O Desafio e as Competências -
O Lado do Empregado
Por Carlos Alberto de Faria
01/07/2008
Uma das ondas da moderna administração, que mais
perdura, é a que trata das competências.
Convém deixar claro que entendemos competências
como:
- capacidade pessoal ou conjunto de capacidades
pessoais, um conjunto de conhecimentos, habilidades
e atitudes que uma pessoa tem;
- prontidão ou capacidade de resposta às
necessidades organizacionais: desenvolvimento,
comprometimento e obtenção de resultados desejados
ou acordados.
A 1º definição é mais acadêmica, já a 2º é mais
operacional. Sob o ponto de vista do empregado é ter
ele o perfil necessário e suficiente para que
execute, realize as atividades e tarefas, que
conduzam aos resultados acordados e desejados.
O grande foco das competências é a provisão de
postos de trabalho com pessoal com as competências
necessárias para alcançar os resultados esperados e
desejados.
Dentre os aspectos deste enfoque de competências,
que são pouco comentados, está o reflexo da
administração por competências sobre os empregados.
Este é o nosso assunto deste artigo.
A importância da administração das competências é
que essa abordagem tenta fazer a adequação, o
equilíbrio entre o desafio do cargo ocupado e as
competências necessárias, tanto para a plena
consecução dos resultados esperados e desejados (um
dos lados da empresa), como para a satisfação e
realização do próprio empregado.
Vamos analisar melhor este aspecto das competências
pelo lado do empregado. O empregado, ao se propor
assumir um cargo, uma função, um posto de trabalho
qualquer, assume o desafio de colocar sua
potencialidade a serviço da empresa para obter os
tais resulatdos esperados e desejados.
O confronto entre o tamanho do desafio e a
potencialidade do empregado, o seu repertório de
conhecimentos, habilidades e atitudes pode gerar 3
situações:
1 DESAFIO MENOR QUE AS COMPETÊNCIAS
O desafio é menor do que as competências do
empregado. O empregado pode fazer mais do que o
desafio proposto. Um empregado nesta situação por
muito tempo sente-se aborrecido, sente falta de
estímulo, sente ansiedade, enfim, fica frustrado já
que não consegue se realizar. Neste caso os
resultados podem não ser alcançados por apatia ou
desânimo. Pode haver reflexos negativos no clima
organizacional.
2 DESAFIO MAIOR QUE AS COMPETÊNCIAS
O caso contrário é quando o desafio é superior às
capacidades, o desafio é superior às competências do
empregado. Neste caso o empregado sente medo, o medo
imobiliza, deixa-o perplexo e também ansioso. Neste
caso os resultados não são alcançados pela
inadequação(*) entre as competências e o desafio, já
que os conhecimentos, habilidades e atitudes do
empregado são insuficientes para alcançar os
resultados. Também pode haver reflexos negativos no
clima organizacional.
3 DESAFIO E COMPETÊNCIAS EQUILIBRADOS
A posição de equilíbrio, aquela em que o desafio é
suportado, na medida, pelas competências, gerando no
empregado um sentimento de realização, bem-estar. O
trabalho flui e o que deve ser feito é muito bem
feito (efetividade).
Das 3 situações acima descritas, somente a terceira
situação - a que equilibra o desafio e as
competências - é a que apresenta uma efetiva
solução, as outras são fontes de problemas, tanto
para o empregado como para a própria empresa.
E a sua empresa, faz o equilíbrio entre desafio e
competências?
Lembre-se, na área de serviços, o desempenho dos
seus empregados de contato com o público é parte
integrante e indissociável do seu serviço, é parte
do seu "produto". Como seus empregados se sentem
reflete-se na qualidade percebida do serviço, razão
pela qual trabalhar na faixa azul do gráfico é tão
importante e necessário.
Num próximo artigo comentaremos os benefícios da
administração por competências para as empresas.
(*) - Falamos em inadequação entre o desafio e as
competências, pois a utilização do termo
incompetente deve ser evitada por dois grandes
motivos:
a) o empregado não reúne as competências -
conhecimento, habilidades e atitudes - necessárias
para o desempenho adequado de um cargo específico,
mas possui competências para outros cargos. O rótulo
de incompetência costuma ser genérico e altamente
discriminatório;
b) a única incompetência real, que há nestes casos,
é a dos que preencheram o cargo que exige tais
competências com alguém - pobre infeliz - que não
tem as condições mínimas para assumir o cargo.
Rotular alguém de incompetente, portanto, é fugir da
responsabilidade, ou esconder a sua
responsabilidade, ou de seus colegas de trabalho ou
do seu chefe, ou conjunto destes.
Até um próximo artigo!