Desvendando a comunicação
real nas organizações
Por Ignacio García
16/03/2009
Em um mundo empresarial cada vez mais interconectado
e exigente, aprender a gerenciar as redes sociais
que subjazem ao organograma formal é fundamental
para tornar as organizações mais cooperativas e
inovadoras no meio interno, e competitivas e
adaptáveis ao meio externo, adicionando valor a suas
marcas.
Esta visão estratégica sobre a importância do
conhecimento das redes sociais dentro do universo
empresarial se torna ainda mais relevante em
contextos de turbulências econômicas, como o atual.
Das redes sociais as redes organizacionais.
Por mais de um século, a metáfora de "rede social"
vem sendo utilizada sob diversas conotações para
caracterizar as complexas relações entre indivíduos
de um determinado sistema social. Nos últimos seis
anos, por exemplo, com a popularização das
plataformas de relacionamento Web 2.0, tais como
Facebook ou LinkedIn, o conceito passou a
vincular-se fortemente a este tipo particular de
rede social.
É importante destacar que por trás de algumas destas
aplicações, existe uma sólida disciplina científica
denominada Análise de Redes Sociais, que analisa
visual e quantitativamente as estruturas e padrões
emergentes das relações entre indivíduos.
No campo dos estudos organizacionais,
aproximadamente na última década, surge nos Estados
Unidos uma sub-disciplina conhecida como Análise de
Redes Organizacionais - do acrônimo em inglês ONA -,
que vem sendo exitosamente utilizada pelas empresas
do ranking Fortune 500, tais como: IBM, HP,
Microsoft, 3M e Intel.
No âmbito empresarial brasileiro, no entanto, esta
ferramenta ainda é pouco difundida, apesar da
crescente sofisticação deste mercado.
Desvendando a comunicação informal
Se por um lado, as organizações se baseiam nas
estruturas formais como instrumento de planificação
e tomada de decisões, são as redes sociais de
comunicação informal que "fazem o trabalho acontecer
no dia a dia", daí a importância em saber se ambas
as estruturas (formal e informal) se complementam
ou, pelo contrario, geram conflito entre si.
Através de questionários - web-based ou impressos -
é possível mapear dimensões vinculadas ao valioso
capital relacional ou Capital Social organizacional,
entendido aqui como as redes de: fluxo de troca de
informações, confiança e aconselhamento, inovação e
aprimoramento de processos de trabalho, motivação e
energia , compartilhamento de valores e do
conhecimento do cliente.
Como complemento, para uma devida contextualização
dos dados analisados, é recomendável a aplicação de
ferramentas próprias da Antropologia Organizacional
tais como: entrevistas em profundidade com os
colaboradores que se destacam nas redes - e que
muitas vezes não ocupam posições hierárquicas de
destaque - e a observação da cultura organizacional,
uma vez que a comunicação é o seu componente
central.
Um processo típico de ONA é realizado num período de
15 a 20 dias, dependendo dos objetivos e do número
de indivíduos a serem mapeados.
Finalmente, o diagnóstico das redes organizacionais
representa um conhecimento essencial para o
subseqüente desenvolvimento de ações estratégicas
como:
. a retenção de colaboradores chaves,
. a integração comunicacional em processos de fusões
e aquisições e grandes mudanças estruturais,
. o aprimoramento da interconectividade entre
departamentos e com os stakeholders,
. a identificação de comunidades de prática para
gerir o conhecimento existente e gerar novo
conhecimento.
De tais ações resulta o desenvolvimento de
organizações mais saudáveis, eficientes e flexíveis.
Ignacio García é antropólogo organizacional e sócio
fundador da Tree Branding, consultoria que integra
branding e desenvolvimento organizacional através do
enfoque das redes sociais.