O Papel da Media Training dentro de uma empresa
Por: Gabriela Ferraz
21/07/2008
O treinamento de executivos para saber se comportar perante a mídia
é essencial para as empresas, pois um deslize com a mídia pode
afetar toda a imagem da empresa.
As empresas têm um leque de relacionamento que podemos chamar de
stakeholders.
Para Kotler (2000) stakeholder é um grupo que tem interesse ou um
impacto potencial na empresa. Pode-se citar clientes, funcionários,
acionistas, imprensa, etc.
Podemos reconhecê-los pelas suas crenças e valores na organização,
interferência nos resultados e sensibilidade aos resultados. Por
isso para cada grupo de pessoas com as quais a empresa interage, a
organização deve desenvolver relacionamentos e linhas de comunicação
diferentes.
Dentro desses relacionamentos a empresa deve comunicar sua imagem de
forma específica a cada um.
Imagem vem do latim imagine e segundo Ferreira (1999, p. 1077) é
“aquilo que evoca uma determinada coisa, por ela ter semelhança ou
relação simbólica.” Assim, imagem não é necessariamente a realidade,
mas sim o que é mostrado e o que a pessoa vê.
A imagem é a porta de entrada da empresa associando a mesma à
identidade e o valor dado pelo cliente. Por isso é muito importante
que a imagem da empresa esteja de acordo com a sua missão e se
posicione na mente do cliente de forma clara e precisa.
Logo a empresa precisa passar a imagem clara de que acredita em algo
e fará o possível para seguir seus valores.
A organização deve, porém, resguardar a imagem de sua marca,
definindo, estrategicamente, em que momentos ela vai ser divulgada e
a que será associada.
Uma organização que possui uma identidade forte acaba por motivar
seus colaboradores, além de alcançar o sucesso com o seu público.
A identidade é algo profundo, está impregnado na forma de ser e de
fazer da organização, em sua atuação, sua missão, seus valores e sua
visão.
O media training é um treinamento feito em empresas para seus
colaboradores (jornalistas, assessores, imprensa em geral), que
ensina como se comportar diante desse público.
Mídia é uma atividade que envolve vários processos ligados ao uso de
meios de comunicação para a divulgação de uma mensagem publicitária.
Estes processos envolvem técnicas específicas e talento criativo
para fazer que estes meios meios sejam utilizados eficazmente.
O público tem se modificado devido a facilidade das pessoas de
receberem informações. Porém essa facilidade de informações leva ao
excesso da mesma, e nem sempre as pessoas conseguem digerir e
identificar o que é ou não importante. Esse público torna-se cada
vez mais exigente com notícias enxutas que sejam importantes, por
isso a dificuldade dos profissionais de mídia em satisfazê-los.
Já os jornalistas estão cada vez mais jovens, salários cada vez
menores, diminuindo a quantidade desses profissionais. Além disso a
concorrência é muito grande e a exigência cada vez maior. Os
jornalistas têm aquele esteriótipo de defensor dos oprimidos, dono
da verdade que as vezes é visto como arrogante.
Em contrapartida temos os assessores que têm a função de lidar com a
imprensa. Esse profissional tem foco em construir relacionamentos a
longo prazo e ser a voz da empresa, para isso é necessária uma visão
global e estratégias para driblar os pontos negativos da empresa.
Para esses profissionais é muito importante desenvolver estratégias
e técnicas de relacionamento com a mídia, é ai que então entra a
media training.
Media Training não é uma técnica desenvolvida para manipular a
atuação dos jornalistas ou minimizar a ação da imprensa, ao
contrário, ela ajuda a evitar enganos, distorções e omissões.
(VILLELA, 1998, p. 58)
Segundo Rabaça e Barbosa (2002, P. 478):
Media training é um programa de treinamento voltado principalmente
para diretores e porta-vozes de empresas e instituições diversas,
com o objetivo de prepará-los para o relacionamento adequado com a
imprensa.
Por isso é tão importante o treinamento dos profissionais. Qualquer
deslize pode virar notícia negativa para a empresa.
Notícia é um relato de fatos ou acontecimentos atuais, de interesse
e importância para a comunidade e capaz de ser compreendido pelo
público. (RABAÇA E BARBOSA, 2002, P. 513)
Um repórter sempre vai em busca de palavras chaves como quem,
quando, onde, por que, e mesmo que isso pareça simples são essas
indagações que podem prejudicar o entrevistado. Por isso é preciso
tomar cuidado ao dizer até a coisa mais simples. Uma frase mal
interpretada pode prejudicar e muito a pessoa ou empresa. Um exemplo
clássico disso é a famosa frase do ex prefeito de São Paulo Paulo
Maluf “Estupra mas não mata” em 1989. A interpretação feita pela
imprensa e pelo público foi diferente da intenção do ex prefeito,
por isso deve-se pensar e analisar bem cada frase e cada fato da
entrevista.
Algumas notícias são mais importantes do que as outras e geralmente
fatores de interesse público ou que causam algum impacto na
sociedade viram notícia rapidamente, porém há notícias que não são
tão importantes para a sociedade e acabam se destacando mais. Esse é
o caso de celebridades. Muitas vezes as pessoas se interessam pela
vida privada de pessoas famosas e nem dão importância a fatos que
podem mudar algum cenário. Como em 2005, onde o casamento relâmpago
do jogador de futebol Ronaldo foi mais noticiado do que os problemas
de corrupção e política no Brasil.
A realidade é que a notícia é o que vende mais e portanto define o
grau de importância para a sociedade.
Quando uma empresa vira notícia deve-se tomar alguns cuidados. A
assessoria de imprensa deve agir rápido, porém com cautela deixando
vazar informações no tempo e lugar certo. Além disso deve-se fazer
um pronunciado oficial assim que já tiver todas as informações do
que e por quê determinado fato virou notícia.
A comunicação não verbal tem muito a dizer sobre o entrevistado e
geralmente os jornalistas são treinados para ler e entender essa
comunicação não verbal. Por isso deve-se ter alguns cuidados, tais
quais a postura, ou os movimentos ou ainda o olhar quando se está
sendo entrevistado. O jornalistas detectam nervosismo ou a mentira
na entrevista e pode ser usado contra a empresa.
Algumas dicas de relacionamento
· O chefe é responsável pela interface com a mídia
· Enfrente a realidade
· Considere sempre o interesse público
· Seja a fonte, mais do que a notícia
· Diga a verdade ou então não fale
· Controle o que puder controlar
· Antes da entrevista faça uma exposição geral, a fim de que o
reporter possa entender claramente o assunto.
· Respostas curtas e objetivas
· Não fale mais do que foi perguntado
· Destaque os pontos fundamentais e chame a atenção do jornalista
para ele
· Esteja vestido de acordo com a situação
· Não fale com a cabeça ou olhos baixos
· Não se mexa muito durante a entrevista
Essas são algumas dicas que podem ajudar na hora da entrevista,
porém sem que o assessor esteja preparado e saiba o que está
acontecendo não deve-se seguir em frente e sim esperar o momento
correto para dizer algo.
Referências Bibliográficas
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio: o dicionário da
língua portuguesa século XXI. 3 ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1999.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 10 ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2000.
LESLY, Philip. Os fundamentos de relações públicas e da comunicação.
São Paulo: Pioneira, 1999.
NOGUIEIRA, Nemércio. Media Training: Melhorando as relações das
empresas com os jornalistas... São Paulo: Cultura, 1999.
RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo G. Dicionário de
Comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
VILLELA, Regina. Quem tem medo da imprensa? Rio de Janeiro: Campus,
1998.
Gabriela Ferraz é especialista em Comunicação Estratégica pela PUC
-PR, Bacharel em Marketing e Propaganda pela Universidade Norte do
Paraná. Atua como Assistente de Marketing da Reed Exhibitions
Alcântara Machado