Gung Ho, duas palavras, um comprometimento, um conceito
Por Ivan Postigo
08/01/2011
É interessante como o homem se apropria de formas, comportamentos e
palavras para criar conceitos.
Sua inventividade e capacidade de adaptação são formidáveis, por
essa razão nosso poder de observação não pode ser negligenciado.
Ao usá-lo, podemos agir como os animais que possuem a característica
do mimetismo. Capacidade de imitar padrões de coloração, textura,
forma do corpo, comportamento e aspectos químicos, que permite ao
mímico vantagens adaptativas.
Em certos momentos da nossa história empresarial podemos encontrá-lo
com maior ou menor predominância, como quando a febre pelas técnicas
japonesas de gestão invadiu o mundo. Não faltaram loiros e ruivos de
olhos verdes e azuis se desdobrando para imitar os samurais, ainda
que jamais pudessem ter as semelhanças desenvolvidas pelas
borboletas monarcas e as vice-reis - a borboleta vice-rei é uma
borboleta semelhante à monarca, embora não produza a mesma toxina
que esta. Isso a protege, pois os predadores, confundidos, evitam
atacá-la.
As grandes modas são expressões de mimetismo, principalmente quando
procuramos nos assemelhar aos nossos ícones. Adoradores de Elvis
Presley, Michael Jackson, Marilyn Monroe, Frank Sinatra, Roberto
Carlos, e tantos outros ídolos, são comuns, mas há situações em que
figura corporal não é o foco, mas sim o talento.
Em gestão esse é um aspecto comum. Os produtos são copiados, os
modelos de gestão assemelhados, ainda que toques pessoais sejam
dados.
O oficial de Marinha Estadunidense, Major Evans Carlson, ao
desenvolver um trabalho, observou comportamentos e palavras e os
tomou emprestados para desenvolver um conceito.
Explicou certa vez: “Eu estava tentando criar o mesmo espírito de
trabalho que tinha visto na China, onde todas as pessoas se
dedicavam a uma idéia e trabalhavam em conjunto para fazê-la
funcionar. Eu falei aos soldados sobre isso repetidamente e lhes
disse que o lema das cooperativas chinesas era Gung Ho, cujo
significado era Trabalhar Junto – Trabalhar em harmonia”.
A natureza dá suas contribuições e um dos grandes exemplos de Gung
Ho pode ser encontrado no deserto do Kalahari.
Nessa região estão os suricates. Pequeno mamífero, com cerca de meio
metro, peso próximo a um quilo e pelagem acastanhada.
Vivem em pequenos grupos de até quarenta indivíduos e revezam-se nas
tarefas de vigia e proteção da colônia. Estudos mostram que
desenvolveram linguagem própria, capaz de indicar o tipo de predador
que se aproxima.
Os mais velhos incumbem-se de ensinar aos mais novos, existindo
registros de adoção de um elemento cego por outro experiente, que o
ajudava a procurar alimento e buscar proteção.
Grupos de trabalho não são difíceis de formar, obter trabalho em
grupo sim. Esta ainda é uma questão complexa.
Esta barreira pode ser superada pelo aspecto mais significativo da
interpretação de Gung Ho, a Harmonia.
Surpreendente se torna ainda mais o conceito quando vemos que a
palavra na sua origem não tem nada a ver com slogans ou gritos de
guerra, quer dizer apenas Cooperativa Industrial.
Não importa, para nós Gung Ho será sempre uma determinação para
trabalharmos juntos e em harmonia!
Gung Ho!
Ivan Postigo é Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado
em controladoria pela USP. Autor do livro: Por que não? Técnicas
para estruturação de carreira na área de vendas e diretor da Postigo
Consultoria de Gestão Empresarial - Fones (11) 4526 1197 / ( 11 )
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