A Importância do Produto Turístico: A Casa das Tulhas em São Luís
Por Fernanda C.C.S. Menezes, Joubert J.M. dos Santos, Klycia L.S.
dos Reis, Rafael C.S. Reis e Lyanna B. Furtado
17/01/2009
Atualmente, o turismo é reconhecido como uma importante atividade
econômica para diversos países, e a sociedade está cada vez mais
consciente do seu significado para o incremento da economia. Hoje,
não é possível pensar em desenvolvimento de um país, estado ou
cidade, sem voltar à atenção para a questão do turismo, uma vez que
este possui uma devida relevância para a economia, sendo fonte de
renda e de divisas, além de exercer impactos significativos sobre a
cultura e o espaço (natural e social) da área receptora. Com todas
as transformações ocorridas ao longo dos anos (incremento da
tecnologia, globalização, etc.) e à medida que o turismo vem
evoluindo, o perfil do turista também vem sofrendo mudanças, e este
fica cada vez mais consciente e exigente em relação ao produto que
lhe é oferecido, seja comparando outros destinos já visitados, ou
seja, pelas informações que já possui. Por isso, que os destinos e
produtos turísticos devem estar alinhados com as exigências que o
mercado atual vem impondo, e neste sentido, as autoridades e
empresários do ramo turístico de São Luís, devem tomar atitudes para
que os produtos possam competir de maneira uniforme com outros
mercados, a fim de direcionar ações qualitativas e estratégicas de
forma equivalente ou similar ao que o mercado vem exigindo. Apesar
de não receberem a atenção que merecem, muitos pontos da cidade,
mesmo sem os devidos investimentos, encantam por sua imponência
arquitetônica e fatos históricos ali presentes. Neste contexto,
encontra-se a Casa das Tulhas ou Mercado da Praia Grande. Construída
em meados do século XIX, a Casa das Tulhas se tornou um dos mercados
mais movimentados de São Luís, fato que até hoje permanece. Porém,
apesar dos anos de existência, nem todo maranhense tem conhecimento
dos produtos e artefatos que o Mercado da Praia Grande oferece, pois
lá, pode ser encontrado desde a cachaça ou peixe seco, até o cofo de
palha, farinha de mandioca torrada, doce de bacuri, camarão, frutas
típicas da região, galinha caipira, artesanatos em madeiras e demais
utensílios da cultura do povo maranhense. Dotada de um grande
potencial turístico, apresentando em sua estrutura um belo conjunto
de edificações, a Casa das Tulhas, desempenha hoje, um papel
fundamental no processo de diversificação da oferta turística do
centro histórico de São Luís, sendo local de visitação de vários
turistas e da própria sociedade. Portanto, objetiva-se identificar
como a Casa das Tulhas pode ser um produto turístico competitivo
para o centro histórico de São Luís do Maranhão. Utiliza-se de
pesquisa bibliográfica e documental, coletando informações em
livros, revistas, artigos, monografias, teses e dissertações. Como
resultado tem-se que turismo é o “conjunto de atividades realizadas
pelas pessoas durante suas viagens e estadas em lugares distintos do
seu ambiente habitual, por um tempo consecutivo inferior a um ano,
com finalidade de lazer, negócios ou outros motivos” (OMT, 2001, p.
11). De acordo com as motivações, o turismo se subdivide, entre: “o
turismo religioso, turismo de negócios, turismo cultural, entre
outras modalidades, sendo que sempre poderão surgir outras
ramificações”, no entanto, concentra-se o presente trabalho no
turismo cultural (OMT, 2001, p. 15). O turismo cultural é aquele em
que as pessoas buscam conhecimentos e informações como encontros
científicos e artísticos. Além disso, estas buscam um contato maior
com a comunidade local em busca de aprofundar-se na cultura do lugar
visitado, onde há um intercâmbio cultural. A atividade turística é
alavancadora de investimentos e multiplicadora de empregos diretos e
indiretos, sendo uma atividade que demonstra possuir sua própria
dinâmica e justificativa social, por isso não pode ser concebida
como uma coisa passageira. O turismo vem evoluindo constantemente,
sendo considerado o segmento que exibe as maiores taxas de
crescimento no mundo dos negócios, sendo de grande importância para
a economia de uma região, pois interfere positivamente no seu
processo de desenvolvimento. Mas a atividade turística é formada por
produtos turísticos, que se caracterizam por sua diferenciação em
relação a outros produtos existentes no mercado, sendo que é
composta por itens e percepções intangíveis, onde o consumidor o
sente como forma de experiência. Mediante pesquisa realizada pelo
Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), no ano de 2006, o
turista, ao escolher seu destino de viagem leva em consideração
muitos aspectos que no geral são verificados previamente (MINISTÉRIO
DO TURISMO, 2006). Os elementos que despertam o interesse do turista
são chamados de atrativos turísticos. Dentre os principais
atrativos, destacam-se: a) recursos naturais – montanha, planalto e
planícies, costa ou litoral, terras insulares, hidrografia,
pântanos, quedas d’ água, fontes hidrominerais ou termais, parques e
reservas, grutas, cavernas, áreas de pesca; b) recursos
histórico-culturais - monumentos, sítios arqueológicos, instituições
culturais, pesquisa e lazer (museus, bibliotecas), festas,
comemorações, gastronomia, artesanato, folclore, música, danças,
feiras, compras etc, incluindo todos os recursos relacionados à
hospitalidade; c) realizações técnicas e científico-contemporâneas –
exploração de minério, exploração industrial, obras arquitetônicas e
técnicas (usinas, barragens), centros científicos e tecnológicos
(zoológicos, jardins botânicos); d) acontecimentos programados –
congressos e convenções, feiras e exposições, realizações diversas
(desportivas, artísticas, culturais, sociais, gastronômicas e
científicas) (OMT, 2001). Qualquer produto ou serviço deve ter
preocupações com o marketing, ocorrendo o mesmo com o produto
turístico. É preciso definir o que produzir e qual o tipo de
clientela envolvida. Além disso, os produtos turísticos apresentam
características próprias e podem ser divididos em: a) bens
turísticos – todos aqueles que proporcionam ao homem a satisfação de
exigência filosóficas (repouso, lazer), espirituais (peregrinações),
culturais (estudo, pesquisa) e morais (mudança de comportamento.
Quase todos os bens turísticos, ao contrário da grande maioria dos
bens (artigos), não podem ser transformados. Os bens turísticos
podem ser materiais (mares, praias, parques naturais), culturais
(arte, folclore, imagens), livres (elementos climáticos e
apropriáveis ( coleção de arte, campos de esporte); b) serviços
turísticos – todas as ações que permitem ao turista usufruir dos
bens turísticos. Quanto à definição de serviços, estes podem ser
considerados como as realizações econômicas que consistem não na
produção de bens materiais, mas nas prestações pessoais. A prestação
de serviço significa a execução de um serviço, isto é, a satisfação
de uma necessidade por meio da troca, de conhecimentos, ajudas
mútuas ou competências. Quando os bens turísticos são aliados aos
serviços turísticos, consequentemente ocorrerá uma satisfação do
cliente, pois há um aumento no número de vantagens para o destino
turístico, pois o mesmo tem maiores valores agregados que irão
satisfazer o visitante. Entretanto configura-se como um grande
desafio aliar os bens turísticos aos bons serviços turísticos. Esta
é uma busca constante que deve ser alcançada o quanto antes.
Portanto, o produto turístico é representado por bens e serviços que
estão diretamente relacionados com as mais variadas atividades de
turismo. O conjunto de atrações naturais e artificiais de uma região
e o produto turístico, ou seja, tudo que visa atender às
necessidades e satisfação do turista define a oferta turística.
Neste caso, a qualidade é essencial para a vantagem competitiva do
produto turístico. Portanto, qualidade é o conjunto de traços e
características de um produto ou serviço para satisfazer as
necessidades específicas ou implícitas do consumidor. A partir dessa
definição, pode-se inferir que “qualquer produto pode ser visto como
um produto de qualidade se satisfizer as necessidades do consumidor”
(SWARBROOKE, 2000, p. 58). Nesse sentido Ruschmann e Solha (2004, p.
85) afirma que “a qualidade não é resultado de uma única ação
isolada, ela está ligada a todos os aspectos do ciclo da produção e
do consumo, bem como da percepção do cliente quanto a esse produto
como um todo”. Então, a qualidade é um conjunto de todas as ações
dos serviços prestados por todos os funcionários do local e da
percepção que os clientes vão ter destes serviços. Cabe ressaltar
que para suprir as necessidades dos clientes, os empresários, em
especial aqueles que exploram os segmentos turísticos devem investir
em pesquisas voltadas para detectar as necessidades de seus
clientes. Frente aos resultados, devem buscar a melhor estratégia
para atender o diagnóstico e assim surpreender os clientes visando
também à fidelização dos mesmos. O setor de prestação de serviço,
que envolve o turismo, focaliza um modo de servir e satisfazer
plenamente o consumidor. Para competir no mercado turístico, o
empreendedor deve ser inovador, elaborando planos de desenvolvimento
e acompanhamento. Neste caso, deve-se aliar ao marketing, que “é
antes de tudo um estado de espírito do que uma ciência exata” (LAS
CASAS, p. 80). Na verdade, é este estado de espírito que será capaz
de renovar, de inovar, de adaptar-se, de convencer-se de que nada é
imutável, que sempre se está em busca de novas vitórias. Este estado
de espírito fará com que “o homem de marketing compreenda mais
facilmente o mundo que o rodeia, os clientes que estão em contínua
evolução e a concorrência que nunca deve ser menosprezada. Imbuído
deste estado de espírito, o homem de marketing saberá colocar-se na
situação do cliente, isto é, sairá de si mesmo, do mundo que o
rodeia para viver como o cliente vive, sente, quer” (CASTELLI, 1984,
p. 51-52). Além disso, o marketing através do planejamento ajudará
de forma que a Casa das Tulhas possa agregar valor através da
imagem, da marca, da posição de mercado, etc., fazendo com que a
Casa das Tulhas ocupe uma posição privilegiada no cenário turístico
da cidade de São Luís. Beni (2001, p. 43) esclarece que “é preciso
definir estratégias de marketing para promoção dos produtos
turísticos”, isto sem esquecer a qualidade do produto. De nada
adiantaria ter divulgação sem oferecer qualidade nos serviços
prestados. A Casa das Tulhas, de certa forma encontra-se inserida no
mercado competitivo como um produto turístico que desperta
interesse, sua história é tão significativa, que nem mesmo o descaso
nesse sentido de investimento e promoção, apagam os encantos
encontrados em cada beco, em cada parede, em fim, em tudo que o
cerca. O produto turístico para mostrar-se competitivo necessita de
constante fiscalização, investimento e de estratégias de promoção. O
Mercado da Praia Grande precisa ser visto com maior interesse, a sua
importância é grande demais para encontrar-se em estado de
estagnação, deixando a desejar aos demais mercados com semelhante
valor. Cidades como São Luís, com grandes atrativos turísticos está
sendo cada vez mais procurada por turistas em busca de belas
paisagens, história, cultura, gastronomia, dentre outros interesses.
Porém, para uma região ser um destino turístico importante, não
basta possuir atrativos, é necessário possuir infra-estrutura básica
e de apoio à população local e dos visitantes, pois caso contrário,
o poder de atração fica comprometido. De acordo com os resultados
obtidos pela pesquisa, pode-se concluir que toda a área do Projeto
Reviver e em especial algumas localidades como a Casa das Tulhas,
precisam de maior atenção, uma vez que representam parte da história
da cidade. Com o turismo crescendo no Maranhão, é necessário que
órgãos competentes tomem medidas eficientes, com o propósito de
beneficiar e ampliar a imagem de um dos pontos turísticos que é
marco para historia do comércio naquele local, por que são vendidos
os mais diversos produtos regionais que só o mercado oferece com
tanta variedade, que vai desde as ervas medicinais, até os licores,
a cachaça tiquira, o camarão e peixe seco, a farinha, os bombons de
cupuaçu e bacuri, e uma infinidade de outros produtos, mas que não
tem muita divulgação dentro do próprio estado. A Casa das Tulhas,
poderia se manter competitiva com outros mercados do gênero de
maneira mais consistente, se os investimentos devidos fossem
realmente presentes. Através deste estudo, foi possível verificar
que os problemas encontrados e as deficiências verificadas pelos
proprietários estão relacionados à falta de incentivos do poder
público e falta de sensibilização dos próprios trabalhadores da
Feira em adotar medidas inovadoras. Essas medidas podem ser tomadas
a partir de parcerias com a Prefeitura Municipal de São Luís que
pode angariar subsídios para melhorar a estrutura da feira e também
realizar parceria com a Secretaria Municipal de Turismo no que se
refere a cursos de qualificação profissional. Contudo, é importante
ressaltar que a participação e comprometimento dos proprietários e
funcionários são fundamentais para a resolução destes problemas. A
partir da inserção dessas propostas, a Feira da Praia Grande, terá o
potencial turístico desta mais elevado contribuindo então, para o
aumento do fluxo de consumidores e conseqüentemente para um grau
maior de satisfação da clientela. Somente com a inserção de
políticas públicas, qualidade nos serviços oferecidos e um plano de
marketing estratégico, a Casa das Tulhas, poderia ser considerada
como um produto turístico competitivo para o Centro Histórico de São
Luís.
Palavras-chave: Casa das Tulhas. Produto turístico. Qualidade.
REFERÊNCIAS
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 6. ed. São Paulo:
SENAC, 2001.
CASTELLI, Geraldo. Administração hoteleira. Caxias do Sul: EDUCS,
2000.
LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing: conceitos, exercícios e
casos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
MINISTÉRIO DO TURISMO. Destinos turísticos. 2006. Disponível em:
<www.turismo.gov.br>. Acesso em: 05 de ago. de 2008.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO (OMT). Introdução ao turismo. São
Paulo: Roca, 2001.
RUSCHMANN, Doris; TOLEDO, Karina. Turismo: uma visão empresarial.
São Paulo: Manole, 2004.
SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: turismo cultural, ecoturismo
e ética. São Paulo: Aleph, 2000.