A pergunta definitiva
Por Raúl Candeloro
17/12/2008
Depois de ter lido, literalmente, centenas de livros sobre vendas,
marketing, gestão e estratégia, criei um círculo de especialistas em
diversas áreas, cujo trabalho acho mais relevante e com o qual me
identifico tanto pessoalmente quanto profissionalmente.
Um dos meus preferidos é, sem dúvida alguma, Frederick Reichheld,
hoje o maior especialista em lealdade de clientes do mundo. No seu
livro, A Pergunta Definitiva (Editora Campus), Reichheld, depois de
anos de estudos, acabou concluindo que as empresas não precisam
fazer estudos quilométricos sobre satisfação dos clientes, aplicando
questionários intermináveis e depois tentado achar significado no
meio daquele “bando de dados“. Pelo contrário, a lealdade dos
clientes pode ser medida de maneira muito mais simples, fazendo
apenas uma única pergunta, a pergunta definitiva, que dá justamente
o título ao livro: “Você nos recomendaria a um amigo?”.
Reichheld separa as respostas em três tipos, numa escala de 0 a 10;
sendo o zero, “definitivamente não”, e o dez, “definitivamente sim”:
de 0 a 6: detratores
de 6 a 8: neutros
de 8 a 10: promotores
Para saber como vai o índice de lealdade dos seus clientes, sua
empresa precisa simplesmente calcular o seu índice net promoters, ou
seja, comparar a quantidade de promotores com a quantidade de
detratores que ela tem. Se o número for positivo (mais promotores do
que detratores), ótimo. Nesse caso, deve-se investigar por que essas
pessoas são fãs, recomendam, são leais, e como isso pode ser
aplicado para melhorar os três índices. Se o número for negativo
(mais detratores do que promotores), deve-se investigar por que
essas pessoas não estão satisfeitas e o que pode ser feito para
transformá-las, primeiro em neutras, depois em promotoras.
Seja qual for o resultado, a empresa começa a ter uma visão clara
das expectativas, exigências e até mesmo das frustrações dos
clientes, permitindo ações, tanto táticas quanto estratégicas, que
melhoram a lucratividade da empresa e o seu sucesso em relação aos
concorrentes.
Reichheld resume como as empresas com maiores índices de lealdade
tratam seus clientes de maneira direta e fácil de entender. É a
regra de ouro: “Trate os outros como gostaria de ser tratado e faça
aos outros o que gostaria que fizessem a você”. Funciona, dá lucro,
diferencia e, o melhor de tudo: faz com que vivamos num País melhor.
Como profissionais de vendas, temos a oportunidade, todos os dias,
de servir e ajudar nossos clientes a resolverem seus problemas,
através dos produtos e serviços que vendemos. Essa é a visão do
vendedor competente. É o que Reichheld chama de “lucro bom”.
O contrário do “lucro bom” é o “lucro ruim”. “Lucro ruim” é aquele
baseado na esperteza, na malandragem, em enganar e ludibriar o
cliente. É o vendedor amador, imediatista, que só pensa na sua meta,
na sua comissão e em si, e que, por causa desse comportamento,
provoca o estigma e o estereótipo negativo que temos hoje em relação
ao cargo “vendedor”. O lucro bom é positivo, construtivo e
duradouro. O lucro ruim é negativo, destrutivo e de curto prazo.
Felizmente, tudo isso é fácil de resolver. Na dúvida, lembre-se
sempre da regra de ouro: “Trate os outros como gostaria de ser
tratado e faça aos outros o que gostaria que fizessem a você”.
Raúl Candeloro (raul@vendamais.com.br) é palestrante e editor das
revistas VendaMais®, Motivação® e Liderança®, além de autor dos
livros Venda Mais, Correndo Pro Abraço e Criatividade em Vendas.
Formado em Administração de Empresas e mestre em empreendedorismo
pelo Babson College, é responsável pelo portal www.vendamais.com.br.