Cenário Comunicação e Marketing - Do Tradicional ao Digital
Por Sandra Turchi
07/06/2010
Desde a mídia mais remota conhecida, a impressa, em torno de 1.400,
até hoje, com a grande rede, passamos por diferentes momentos na
comunicação, com os fonogramas, por volta de 1800, o cinema, em
1910, rádio em 1920, TV em 1950 e a internet, com uso comercial, nos
anos 80, e agora com os dispositivos móveis.
A cada nova modalidade se dizia que a anterior morreria, lembram-se?
Mesmo no período atual, após o surgimento da internet, já passamos
por diferentes fases, desde o velho PC, até a Web 4.0, passando pela
Web 1.0, 2.0 e 3.0. Lembrando que a primeira onda foi com o uso de
email, fóruns, a segunda onda veio com o comércio eletrônico e a
terceira onda com o surgimento dos wiki, blogs, redes sociais, etc.
A palavra chave não é, portanto, revolução, mas sim, evolução. E a
cada passo se renova o acesso às informações, os modelos de
negócios, os conteúdos, os formatos, e principalmente, a
transformação do internauta em mídia, com grande poder de barganha.
O maior impacto não foi o surgimento da internet como nova mídia, e
sim por ter mudado o comportamento do consumidor e tê-lo
transformado em ator principal.
No Brasil isso tem um toque especial pois os brasileiros ficam mais
de 15% do seu tempo navegando em comunidades, sendo que os
americanos, para comparar, gastam em torno de 6,5%. Idem para os
sites de mensagens instantâneas.
E ao que se deve esse crescimento? Há diversos fatores que explicam
isso, como o desejo de pertencimento, a facilidade de acesso, a
globalização e a instabilidade nas relações. Com isso as comunidades
virtuais surgem como uma fonte de identidade, mesmo que precária.
Além disso, a internet é bastante democrática, pois nela navegam
desde crianças até as pessoas da terceira idade, dos mais pobres aos
mais ricos, ou seja, é um ambiente onde todos entram livremente, sem
preconceitos. Não importa sua classe social ou sua raça, esse é o
local onde todos podem ser iguais.
Há no mundo mais de 1,3 bilhões de usuários. 100 milhões de
websites, e já foram investidos mais de 20 bilhões em publicidade on
line. Há países, como na Inglaterra, em que a publicidade on-line
será maior que a off-line em 2009, segundo previsões. Dentre os
perfis dos que navegam, a maior parte são adultos, em torno de 70% e
a média de quem joga games on-line é de 29 anos. Da classe A, 80%
navegam, e das classes C e D, mais de 35%. A maior parte ainda é do
sexo masculino. O Brasil é o maior em navegação domiciliar, sendo
que o brasileiro fica aproximadamente 24 horas on-line. Em 2007
foram comercializados mais de 6 bilhões via E-Commerce.
Isso demanda dos profissionais de marketing maior criatividade e
novas ferramentas. São novos desafios também para as empresas e para
as agências. Será necessário acertar nas estratégias de localização
do seu público-alvo, tendo em vista que esse está cada vez mais
disperso, devido à quantidade de possibilidades de mídia existentes.
O grau de dificuldade aumentou, principalmente se falarmos do
público mais jovem, pois os adolescentes normalmente estão
conectados em três ou quatro mídias ao mesmo tempo. Essa
fragmentação se dá pois revistas concorrem com sites, os blogs
concorrem com jornais, podcasts com rádios, TV com gravadores de
vídeos e celular com internet.
E quais as principais diferenças entre a mídia digital e a
tradicional?
· É o melhor canal para atingir as pessoas no horário comercial
· Permite ao consumidor “saber mais sobre o produto/serviço”
· Comprar na hora
· Indicar a um amigo
· Trazer o cliente facilmente para o banco de dados
Além disso, a mídia digital possibilita todo tipo de métrica, bem
como a personalização de campanhas. Permite também oferecer outros
serviços como serviços de crédito, por exemplo.
Surgem também novas oportunidades profissionais, com novas vagas
sendo requisitadas pelo mercado, como: criador de ringtones, gerente
de conteúdo, diretor de rede social, e por aí vai.
Para as empresas, o melhor a fazer é usar esses novos meios para
aprender mais sobre o comportamento humano, e usar ferramentas
colaborativas que façam sentido para se comunicar com seus
funcionários, além dos seus clientes.
(artigo publicado na Revista Cliente S/A – novembro / 2008)
Sandra Turchi é graduada pela FEA-USP, pós-graduada pela FGV-EAESP e
MBA pela Business School São Paulo com especialização pela Toronto
University e em empreendedorismo pelo Babson College em Boston. É
superintendente de Marketing da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP) instituição que administra o SCPC (Serviço Central de
Proteção ao Crédito). Site: www.sandraturchi.com.br - Twitter:
http://twitter.com/SandraTurchi