Paz-Ciência - A Vida é Tão Rara
Por Fabiano Brum
16/02/2010
Sabe-se que, à luz da etimologia, a palavra “paciência” (do latim
patientia) não é resultado da combinação entre as palavras “paz” e
“ciência”, mas tomamos aqui esta liberdade para ilustrar uma postura
cada vez mais necessária no atribulado mundo moderno: encarar a
paciência não apenas como uma virtude (inata para uns, um mistério
inacessível para outros), mas como um processo de construção do
próprio comportamento em relação ao cotidiano, às metas, às
conquistas e às frustrações.
Antes de mais nada, é preciso afastar a ideia errônea de que a
paciência prenuncia inércia, acomodação. Trata-se de fatores
paradoxalmente diferentes, quase opostos. A comodidade tem origem,
antes de mais nada, na ausência de ambição. Perde-se a paixão pela
vida, o desejo outrora irrefreável de alcançar objetivos, e resta ao
homem sentar-se e esperar. Pelo quê, ninguém sabe.
A paciência, por outro lado, traz no seu bojo uma ansiedade e um
desejo de abrir asas e irromper o horizonte controlados e
administrados sabiamente. A paciência começa depois que as atitudes
construtivas foram tomadas, diferentemente da mera inércia, que
apenas aguarda para que as coisas se façam sozinhas.
Sabemos que a busca pelo sucesso e pela realização profissional não
é algo simples. Trata-se de uma viagem contínua, em uma só direção,
com alguns acidentes de percurso, alguns buracos pelo caminho e
algumas noites maldormidas no acostamento; mas sabemos também que o
destino é um só, ao qual sempre chegamos uma hora ou outra, cada um
no seu ritmo. O problema, porém, é que alguns não respeitam a
cadência estabelecida pela organização das coisas, e tentam atingir
seus objetivos sem que os caminhos necessários estejam devidamente
percorridos. A estes cabe cultivar a ciência da paz, ou seja,
desenvolver e trabalhar a paciência.
Não atropele a ordem natural dos acontecimentos. Procure
planejá-los, procure construí-los, mas uma vez que todas as atitudes
sensatas foram tomadas, controle-se e evite ser dominado pela
angústia, por questionamentos vazios e nocivos. Procure cristalizar
um estado de paz interior e transformar este sentimento em um
processo que pode ser desencadeado conscientemente, através da
ciência trivial do autocontrole, do “conhecer a si mesmo”, conforme
gravaram os gregos em tom imperativo no seu célebre aforismo.
Deixamos a seguir um trecho de “Paciência”, canção de Lenine e Dudu
Falcão. Perceba como os compositores estabelecem a atmosfera célere
e errática do mundo moderno em oposição ao ritmo necessário à
qualidade de vida. De como a vida, de tão curta, de “tão rara”, não
pode ser desperdiçada. Isto significa que devemos correr e nos
apressarmos cada vez mais para que então não percamos nada? Não...
Significa que é a paciência esta entidade eleita para romper com o
ritmo incessante das grandes cidades e dos dias gradativamente mais
curtos. É apenas através da tranquilidade e da valorização dos
pequenos momentos que a vida, tão rara, tão rápida, pode ser
desacelerada e apreciada como se deve.
Tenha paciência, aprecie a vida e afine-se para o sucesso!
Entenda os motivos, crie uma causa em comum e afine-se para o
sucesso!
Fabiano Brum: Palestrante especialista em motivação, vem
destacando-se em palestras, cursos e seminários pela maneira
inteligente e criativa com que alia seu conhecimento musical aos
temas de seus treinamentos. E-mail: contato@fabianobrum.com.br -
Site: www.fabianobrum.com.br .