A Importância do Marketing aplicado ao turismo para o
desenvolvimento de um município. Catas Altas: Um estudo de caso
Por: Lílian Miranda de Souza e Sérgio Arreguy
05/11/2008
RESUMO
Este artigo apresenta algumas reflexões a propósito da aplicação do
marketing à atividade turística, trazendo um levantamento
bibliográfico sobre os conceitos de turismo, marketing e marketing
de produtos e serviços. A partir desses conceitos, utiliza um estudo
de caso para analisar a importância das ações das Administrações
Públicas em desenvolver um conjunto de atuações fundamentais que
caracterizam o mercado turístico. Para isso, mostra o estudo da
cidade de Catas Altas, pertencente ao Circuito do Ouro da Estrada
Real, hoje considerada uma cidade histórica e ecológica pelo empenho
da Administração em investir no potencial da cidade. O estudo
possibilita identificar estratégias de sucesso adotas pela
Secretaria de Turismo da cidade, que podem servir de exemplo para
outras Administrações.
PALAVRAS-CHAVE: marketing, serviços, turismo, estudo de caso, Catas
Altas
ABSTRACT
This article presents some reflections about application of
marketing for tourism, bringing a reference survey about concepts of
tourism, marketing and marketing of products and services. Based on
these concepts, use a case study to examine the importance of the
actions of public authorities in developing a set of key actions
that characterize the tourist market. For this reason, shows Catas
Altas's study, city that belongs Gold Circuit of to the Royal Road,
now considered a historic city and the commitment of ecological
tourism in the city, which could serve as an example for other
Administrations.
KEY-WORDS: marketing, service, tourism, case study, Catas Altas
1 INTRODUÇÃO
O setor do turismo tem sido alvo, nos últimos tempos, de uma forte
explosão do desenvolvimento de idéias e ações. A demanda é crescente
por causa do aumento da população e da complexidade urbana,
provocada pelo capitalismo e seus modos de produção, e da busca por
opções diferenciadas para a satisfação pessoal. O turismo é evasão,
sonho, saída do cotidiano e da mesmice. E o Marketing Turístico vem
impulsionar o consumo desta necessidade pós-moderna: o “sair da
rotina”.
O Turismo não se encaixa no quesito das necessidades básicas, como
alimentação, moradia, saúde e educação, por ser considerado
secundário na escala de prioridades dos consumidores. Mas a
atividade turística deixou de ser vista como um capricho. Uma vez
atendidas as suas necessidades primárias, o ser humano passa a
relacionar suas necessidades principalmente com status, cultura e
lazer – e é aqui que o turismo encontra sua atuação.
E o turista procura aonde ir. Para se aproveitar possíveis
potenciais turísticos de uma localidade, um município, um país, é
preciso muito planejamento. Cabe às Administrações Públicas
definirem seus objetivos - que serão descobertos através de um
diagnóstico quase clínico da vocação turística a ser praticada e que
poderá trazer os resultados esperados - e investir nisso, além do
envolvimento da comunidade (da qual é necessário extrair quais os
rumos seguir em relação à atividade). De nada servirá uma cidade
oferecer várias opções turísticas como, por exemplo, grande riqueza
natural e cultural, se a Administração não desenvolver as medidas
indicadas para impulsionar o desenvolvimento turístico.
Concluindo-se que é função das Administrações Públicas desenvolver
um conjunto de atuações fundamentais que caracterizam o mercado
turístico em seu torno, este trabalho apresenta algumas reflexões a
propósito da aplicação específica do marketing à atividade
turística, e traz o estudo da cidade de Catas Altas, pertencente ao
Circuito do Ouro da Estrada Real, hoje considerada uma cidade
histórica e ecológica impulsionada pelo empenho da Administração em
investir no potencial da cidade.
Todas as suas particularidades e o fato de apenas treze anos de
emancipação político-administrativa terem proporcionado ao município
de Catas Altas uma verdadeira revolução instigaram a esse estudo.
O que se quer saber é: como as ferramentas do marketing turístico
podem ser utilizadas por uma administração para investir no
potencial de uma cidade?
Para isso, este artigo apresenta uma discussão sobre a aplicação do
marketing ao turismo, que pode ser essencial para o desenvolvimento
de um município, para propiciar a compreensão dos temas básicos do
marketing e aplicá-los diretamente ao setor turístico e identifica
as ações de marketing que auxiliam uma Administração Pública a
investir no potencial turístico da cidade. Unindo a teoria à
prática, traz no estudo de caso um exemplo real e atual para mostrar
que é possível se investir no marketing turístico e atingir bons
resultados no desenvolvimento de um município, além de apresentar
uma análise dos feitos da Administração da cidade de Catas Altas que
a levaram a ser reconhecida como cidade histórica e ecológica e uma
referência no turismo da região do Circuito do Ouro da Estrada Real.
A execução se deu por meio de uma pesquisa bibliográfica em
registros escritos e de um grande suporte em pesquisa documental –
artigos de publicações periódicas, publicações eletrônicas,
publicações acessíveis através da Internet, além da coleta de dados
primários, por meio de entrevista.
Para um embasamento teórico, o artigo apresenta conceitos de
Marketing e de Marketing de Produtos e Serviços, para fundamentar a
aplicação de acordo com o eixo temático. Como pilar, bibliografias
ligadas ao tema Marketing Turístico permeiam todo o texto.
Definiu-se estruturar o trabalho da seguinte forma: uma introdução;
quatro capítulos abordando, respectivamente, a fundamentação
teórica, a metodologia, a definição do objeto empírico – a cidade de
Catas Altas -; o relato das estratégias adotadas pela administração
da cidade, apresentadas através da coleta de dados em entrevista com
o secretário de turismo; uma análise do estudo de caso e a
apresentação das conclusões obtidas.
2. MARKETING E TURISMO
2.1 Turismo: conceito e funções
A Organização Mundial de Turismo (OMT), organismo das Nações Unidas
para promover o desenvolvimento do turismo nos países
subdesenvolvidos, define Turismo como a soma de relações e de
serviços derivados de uma mudança temporária e voluntária de
residência, motivada por razões que não podem ser profissionais ou
de negócios. Para Melgar (2001, p. 13), a definição é mais
abrangente, sendo que propõe, num conceito recente, que:
Turismo é o conjunto de atividades realizadas por uma pessoa em um
lugar diferente daquele onde possui sua residência habitual, quando
motivado por razões surgidas livremente e quando não sejam exercidas
ações profissionais remuneradas diretamente por setores econômicos
do lugar visitado.
O turismo, então, se apresenta como uma atividade social e econômica
importante para o desenvolvimento de todos os segmentos da
sociedade.
Mas, de que forma o turismo age? Como produto e serviço. Para
Ruschmann (1991, p. 26) apud Melgar (2001), produto turístico é “a
amálgama de elementos tangíveis e intangíveis, centralizados numa
atividade específica e numa determinada destinação, as facilidades e
as formas de acesso, das quais o turista compra a combinação de
atividades e arranjos”.
Nesta ordem de idéias é importante salientar que não se pode falar
de um produto completo ou único, mas sim de diversos bens ou
serviços turísticos que, globalmente, satisfazem, naquele momento, a
necessidade turística detectada.
O turismo tem como sua matéria prima os atrativos turísticos. São
eles que podem motivar o deslocamento de pessoas para ver, fazer ou
sentir e desfrutar de sua existência. Investir na imagem e na
infra-estrutura de uma cidade que possua atrativos turísticos faz
deles produtos com capacidade de serem consumidos por algum tipo
específico de mercado (MELGAR, 2001).
Ainda de acordo com Melgar (2001, p.71) os atrativos turísticos
podem ser classificados nas seguintes categorias: sítios naturais,
históricos, culturais, congressos e eventos, educacionais,
recreacionais, saúde e negócios. O objeto de estudo se restringirá
aos sítios naturais (montanhas, lagos e lagoas, cachoeiras, grutas e
cavernas, observação de flora e fauna, parques nacionais e
reservas), e históricos (museus e sítios históricos).
2.2 O que é Marketing
Numa definição mais ampla, dada pelo Britsh Institute of Marketing,
que se relaciona a qualquer produto de consumo ou serviço, marketing
é:
A função gerencial que organiza e direciona todas as atividades
mercadológicas envolvidas, para avaliar e converter a capacidade de
compra dos consumidores numa demanda efetiva para um produto ou
serviço específico, para levá-los ao consumidor final ou usuário,
visando, com isto, um lucro adequado ou outros objetivos propostos
pela empresa (RUSHMANN, 2003, p. 14).
De forma mais direta, marketing pode ser definido como o conjunto de
atividades orientadas a identificar e satisfazer as necessidades e
desejos dos clientes de uma forma geral.
(...) marketing é um processo social por meio do qual pessoas e
grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com
a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor
com outros. (KOTLER,2000, p. 30).
Muitas vezes, o marketing é descrito como a arte de vender produtos.
Mas as pessoas se surpreendem quando ouvem que o mais importante no
marketing não é vender (KOTLER, 2000). Para Ducker (apud KOTLER,
2000, p.30)
Pode-se presumir que sempre haverá necessidade de algum esforço de
vendas, mas o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. A
meta é conhecer e compreender tão bem o cliente que o produto ou
serviço se adapte a ele e se venda por si só. O ideal é que o
marketing deixe o cliente pronto para comprar. A partir daí, basta
tornar o produto ou o serviço disponível.
E as pessoas satisfazem suas necessidades e seus desejos com
produtos. Um produto é qualquer oferta (bens, serviços,
experiências, eventos, pessoas, lugares, títulos patrimoniais,
organizações, informações e idéias) que possa satisfazer a uma
necessidade ou a um desejo (KOTLER, 2000).
Storti (2008, p. 31) cita Spiller (2006, apud STORT1, 2008, p. 31)
para tratar do marketing de serviços :
Em síntese, o autor destaca que o marketing de serviços deve ser
orientado para a conquista e fidelização do cliente, tornando-o um
divulgador da qualidade do serviço prestado, através de um estudo de
suas necessidades, detalhado planejamento da produção, avaliação do
seu grau de satisfação e práticas para a consolidação da marca da
organização.
Para atingir o objetivo de atingir essas necessidades e desejos, o
marketing lança mão de um conjunto de ferramentas. MacCarthy (apud
KOTLER, 2000) classificou essas ferramentas em quatro grupos amplos
que denominou os 4Ps do marketing: produto, preço, praça (ou ponto
de venda) e promoção. Este último – a promoção – se configura como
uma das principais ferramentas utilizadas pelo turismo, sendo que é
através da propaganda, da publicidade, da promoção de vendas, do
merchandising e do marketing direto que se vai chegar ao possível
cliente: o turista.
Stort1 (2008, p.40), orienta como deve ser o processo:
O primeiro passo de uma campanha promocional é atrair a atenção dos
consumidores potenciais; em seguida está o interesse - a empresa
deve estimular o interesse pelo produto demonstrando suas
características, seus usos e benefícios; o próximo passo é levar os
clientes a desejarem o produto,
convencendo-os de que as suas necessidades serão supridas e por
último, a
empresa deve convencer o seu público - alvo a aquisição efetiva do
produto.
As principais formas de promover a venda de um produto ou serviço
são: propaganda, relações públicas, venda pessoal e promoção de
vendas.
Mas Cobra (1997, p. 361) ressalta que:
O sucesso da mensagem de propaganda repousa mais na definição clara
dos objetivos de marketing do que nos objetivos exclusivamente de
comunicação. Um administrador deve estabelecer objetivos claros
realizáveis. E a propaganda não foge à regra da importância de
estabelecer objetivos para formular uma campanha de propaganda
adequada.
2.3 O turismo e o desenvolvimento local
Melgar (2001, p.60), apresenta a seguinte definição de marketing
turístico:
É o conjunto de atividades que desenvolve um setor produtivo da
atividade turística, compilando esforços financeiros, humanos e
físicos e identificando necessidades atuais e potenciais em
segmentos específicos de mercados turísticos emissores, como forma
de gerar produtos que possam atender essas necessidades e ao mesmo
tempo proporcionar um benefício econômico aos investidores.
O Marketing trabalha diretamente com a idéia de persuasão, sedução e
convencimento. No turismo, o marketing é fundamental para construir
ferramentas que conquistem o consumidor. É preciso saber mostrar com
beleza o que é a realidade da cidade, seduzindo o potencial turista,
criando um laço.
Como o produto turístico é considerado secundário na escala de
prioridades dos consumidores, é preciso se investir em recursos que
convençam esse consumidor de que ele precisa do turismo. Esse é o
papel que o Marketing Turístico vai desempenhar.
Ruschmann (2003, p. 26) define que:
O produto turístico difere, fundamentalmente, dos produtos
industrializados e de comércio. Compõem-se de elementos e percepções
intangíveis e é sentido pelo consumidor como uma experiência. Por
isso, é preciso defini-lo e conhecer suas características a fim de
poder elaborar um plano de marketing e a conseqüente comunicação
publicitária e promocional adequada.
Sabendo que o marketing é um conceito voltado para o consumidor, os
componentes do produto turístico devem ser examinados sob o ponto de
vista dele. Para o turista, o produto engloba a experiência
completa, desde o momento que sai de casa para viajar até o seu
retorno (RUSCHMANN, 2003). Assim, o profissional de marketing
precisa saber qual o perfil daquela cidade, descobrir através de um
diagnóstico minucioso a vocação turística a ser praticada e que
poderá trazer os resultados esperados, tanto para o destino como
para quem está indo a ele.
Feito o diagnóstico, verificado o potencial turístico, cabe à
Administração Pública focar um segmento e desenvolver um conjunto de
ações fundamentais que vão relacionar a cidade ao mercado turístico.
Analisando como uma empresa, Rocha (2003, p. 14) diz que:
À medida que as empresas passam a conhecer mais o comportamento dos
consumidores, elas procuram desenvolver mais seus produtos,
agregando serviços e atendendo melhor os gastos e desejos de
diferentes grupos de consumo.
No que concerne à política do produto, por exemplo, de nada servirá
divulgar a cidade e seus atrativos turísticos, se o Estado não
desenvolver as medidas indicadas para impulsionar o desenvolvimento
turístico.
Portuguez (2004, p.34) analisa o turismo das cidades históricas:
A fragilidade da cidade histórica e sua complexidade funcional
explicam o fato de não ser nada fácil dotar-se de uma
infra-estrutura de administração que supere a dissociação entre
administração turística, administração cultural e administração
urbanística. As expectativas que o turismo desperta são muitas, não
obstante, é preciso ser consciente, por um lado, de que toda cidade
histórica é cidade turística e, por outro, que a dinamização a
partir do turismo também tem limites importantes.
Assim, para que uma cidade histórica alcance êxito na atividade
turística é preciso uma coordenação de políticas setoriais, com
implicação urbana (urbanismo, trânsito, cultura, segurança, turismo,
etc.) e a formulação de políticas turísticas (PORTUGUEZ, 2004).
3 METODOLOGIA: ESTUDO DE CASO
Para a análise do objeto de estudo proposto no artigo, foi
necessário realizar um levantamento de dados primários, que
caracterizam o estudo de caso.
Para Samara & Barros (1997, p. 26), o estudo descritivo de caso, ou
pesquisa qualitativa, tem como característica principal compreender
as relações de consumo “em profundidade”.
As pesquisas qualitativas são realizadas a partir de entrevistas
individuais ou discussões em grupo, e sua análise verticalizada em
relação ao objeto em estudo permite identificar pontos comuns e
distintivos presentes na amostra escolhida.
Para complementação dos dados levantados para o estudo de caso foi
feita entrevista individual e em profundidade com o atual Secretário
de Turismo de Catas Altas, Lucas Nishimoto, que respondeu de forma
espontânea às questões abaixo:
- Como a Secretaria de Turismo mobiliza e prepara a população para
entender o potencial turístico da cidade e quais trabalhos são
desenvolvidos para isso?
- Quais são os investimentos no setor turístico da cidade? Há muitas
parcerias com o setor privado?
- O que é feito para divulgar a cidade?
- A criação de eventos, como a Festa do Vinho, é uma estratégia da
Administração para promover a cidade? Quais outros eventos são
desenvolvidos e como a Secretaria de Turismo avalia seus resultados?
- Catas Altas tem como carro chefe do setor de turismo o Projeto
Verde Catas Altas.
Como você avalia os resultados obtidos até hoje?
- Quais foram os prêmios já conquistados referentes ao turismo?
- Há algum projeto novo em desenvolvimento?
4 CATAS ALTAS: CIDADE HISTÓRICA E ECOLÓGICA
Natureza exuberante, preciosidades históricas e artísticas,
tranqüilidade, clima aconchegante, manifestações artístico-culturais
e religiosas, artesanato, deliciosos licores, vinhos e doces, além
da hospitalidade de seus habitantes. Essa é Catas Altas com 305 anos
de história.
Situada ao pé da Serra do Caraça, a apenas 120km de Belo Horizonte,
a aconchegante e turística cidade, com cerca de quatro mil e
quinhentos habitantes, pertenceu ao ciclo do ouro. Seu conjunto
arquitetônico barroco formado não só pela Igreja Matriz, mas também
por casas antigas ao redor da Praça Monsenhor Mendes, entre outras
construções, traz para o presente a história do passado da pequena e
bucólica cidade mineira.
O interessante nome da cidade surgiu quando, em 1702, o bandeirante
Domingos Borges descobriu, na Serra do Caraça, ricas minas auríferas
que foram denominadas catas altas, tal a profundeza das escavações
feitas. Em 1703 era fundado o arraial de Catas Altas, tendo como
padroeira Nossa Senhora da Conceição.
305 anos de vida, mas apenas treze de emancipação. No dia 21 de
dezembro de 1995, o distrito de Catas Altas emancipou-se de Santa
Bárbara. Pouco tempo, mas o suficiente para que a administração
municipal dedicasse grande atenção para o desenvolvimento da cidade.
Atenta à vocação turística, procurou investir na recuperação e
preservação do patrimônio histórico, na infra-estrutura,
conscientização e mobilização popular, e se preocupa constantemente
em preparar o município para receber bem o turista.
Para proteger o rico acervo histórico, cultural e religioso, o
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas
Gerais (IEPHA) tombou todo o perímetro urbano de Catas Altas.
A cidade já desponta entre os dez municípios mineiros em arrecadação
de ICMS, índices relativos à preservação do patrimônio histórico e
do meio ambiente.
A atividade turística como alternativa de desenvolvimento é de
grande importância para o município que, hoje, vê 92,52% da
população ocupada, segundo dados do IBGE, trabalhando nas 4 maiores
industrias da cidade, todas elas ligadas à atividade mineraria e que
94,55% dos salários também são provenientes dessa mesma atividade. O
turismo possibilita uma redistribuição e um melhor nível de
salários, desde que a população se torne empreendedora nesta
atividade. A média de salários da população é de menos de R$ 300,00
por mês, segundo o mesmo IBGE”. (NISHIMOTO, 2004, p.3)
Catas Altas afirma-se como uma cidade modelo de desenvolvimento
auto-sustentável. A mineração de ferro é hoje a principal atividade
econômica, mas sua vocação natural é o turismo histórico e ecológico
graças não só ao rico acervo histórico como também ao belíssimo
patrimônio natural. Para mobilizar a comunidade local para o uso
correto desses valiosos patrimônios, a associação Mineira de Defesa
do Ambiente (Amda), a Prefeitura Municipal de Catas Altas e o
Unicentro Newton Paiva desenvolvem no município o Projeto Verde
Catas Altas que realiza palestras, cursos, atividades diversas
relacionadas à área ambiental, e dissemina informações a respeito.
Visa também compatibilizar a mineração com o respeito ao meio
ambiente e a invejável qualidade de vida dos catasaltenses.
A notoriedade dos projetos desenvolvidos em Catas Altas é tanta que
a cidade já acumula diversos prêmios, entre eles o ECO 2001, em
função do trabalho ligado à educação e o primeiro lugar dado pela
Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão ligado ao Ministério de
Saúde, pela iniciativa bem sucedida de implantação e operação do
aterro sustentável de Catas Altas.
3.1 Atrativos turísticos de Catas Altas
Catas Altas possui um conjunto arquitetônico muito rico e
harmonioso, sendo um dos mais homogêneos e representativos da
arquitetura colonial mineira. Seu patrimônio natural também é
bastante expressivo, com destaques para o Pico de Catas Altas e a
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Serra do Caraça.
O município, ainda, integra a Associação de Municípios do Circuito
do Ouro e faz parte do Roteiro da Estrada Real.
A cidade apresenta uma gama de fatores que a tornam bastante
interessante do ponto de vista turístico: as construções coloniais,
as belezas naturais do seu entorno ao longo da extensão da Serra do
Caraça, a tranqüilidade e a hospitalidade de seu povo, as
manifestações artístico-culturais e religiosas, o artesanato, os
licores, os vinhos e os doces. Além da principal vocação do
município: o ecoturismo. Os atributos naturais encontrados na
região, principalmente os recursos hídricos, são de valor
inestimável, sem falar na rica e exuberante paisagem local,
incluindo-se a flora.
Esses são alguns dos potenciais que são trabalhados, a fim de
formatar o produto turístico do município.
De acordo com os sites www.cidadeshistoricasdeminas.com.br e
www.estradareal.org.br, pode-se dividir os atrativos turísticos de
Catas Altas em dois segmentos, destacando-se os mais expressivos:
atrativos naturais e atrativos históricos. Um destaque será dado ao
Santuário do Caraça, sendo que ele reúne um conjunto de grandes
atrativos para o turismo em Catas Altas, daí a importância de
apresentá-los separadamente.
3.1.1 Atrativos Naturais
- Pico de Catas Altas (ou Pico do Horizonte): 1.810 m de altitude,
com acesso por trilha não sinalizada, num total de 7km. A vegetação
local é formada por canelas de ema, candeias, afloramentos e mata de
cerrado;
- Pico do Baiano: com 4km de um paredão com 2.016 m de altitude, é o
maior de Minas e um dos maiores do Brasil, com 750 m de escalada. A
sua face está grampeada e forma uma via utilizada por escaladores
experientes. A escalada total do paredão dura 4 dias;
- Cachoeira da Santa: a queda d’água com cerca de trinta metros de
altura e volume razoável forma um poço raso, propício para banho.
- Cachoeira das Borboletas: encontra-se no Vale das Borboletas e
fica em uma área particular, podendo ser visitada somente com
acompanhamento de condutor de turismo local. O Vale das Borboletas é
formado por riacho de águas límpidas e poços naturais;
- Cachoeira de Valéria: formada em rio de mesmo nome, com acesso por
estrada de terra. Chega-se à cachoeira por cima, onde há um grande
poço, cercado de vegetação de mata. Logo após o poço, a água desce
sobre alguns degraus, seguindo por um grande bloco rochoso com,
aproximadamente, 10 m de largura.
- Cachoeira do Córrego do Maquiné: possui a maior queda com
aproximadamente 12 m de altura e forma um poço de 3 m de diâmetro e
0,5 m de profundidade. A cabeceira se caracteriza por várias quedas
pequenas que formam poços em desníveis naturais. Suas águas são
geladas durante todo o ano. No local, é feita a captação de água
para o abastecimento da cidade.
- Cachoeira do Meio: o nome tem origem na sua localização. A
cachoeira fica bem no meio da Serra do Caraça, em direção ao Pico de
Catas Altas e pode ser avistada do centro histórico da cidade. A
cachoeira tem queda de 60 m de altura e quatro saltos que formam
pequenos poços. Em seguida, surge uma segunda queda, com
aproximadamente 25 m de altura. O volume d’água varia conforme o
período de chuvas. O acesso não é sinalizado e tem alto grau de
dificuldade, exigindo bom preparo físico, experiência e
acompanhamento de um condutor local.
(www.estradareal.org.br, 2008; www.cidadeshistoricasdeminas.com.br,
2008)
3.1.2 Atrativos Históricos
As construções barrocas são destaque. Igrejas e capelas marcam a
arquitetura local.
- Capela de Nossa Senhora do Carmo (ou Santa Quitéria): localizada
no alto de uma colina, com os fundos voltados para os Picos de Catas
Altas e do Baiano. Sua construção datada do século XVIII foi
edificada em taipa, com torre central única e adro de pavimento em
pedras. Destacam-se na capela a fachada chanfrada, a antigüidade do
único retábulo cuja talha é em estilo D. João V, além de elementos
artísticos do seu interior.
- Capela do Senhor do Bonfim: está situada nas proximidades do Morro
da Água Quente. Datada provavelmente do final do século XVIII, é
construída em madeira e pau-a-pique. Apesar da simplicidade do
interior, possui uma fachada muito interessante.
- Igreja de Nossa Senhora do Rosário: sua construção é de fins do
século XVIII e início do século XIX, tendo inscrita na fachada a
data de 1862. Apesar de seu exterior simples, seu interior possui um
altar mor com talha em estilo D. João V e o teto pintado em tons de
vermelho e marrom bem escuro.
- Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: localizada na praça
central da cidade, também chamada praça da Matriz, a igreja é um dos
mais importantes templos mineiros. Construída em madeira, taipa e
pedra, apresenta elementos raros em nossa arquitetura e um dos mais
impressionantes conjuntos de talha dentre as igrejas mineiras. Os
altares laterais da Nave são da primeira metade do século XVIII. A
igreja está inacabada podendo se identificar em seu interior as
diversas fases dos trabalhos ornamentais e da sua construção. O
altar mor é em estilo D. João V.
- Aqueduto / Bicame de Pedra: foi construído por escravos em 1792,
para captar água da Serra do Caraça até Brumado, onde o ouro era
extraído e lavado. Hoje ainda restam cerca de 100 metros do
monumento.
(www.estradareal.org.br, 2008; www.cidadeshistoricasdeminas.com.br,
2008)
3.1.3 Santuário e Parque Nacional do Caraça
Constitui-se num grande atrativo de Catas Altas.
A história do Caraça foi iniciada pelo irmão Lourenço de Nossa
Senhora, português de origem desconhecida, que fundou, em 1774, uma
ermida e um convento, no Caraça. Em 1819, ao morrer, deixou seu
santuário a D. João VI, pedindo-lhe que construísse um colégio no
local. Já em 1820, dois lazaristas portugueses receberam de D.João
VI e fundaram o Colégio do Caraça. A partir daí, as construções
foram aumentando e outras surgindo (como o edifício de três andares
- que abrigava salas de aulas, teatro, biblioteca; a igreja em
estilo neogótico, substituindo a capela barroca do irmão Lourenço;
entre outras). Em 1968, um incêndio destruiu o edifício de três
andares, juntamente com o teatro e a biblioteca, permanecendo
intactas a igreja e suas alas. Assim, foram interrompidas as
atividades do colégio, que hoje se tornou um lugar de repouso e
meditação, aberto aos turistas interessados em conhecer a sua
história e passear por belas paisagens naturais, marcada pela Serra
do Caraça.
Dentre os atrativos históricos e culturais ali existentes,
destaca-se, além do prédio onde ocorreu o incêndio (atualmente
restaurado, mas preservando as ruínas), o Santuário e o prédio do
antigo colégio que guardam um importante acervo, construído de peças
antigas, adornos artísticos incorporados à construção, pelas
"Catacumbas" (onde eram enterrados os padres), livros raros e o
famoso quadro da "Santa Ceia", pintado por Ataíde, em 1828.
A Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens foi inaugurada em 1883 e tem,
em seu altar-mor, uma imagem de Nossa Senhora Mãe dos Homens,
trazida de Portugal, em 1874. Primeira igreja em estilo Neo-Gótico
construída no Brasil com vitrais franceses foi construída no local
da antiga capela. Atrás do altar, há cinco vitrais, sendo que o do
meio, representando o menino Jesus no templo, foi presente de
D.Pedro II. Os dois alteres barrocos são obras do Mestre Ataíde, bem
como sua famosa obra-prima "Santa Ceia", uma enorme tela pintada em
1828, localizada no alto, à direita. Em uma das tribunas,
encontra-se uma incrível relíquia católica: o corpo moldado em cera,
a partir dos ossos de São Mártir, retirados das catacumbas de Roma.
Dispõe também de um órgão de 700 tubos, esculpido em cedro vermelho,
pinheiro e jacarandá.
Inúmeros são os atrativos naturais em sua área natural com 13.000
ha. Pode-se destacar o Banho de Belchior, que fica a 3 Km do
Santuário ou a 40 minutos de caminhada leve, por trilha sinalizada.
O córrego Canjerana desce formando corredeiras e piscinas naturais
até o local denominado Banho de Belchior, que tem um poço de 40 m de
comprimento por 10 m de largura, aproximadamente. Os poços ou
piscinas são rasos, com água de cor amarelada e tão transparente que
se pode ver nitidamente o fundo pedregoso. Apesar de a água ser
muito fria, há possibilidade de banhos. Existe bastante vegetação ao
redor da piscina, o que torna o local muito agradável e bonito.
A Cachoeira Cascatinha fica a 2 km do Colégio do Caraça, chegando-se
lá por uma caminhada leve. A trilha é sinalizada, podendo-se ir
também de bicicleta. São várias cachoeiras que caem em desnível,
formando numerosas piscinas naturais. A água é pura, espumante e de
coloração amarelada, em razão da matéria orgânica que desce da
serra. Há possibilidade de banhos, porém é preciso ter cuidado com
as pontas de pedras e áreas mais profundas. Já a Cachoeira Cascatona
está a 6 km do Colégio, no ribeirão Caraça. O acesso é feito por
trilha sinalizada, passando pela Estrada Real. A cachoeira tem,
aproximadamente, 80 m de altura, em desnível, com água cuja
temperatura está em torno de 17° C.
O Caraça oferece, também, caminhadas mais extensas que levam a seus
picos, sempre em companhia de guias locais. O Pico do Carapuça está
a 1.960 m de altitude e 3 horas de caminhada por uma trilha de
difícil acesso. O Pico do Inficionado, com 2.046 m de altitude,
localiza-se a 5 horas de caminhada. No pico há uma gruta denominada
Gruta do Centenário, a mais profunda do mundo em formação quartzito.
E o Pico do Sol, com 2.076 metros de altitude, o mais alto de toda a
serra do espinhaço com acesso difícil. No caminho para o pico
passa-se pelo vale das panelas, onde se encontram piscinas naturais.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural do Caraça (RPPN) está
localizada na Serra do Caraça, a 26Km do município de Catas Altas, e
é considerada como um dos principais atrativos turísticos do
município. A RPPN do Caraça tem 11 ha, altitude que varia de 720 a
2100 m, ocupando uma área de transição entre domínio do cerrado e da
mata atlântica.
(www.estradareal.org.br, 2008; www.cidadeshistoricasdeminas.com.br,
2008)
4 TURISMO EM CATAS ALTAS: ESTRATÉGIAS
Para Catas Altas alcançar o título de cidade histórica e ecológica e
hoje ser um destino escolhido por muitos turistas – não só de Minas
Gerais, mas de todo o país e até mesmo do exterior – muitas
estratégias foram desenvolvidas pela Administração Pública, desde a
sua emancipação, em 1995.
A localização do município permitiu que fizesse parte da Associação
do Circuito do Ouro e do Roteiro da Estrada Real.
O Circuito do Ouro é um programa de fomento à atividade turística
desenvolvido pela Secretaria de Turismo de Minas Gerais, em que
municípios com características e vocações semelhantes, desenvolvem
roteiros integrados e políticas comuns de desenvolvimento do
turismo.
O roteiro da Estrada Real é uma iniciativa de desenvolver no antigo
caminho de escoamento e povoamento que ligava Minas Gerais ao Rio de
Janeiro, um roteiro integrado para a prática do turismo histórico e
ecológico e, hoje, o principal programa de desenvolvimento do
turismo em Minas Gerais.
O primeiro passo dado pela Secretaria de Turismo de Catas Altas,
logo após o diagnóstico de seu potencial turístico, através de
pesquisas de percepção com os moradores do município, para levantar
dados sobre a região e identificar as características sociais,
econômicas e culturais da comunidade local, foi desenvolver ações de
preservação ambiental (tanto natural quanto cultural), de formação
de mão-de-obra e de ordenação do espaço turístico e mobilizar e
preparar a população, focando o desenvolvimento turístico local.
Para isso, no início de 1998 foi lançado na cidade o Projeto Verde
Catas Altas, uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Catas
Altas e da Associação Mineira de Defesa do Meio-Ambiente. Em 1999, o
projeto passou a ter a colaboração do Centro Universitário Newton
Paiva (Unicentro-MG).
O projeto tem como objetivo integrar a comunidade ao processo de
desenvolvimento sócio – econômico - cultural sustentável, através da
prática da atividade turística, além de proporcionar subsídios para
que a comunidade local busque seu desenvolvimento socioeconômico por
meio do turismo, sensibilizar a comunidade e os visitantes para uma
melhor utilização dos recursos turísticos e oferecer aos alunos do
Centro Universitário Newton Paiva a prática profissional.
As atividades desenvolvidas no município foram organizadas em cinco
módulos: “Comunidade Participativa” – sensibilizar e integrar a
comunidade no desenvolvimento da atividade turística; “Gente que
Faz” – qualificar e capacitar a mão-de-obra local para o turismo;
“Catas Altas Cata Lixo” – desenvolver atividades educativas com a
comunidade e turistas em busca da preservação dos patrimônios
natural, cultural e histórico; “Seja Bem-Vindo” – conhecer o perfil
e as necessidades do turista e fornecer informações turísticas sobre
o município, e “Inventário Turístico” – descrição sistemática dos
atrativos naturais, históricos, culturais, serviços de
infra-estrutura básica e de apoio ao turista.
O Projeto Verde Catas Altas realizou – e ainda realiza - diversas
atividades que procuram atender os objetivos de cada uma das áreas
de atuação: projetos como o Ecoverão e o Ecoinverno, realizados nos
meses de janeiro e julho, respectivamente, com atividades culturais
voltadas para as artes, a cultura e o entretenimento; programações
de eventos culturais, esportivos, e de sensibilização; gincana
cultural, campanha de arrecadação de livros, projeto arte em cena,
mutirão do lixo, gincana ecológica com plantio de mudas, blitze
ecológicas, oficinas de educação ambiental e de brinquedos com
material reciclado, curso de condutores de turismo, jornadas
técnicas de artesanato, Programa de Capacitação dos Agentes de
Turismo, pesquisas de perfil e de opinião.
O reconhecimento desse trabalho aconteceu com a conquista de
diversos prêmios, como o terceiro lugar nos prêmios SESC-SENAC de
Turismo Sustentável, em âmbito nacional, e no SESC-UNA de Turismo
com Responsabilidade Social, que o coloca entre as principais
iniciativas existentes dentro do Estado de Minas Gerais de inserção,
transformação e desenvolvimento do turismo com participação
comunitária, através de um sistema de informação, discussão, debate
e educação junto à população local. Em 2003 o trabalho foi coroado
com o VIII Prêmio Banco Real/Universidade Solidária.
De acordo com declaração do atual Secretário de Turismo de Catas
Altas, Lucas Nishimoto, na entrevista feita para a pesquisa, o
principal resultado visível do Projeto é “a consciência da
comunidade em relação ao turismo”. Outro ponto positivo ressaltado
por ele é “a contribuição de forma efetiva para a consolidação de
associações como a APROVART (Associação dos Produtores de Vinho e
outros produtos artesanais), e melhorias nos equipamentos e serviços
turísticos do município”.
O Projeto Verde Catas Altas pode ser considerado o carro chefe do
setor de turismo da cidade. Mas podem-se citar, também, outras
estratégias desenvolvidas para atrair turistas, como a realização de
eventos. Carnaval, Seminários, Cavalgadas, Festa do Vinho, Festa da
Cidade e o Reveillon são festas que já fazem parte do calendário da
cidade.
A Festa do Vinho, que já está em sua oitava edição, é um bom exemplo
de estratégia que deu certo. Criada para resgatar a cultura local,
sendo que muitos catasaltenses produzem de forma artesanal vinhos de
jabuticaba e uva – tradição que remonta o século XIX, passada de
geração a geração desde – a festa dá a oportunidade de os produtores
exporem seus produtos, além de levar shows de artistas de renome
para a cidade. Questionado se eventos, como a Festa do Vinho, foram
criados como estratégias para promover a cidade, Lucas Nishimoto
frisa que, “além de divulgar o município, a festa se apresenta como
um importante produto turístico”, e ressalta a importância do evento
para o turismo e a economia local, com a geração de emprego e renda.
A cidade, que hoje tem cerca de 4 mil habitantes, contabiliza um
público médio de 12 mil pessoas nos três dias de evento.
De acordo com informação do Secretário de Turismo na entrevista, o
investimento no setor turístico por parte do governo municipal
corresponde a 25% da arrecadação, um valor considerável. E, sobre a
divulgação, ele diz que:
A principal forma de divulgação se dá através da Internet, com o
Portal de Catas Altas e a presença de informações da cidade em
diversos sites relacionados ao turismo, como o site da Estrada Real.
Outras estratégias são utilizadas, como a participação constante em
feiras de turismo e a divulgação em massa através de panfletagem
(distribuição de folders informativos sobre a história e os
atrativos turísticos da cidade), nos principais eventos do
município.
Em resposta à pergunta referente ao novos projetos da Secretaria,
Lucas Nishimoto relata que:
A Secretaria de Turismo está estudando a elaboração de um plano
estratégico para aprimorar o desenvolvimento do turismo no
município. O órgão está desenvolvendo um programa de turismo
pedagógico e rotas de geoturismo, visando um público mais voltado
para estudantes universitários e pesquisadores.
Como resultado do empenho da Administração em buscar investimentos
para o setor, Lucas Nishimoto apresenta a Criação do Centro de Apoio
ao Turista (inaugurado em novembro de 2007) - em parceria com a Vale
(antiga Companhia Vale do Rio Doce) - uma importante ferramenta que
conta com uma grande estrutura para recepcionar turistas e
visitantes, além de áreas voltadas para a realização de trabalhos de
educação ambiental.
5 AVALIAÇÃO
A atividade turística como alternativa de desenvolvimento é de
grande importância para o município de Catas Altas.
O fato de o município fazer parte da Associação do Circuito do Ouro
e do Roteiro da Estrada Real, somando-se a boa aceitação e
hospitalidade dos catasaltenses, que contribuem para maior afluência
dos turistas e, conseqüentemente, para o comércio local, mostram o
grande potencial que a cidade possui para investir no turismo.
As ações já desenvolvidas pela Administração Pública atraem mais
divisas para o município e o torna cada vez mais conhecido e
visitado. As estratégias de promoção desenvolvidas pela Secretaria
de Turismo têm surtido efeitos positivos.
Mas a demanda turística do município hoje ainda manifesta-se de uma
forma um pouco tímida, concentrando-se principalmente nos feriados e
nos períodos de festas. Sua infra-estrutura de apoio ao turismo
ainda é incipiente. A mão-de-obra é informal e familiar, os
estabelecimentos comerciais são de pequeno porte, os meios de
hospedagem e os restaurantes são marcados pela simplicidade.
O Projeto Verde Catas Altas vem conseguindo de forma significativa
contribuir para o correto desenvolvimento turístico do município,
trabalhando com os principais agentes – a comunidade - informando,
educando e dando esclarecimentos quanto aos aspectos culturais,
naturais, artísticos, históricos e turísticos.
O que se verifica em Catas Altas é um crescimento lento e gradual da
oferta e da demanda turística, o que é o ideal para que o turismo
não se torne repentinamente a principal atividade econômica do
município e com isso trazer um processo de descaracterização do modo
de viver da população.
É de grande importância a preocupação da Secretaria de Turismo em
desenvolver um plano estratégico, considerando-se o grande potencial
identificado na cidade. E trabalhar, cada vez mais, o composto de
marketing e investir na promoção (que se identifica como a principal
estratégia de conquista dos turistas para a cidade).
Esse é o caminho certo a se seguir. Uma cidade com tão pouco tempo
de emancipação e já atingindo resultados positivos tende a
desenvolver cada vez mais.
6. CONCLUSÃO
Aplicar o marketing no turismo é entender e sentir o mercado sempre
em busca do desenvolvimento de produtos e ou serviços que atendam e
satisfaçam as necessidades dos seus clientes.
O estudo de caso apresentado neste artigo possibilitou verificar que
as ferramentas do marketing turístico podem ser utilizadas por uma
administração para investir no potencial de uma cidade. A aplicação
do composto de marketing, em especial a grande utilização de
promoção, possibilitou que Catas Altas atraísse à atenção de
turistas e, o que é muito importante, atraísse investimentos. O que
responde ao problema de pesquisa: como as ferramentas do marketing
turístico podem ser utilizadas por uma administração para investir
no potencial de uma cidade?
Frente à fundamentação apresentada e aos dados secundários e
primários levantados, os propósitos do trabalho foram alcançados.
Verificou-se que para o turismo se tornar uma atividade econômica de
relevância e participação significativa na economia local, deve-se
trabalhar com os principais agentes de desenvolvimento da atividade;
com aqueles que podem se tornar beneficiários do desenvolvimento
dele dentro do município como os artesãos, produtores rurais,
proprietários e funcionários de estabelecimentos comerciais,
principalmente dos setores de hospedagem e alimentação e condutores
de turismo.
Viu-se que a Administração Pública de Catas Altas soube aproveitar
os seus potenciais turísticos e agora se preocupa com o planejamento
para impulsionar cada vez mais o desenvolvimento turístico da
cidade.
É preciso criar soluções viáveis para proporcionar o trabalho
conjunto e integrado dos vários setores da cadeia produtiva, um dos
grandes problemas existentes para o desenvolvimento do turismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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www.cidadeshistoricasdeminas.com.br. Acesso em: 12 de setembro de
2008.
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