Marketing Jurídico e o Código de Ética da OAB
Por Ari Lima
12/05/2008
Neste momento em que está surgindo, timidamente, uma nova cultura no
meio jurídico sobre a necessidade da gestão de marketing nos
escritórios e na carreira de advogados, com a implantação do chamado
“marketing jurídico”, levanta-se uma questão crucial: como conciliar
a implantação de um programa de marketing com as limitações impostas
pelo Código de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)?
Esta questão torna-se bastante pertinente neste momento, pois o
movimento que nós, os consultores de marketing jurídico, fazemos no
sentido de levar esta filosofia do marketing para dentro dos
escritórios de advocacia e dos cursos de Direito, desperta também
uma reação, até certo ponto, em sentido contrário de alguns setores
jurídicos preocupados que este marketing não venha a ferir o Código
de Ética da OAB.
De maneira geral, tenho percebido um grande cuidado, por parte dos
consultores, de trabalhar dentro dos limites impostos pelo Código, e
mais recentemente com a flexibilização de muitas ações, permitidas
através do Provimento 94/00, comentadas no livro “MARKETING JURÍDICO
– A Nova Guerra dos Advogados“, Editora Juruá (2003), do consultor
Rodrigo D. Bertozzi.
Não pretendo apressar nenhuma conclusão, como também não me cabe
contrapor argumentos àqueles que se preocupam com a novidade da
chegada da gestão do marketing aos escritórios de advocacia, gerando
o surgimento de uma nova era para o setor jurídico. Mas pretendo
opinar na matéria, em função de minha experiência de tantos anos
trabalhando com marketing e vendas no setor comercial.
Acredito que é perfeitamente possível utilizar todas ou quase todas
as ferramentas do marketing tradicional no setor jurídico. Mais do
que possível, neste momento é especialmente necessário fazermos esta
adaptação, conciliando as possibilidades de promoção de carreira e
dos escritórios com os limites éticos impostos pelo Código da OAB.
As ferramentas de marketing são como um bisturi nas mãos de um
médico, podem ser utilizadas de maneira útil e benéfica ajudando o
paciente, ou de forma inadequada ferindo e prejudicando o mesmo.
Um escritório de advocacia precisa de ferramentas para se promover,
precisa aprender a utilizar o marketing de maneira útil e ética,
como ocorre em outras profissões. Mas qual a função dos consultores
neste contexto? Ensinar apenas o marketing aos advogados, ou não
seria uma tarefa conjunta para adequarem as ferramentas do marketing
ao código de ética?
Será que neste momento não é necessário explorar todas as
possibilidades do marketing no setor jurídico, em conjunto com os
advogados, buscando e descobrindo os limites e as possibilidades que
este marketing poderá trazer em benefício da carreira de tantos
milhares de novos advogados e da sobrevivência comercial de
escritórios?
Tenho visto muita discussão sobre se é ético ou não a utilização do
telemarketing, da correspondência e de algumas outras ferramentas de
marketing no setor jurídico. Mas, é bom lembrar que o marketing é
muito mais do que isto. O marketing é uma forma de atender
necessidades, é uma maneira de se relacionar melhor com os clientes,
é o desenvolvimento de competências, de produtos e serviços com o
objetivo de servir melhor e encantar pessoas.
Por outro lado, acredito que é possível também utilizar ferramentas
de marketing como correspondência e telemarketing de maneira
harmônica com os interesses destes clientes, de forma a criar
comodidade, de informá-los, de prestar-lhes serviço, sendo mais uma
questão de bom senso e de criatividade.
Por tudo isto entendo que esta discussão pode ser benéfica e
esclarecedora. Advogados precisam conhecer melhor o que significa
marketing, assim como nós consultores de marketing precisamos
aprender mais sobre o contexto jurídico, e a partir deste debate
construir uma nova maneira de lidar com estas questões.
Ari Lima é empresário, engenheiro, consultor em marketing pessoal e
gestão de carreiras e especialista em marketing e vendas. Desenvolve
treinamento em marketing pessoal e marketing jurídico para
profissionais liberais, empresas, escritórios e estudantes
universitários. Ministra cursos, seminários e palestras realçando o
lado prático e funcional do marketing e escreve artigos diariamente
para diversos sites e revistas. Além de uma sólida formação teórica,
possui 25 anos de experiência prática em gerenciamento e treinamento
de vendedores e de gerentes de vendas, bem como atendimento a
clientes.