Marketing e Varejo de Nichos
Por Sandra Turchi
09/06/2010
Para quem atua em marketing sempre foi imprescindível a definição do
público-alvo, mas agora, na era da internet e das estratégias
digitais de marketing, isso é mais que uma regra, é um fator crítico
de sucesso. A web permite ‘como nunca antes na história do
marketing’, uma total segmentação, através da qual é possível
ofertar produtos diretamente a públicos que os demandam. Isso é
possível por que há inúmeras ferramentas disponíveis para que a
empresa seja encontrada por quem busca determinado produto.
Há casos, para exemplificar, como citados pela consultora Beth
Furtado, como a loja Freitag, que vende bolsas feitas com produtos
recicláveis, a loja Uneven feet, para quem tem pés com tamanhos
diferentes, a Ex-boyfriend, onde a pessoa pode revender jóias que
não deseja mais! Esses são alguns exemplos de fora do país, mas
temos por aqui também alguns modelos como lojas que focam no público
de luxo, como a Privalia, a Brandsclub, a Coquelux e a
Superexclusivo, todas são clubes que revendem marcas de grife com
até 90% de desconto e que juntas já somam mais de 1,3 milhões de
pessoas cadastradas!
Falando sobre o público feminino, que não é nicho, mas que é super
importante para o mundo das compras, visto que representa mais de
51% dos e-consumidores e, em alguns casos, sua influência vai muito
além, como no setor imobiliário, em que 93% dos compradores de
imóveis visitam antes a internet sendo que dentre as mulheres esse
número se eleva a 96%, segundo a Tecnisa. Além disso, as mulheres
também são a maioria em algumas redes sociais, como o Facebook, com
63% de participação e no portal de moda BymK em que são 96% do
público.
A internet viabiliza negócios específicos para o mercado de
gordinhos, por exemplo, oferecendo roupas exclusivas, ou produtos
para dietas, com links para SPAs’e tudo isso pode ser atrelado a uma
rede social, onde se discutem temas pertinentes a esse público, como
no caso da empresa americana Lane Bryant.
Há uma loja de presentes de casamento em que os convidados escolhem
normalmente o que desejam dar, mas os noivos podem trocar tudo por
dinheiro vivo. Ou então negócios para quem é sozinho, como pacotes
turísticos, baladas organizadas, sites de paquera, comidas prontas
em quantidades reduzidas, e assim por diante.
Há uma loja alemã que aluga roupas para grávidas e bebês, visto que
terão mesmo pouco tempo de utilização, pelo caráter de
transitoriedade dessas fases. São diversos os casos aplicados ao
público evangélico, por exemplo, que precisa se vestir de
determinada maneira, ou outros grupos religiosos, como os judeus,
que seguem uma alimentação diferenciada.
Há também exemplos de campanhas voltadas a determinados públicos,
como os gays. Nesse caso, a construtora Tecnisa procurou desenvolver
não apenas uma comunicação especial, estando presente em sites
direcionados com uma linguagem adequada, mas também procurou
desenvolver diversos aspectos para se tornar uma empresa
gay-friendly, inclusive treinando suas equipes de obra. A estratégia
com certeza foi válida, pois conforme a empresa, este público
costuma investir até 20% a mais na customização de imóveis.
Para criar algo voltado para um determinado nicho é necessário estar
antenado e ter muito conhecimento sobre o perfil da demanda que se
deseja atender. Em geral, esses grupos são experts em determinado
assunto, portanto, não é recomendável se aventurar a investir em um
negócio, ou mesmo, a fazer ações de comunicação e marketing sem
estar devidamente envolvido com o tema.
Sandra Turchi é graduada pela FEA-USP, pós-graduada pela FGV-EAESP e
MBA pela Business School São Paulo com especialização pela Toronto
University e em empreendedorismo pelo Babson College em Boston. É
superintendente de Marketing da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP) instituição que administra o SCPC (Serviço Central de
Proteção ao Crédito). Site: www.sandraturchi.com.br - Twitter:
http://twitter.com/SandraTurchi