A Mão que bate na porta
Por Ivan Postigo
08/01/2011
Alguns anos na estrada são suficientes para que uma pessoa possa ter
sua importância reconhecida no mercado como profissional e como
gestor de uma empresa com grande distinção?
Pensando bem, deveriam ser, mas não é o que acontece.
Essa verdade é encarada quando o profissional se afasta do cargo,
devido a aposentadoria ou perda de emprego.
Durante anos como executivo de empresas nacionais, multinacionais e
como consultor, presenciei situações suficientes para escrever
alguns livros.
O cargo, muitas vezes, induz o gestor a fechar as portas que mais
tarde lamentará não ter deixado abertas.
Os relacionamentos no desenvolvimento da carreira são pessoais e
profissionais, com forte queda para o segundo quesito. Por essa
razão, quantas vezes recebemos e adotamos o apelido ou sobrenome da
empresa que representamos?
Não só porque as pessoas assim nos chamam, mas porque dessa forma
também nos apresentamos.
Sempre procurei atender todas as pessoas que me contataram. As
oportunidades de negócios e as boas relações surgem da construção de
uma rede competente de contatos.
Vejo profissionais que se dedicaram não só a uma empresa, mas a
várias, e quando necessitam enviar um e-mail, telefonar, pedir uma
referência sentem-se constrangidos, pois não tem qualquer
relacionamento e proximidade com as pessoas que conhecem.
Você pode questionar: - Como agiam no passado?
Simplesmente tinham uma mão forte que batia nas portas: - A mão de
sua empresa.
Fizessem eles o telefonema ou sua secretaria, o apresentado seria
“Mr. X” da organização “A”.
Ora, o tempo passou e as relações mudaram, agora quem se apresenta é
“Mr. Y”, da organização “A”, com a mesma secretaria.
Antigamente “Mr. X” da empresa “A” mantinha contato com “Mr. W” da
organização “B”. Com seu afastamento, “Mr. Y” começou a tratar dos
assuntos com ”Mr. W”.
No mercado as cadeiras dançam e dançaram novamente: “Mr. W”, também
não está mais na organização “B”. Quem acaba de assumir é “Mr. Z”.
“Mr. X”, hoje de currículum nas mãos, se apresenta como X da Silva e
não reconhece no mercado “Mr. W”, que se intitula W da Costa.
Tantos anos de relacionamento poderiam de alguma forma tê-los
aproximado, mas os contatos foram puramente comerciais.
Alguns amigos que se afastaram definitivamente do processo de
gestão, quando os encontro, me dizem: - Ninguém me liga. Nunca mais
soube nada das pessoas com quem tinha contato!
Ora, as pessoas que continuam nas empresas onde nosso amigo foi
gestor estão fazendo o que sempre fizeram, com apenas uma pequena
diferença: - Mantém contato com seu chefe “Mr. Y” e telefonam e
mandam e-mails para “Mr. Z”.
A vida é a mesma, mudaram pequenos rótulos.
As escusas para evitar relacionamentos e prevenir incômodos levaram
cada vez mais a mão da empresa bater nas portas. Aquelas que Silva e
Costa tanto precisam encontrar abertas e não tem força e conforto
para bater.
As redes sociais estão ai para fortalecimento das relações e também
para troca de cultura inútil.
Não importa se você é gestor de uma fábrica de pregos e seu hobby
são as baleias.
Você nunca saberá quando poderá ensinar sobre cravos ou aprender
mais sobre os cetáceos, portanto use sua mão para abrir portas
também.
Boas relações precisam de duas mãos. Uma que bate na porta e outra
que gira a maçaneta.
Não importa se você girou ou não muitas maçanetas, sempre é tempo de
construir uma rede de contatos.
Não espere que o procurem, agora é a sua a mão que deve bater na
porta.
Ivan Postigo é Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado
em controladoria pela USP. Autor do livro: Por que não? Técnicas
para estruturação de carreira na área de vendas e diretor da Postigo
Consultoria de Gestão Empresarial - Fones (11) 4526 1197 / ( 11 )
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