Paixão, Carreira e Sucesso
Por Luís Sérgio Lico
02/05/2008
Naturalmente estamos inclinados a conseguir o melhor. Nosso empenho
assim como nosso desejo costuma ocorrer em termos máximos. Talvez,
tenhamos problemas com a duração, direção e intensidade destes
esforços. Com trocar os pés pelas mãos, vez ou outra... Mas, nada
que inviabilize as tentativas. Aliás, o fato é que, quase sempre o
lado negro da força não é falta de “motivação”. Em uma disposição
regular de caráter nada parece impedir nosso rumo a um objetivo.
Costuma haver o contrário: os que assim desejam, os mais velozes e
empreendedores parecem ser sempre “freados” em suas iniciativas. Às
vezes isto é prudente, a maioria, não. Mas, isto é outro assunto.
Quero dizer: Não existem impossibilidades comprovadas, nem mesmo em
situações as quais não dominemos completamente as ferramentas,
processos ou os saberes. Busque 100% em tudo! Na organização ou
livre iniciativa.
Exemplos: Quem é que, quando garoto, não tentou alcançar aquela bola
improvável e acabou marcando um gol de placa? Jovem foi conversar
com a princesa inatingível e terminou namorando firme? Adulto,
empenhou num projeto todo seu potencial, não porque o chefe ou o
consultor recomendaram com aquela lenga-lenga sobre vantagem
competitiva. Mas, porque o correto seria daquela forma, queria-se
fazer o excelente (em outras palavras: o racional 360º) e de outra
maneira não seria aceitável! Quantas vezes não atingimos o
“sucesso”, pelo simples motivo de nos encontrarmos unidos a uma
única disposição realizadora, mesmo possuindo toda uma
complementaridade dissociada de nós: a organização, as tarefas, as
metas, as normas, os outros.
Tudo fez parte, em algum momento, de alguma estratégia para a
consecução dos objetivos? Não! Tudo estava de acordo com nossas
possibilidades e conforme nossa visão de conjunto. Como atingimos
este patamar? Bom, em primeiro lugar havia a qualificação e
sensibilidade. Depois, não é um lugar, um espaço de provas, e sim um
tempo. E no tempo, uma configuração de condições, cuja causa é o
fluxo de interação entre corpo, consciência, mundo e realidade. Seja
qual for a situação, se estivermos ali por inteiro podemos obter
excelência a priori e desempenho contínuo. O ser se diz de muitos
modos, no entanto o fator humano, para ser estratégico deve dar-se
por inteiro.
Atuando de forma integral, ultrapassamos expectativas e
concretizamos realizações. Os dispositivos e crenças que empregamos
são aliados e não resistentes à ação. Este é o modo ontológico, em
que a lacuna que nos falta para a expertise é preenchida pelo
aprendizado junto ao processo que se desenrola e no qual estamos
imersos. Tornamo-nos o que somos, por que nos fazemos assim ao ir de
encontro a este direcionamento. Ocorre que estas situações somente
se dão, caso estejamos apaixonados pelo que fazemos. Isto não se põe
num contrato. É uma visão-percepção que orienta os nossos passos,
pensamentos, habilidades e sentimentos. É a simpatia total com o
objeto de nossas atenções, em uma palavra: é o que os compêndios
gastam centenas de páginas para dizer e nós o fazemos num instante,
quando afirmamos nossa totalidade. Como já disseram: nada de grande
se faz sem uma dose de paixão.
Eu sou esta fração que se agiganta, quando integrada ao espetáculo
da vida. E as organizações são apenas uma instância desta condição.
Elas não estão lá para vivermos ou justificar nossa existência e,
sim, vivemos para que – estando lá – consigamos empreender as
soluções necessárias. Estamos no alvorecer de uma nova época das
relações, onde a lei não será a crueza dos “mercados”, mas a justiça
das transações. Como? Isto mesmo! Desde a extração da commodity até
o produto final, a cada etapa, deveremos responder uma pergunta e
oferecer uma garantia: O processo é sustentável ou causou dano ao
ambiente e às comunidades? O lucro é resultante da otimização de
processos e novas tecnologias ou da redução irresponsável da
qualidade e segurança? Há um todo ético? Carreiras estáveis serão
aquelas que mapearem estas respostas e empreenderem as soluções
diversificadas para o amanhã.
Luís Sérgio Lico é Filósofo e Consultor. Desenvolve Treinamentos e
Palestras em Excelência Profissional. Autor dos Livros: O
Profissional Invisível e O Fator Humano. Visite o site:
www.consultivelabs.com.br