
em uma série de transformações (BANDLER & GRINDER, 1977).
Assim, como pode haver o empobrecimento da representação da
experiência de mundo da pessoa, quando esta comunica esse
mundo através de estruturas superficiais, pode se buscar o
enriquecimento dessa representação de mundo através do
preenchimento dessas estruturas ampliando a capacidade da
pessoa de se comunicar e representar seu mundo.
A maneira pela qual as pessoas se utilizam da linguagem para
comunicar sua representação está sujeita aos processos
universais de modelagem humana mencionados anteriormente,
entre eles a eliminação. A estrutura superficial é uma
representação da estrutura profunda, acometida pelo processo
lingüístico de eliminação. Ao se buscar a parte ausente da
estrutura profunda, inicia-se o processo de modificação da
pessoa rumo ao seu desenvolvimento pessoal.
Isto resulta no enriquecimento da vida destes, de maneira
que passam a experimentar mais opções em seu comportamento,
mais oportunidades para sentirem as alegrias e a riqueza que
a vida tem a oferecer (BANDLER & GRINDER, 1977, p. 220).
A oferta de novas oportunidades, mesmo que em nome do
desenvolvimento pessoal, recebe uma restrição do autor:
Não há uma medida precisa para identificar os limites de um
poder individual para assimilar ou expressar sentimentos que
tenham possibilidades explosivas, mas há uma proteção básica
– não forçar ou seduzi-lo a comportamentos que ele próprio
não tenha amplamente estabelecido (POLSTER apud BANDLER &
GRINDER, 1977, p. 68).
A eficiência com que se buscam as partes eliminadas ou
ausentes do modelo de mundo requer compreensão e respeito
pela pessoa em questão. É preciso que a própria pessoa
esteja pronta e capaz de conceber essa nova realidade.
4 COMUNICAÇÃO INTER E INTRAPESSOAL
Entende-se o comportamento interacional humano como uma
linguagem da comunicação. Isso porque é impossível a
determinada pessoa deixar de se comportar e, se por sua vez,
cada comportamento vale como uma mensagem, a presença do
outro já implica em comunicação. Incluem-se também aqui o
silêncio, a simples observação.
[...] o comportamento não tem oposto. [...] não existe um
não-comportamento ou, ainda em termos mais simples, um
indivíduo não se comportar. Ora, se está aceito que todo o
comportamento numa situação interacional tem valor de
mensagem, isto é, é comunicação, [...] por muito que o
individuo se esforce, é-lhe impossível não comunicar
(WATZLAWICK et al, 1998, p.44-45).
Uma vez estabelecida uma comunicação, esta implica em
compromisso e define a relação do emissor com seu receptor.
Além de transmitir informação, a mensagem acaba impondo
determinado comportamento ao receptor. Para Bateson (apud
WATZLAWICK et al, 1998, p. 47), “essas duas operações
acabaram sendo conhecidas como os aspectos de “relato” e de
“ordem” [...]”. O conteúdo, que corresponde ao “relato” da
mensagem, independe de assunto, de veracidade ou validade.
Já a “ordem”, refere-se ao tipo de mensagem e à relação
estabelecida entre o emissor e o receptor – relação
estabelecida de maneira quase sempre inconsciente. Essa
relação também pode se dar de forma não-verbal e é
influenciada pelo contexto no qual a comunicação está
inserida.
A capacidade de se comunicar de forma adequada, além de
pré-condição para o sucesso da comunicação, traz a
necessidade de consciência de si próprio e do outro.
O homem se utiliza de dois modos para se comunicar: o
digital e o analógico. Em uma breve definição desses modos,
Watzlawick et al (1998, p.56) os distingue da seguinte
forma:
Na comunicação humana, podemos nos referir aos objetos, na
mais ampla acepção da palavra – de duas maneiras
inteiramente diferentes. Podem ser representados por uma
semelhança, como num desenho, ou ser referidos por um nome.
Assim, na frase escrita: “O gato apanhou o rato”, os
substantivos poderiam ser substituídos por desenhos; [...]
normalmente, usa-se o “nome” escrito ou falado, isto é, a
palavra. Esses dois tipos de comunicação – um por semelhança
auto-explicativa, o outro por uma palavra – também são
equivalentes, é claro, aos conceitos de analógico e de
digital, respectivamente.
Diz-se ainda que a comunicação analógica é toda a
comunicação não-verbal, que envolve sintomas, “[...]
postura, gestos, expressão facial, inflexão de voz,
seqüência, ritmo e cadência das próprias palavras, e
qualquer outra manifestação não-verbal de que o organismo
seja capaz”. O autor ainda acrescenta uma importante
influência externa que participa do modo analógico de
comunicação que são “[...] as pistas comunicacionais
infalivelmente presentes em qualquer contexto em que a
interação ocorra” (WATZLAVICK et al, 1998, p.57).
Resguardada a importância da comunicação digital, o modo
analógico aborda o campo das relações, que é “[...] uma
vasta área em que confiamos (os homens) quase exclusivamente
[...] que nos foi transmitida pelos nossos mamíferos
ancestrais”. Watzlawick et al (1998, p.58) esclarece ainda
que
[...] as vocalizações, os movimentos intencionais, e os
sinais de humor dos animais são comunicações analógicas
pelas quais eles definem a natureza de suas relações [...].
Sempre que a relação é o ponto central da comunicação,
verificamos que a linguagem digital é anódina. Este não é
apenas o caso entre animais e entre homem e animal, mas em
muitas outras contingências da vida humana, por exemplo, no
namoro, amor, socorro, combate [...].
Dotada de conteúdo e estabelecendo relações, a comunicação
se efetiva na coexistência e interação dos modos digital e
analógico, que agem no conteúdo da mensagem e na relação que
ela estabelece, respectivamente.
No nível das relações, observa-se uma hierarquização das
mensagens. Estas mensagens podem ser confirmadas, rejeitadas
ou desconfirmadas pelos indivíduos envolvidos na
comunicação. O indivíduo que inicia o processo se comunica a
partir da visão que tem de si próprio, de como ele se vê, a
partir de sua experiência e visão de mundo. O outro
indivíduo se relaciona com o primeiro de acordo com a visão
que tem dele, de como ele o percebe. Isso acontece
sucessivamente e infinitamente, sendo que cada mensagem
seqüente se baseará na anteriormente recebida. Todas essas
mensagens, mesmo sujeitas à confirmação, rejeição ou
desconfirmação, servirão para a definição de eu do primeiro
indivíduo.
As relações entre indivíduos através da comunicação definem
o nexo social humano. Mas é importante ressaltar o nexo
existencial desse indivíduo. Passa-se aqui às questões
intrapessoais, isto é, a relação que o indivíduo estabelece
com ele próprio.
O homem não pode ir além dos limites fixados pela sua
própria mente; sujeito e objeto são idênticos, em última
instância, a mente estuda a si própria, e é provável que
qualquer enunciado sobre o homem em seu nexo existencial
leve aos mesmos fenômenos de auto-reflexão que [...] geram o
paradoxo (WATZLAVICK et al, 1998, p.234-235).
Conhecendo a si próprio é que o homem se comunica com mais
eficiência. Watzlawick et al (1998, p.237) aponta dois tipos
de conhecimento: “o conhecimento das coisas e conhecimento
sobre as coisas”.
O primeiro é aquela percepção dos objetos que nossos
sentidos nos transmitem; é o que Bertrand Russel chamou
“conhecimento por familiaridade” ou Langer “um conhecimento
muito direto e sensual”. [...] um conhecimento que nada
conhece sobre o percebido.
Essa simples percepção dos objetos através dos sentidos
recebe o nome de conhecimento de primeira ordem. Já o
conhecimento sobre as coisas recebe a designação de
conhecimento de segunda ordem e consiste na experimentação
do objeto, onde o indivíduo atribui um significado a esse
objeto. A partir daí, o indivíduo se comporta de acordo com
a conclusão que extraiu de sua experiência com o objeto, “um
conhecimento obtido sobre o conhecimento de segunda ordem”,
dando origem ao conhecimento de terceira ordem. Esses níveis
de significado constroem “o processo de aquisição e
conhecimento do indivíduo” (WATZLAVICK et al, 1998, p.238).
As inúmeras relações com outros objetos acumuladas pela
experiência que o indivíduo mantém com o mundo, dão origem “
a uma visão unificada do mundo em que ele próprio se vê
‘jogado’ [...];”.A soma desses significados explica o porquê
do humano adulto ser incapaz de obter o conhecimento de
primeira ordem sozinho. E essa bagagem de experiências do
indivíduo determinará sua interação com a realidade.
[...] O homem opera com um conjunto de premissas sobre os
fenômenos que percebe e [...] sua interação com a realidade
[...] será determinada por essas premissas. Até onde nos é
possível especular, essas premissas são o fruto de toda
imensa gama de experiências individuais e, por conseguinte,
a sua origem está, virtualmente, mais além da exploração.
Mas não podemos duvidar de que o homem não só pontua as
seqüências de eventos numa relação interpessoal, mas esse
mesmo processo de pontuação também está em ação no processo
constantemente necessário de avaliar e selecionar as dezenas
de milhares de impressões sensoriais que o homem recebe em
cada segundo, oriundas de seu meio interno e externo. [...]
A realidade é, em grande parte, o que nós a fazemos ser
(WATZLAVICK et al, 1998, p.239).
A realidade do indivíduo é construída por ele próprio e
resulta de sua escolha. O indivíduo é que significa o
ambiente onde está inserido, mesmo que muitas vezes isso
ocorra de forma inconsciente.
Esse aprendizado de mundo que o indivíduo desenvolve
facilita a captação de mais conhecimento. Esse pressuposto
está inserido e é objeto de estudo da teoria da
aprendizagem. Ela “postula que, juntamente com a aquisição
de conhecimento ou de uma aptidão, também tem lugar um
processo que torna progressivamente mais fácil a própria
aquisição”. Dessa forma, o indivíduo não apenas aprende, mas
aprende a aprender (WATZLAVICK et al, 1998, p.239).
Nessa mesma linha de raciocínio, há uma defesa de Freud
(apud FRÓES, 2005):
Quando me impus à tarefa de trazer à luz o que os seres
humanos guardam dentro de si, não pelo poder compulsivo da
hipnose, mas observando o que eles dizem e mostram, pensei
que a tarefa era mais difícil do que realmente é. Aquele que
tem olhos para ver e ouvidos para ouvir pode convencer-se de
que nenhum mortal pode guardar um segredo. Se seus lábios
estão silenciosos, ele fala com as pontas dos dedos; ele se
trai por todos os poros. Assim, a tarefa de tornar
conscientes os mais escondidos recessos da mente é
perfeitamente realizável.
Para ambos os pesquisadores, o ser humano é significado de
comunicação em termo de integridade. Não se pode desprezar,
no ato da comunicação, gestos, suspiros, sorrisos, pois todo
o “corpo fala”. Baseando-se no aspecto corpo/mente/reação, o
relacionamento humano se torna um grande mistério que pode,
às vezes, ser sondado e definido.
5 A EMOÇÃO COMO ESTRATÉGIA DO MARKETING
O forte impacto da globalização e a interligação dos
mercados favorecem uma influência mútua. Essa abrangência
acirra a concorrência entre as organizações. Torna-se vital
a busca pelo diferencial competitivo. “[...] O enfoque atual
é como suportar a ação da concorrência internacional,
procurar proporcionar múltiplas satisfações aos
consumidores” (COBRA & RIBEIRO, 2000, p.15).
Primeiramente, a estratégia de diferenciação adotada por
muitas empresas tinha atenção voltada para as
características do produto, suas propriedades. Esses
atributos, com a capacitação e disseminação tecnológica,
acabaram se equiparando. A partir daí se adotou a estratégia
do menor preço. Mas com a elevação do grau de exigência do
consumidor, o baixo custo também deixou de ser um
diferencial competitivo. Para despertar o desejo e fazer com
que o cliente busque sua satisfação, as marcas precisam ser
atraentes.
Na compra de uma marca existe sempre uma transferência de
admiração reconhecimento, respeito e valor. E, quanto mais
intensos forem esses sentimentos, maior será o valor
agregado da marca, pois o sentimento é a base do valor das
emoções como o amor que o consumidor sente pela marca. A
imagem que a marca reflete é o espelho do consumidor. As
pessoas se admiram através das marcas que usam. [...]. A
marca é na verdade a expressão dos sentimentos do consumidor
(COBRA & RIBEIRO, 2000, p.147).
Fazer o consumidor se emocionar com determinada marca,
produto ou serviço, constitui um diferencial insuperável,
com grandes possibilidades de ser efetivo. O fato de se
envolver emocionalmente, com o que quer que seja, implica em
importante fator de motivação ao indivíduo. Mas ninguém se
envolve aleatoriamente. Só se investe esforços em direção a
um envolvimento quando se avalia que haverá um retorno como
fruto desse investimento. A intimidade e o relacionamento
dependem da outra parte desejar o mesmo.
A emoção inspira, excita, amedronta, ameaça. Está
relacionada à sobrevivência. As emoções primárias (alegria,
tristeza, raiva, medo, surpresa e repulsa) são breves,
intensas, incontroláveis e solitárias. São praticamente
instintivas. Já as emoções secundárias (amor, culpa,
vergonha, orgulho, inveja, ciúme) dependem do outro para
serem sentidas. São emoções sociais e “constituem os
elementos do conjunto volátil a partir do qual os
relacionamentos humanos são formados [...]”(ROBERTS, 2005,
p.44).
Kotler (2000) denomina como romance a relação que
estabeleceu com o marketing. Percebe-se aqui o sentimento de
afetividade e de fundo emocional, atribuído pelo próprio
autor ao trabalho que desempenha. Segundo o dicionário
Aurélio (1999, p. 737), emoção é:
Ato de mover (moralmente). Perturbação ou variação do
espírito advinda de situações diversas, e que se manifesta
como alegria, tristeza, raiva, etc.; abalo moral; comoção.
Reação intensa e breve do organismo a um lance inesperado, a
qual se acompanha dum estado afetivo de conotação penosa ou
agradável. Estado de ânimo despertado por sentimento
estético, religioso, [...].
Essa definição se aproxima da conceituada por Houaiss (2001,
p.1.122):
Ato de deslocar, movimentar. Agitação de sentimentos; abalo
afetivo ou moral; turbação, comoção. Reação orgânica de
intensidade e duração variáveis, geralmente acompanhada de
alterações respiratórias, circulatórias, etc. e de grande
excitação mental. Foi considerada gal. pelos puristas, que
sugeriram em seu lugar: comoção, abalo. Perturbação moral.
Na busca da satisfação de suas necessidades e desejos, as
empresas precisam se relacionar com o cliente de forma
sedutora, visando sua atração, encantamento e fascínio.
Marketing – É, segundo diversos autores, um misto de arte e
de ciência, na missão de satisfazer necessidades e realizar
desejos dos consumidores. Para isso, desenvolve produtos e
serviços que realizem e ancatem os consumidores, com a
finalidade de manter um longo relacionamento, um verdadeiro
caso de paixão e amor...entre o cliente e a empresa (COBRA &
RIBEIRO, 2000, p.18)
As possibilidades do envolvimento sentimental das pessoas
com seus itens de consumo são expostas no livro Lovemarks –
o futuro além das marcas. Para o autor, a construção de um
compromisso apaixonado entre cliente e marca se dá por meio
de três conceitos poderosos: mistério, sensualidade e
intimidade; que “[...] não soavam como atributos
tradicionais das marcas. E capturavam as novas conexões que
buscávamos” (ROBERTS, 2005, p.74).
Cobra e Ribeiro (2000) fazem diversas comparações entre os
relacionamentos amorosos que as pessoas estabelecem entre
si, com as relações estabelecidas entre as pessoas e
empresas e vêem nisso uma forma de reter clientes.
O amor é uma força mágica indestrutível. [...] E o amor é,
por assim dizer, a mola propulsora da vida humana. Sem ele
nada na vida faz sentido. Saber amar é um privilégio. O
marketing imita a vida e é parte integrante de nossas
existências. As pessoas se vestem, se produzem para ser
atraentes e conquistar o amor. Assim o marketing está no
flerte, na paquera, no primeiro encontro, no namoro [...]
(COBRA & RIBEIRO, 2000, p.19-20).
Nesse paralelo entre as relações interpessoais, todos os
envolvidos na relação devem primar pela manutenção do
respeito entre si.
As Lovemarks deste novo século serão as marcas e as empresas
que criarem conexões emocionais genuínas com as comunidades
e redes com as quais se relacionam. Isso significa tornar-se
próximo e pessoal. E ninguém vai deixar você se aproximar o
suficiente para tocá-lo, a menos que respeite o que você faz
ou quem você é. O Amor precisa de respeito, desde o começo.
Sem ele, o Amor não vai durar. Vai desaparecer assim como
todas as paixões e fascinações. Respeito é do que você
precisa quando quer algo duradouro (ROBERTS, 2005, p.60).
6 MARKETING SENSORIAL E ESTRATÉGIAS PARA CONQUISTAR E MANTER
O CONSUMIDOR
A terceira onda mercadológica, chamada de marketing
sensorial ou da experiência sensorial, proclama a
necessidade do vínculo emocional que as organizações
precisam estabelecer com seu target.
Diferente dos primórdios do marketing, em que a propaganda
não ia além do anúncio dos atributos do produto, e da
segunda onda, em que a fixação da marca na memória do
consumidor é o pressuposto básico, o marketing das sensações
participa da construção do produto e propõe a experiência de
uso como a melhor forma de vender e agregar valor (COBRA &
RIBEIRO, 2000, P.155).
Se as emoções são tão presentes, determinantes e marcantes
na vida das pessoas, nada mais natural que o marketing se
utilizar delas para criar relacionamentos prósperos com seus
clientes.
Os seres humanos são movidos pela emoção, não pela razão.
[...] A emoção e a razão estão entrelaçadas, mas, quando
entram em conflito, a emoção sempre ganha. Sem o fugaz e
intenso estímulo da emoção, o pensamento racional torna-se
lento e se desintegra. [...] O importante é envolver-se com
as novas realidades da emoção. Temos que descobrir o que
elas significam para nós. Como afetam o comportamento. [...]
Analisando as emoções alheias e nos recusando a reconhecer
as nossas, mantemos os mesmos velhos hábitos (ROBERTS, 2005,
p.42-43).
Atingir o inconsciente do ser humano é a proposta do
marketing sensorial, que se utiliza dos cinco sentidos
sensoriais para fazer conexões emocionais positivas entre
clientes e marcas, produtos e serviços. Para Roberts (2005),
esses sentidos humanos são responsáveis por atribuir
sensualidade à uma marca. Para isso, o marketing deve
explorar o tato, olfato, audição, visão e o paladar das
pessoas, como as portas de entrada para a promoção de
qualquer reação ou atitude às ofertas do mercado. Daí a
importância de conhecer a fundo as relações humanas. Isso
possibilita ao marketing construir estratégias que
beneficiem mutuamente as empresas e seus mercados. Uma
relação de simbiose.
Através das sensações do cliente, essa nova vertente do
marketing procura remetê-lo a uma percepção de única e
inequívoca, proporcionando-lhe uma experiência agradável que
o incitará a repetir e difundir o seu consumo (COELHO,
2007).
Tudo que está ligado ao sensorial ou à sinestesia, como a
utilização de cor, design de embalagens, texturas, som,
aroma e sabor, pode ser explorado pelo marketing como um
caminho rumo às emoções humanas, capaz de promover
experiências positivas no consumidor.
Existem mecanismos conscientes e inconscientes que regem a
escolha do consumidor. Não basta realizar as necessidades
dos consumidores, é preciso ir além e realizar os seus
desejos “As pessoas têm valores sedimentados no consciente e
no inconsciente, respectivamente pelos aspectos tangíveis e
intangíveis das marcas”. Conhecer essas necessidades e
desejos exige que as empresas e clientes estreitem seus
laços de relacionamento (COBRA & RIBEIRO, 2000, p.146).
Para Kotler (2000), “marketing é a ciência e a arte de
conquistar e manter clientes e desenvolver relacionamentos
lucrativos com eles”. Mas manter clientes e desenvolver
relações afetivas com eles exige dedicação e esforço. É
preciso monitorar o nível de satisfação do cliente atual,
não presumir que estão garantidos, agradá-los de vez em
quando e incentivar seu feedback. Mesmo porque, a perda de
um cliente vai muito além de apenas perder a próxima venda.
Implica no empenho de muito mais recursos ao buscar novos
clientes, ao passo que para mantê-los se gastaria cinco
vezes menos.
As empresas perceberam que quanto maior o tempo de
relacionamento com o cliente, mais lucrativo ele se torna.
Isso porque os consumidores, se satisfeitos, tendem a
comprar mais ao longo do tempo, são menos sensíveis ao
aumento razoável do preço e passam a divulgar positivamente
o produto boca a boca, o chamado buzz marketing.
7 A FIDELIDADE ALÉM DA RAZÃO
A partir desse diferencial emocional, na hora da abordagem,
o consumidor acaba sendo conquistado e convidado a se
relacionar de maneira mais próxima e íntima com a marca,
produto ou serviço que consome. Por isso, o ato da
conquista, sendo praticado impecavelmente, aumenta
significativamente as chances de retenção e fidelização. De
acordo com Roberts (2005, p. 74), “amor diz respeito à ação.
Diz respeito a criar um relacionamento expressivo. É um
processo constante de se manter contato, trabalhar com os
consumidores, entendê-los, conviver com eles”.
Da idéia do buzz marketing, tira-se uma grande lição. Há uma
tendência das pessoas confiarem e seguirem a opinião de
amigos e conhecidos.
Quanto mais o cliente gostar de uma empresa, mais
provavelmente falará bem dela, quando pedirem sua opinião –
ou mesmo sem que a peçam. ‘A melhor propaganda é um cliente
satisfeito’ e ‘Clientes satisfeitos tornam-se
apóstolos’[...] As pessoas confiam muito mais na opinião de
amigos e conhecidos do que em anúncios que lêem ou em um
porta-voz que elogie o produto. A questão, na verdade, é se
as empresas conseguem tomar mediadas adicionais para
estimular uma divulgação positiva boca a boca (KOTLER,
2000).
Então é exatamente dessa forma que as empresas devem agir,
mantendo uma relação de amizade com o cliente, se
comportando como uma amiga ouvinte, compreensiva, que
conversa com ele através das posturas que põe em prática,
mostrando a ele o quanto é entendido e atendido por ela. Só
outro consumidor pode entender tão bem a percepção que se
tem do produto e indicá-lo. Evidenciando a compreensão que
tem do produto e de seu significado para o cliente, a
empresa estabelece uma relação de amizade com seu público.
Se colocar no lugar do cliente é a maneira mais eficaz de se
relacionar com ele. As empresas têm que ver o consumidor
como parte ativa e mutante dentro do processo de
desenvolvimento de novas possibilidades. O cliente constitui
rica fonte de informação e deve ser tratado como parceiro
(KOTLER, 2000).
Para chegar a uma fidelização, a empresa precisa ficar
atenta e respeitar as informações verbais e não-verbais
transmitidas pelos clientes. Isso implica na organização não
se basear apenas em números ou cálculos estatísticos – é
fundamental se basear em pessoas.
As marcas devem emocionar o consumidor, uma vez em que o
cliente se vê, se reconhece e se identifica com elas. A
partir da adoção por uma determinada marca, esta passa a
falar pelo cliente, atribuindo-lhe o posicionamento que ela
inspira.
O grande e atual desafio do marketing é o de associar
impressões a uma marca, que sejam capazes de formular
reações emocionais positivas nos clientes, inspirando seu
consumo.
8 CONCLUSÃO
A conexão emocional é um importante elemento estratégico do
marketing para conquistar e manter relações entre as
organizações e seus clientes. Sua maior importância reside
na possibilidade única da empresa se diferenciar e se
destacar em meio a uma realidade tão competitiva. Esse
vínculo emocional com o cliente atribui diferenciação
competitiva às empresas que optam por esta prática, além de
fidelizar seu consumidor e fornecer rentabilidade. Na medida
em que as emoções atribuem exclusividade a uma marca, essa
passa a não concorrer mais com as demais – ela é única para
aquele consumidor.
O cliente precisa se sentir individualizado e específico
quando se relaciona com uma determinada marca. É aí que o
vínculo emocional se estabelece. É assim que o cliente se
apaixona. O marketing deve explorar os cinco sentidos
humanos para arrebatar o coração do cliente. Deve comunicar
com seu consumidor como um amigo que sabe de sua vida,
entende suas necessidades, sabe dos problemas e, acima de
tudo, importa-se com ele.
Não há uma receita exata. Se cada cliente é único, cada caso
também o é. Números e cálculos não diferenciam.
Relacionamento exige bom senso, respeito e responsabilidade.
É importante estar atento a mais rica fonte de informação e
oportunidade que se pode ter: o ser humano. Dessa forma,
cliente e empresa saem lucrando.
REFERÊNCIAS
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livro sobre Linguagem e Terapia. Rio de Janeiro: Zahar
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2002. 305p.
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NASIO, Juan-David. Lições sobre os 7 conceitos cruciais da
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(Don De Avila). Pragmática da comunicação humana: um estudo
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Porto Alegre: Artmed Editora Ltda., 1990. 268 p.