A Cinderela Corporativa - Um Conto Empresarial
Por Wagner Campos
04/01/2009
Conta a história infantil que o pai de Cinderela havia ficado viúvo
e em seguida se casou com uma mulher que possuía duas filhas. Esta
mulher fazia pouco caso de Cinderela e a tratava com indiferença,
obrigando-a a realizar todos os afazeres domésticos e vestir roupas
velhas e rasgadas, enquanto suas filhas eram criadas como princesas.
Certo dia foram convidadas para um baile na casa do príncipe e
Cinderela não poderia ir, pois além de ter que fazer as tarefas
domésticas, também não possuía vestido para a festa. Como toda boa
história que se preze, apareceu a fada madrinha que com sua varinha
de condão transformou os ratos em cavalos, uma abóbora em carruagem
e deu um lindo vestido e sapatos de cristal para Cinderela.
Mas havia uma condição: ela teria que voltar à meia noite. Chegando
ao baile o príncipe imediatamente se apaixonou por Cinderela e
dançou a noite toda somente com ela. De repente, Cinderela se deu
conta de que já era meia noite e saiu correndo para não perder o
encanto.
Nesse corre-corre desesperado, deixou o sapatinho de cristal cair. O
príncipe o achou e procurou por todo seu reino quem teria o pé
delicado que se encaixasse naquele sapatinho e quando encontrou
Cinderela, mesmo toda maltrapilha na casa de sua madrasta, pediu-a
em casamento e viveram felizes para sempre.
No mundo corporativo também encontramos “Cinderelas”, “príncipes” e
“fadas madrinhas”. Podemos visualizar como “Cinderela” aqueles
colaboradores que estão na organização há um bom tempo e sempre
desempenham bem seus papéis. Algum dia serão contratados novos
colaboradores (madrastas), que muitas vezes ocuparão cargos
superiores aos da “Cinderela” e trarão junto suas filhas (seus
vícios e habilidades a serem conhecidos), não dando atenção e valor
aos profissionais que sempre contribuíram para o sucesso da empresa
até aquele momento.
No intuito de apresentarem resultados, antes de conhecerem a
estrutura real da empresa, o histórico, as opiniões e o
funcionamento, delegam aos colaboradores tradicionais, tarefas que
mudam radicalmente a rotina, sem explicar quais serão as vantagens,
as razões e os benefícios (caso existam), deixando-os assim
desmotivados e se sentindo desvalorizados. Estes percebem que por
mais que tentem sugerir algo, não serão ouvidos, pois o funcionário
“madrasta” não teve a preocupação de conhecê-los e teme que os
colaboradores “Cinderelas” possam realmente possuir uma beleza
superior à de suas filhas (vícios e habilidades), ou seja, possam
apresentar rotinas e procedimentos adequados, aptidão e competência
diferenciadas até mesmo superiores às dele.
Como se fosse um encanto de uma fada madrinha, surge uma
oportunidade criada pela organização, um colaborador tem a
oportunidade de apresentar sua sugestão, projeto ou idéia que ao ser
analisada, verifica-se que irá gerar grandes resultados para a
empresa e por isso é recompensado com uma promoção, ocupando assim
uma posição hierárquica semelhante ao de sua “madrasta”. É como se
fosse o momento do baile, onde o príncipe dançou somente com
“Cinderela” e apaixonou-se e se casou com ela.
O detalhe é que a “madrasta” e “Cinderela” terão que trabalhar em
equipe e “Cinderela” tem o “coração” do príncipe, ou seja, já obteve
resultados significativos para a empresa, enquanto a “madrasta”
apenas conseguiu desmotivar sua equipe. A “madrasta” saberá viver em
harmonia com a “Cinderela”?
Em toda organização ocorrem várias histórias que podem ser
comparadas com contos infantis. Neste caso, a fada madrinha foi
simplesmente a oportunidade. O príncipe poderia ter sido a diretoria
e assim por diante.
As mudanças existentes nas organizações são importantes e
necessárias. Sejam elas realizadas através de idéias e
aproveitamentos internos, sejam externos. Qualquer uma delas é
viável desde que a comunicação se torne transparente e as
estratégias adotadas pela empresa estejam claras para todos.
O aproveitamento de profissionais da equipe existente é saudável,
motivador e um grande diferencial que a empresa pode oferecer. A
contratação externa poderá propiciar novas formas de analisar o
mercado e trazer maior energia para a equipe, mas precisa ser bem
aceita e o líder deve desejar fazer parte da equipe e não apenas ser
“responsável” por ela.
Conforme a história inicialmente apresentada, com tantas
dificuldades e rejeições sofridas, Cinderela não desistiu de seu
sonho de ir ao baile. Realizou diariamente suas atividades até o
momento em que a oportunidade lhe trouxe a fada madrinha para
salvá-la. Se tivesse fugido de casa para não conviver mais com
aquela indiferença, o final da história teria sido diferente, sem
príncipe, sem baile, sem castelo e sem final feliz.
Temos nossas opções também. Continuarmos em busca do que desejamos e
acreditamos, ou fugirmos de nossa realidade e tentarmos achar uma
história diferente para participarmos. Mas cada um tem sua história
e o final depende de nossas escolhas. Já pensou sobre a sua?
Prof. Wagner Campos é Palestrante e Conferencista em Vendas,
Motivação e Liderança. Diretor da True Consultoria. Administrador de
empresas e Especialista em Marketing. Possui experiência há mais de
12 anos na área tendo atuado em empresas como Cia Cervejaria Brahma,
Unibanco, Multibrás Eletrodomésticos, Bebidas Wilson e Sebrae. É
autor do Livro "Vencendo Dia a Dia" e Coordenador e Prof. dos cursos
de Marketing, Com. Exterior, Logística Empresarial e Recursos
Humanos da Universidade Paulista – UNIP e Prof. e Coordenador do
Curso de Marketing do Grupo Anhanguera Educacional. Contato:
wagner@trueconsultoria.com.br – www.trueconsultoria.com.br – F: (19)
3702.2094 – 98128.6818.